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AULA 27 DE SETEMBRO 2022 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

Segurados do RGPS: espécies; filiação e inscrição; aquisição, manutenção e


perda da qualidade de segurado.

Classificação

Sob a denominação genérica de beneficiários, podemos classificar, no campo da


previdência social, os beneficiários entre:

a) Segurados Obrigatórios
b) Segurados Facultativos
c) Dependentes

Estes sujeitos ocupam o polo ativo da relação jurídica de proteção, na medida


em que ocorrido o “risco social” (doença, invalidez, morte etc.), têm
consequentemente direito às prestações previdenciárias.

Nota; Os beneficiários sempre serão pessoas físicas.

- Segurados Obrigatórios

Eles são os beneficiários que obrigatoriamente estão filiados ao regime geral do


INSS e, como vimos no estudo das relações jurídicas, também se apresentam
como contribuintes obrigatórios do sistema.

Toda pessoa que exerça uma atividade remunerada, em especial na iniciativa


privada, é segurada obrigatória. Há exceção no tocante à idade, isto é, os
menores de 16 anos (até a Emenda Constitucional n. 20/98: 14 anos), porque
estão proibidos de trabalhar no Brasil, por expressa determinação do inciso
XXXIII do artigo 7º da Constituição Federal.

Entretanto, há exceção em relação aos menores aprendizes, jovens que a partir


dos 14 anos, podem, mediante um contrato de aprendizagem, exercer um
trabalho especial, com formação técnico-profissional metódica. Nos termos dos
artigos 428/433 da CLT, os aprendizes podem ter mais de 14 anos e menos de
24 anos (aqui, salvo portadores de deficiência), o contrato de aprendizagem é
anotado na CTPS, no máximo por dois anos, garantido um salário mínimo hora.

O artigo 11 da Lei nº 8.213/91 traz o extenso rol destes segurados obrigatórios,


sendo que podemos fazer a seguinte classificação:

- Segurado trabalhador empregado

Tem como característica estar subordinado ao regime da CLT; é a pessoa física


que presta serviço de natureza urbana ou rural, sob subordinação e mediante
remuneração. São, por exemplo, comerciários, bancários, metalúrgicos,
secretárias, tratoristas em fazendas etc. O artigo 11, inciso I, “a”, da Lei nº
8.213/91 inclui expressamente neste rol o “diretor empregado”, aquele que
mantém vínculo e subordinação de emprego com a sociedade, diferenciando do
diretor de sociedade anônima que foi eleito pela assembleia de acionistas e
empossado, passando a ser qualificado como “órgão” da sociedade, sem
subordinação típica de empregado.

Sobre o tema, Súmula nº 269/TST (Diretor eleito. Cômputo do período como


tempo de serviço. O empregado eleito para ocupar cargo de diretor tem o
respectivo contrato de trabalho suspenso, não se computando o tempo de
serviço deste período, salvo se permanecer a subordinação jurídica inerente à
relação de emprego). Há entendimento de que a regra geral é considerar o
diretor empregado, salvo se o diretor é dono do negócio ou acionista
controlador. A Lei 8036/90 permite o recolhimento de FGTS dos diretores não
empregados. A citada lei em seu artigo 16 equipara os diretores não empregados
das empresas sujeitas à CLT aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do
FGTS. A Lei do FGTS define diretor como “aquele que exerce cargo de
administração previsto em lei, estatuto ou contrato social, independente da
denominação do cargo''. Na sociedade anônima quatro são os órgãos sociais:
assembleia geral (órgão máximo de caráter deliberativo dos acionistas com ou
sem direito a voto), conselho de administração (órgão facultativo e de
deliberação para agilizar decisões, pode assumir parte da competência da
assembleia geral), diretoria (órgão que representa legalmente a companhia e
executa os planos) e conselho fiscal (órgão que fiscaliza os demais órgãos da
administração da sociedade). Os diretores não precisam ser necessariamente
acionistas e são eleitos pelo conselho ou pela assembleia. Podem ser destituídos
pelo órgão que os elegeu. Há entendimento de que podem movimentar a conta
do FGTS com a extinção do mandato ou contrato, sem o adicional de 40%. Por
estes aspectos, conclui-se que o diretor de S/A se distancia em muito do simples
empregado, devendo o juiz e a previdência social no caso concreto se cercar de
todas as informações possíveis de suas atribuições e responsabilidades para
enquadramento legal correto.

Nota: Dentro desta classe do segurado empregado, temos as seguintes


subclasses:

- Segurado trabalhador temporário e o terceirizado

O trabalhador temporário está submetido à Lei nº 6.019/74, com a modificação


da Lei n. 13429/17, que prevê a prestação de serviços por pessoa estranha ao
quadro de funcionários para atender necessidade de substituição transitória de
pessoal permanente ou de demanda complementar de serviços
(imprevisíveis/intermitentes, sazonais ou periódicos). Há um contrato civil entre
a empresa tomadora e a empresa de mão de obra temporária. É proibida a
contratação de temporários no caso de greve dos permanentes. A contratação é
no máximo 180 dias consecutivos ou não; possibilidade de prorrogação do
contrato por mais 90 dias se mantida as necessidades (de necessidade transitória
de substituição de funcionários ou acréscimo extraordinário de demanda da
empresa). O temporário que trabalhou no contrato somente pode retornar na
empresa 90 dias depois, sob pena de caracterizar vínculo com a tomadora. O
temporário não tem contrato de experiência.

O trabalhador temporário tem relação jurídica trabalhista com a empresa de


trabalho temporário, salvo fraudes ou excesso do prazo máximo legal na
prestação de serviços, quando então a tomadora de serviços se torna solidária da
dívida trabalhista e previdenciária. De qualquer modo, o trabalhador temporário
é segurado obrigatório com todos os direitos e obrigações inerentes à condição
de beneficiário do sistema. Com relação ao trabalhador terceirizado, a Lei n.
13429/17 trouxe o regime jurídico destes trabalhadores muito comuns neste
século, que somente tinham previsão de legalidade nos termos da jurisprudência
trabalhista. São segurados obrigatórios do INSS, com vínculo trabalhista com a
empresa terceirizada. Com a nova lei, não há mais limites na terceirização, em
outras palavras passou a ser lícita a terceirização das chamadas atividades
“meio” e “fim” da empresa contratante.

A empresa terceirizada presta serviços determinados e específicos na contratada


e pode haver “quarteirização”; o tomador pode ser pessoa física ou jurídica. A
empresa tomadora se responsabiliza pela segurança do trabalhador terceirizado
e os benefícios dos trabalhadores permanentes podem ser estendidos aos
terceirizados (depende da vontade da tomadora). A tomadora responde
subsidiariamente aos débitos trabalhistas e previdenciários do período da
prestação de serviço no caso de inadimplência da empresa terceirizada e a lei
não fixa o tempo do trabalho terceirizado.

Quanto ao Estado como responsável subsidiário por débito trabalhista de


empresas contratadas em licitação, a Súmula n. 331 do TST tem sido contestada
no STF porque o artigo 71 da Lei n. 8666/93 isenta o Poder Público da
responsabilidade e esta norma não foi declarada inconstitucional pelo Plenário
do STF (ofensa ao princípio da reserva de plenário: CF, 897/STF Súmula
Vinculante n. 10).

- Segurado trabalhador doméstico

É a pessoa física que trabalha para outras pessoas físicas ou famílias, no âmbito
residencial e de forma não eventual; ou como prevê a Lei n. 5.859/72, que rege
o trabalho doméstico, conceitua um serviço doméstico como sendo de natureza
contínua e de finalidade não lucrativa à pessoa ou família, no âmbito residencial
destas. Aqui se incluem a empregada doméstica, o jardineiro, o segurança da
família, o caseiro da chácara, a babá, cozinheira, arrumadeira, etc.

O contrato de trabalho deve ser anotado na CTPS e, recolhidas as contribuições


previdenciárias, mais as cotas do doméstico e do patrão. Estes profissionais são
regidos pela Lei nº 5.859/72 e gozam de praticamente dos mesmos direitos dos
empregados comuns, conforme inciso XXXIV do artigo 7º da CF/88

Aquelas profissionais que também trabalham na residência chamadas de


diaristas, ou seja, trabalham no âmbito residencial, para a família ou pessoa
física, de forma eventual, descontínua (uma ou duas vezes por semana), não se
enquadram como empregada doméstica e para fins previdenciários são
considerados contribuintes individuais. (Ver art. 1° da Lei Complementar n.
150/2015). Não esquecer o trabalho intermitente (no passado chamava de
“bico”, veio com a reforma trabalhista, é o trabalho esporádico (ver § 3° do art.
443 da CLT).

- Segurado trabalhador empregado no exterior

É hipótese de extraterritorialidade da lei previdenciária, isto é, a vigência e


aplicação da lei brasileira em território estrangeiro, pelo princípio da proteção
universal. Assim, o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
por empresa brasileira para trabalhar como empregado em sucursal ou agência
no exterior tem direito às prestações da previdência social brasileira exemplo:
bancário do Banco do Brasil contratado em SP para trabalhar em Nova Iorque
(EUA).

- Segurado trabalhador empregado de missão diplomática ou a repartição


consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinadas

Os membros da missão diplomática gozam de ampla imunidade da jurisdição


civil e penal do país que os recepciona; ocorre que, para várias tarefas nos
serviços consulares ou diplomáticas, há muitas vezes a necessidade de
contratação de funcionários nacionais, que estarão sujeitos às leis brasileiras, em
especial nossa legislação social (trabalhista e previdenciária). Neste contexto, os
brasileiros e estrangeiros domiciliados em nosso país, recrutados para prestarem
serviços nas embaixadas de países estrangeiros, são segurados obrigatórios da
previdência social brasileira, caracterizando-se as embaixadas como
“empregadores”, porquanto é dever do Estado estrangeiro, na visão moderna do
Direito Internacional, respeitar as leis nacionais, especialmente a trabalhista e
previdenciária, distinguindo-se atos estatais Jure imperii (inerentes à atividade
estatal-diplomática) e Jure gestionis (inerentes às relações entre particulares).

No Recurso Extraordinário nº 222368, Relator Ministro Celso de Mello do


STF, enfrentando questão originária de reclamação trabalhista de empregada
doméstica contra consulado estrangeiro no Brasil, consignou-se que:
“Privilégios diplomáticos não podem ser invocados, em processos
trabalhistas, para coonestar o enriquecimento sem causa de Estados
estrangeiros, em injusto detrimento de trabalhadores residentes em
território brasileiro, sob pena de essa prática consagrar inaceitável
desvio ético-jurídico, incompatível com o princípio da boa-fé e com
os grandes postulados do direito internacional”.

A letra “d” do inciso I do artigo 11 da Lei nº 8.213/91 exclui do regime do INSS


o brasileiro amparado pela legislação social do país estrangeiro e os estrangeiros
sem residência permanente no Brasil.

- Segurado trabalhador empregado público da União no exterior

A hipótese agora é do brasileiro civil, mesmo que domiciliado e contratado no


estrangeiro, que preste serviço à União em organismos oficiais brasileiros
(embaixadas brasileiras, escritórios de ministérios, autarquias, agências) ou
internacionais do qual o Brasil seja membro efetivo (por exemplo: ONU ou
OIT). Outro caso de extraterritorialidade da lei previdenciária, em nome do
princípio da proteção universal, sendo que a proteção brasileira não ocorrerá se
este trabalhador brasileiro já gozar de proteção social do país estrangeiro em
que vive. Também entendemos que se este brasileiro mantém a qualidade de
servidor público efetivo federal, estadual, distrital ou municipal, deve
permanecer protegido pelo seu regime próprio previdenciário, pela técnica de
não solução da continuidade da proteção do seguro social. Juridicamente deve
ser qualificado como empregado público (no caso de ser remunerado pelo
governo brasileiro), por ser seu empregador a União (vide o artigo 96 da Lei n.
8112/90 que trata do afastamento do servidor público sem remuneração quando
passa a prestar serviços aos organismos internacionais e receber remuneração
destes organismos).

- Segurado trabalhador empregado de empresa no exterior

Tanto o brasileiro como o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil, para


prestar serviço na sede da empresa no exterior, tendo esta empresa internacional
maioria do capital votante de empresa brasileira de capital nacional. Ou seja,
quando o brasileiro ou estrangeiro aqui domiciliado e contratado são recrutados
para trabalhar no exterior para empresa privada, o regime previdenciário é o do
INSS, mesmo porque a empresa tem fortes vínculos com o Brasil, pelo quadro
acionário majoritário.

- Segurado servidor público de cargo em comissão

Aqui se vê uma exceção à noção básica de que o regime do INSS somente


ampara trabalhadores da iniciativa privada, estando os servidores públicos
amparados por regimes próprios. A distinção tem sua razão de ser. Há certa
categoria de servidores públicos que não têm vínculo efetivo com o ente
federativo, ou seja, são nomeados sem concurso público para cargos de
confiança e, também, são exonerados sem nenhuma formalidade, tudo a
depender da vontade do chefe do órgão ou do ministério. Estes servidores não
podem ficar sem proteção previdenciária, sendo que o legislador, pelo caráter
precário da vinculação, determinou que a filiação se desse no regime geral do
INSS. Os funcionários públicos de cargo efetivo (juiz, promotor, procurador,
delegado, fiscal, oficial de justiça etc.), têm regimes próprios previdenciários.

O profissional que é convidado por um Chefe do Poder Executivo (hipótese


válida para Chefes do Legislativo e Judiciário) para assumir cargo de confiança
(ministro, secretário, diretor, assessor etc.) para assumir a presidência ou a
chefia de uma autarquia ou empresa pública, por exemplo, passam a ter o
“status” de servidor público, mas mantém vínculo previdenciário com o INSS.
O artigo 11, I, “g”, da Lei nº 8.213/91, trata somente do servidor de cargo em
comissão com a União, Autarquias, e Fundações federais, mas o § 13 do artigo
40 da Constituição Federal de 1988 estende o regime do INSS para os
servidores estaduais e municipais de cargos em comissão.

Também são amparados pelo regime do INSS – na qualidade de contribuintes


individuais – os servidores contratados para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público nos termos do inciso IX do artigo 37 da
Constituição Federal (trabalho eventual para a Administração, sem vínculo
empregatício, regidos pela Lei n. 8745/93). Os empregados públicos contratados
pela Administração Pública Federal, pelo regime da Consolidação das Leis do
Trabalho, após aprovação em concurso público, como autoriza a Lei n.
9.962/00, também são segurados obrigatórios do INSS.
Finalmente, os agentes políticos de cargo eletivo (vereador, prefeito, deputado,
senador, governador e presidente), desde que estes não estejam vinculados a
regimes próprios da Lei nº 9.717/98, conforme letra “h” do artigo 11, inciso I,
da Lei nº 8.213/91. A Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 3.073 no
Supremo Tribunal Federal questiona a constitucionalidade da alínea “h” do
inciso I do artigo 12 da Lei n. 8.212/91, que menciona os agentes políticos como
contribuintes obrigatórios do INSS, sob o argumento que os agentes políticos
não são empregados ou trabalhadores, havendo, assim, ampliação ilegal do
conceito de trabalhador do artigo 195, inciso II da Constituição Federal, bem
como criação de nova fonte de financiamento da seguridade sem observância do
§ 4° do artigo 195 e do inciso I do artigo 154 (somente por lei complementar
poderia se criar nova fonte), ambos da nossa Carta Magna. Entendemos que, de
acordo com jurisprudência já pacífica da nossa Suprema Corte os dispositivos
constitucionais não deixam dúvidas de que é necessária lei complementar para
criar fontes diversas das previstas no artigo 195 da Constituição Federal.

Até o advento da Lei n. 10887/04 o exercício de cargo de mandato eletivo não


implicava a filiação obrigatória ao Regime Geral (vide parágrafo 13 do artigo
40 da Constituição Federal). A averbação do tempo de serviço anterior a Lei n.
10887/04 só é possível com recolhimento das contribuições do período
respectivo.

Incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos aos


exercentes de mandato eletivo, decorrentes da prestação de serviços
à União, aos Estados e ao Distrito Federal ou aos Municípios, após o
advento da Lei 10.887/2004, desde que não vinculados a regime
próprio de previdência.

Com base nessa orientação, o Supremo Tribunal Federal, ao


apreciar o Tema 691 da repercussão geral, por unanimidade, negou
provimento a recurso extraordinário em que se discutiu a submissão
dos entes federativos ao pagamento de contribuição previdenciária
patronal incidente sobre a remuneração dos agentes políticos não
vinculados a regime próprio de previdência social, após o advento da
Lei 10.887/2004, na forma do art. 22, I, da Lei 8.212/1991 (1).

A Corte entendeu que a Emenda Constitucional 20/1998 passou a


determinar a incidência da contribuição sobre qualquer segurado
obrigatório da previdência social, art. 195, I, “a” e II (2) e no art.
40, §13 (3), ambos da Constituição Federal, que submeteu todos os
ocupantes de cargos temporários ao regime geral de previdência, o
que alcança os exercentes de mandato eletivo.

(1) Lei 8.212/1991: “Art. 22. A contribuição a cargo da empresa,


destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I -
vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou
creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados
empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços,
destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma,
inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e
os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos
serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do
empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato
ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença
normativa”.
(2) CF/1988: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda
a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e
demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício; (...) II - do trabalhador e dos demais segurados da
previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e
pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que
trata o art. 201”.
(3) CF/1988: “Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas
suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de
caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial
e o disposto neste artigo. (...)§ 13 - Ao servidor ocupante,
exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre
nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de
emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social”.
RE 626837/GO, rel. Min. Dias Toffoli, julgamento em 25.5.2017.
(RE-626837)
- Segurado trabalhador de organismo oficial internacional ou estrangeiro no
Brasil

No caso de brasileiros ou estrangeiros aqui domiciliados e aqui contratados para


trabalharem no Brasil, sob subordinação de organismo oficial internacional
(ONU, FAO, OIT) ou estrangeiro, gozam da proteção previdenciária brasileira,
casa não sejam amparados por regimes alienígenas.

Contribuintes Individuais

Dentre ainda os segurados obrigatórios, temos outra importante classe de


trabalhadores, a dos chamados contribuintes individuais, que têm como
característica principal serem trabalhadores (pessoas físicas) que trabalham para
terceiros sem subordinação técnica e jurídica. Ou seja, são aqueles que, na
relação trabalhista, não são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho e
sim pelo Código Civil. Para melhor estudo do extenso rol artigo 11, V, da Lei nº
8.213/91.

Podemos assim classificá-los:

- Autônomos ou pequenos empresários da cidade e do campo

São todas as pessoas físicas que são conhecidas como autônomos ou pequenos
empresários que trabalham em qualquer atividade na zona rural ou urbana
(inclusive o associado à cooperativa que presta serviços à terceiro), podem ou
não ser proprietárias do negócio (admite-se até atividade sem fins lucrativos); o
trabalho pode ser permanente ou não e ainda admite-se o emprego de
colaboradores, prepostos ou empregados na empreitada. Exemplos: os
profissionais liberais ou com firma individual (advogados, médicos, dentistas,
engenheiros, arquitetos) e pequenos profissionais do comércio ou da prestação
de serviços (vendedores ambulantes, feirantes, pedreiros, marceneiros,
motoristas de táxi ou transporte coletivo, diarista nas casas de família). Na zona
rural, temos os pequenos agricultores, criadores de animais, pescadores e
garimpeiros; pessoas físicas, proprietárias ou não, que exploram atividade
agropecuária ou de extração mineral, ou até pesqueira, com auxílio de
empregados ou prepostos.
- Membros de pessoas jurídicas

Neste grupo de contribuintes individuais, temos profissionais que trabalham


para pessoas jurídicas, mas não são empregados. Temos, assim, por exemplo, o
diretor não empregado, o membro de conselho de administração de S/A, o sócio
solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente ou sócio cotista; também está
neste grupo o administrador, o diretor de cooperativa e associação; o síndico ou
administrador de condomínios, como também trabalhador cooperado de
cooperativa de produção. O que é importante observar é que estes profissionais
devem sempre exercer atividade remunerada, conquanto a atividade não onerosa
não indique a pessoa como trabalhador para fins previdenciários e trabalhistas.

- Trabalhador no exterior

Como vimos no caso de trabalhadores subordinados que pelo princípio da


extraterritorialidade são cobertos pela previdência social brasileira, também há
previsão de contribuinte individual que trabalha no exterior para organismo
oficial internacional no qual o Brasil é membro efetivo (ONU, OIT). Neste caso
ele não está a serviço da União, mas sim do próprio organismo internacional. Se
já tiver proteção de regime próprio (no caso de ser militar ou servidor público
civil), estará fora do regime geral do INSS.

- Religiosos

Aqui temos uma exceção à regra geral de que os segurados obrigatórios devem
exercer atividade remunerada. São as pessoas religiosas (ministro de confissão
religiosa e o membro de vida consagrada, congregação ou de ordem religiosa),
desde que seja mantida pela entidade a qual pertençam, salvo se
obrigatoriamente filiados à Previdência Social, em razão de outra atividade ou a
outro regime previdenciário, militar ou civil. São os padres, freis, sacerdotes,
pastores, mães-de-santo, autoridades de religiões africanas etc. Normalmente
não se reconhece na Justiça do Trabalho a relação de emprego entre estes
religiosos e a instituição, mas para fins previdenciários, desde que sejam
mantidos pela entidade, são segurados obrigatórios da previdência social na
classe dos contribuintes obrigatórios.
- Trabalhador cooperado e Microempreendedor Individual – MEI

São contribuintes individuais, os cooperados de cooperativa de produção, bem


como os Microempreendedores Individuais – MEI, conforme arts. 18-A e 18-C
da Lei Complementar n. 123/06, que optem pelo regime tributário do Simples
Nacional.

Sobre o trabalhador cooperado, a base do regime está nas Leis ns. 5764/71,
12690/12; em na CLT, art. 442.

Pelo parágrafo único do art. 442 da CLT, não existem vínculos empregatícios
entre os associados da cooperativa e a tomadora de serviços. Evidentemente
pelo princípio da verdade real, cabe ao juiz do trabalho e ao fiscal do trabalho
declarar nulidade do contrato nos termos do art. 9° da CLT e afastar a
cooperativa ilícita.

A verdadeira cooperativa de trabalho é formada de profissionais autônomos, que


exerçam a mesma profissão, sem intermediação de mão de obra ou
subordinação. Impera a autogestão e autonomia.

As cooperativas de trabalho se dividem em cooperativa de produção (típicas no


meio rural) e de serviço, voltadas para a prestação de serviços especializados
desde que ausentes os pressupostos do art. 3° da CLT.

Nota: A Lei n.12690/12 excluiu das suas disposições as cooperativas da área de


saúde e de transporte.

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