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BENEFÍCIÁRIOS DO RGPS
1. O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) possui como beneficiários, os segurados e os dependen- tes
(art. 10, do PB). Os segurados dividem-se, em obriga- tórios e facultativos.
2. São segurados obrigatórios, todos os trabalha-dores, pessoas físicas, com 16 (dezesseis) anos ou mais, que
exerçam uma atividade remunerada e que não se fi- liem, em relação a ela, a um RPPS.
ATENÇÃO para o menor aprendiz, que já pode se fi- liar a partir dos 14 (quatorze) anos de idade (art. 7º, inciso
XXXIII, da CF).
Nos termos do artigo 11, parágrafo 1º, do Plano de Benefícios, entende-se como regime de economia fami- liar a
atividade em que o trabalho dos membros da famí- lia é indispensável à própria subsistência e ao desenvol- vimento
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização
de empregados permanentes.
Os trabalhadores enquadrados nesta categoriasão, principalmente, aqueles pequenos produtores rurais e
pescadores artesanais, os quais fazem das respectivas atividades o seu principal - e, por vezes, o único - meio de
subsistência. Ainda, normalmente trabalham sozinhos ou em regime de economia familiar, sem ajuda de tercei- ros.
Por tais razões e em vista dos princípios da sele- tividade e distributividade na prestação dos benefíciose
serviços e, da equidade na forma de participação no custeio (art. 194, parágrafo único, incisos III e V, da CF), os
mesmos recebem um tratamento “especial”, notada- mente no que diz com a sua contribuição social, que é sig-
nificativamente menor que a dos demais segurados.
Assim, para continuarem a ser enquadrados nesta categoria de segurado e receberem tratamento legal “es-
pecial”, o grupo familiar a que faz parte o produtor rurale o pescador artesanal, não pode se utilizar de trabalho de
terceiros. Pode, no entanto, e de forma excepcional, utilizar-se de empregados contratados por prazo deter- minado
ou de trabalhador eventual, à razão de, no má- ximo, 120 (cento e vinte) pessoas por dia, no ano civil, emperíodos
corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o
período de afastamento em decorrência da percepção de auxílio-doença.
Ainda, aqueles segurados não podem desenvolver outras atividades. Não descaracteriza a condição de se-
gurado especial, contudo:
a) a outorga, por meio de contrato escrito de par- ceria, meação ou comodato, de até 50% (cinquenta por cento)
de imóvel rural cuja área total não seja superior a 4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outor-gado
continuem a exercer a respectiva atividade, indivi- dualmente ou em regime de economia familiar;
b) a exploração da atividade turística da proprie- dade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120
(cento e vinte) dias ao ano;
c) a participação em plano de previdência comple- mentar instituído por entidade classista a que seja asso-
ciado em razão da condição de trabalhador rural ou de produtor rural em regime de economia familiar;
d) ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de pro-
grama assistencial oficial de governo;
e) a utilização pelo próprio grupo familiar, na ex- ploração da atividade, de processo de beneficiamento ou
industrialização artesanal, na forma do parágrafo 11, do artigo 25, da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991;
f) a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural;
g) a incidência do Imposto sobre Produtos Indus- trializados (IPI), sobre o produto das atividades desen-
volvidas nos termos do parágrafo 12, do artigo 11, da Lei n. 8.213, de 1991.
Também, deixa de ser segurado especial àqueleque possuir outra fonte de rendimento, salvo se decor- rente:
de benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício
de prestação continuada da Previdência Social;
a) de benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar, instituído nos termos
do inciso IV, do parágrafo 8º, do artigo 11, da Lei n. 8.213, de 1991;
b) do exercício de atividade remunerada em pe- ríodo não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou
intercalados, no ano civil, observado o disposto no pará- grafo 13, do artigo 12, da Lei n.8.212, de 1991;
c) do exercício de mandato eletivo de dirigentesindical de organização da categoria de trabalhadores rurais;
d) do exercício de mandato de vereador, do Muni- cípio em que desenvolve a atividade rural ou de dirigen- te de
cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais, observado o disposto no parágrafo 13, do artigo
12, da Lei n. 8.212, de 1991;
e) de parceria ou meação outorgada na forma econdições estabelecidas acima;
f) da atividade artesanal desenvolvida com maté- ria prima produzida pelo respectivo grupo familiar, po-
dendo ser utilizada matéria prima de outra origem, desdeque a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor
benefício de prestação continuada da Previdência Social;
g) de atividade artística, desde que em valor men- sal inferior ao menor benefício de prestação continuada da
Previdência Social.
3. São segurados facultativos (art. 13, do PB; art. 11,do RPS) do RGPS, aquelas pessoas que, com 16 (dezesseis)
anos ou mais, não exerçam atividade remunerada que os obrigue à filiação a um regime de previdência social e que
resolvam se filiar e contribuir voluntariamente.
ATENÇÃO! O artigo 13, da Lei n. 8.213, de 1991 ainda menciona a idade limite de 14 (quatorze) anos. Contudo, por
força das alterações promovidas pela Emenda Cons- titucional n. 20, de 1998, a idade mínima para a filiação ao RGPS,
como facultativo, é aos 16 (dezesseis) anos, confor-me prevê o artigo 11, do Decreto n. 3.048, de 1999.
Podem filiar-se facultativamente ao RGPS:
a) a dona-de-casa;
b) o síndico de condomínio, quando não remune- rado. CUIDADO ao fato de que a isenção da taxa condo- minial
é considerada uma forma de remuneração, o que obrigaria o síndico, neste caso, a filiar-se, obrigatoria- mente, como
contribuinte individual;
c) o estudante;
d) o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;
e) aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;
f) o membro de conselho tutelar, de que trata o ar- tigo 132, da Lei n. 8.069, de 1990, quando não esteja vincu-
lado a qualquer regime de previdência social;
g) o bolsista e o estagiário que prestam serviços à empresa de acordo com a legislação;
h) o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação,mes- trado
ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;
i) o presidiário que não exerce atividade remune- rada nem esteja vinculado a qualquer regime de previ- dência
social;
j) o brasileiro residente ou domiciliado no exterior,
salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional;
k) o segurado recolhido à prisão, sob regime fe- chado ou semiaberto que, nesta condição, preste serviço,
dentro ou fora da unidade penal, a uma ou mais empre- sas, com ou sem intermediação da organização carcerá- ria ou
entidade afim, ou que exerce atividade artesanal por conta própria.
Atente, ainda, ao fato de que é vedada a filiação ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), na qualidade de
segurado facultativo, de pessoa participante de Re- gime Próprio de Previdência Social (RGPS), salvo na hi- pótese de
afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo Regime Próprio.
4. Os dependentes (art. 16, do PB; arts. 16 e 17, do RPS) são aquelas pessoas que dependem economica- mente
(total ou parcialmente) do segurado e que vão ter direito às prestações do RGPS enquanto este se mantiver filiado.
Os dependentes são divididos em três classes, em ordem de preferência:
a) o cônjuge, a companheira, o companheiro e o fi-lho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência in-telectual ou mental que o torne absoluta ou relativamen- te
incapaz, assim declarado judicialmente, pertencem à Classe I.
Sua dependência econômica em relação ao segu- rado é presumida.
O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho, mediante declaração do segurado e desde que compro-
vada – exclusivamente neste caso - a dependência eco-nômica na forma estabelecida no Regulamento da Previ-
dência Social;
Considera-se companheira ou companheiro, a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o
segurado ou com a segurada, de acordo com o parágrafo 3º, do artigo 226, da Constituição Federal;
b) os pais pertencem à Classe II.
Sua dependência econômica em relação ao filhosegurado deve ser comprovada;
c) o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha
deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente,
pertence à Classe III.
Sua dependência econômica em relação ao irmão segurado deve ser comprovada.
Adicionando ao quadro visto no início do tópico, osgrupos de dependentes, temos a seguinte visualização:
A existência de dependente de qualquer das clas- ses anteriores, exclui do direito às prestações os das classes
seguintes.
Nos termos do artigo 17, do Regulamento da Previ-dência Social, a perda da qualidade de dependente – NÃO
confunda com as hipóteses de perda da qualidade de se- gurado - ocorre:
a) para o cônjuge, pela separação judicial ou di- vórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de
alimentos, pela anulação do casamento, pelo óbito ou por sentença judicial transitada em julgado;
b) para a companheira ou companheiro, pela ces- sação da união estável com o segurado ou segurada, en-
quanto não lhe for garantida a prestação de alimentos;
c) para o filho e o irmão, de qualquer condição, ao completarem vinte e um anos de idade, salvo se inváli- dos,
desde que a invalidez tenha ocorrido antes,
» de completarem vinte e um anos de idade;
» do casamento;
» do início do exercício de emprego público efe- tivo;
» da constituição de estabelecimento civil ou comercial ou da existência de relação de emprego, desde
que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha econo-mia própria;
» da concessão de emancipação, pelos pais, ou de um deles na falta do outro,
mediante instrumento público, independentemente de ho- mologação judicial, ou por sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
d) para os dependentes em geral:
» pela cessação da invalidez;
» pelo falecimento.
5. A partir das definições supra acerca dos segura- dos obrigatórios e facultativos, podemos concluir que são
excluídos do RGPS, que não podem se filiar a ele, basica-mente, aqueles trabalhadores que já estejam vinculadosa
um Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) e os estrangeiros sem residência permanente no país.
Assim, por exemplo:
a) o servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos
Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, desde que amparados por RPPS (art. 12, do PB). Mas,
ATENÇÃO. Caso o servidor ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas
pelo RGPS, tornar-se-ão segurados obrigató- rios em relação a essas atividades;
b) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, quando co- berto
por RPPS (art. 11, inciso I, alínea “i”, do PB);
c) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou interna- cionais
dos quais o Brasil seja membro efetivo, quando segurado na forma da legislação vigente do país do do- micílio (art. 11,
inciso I, alínea “e”, do PB).
6. No contexto do estudo dos beneficiários do RGPS,a filiação é o vínculo que se estabelece entre pessoas que
contribuem para a previdência social e esta, do qual de- correm direitos e obrigações (art. 20, do RPS). Desta for- ma,
só os segurados (obrigatórios e facultativos) é que se filiam; os dependentes, não. É com a filiação que nasce a
qualidade de segurado.
Mas, em que momento a filiação acontece? Segun- do o parágrafo 1º, do artigo 20, do RPS, a filiação à previ-
dência social decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada para os segurados obrigatórios e da
inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o segurado facultativo.
Observemos, ainda, que todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada
sujeita ao RGPS é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas (art. 12, parágrafo 2º, do PB).
Também o aposentado pelo RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este
Regime é segurado obrigatório em relação a essaatividade, ficando sujeito às contribuições de que trataa Lei n.
8.212, de 1991, para fins de custeio da seguridade social.
Observe, por fim, que o servidor público, civil ou militar, filiado ao seu Regime Próprio de Previdência So- cial (RPPS),
se vier a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), tornar-se-á segurado obrigatório em relação a essas atividades.
A inscrição, por sua vez e em relação ao segurado, consiste no ato pelo qual ele é cadastrado (identificado) no
RGPS, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis a sua caracteriza- ção. Já a
inscrição do dependente do segurado será pro- movida quando do requerimento do benefício a que tiver direito,
mediante a apresentação de uma série de docu- mentos previstos no RPS (art. 22, do RPS).