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FILIAÇÃO X INSCRIÇÃO

FILIAÇÃO: momento em que o segurado passa a integrar a relação jurídica de Direito


Previdenciário (lembrar da relação de implicação necessária) – começou a trabalhar é
segurado. Para se filiar ao sistema, é preciso ter uma titulação jurídica para isso, não
basta simplesmente efetuar algum recolhimento. É necessário:

Atividade Laboral + Segurado + Contribuição

INSCRIÇÃO: ato de natureza administrativa (burocrático) pelo qual se opera o registro


do segurado na base cadastral do INSS (CNIS – Cadastro Nacional de Informação
Nacional). A inscrição é a formalização da filiação.

CNIS: BASE CADASTRAL DE DADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL: trata-se do


Cadastro Nacional de Informações Sociais. Criado pela Lei n. 8212/91, e
especificamente referido no art. 29-A da Lei n 8.213/91. Composto, basicamente de
quatro principais bancos de dados a saber;
 Cadastro de trabalhadores;
 Cadastro de empregadores;
 Cadastro de vínculos empregatícios;
 Cadastro de remuneração do trabalhador empregado e recolhimentos do
contribuinte individual

DIVERGÊNCIAS CNIS X CTPS:

 CTPS: documento que goza de presunção juris tantum de veracidade quanto


às anotações que nela se contém. Presunção relativa de veracidade, se não for
provado o contrário, vale o que está lá (cabe prova em sentido contrário)

 CNIS: documento público, dotado dos atributos dos documentos públicos em


geral (art. 405 do CPC). Presunção relativa de veracidade, se não for provado
o contrário, vale o que está lá

OBS: Quando ambos têm presunção relativa e falam coisas diferentes, terá que
usar outros meios (não há prevalência de qualquer dos dois documentos, devendo o
ponto ser esclarecido mediante instrução). Documento complementar, testemunhas,
provas periciais, etc
BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

1) SEGURADOS: relação direta com a Previdência Social

a) Obrigatórios: relação jurídica empregatícia

 Empregado
 Doméstico
 Trabalhador Avulso
 Contribuinte Individual
 Segurado Especial

b) Facultativos: não pode configurar em uma relação jurídica empregatícia

2) DEPENDENTES: relação jurídica reflexa (decorre de um vínculo de


dependência)

1) SEGURADOS OBRIGATÓRIOS: art. 11 da Lei 8.213/91 – todos que exercem


atividades remuneradas no país

a) SEGURADO EMPREGADO:

 Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter


não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como
diretor empregado

Diretor-empregado: aquele que, participando ou não do risco econômico do


empreendimento, seja contratado ou promovido para cargo de direção das sociedades
anônimas, mantendo as características inerentes à relação de emprego (art. 9º, § 2º,
Lei n. 6.404/76)

Presença de relação de emprego da forma como a define a CLT – aquele que tem
uma relação formal de emprego (“com patrão”) – onerosidade, subordinação,
pessoalidade, habitualidade e ser pessoa física
Não eventual: aquele relacionado direta ou indiretamente com as atividades normais
da empresa (art. 9º, § 4º, Lei n. 6.404/76)

 Aquele que, contrato por empresa de trabalho temporário, definida em


legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de
substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de
serviços de outras empresas
Trabalho temporário: prazo não superior a 180 dias, consecutivos ou não,
prorrogável por até 90 dias, presta serviço para atender a necessidade transitória de
substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviço
de outras empresas

 Brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contrato no Brasil para trabalhar como


empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior

 Aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição


consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros
dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro, sem residência
permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do
país da respectiva missão diplomática ou repartição consular

 Brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais


brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que
lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente
do país do domicílio

 Brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como


empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante
pertença a empresa brasileira de capital nacional

 Servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo afetivo com a


União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Pública Federais

 Exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não


vinculado a regime próprio de previdência social

 Agente público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado


em lei de livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário, inclusive
mandato eletivo, ou de emprego público

 Empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em


funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de
previdência social

b) EMPREGADO DOMÉSTICO: aquele que presta serviço de natureza contínua


a pessoa ou família no âmbito residencial desta, em atividades sem fins
lucrativos (necessidade de ter 18 anos)

Aquele que presta serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de


finalidade não lucrativa a pessoa ou à família, no âmbito residencial desta, por mais
de 2 dias por semana (LC 150/15)
OBS: Percentual

 8% para o empregado
 11% para o empregador

Para efeitos previdenciários:


 Empresa: art. 14, inciso I LBPS;
 Empregador doméstico: art. 14, II da LBPS

c) TRABALHADOR AVULSO: presta serviços a diversas empresas, sem vínculo


empregatício, serviço de natureza urbana ou rural
OBS: Antigo estivador, que se emprega via OGMO (Órgão Gestor de Mão de Obra) -
não existe mais

d) TRABALHADOR RURAL:

 PRODUTOR RURAL (“Rei do gado”): exploração de atividade agropecuária


temporária ou provisoriamente - exploração do segmento da economia. É uma
empresa
OBS: Atividade econômica: movimentação da economia nacional

 TRABALHADOR CAMPESINO: pessoa física residente no imóvel rural ou em


aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime
de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros
OBS: Economia familiar: regime de economia familiar a atividade em que o trabalho
dos membros da família é indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconômico do núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência
e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes (art. 11, § 1ª da LBPS)

e) CONTRIBUINTE INDIVIDUAL: art. 11, V da LBPS - basicamente é o


autônomo, profissional liberal, empresário – não tem uma relação formal de
emprego (“sem patrão”). Inclui:

 Advogado não empregado, médico, vendedor, corretor imobiliário,


representante comercial, associado em cooperativa, o síndico
remunerado de condomínio (síndico profissional), ministro de confissão
religiosa, garimpeiro (dono do garimpo)

 Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a


qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4
módulos fiscais ou, quando em área igual ou inferior a 4 módulos fiscais ou
atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de
prepostos

 Quando descaracterizada a condição de segurado especial


 Pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral

 Ministro de confissão religiosa e membro de instituto de vida consagrada, de


congregação ou de ordem religiosa

 Brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do


qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo
quando coberto por regime próprio de previdência social (ONU, OIT, OMS);

 Titular de firma individual urbana ou rural, diretor não empregado e membro de


conselho de administração de sociedade anônima, sócio solidário, sócio de
indústria, sócio gerente e sócio cotista que recebam remuneração decorrente
de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo
de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou
finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade
de direção condominial, desde que recebam remuneração

 Quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma


ou mais empresas, sem relação de emprego

 Pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza
urbana, com fins lucrativos ou não

 Diretor não empregado: art. 158, LSA – responsabilidade criminal – não


possui subordinação

OBS: Percentual

 9% para o contribuinte individual


 11% para o tomador do serviço

f) SEGURADO ESPECIAL: art. 11, VII, Lei n. 8.213/91 – pessoa física residente
no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou próximo a ele que,
individualmente ou em regime de economia familiar. Deve ser dada alguma
vantagem (princípio da isonomia)

Regime de economia familiar: atividade em que o trabalho dos membros da família é


indispensável à própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo
familiar e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a
utilização de empregados permanentes, ainda que com o auxílio eventual de terceiros
exercido ocasionalmente, em condições de mútua colaboração, não existindo
subordinação nem remuneração
OBS: Segurado especial poderá contratar empregado, desde que não seja
permanente (grupo familiar poderá utilizar de empregados contratados por prazo
determinado ou de contribuinte individual, à razão de no máximo 120 pessoas por dia
no ano civil, em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em
horas de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em
decorrência da percepção de auxílio-doença)
Auxílio eventual de terceiros, na condição de:

 Produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou


meeiro outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:

 Agropecuária: até 4 módulos fiscais

 Seringueiro ou extrativista vegetal na coleta e extração sustentável de recursos


naturais renováveis, e faça dessas atividades o principal meio de vida

 Pescador artesanal (não utilização de embarcação ou utilização de


embarcação de pequeno porte) ou a este assemelhado que faça da pesca
profissão habitual ou principal meio de vida (apoio à pesca artesanal)

 Cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 anos de idade ou a


este equiparado, do produtor ou pescador artesanal que, comprovadamente,
trabalhem com o grupo familiar respectivo (participação ativa)

- Com contribuição: tem direito a todos os benefícios, com renda calculada de acordo
com as contribuições vertidas durante o período da atividade laboral
- Sem contribuição: tem direito aos seguintes benefícios:

 Aposentadoria por idade ou por invalidez


 Auxílio-doença
 Auxilio-reclusão ou pensão, no valor fixo de um salário mínimo
 Auxílio-acidente, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que
de forma descontinua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do
benefício, igual ao número de meses correspondentes a carência do benefício
requerido, observado o disposto no arts. 38-A e 38-B da Lei 8213/91 – início
de prova material: documento de registro em escola rural (não admite prova
pericial)

Art. 55, § 3º: A comprovação do tempo de serviço para os fins desta Lei (n. 8213/91),
inclusive mediante justificativa administrativa ou judicial, observado o disposto no art.
108 desta Lei, só produzirá efeito quando for baseada em início de prova material
contemporânea dos fatos, não admitida a prova exclusivamente testemunhal,
exceto na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, na forma prevista
no regulamento (apenas a prova testemunhal não é suficiente)

Súmula n. 149 do STJ: A prova exclusivamente testemunhal não basta a


comprovação da atividade rurícola, para efeito da obtenção de benefício
previdenciário.
Inclui o pescador artesanal e o garimpeiro

OBS: Os benefícios rurais são os que apresentam o maior déficit - número de


aposentadorias rurais é maior que população declarada

g) SEGURADOS INTERNACIONAIS: trabalho realizado em multinacionais


(empregado irá trabalhar no exterior por um período de tempo relevante)

 Para o governo brasileiro (missão diplomática, repartição consular no


estrangeiro), ou empresa nacional no exterior (por exemplo, a PETROBRÁS,
o BB, a CAIO, a EMBRAER: exige pelo menos maioria do capital votante
nacional) enquadra como segurado empregado (art. 11, I, ‘c’; ‘d’, ‘e’ e ‘f’ da L.
8213/91)
OBS: Adido (comercial, cultural, militar) não vinculado a regime próprio (não servidor)

 Para organismo oficial internacional de que o Brasil faça parte (ONU, TPI,
OMC): enquadra como contribuinte individual (art. 11, V, ‘e’ da LBPS)
2) SEGURADOS FACULTATIVOS: art. 13 da Lei n. 8.213/91 – aqueles que, não
sendo obrigatórios aderem ao sistema mediante contribuição. Não
desempenham alguma atividade remunerada, e facultativamente, optam
por se filiar ao RGPS (princípio da universalidade do atendimento)
Filiação do facultativo pode se dar a partir dos 16 anos. Filia-se a partir da
manifestação da vontade, independente de atividade laboral. Para ele, a filiação se
confunde com a inscrição (atividade laboral remunerada não é relevante para esse
segurado)

 Aquele que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de


sua residência

 Síndico de condomínio, desde que não remunerado

 Estudante

 Brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior

 Aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social

 Membro do Conselho Tutelar, quando não esteja vinculado a qualquer


regime de previdência social

 Estagiário que preste serviços a empresa

 Bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de


especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado no Brasil ou no
exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência
social

 Presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a


qualquer regime de previdência social

A situação de desemprego leva à perda da qualidade de segurado e à fuga de capital


de contribuição

A ideia central do facultativo é permitir a permanência no RGPS daquele que não


pode ou deixou de ser segurado obrigatório (art. 11, § 1º da LBPS)

Paga alíquota maior porque não a divide com um empregador ou tomador de serviços.

Recolhe sobre a base de cálculo da aposentadoria que quer receber no futuro,


observados o salário-mínimo e o teto de benefícios da PS.
IMPORTANTE regra de escape para o sistema: a única forma de permitir a
permanência no sistema de quem não pode ou deixou de ser obrigatório (‘norma
de chiusura’).
Ex: empregado de multinacional ou empresa estrangeira no exterior, dona-de-casa;
síndico de condomínio não- remunerado; estudante; brasileiro que acompanha
cônjuge do exterior; membro de conselho tutelar; bolsista (estudante em geral, do pós-
graduação); estagiário; presidiário; brasileiro residente no exterior

Vedações expressas: não pode ser facultativo quem se filiou como obrigatório no
RGPS, ou em regime próprio de previdência (servidores públicos)
Natureza: ato volitivo. Só gera efeitos após o pagamento. Não permite efeitos
retroativos à inscrição.

3) SEGURADOS DEPENDENTES: beneficiários que possuem uma relação


reflexa com o RGPS, que decorre de um vínculo de dependência (presumida
ou não) com algum segurado

 1ª Classe:

 “Executiva”: Cônjuges, companheiros e filhos (biológicos ou por adoção) –


dependência econômica presumida
OBS: Não emancipados, menores de 21 anos ou inválido, ou que tenha deficiência
intelectual, mental ou grave
Invalidez decorrente da deficiência deve ser anterior a maioridade ou emancipação

 “Econômica”: Ex-cônjuges, ex-companheiros e filhos equiparados


(enteados, menores tutelados e os menores sob guarda, segundo o STF e
STJ) – dependência econômica deve ser comprovada com documentos (inicio
de prova material contemporânea os fatos, produzidas em período não superior
a 24 meses da data do óbito ou prisão do segurado, salvo caso fortuito ou força
maior)

 2ª Classe: Pais

 3ª Classe: Irmãos
OBS: Não emancipados, menores de 21 anos ou inválido, ou que tenha deficiência
intelectual, mental ou grave

Vínculos conjugais múltiplos: segundo o STF, não geram efeitos previdenciários


OBS: Deserdação previdenciária: dependente condenado por homicídio doloso,
consumado ou tentado, é definitivamente excluído do roll de dependentes
previdenciários

Dissolução conjugal x dependência


Casamento ou União Estável Anterior x Casamento ou União Estável Atual

Consorte anterior tem direito à percepção de alimentos?

 Se sim: considerado dependente na proporção do benefício alimentar que


era prestado. PROVA do dever alimentar (sentença judicial transitada em
julgado). Se essa declaração do dever alimentar não estiver formalizada,
precisa ajuizar ação autônoma perante o juízo de família.

 Se não: em princípio, não pode ser considerado dependente. Lembrar que a


jurisprudência não admite renúncia ao direito a alimentos, mas apenas o seu
não exercício. Para postular a pensão posteriormente, tem que haver o
reconhecimento do direito a alimentos perante o juízo estadual cível.

O art. 16 da Lei 8.213/91, com a redação vigente à época do óbito do pretenso


instituidor da pensão, dispõe que são beneficiários dependentes do segurado,
entre outros, o cônjuge, companheiro, sendo que, em relação a estes, a
dependência econômica é presumida, nos termos do § 4º.

Estabelece, ainda, o art. 76, §2º, do mesmo diploma legal que o “cônjuge divorciado
ou separado judicialmente ou de fato que recebia pensão de alimentos
concorrerá em igualdade de condições com os dependentes referidos no inciso I
do art. 16” desta mesma lei.

É plenamente viável a extensão da qualidade de dependente ao cônjuge


separado de fato cuja dependência econômica se demonstra pela comprovação
do direito à percepção de alimentos reconhecido judicialmente. Com efeito, não
há razoabilidade em discriminar aquele que não formalizou o divórcio em juízo, mas
requereu e recebeu pensão alimentícia em face do ex-cônjuge.

Perceba que não se trata da hipótese do art. 1723, § 1º do CC.

Pelo entendimento anterior do STJ, era cabível o rateio do benefício entre famílias
conviventes, pouco importando – para fins previdenciários – as proibições
concernentes às regras de D. Civil...
O STF alterou radicalmente esse entendimento, expungindo o concubinato impuro da
malha de proteção previdenciária (RE n. 1.045.273-SE, repercussão):
“A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada
a exceção do art. 1.723, § 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de novo
vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em
virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo
ordenamento jurídico-constitucional brasileiro”.
Cabe, por analogia, a extensão da pensão por morte ao neto que mora com avô,
sendo dependente econômico? A quem compete provar a dependência econômica?
Leva à questão da interpretação analógica/ extensiva em D. Previdenciário...
INSS- Prévia fonte de custeio: art. 195, § 5º da CF. Equilíbrio financeiro-atuarial do
sistema (art. 201, caput da CF)
Dependente- Isonomia (art. 5º caput, CF). Proteção criança e adolescente (art. 227 da
CF)

LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRA NO TEMPO: DIREITO ADQUIRIDO

Legis tempus regit actum: a lei do tempo rege o ato


A lei que entra regula o ato, não tem direito adquirido a lei que estava vigente na
época
Nós não adquirimos direito a norma abstrata, conforme a lei muda tem que se
adaptar
Muda lei = muda a regência do ato.
Os contratos têm que exigir de conformidade com a lei, se muda, altera a exigência do
contrato
Logo, não há direito à norma jurídica em abstrato. Não há direito a regime jurídico
Ex: direito a 2 férias aos juízes
O trabalhador tem direito adquirido em relação a atividade insalubre enquanto a lei
entender, alterou o limite, os outros períodos em que a regência da lei mudar, não será
mais considerado período de atividade insalubre.
Lei do tempo rege o ato, logo não tem direito adquirido a atividade insalubre,
mas sim ao período em que era considerado insalubre

ESTRUTURA BÁSICA DO BENEFÍCIO PREVIDENCIARIO

Carência: número mínimo de contribuições necessárias para acessar um dado


benefício
Carência + requisito: idade, maternidade, morte, reclusão, acidente (riscos cobertos
pelo sistema previdenciário - seletividade)

Analisar se preenche os requisitos na vigência de qual lei, para saber se tem o direito
adquirido ou não (ex: idade + carência, se bateu antes de mudar a lei, utilizará a lei
vigente na época que completou os requisitos) - MESMO QUE NÃO REQUEIRA TEM
DIREITO - mesmo que o segurado não requeira, continue trabalhando, se bateu os
requisitos necessário, aplicará o benefício sob égide da Lei que ele bateu
- Súmula nº 359 do STF
- Art. 5º, XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada
- O sentindo inverso também é verdadeiro: se já está fruindo do benefício- ato jurídico
perfeito (art. 5º, XXXVI), salvo se não requereu ainda, tem direito a escolher o mais
vantajoso (art. 122 da Lei nº 8.213/91). É um dever de informação do INSS

Regras de transição

Faixa de transição: lei tinha expectativa de direito, logo não precisará completar o
tempo novo exigente todo, ele ganha uma vantagem
Ex: individuo de 59 anos, ia aposentar com 60, muda a lei para 65 anos- o de 59
precisa contribuir só mais 3 anos ao invés de 6 anos- “pedágio” para amenizar a
chegada da lei nova.
Expectativa madura é um quase direito.
A faixa de transição é obrigatória? Entende a doutrina majoritária que não é
obrigatória

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