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INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho é tratar do Segurado Especial, sendo este o


único segurado da Previdência Social que ostenta previsão constitucional.
O tema traz consigo um relevante debate acadêmico, tendo em vista tratar-se de
um segurado com diversas peculiaridades em relação aos demais. Como seu próprio
nome sugere, este segurado é, de fato, especial.
O aprofundamento nos estudos sobre o segurado especial, ganha especial relevo
ao passo que, por ser o trabalhador rural que pouco ou nada contribui para a
Previdência Social, é invariavelmente alvejado por críticas quando o assunto é o Déficit
da Previdência.
No segundo capítulo tratar-se-á especificamente do Segurado Especial, ou seja,
o enquadramento do trabalhador rural nesta categoria, sua contribuição, recolhimento,
regras estas contidas na legislação previdenciária. Será mencionado, outrossim, a
proposta de reforma da Previdência no tocante à este segurado, ou seja, o que
possivelmente mudará.
No terceiro capítulo, por fim, será delimitada a área de atuação da Assistência
Social e também da Previdência Social, estes dois ramos abrangidos pela Seguridade
Social, por fim serão tecidas algumas considerações acerca da natureza jurídica da
aposentadoria do segurado rural.
A contribuição é essência da Previdência Social, advindo uma contingência
surgirá a proteção previdenciária. A constituição prevê que os segurados especiais
contribuirão mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização
da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei
No final, será tratado, ainda, sobre as alterações trazidas pela reforma da
Previdência Social.
1. OS SEGURADOS ESPECIAIS

Com a promulgação da Constituição Federal, os trabalhadores rurais viram seus


direitos iguais aos dos trabalhadores urbanos. Cabe ainda mencionar que, ao prever a
forma diferenciada de contribuição a ser oferecida a esse segurado, a Constituição
também prevê que ele terá direito aos benefícios previstos em lei. As referidas leis
limitam os benefícios previdenciários do segurado ao valor de um salário mínimo.
Os únicos segurados que ostentam de previsão constitucional, assim é definido:

§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador


artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em
regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para
a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.
(BRASIL, 1988)

Uma pessoa física deve ser um segurado especial. As atividades agrícolas são
utilizadas por empresas, portanto o segurado não se enquadra nessa categoria.

Os produtores rurais, proprietários ou não, desenvolvem suas atividades


agrícolas por conta própria ou em sistema econômico familiar.

sócios são aqueles que concordei acordos de parceria com proprietários rurais
para desenvolver atividades agrícolas em terras rurais. Este último compartilhará os
lucros desta atividade com os proprietários de forma proporcional previamente acordada
no contrato.

O senhorio negocia com o proprietário da terra (contrato de meação) para dividir-


se sua renda. O que diferencia o Afiliado do Meeiro é que uma pessoa obtém lucro e a
outra gera renda (Afiliado). Renda é um conceito mais amplo do que lucro. A receita
inclui tudo o que você recebe e o lucro é o resultado de tudo o que você recebe menos
os custos.

Um inquilino é uma pessoa que usa a terra rural para arrendar ao proprietário. O
mutuário está efetuando atividades rurais gratuitamente por meio do empréstimo por um
período de tempo?.

Os povos indígenas e os quilombolas estão incluídos no sistema previdenciário


como indivíduos segurados especiais.
Pescadores artesãos estão incluídos pela Carta Magma. A lei da Previdência
Social, por meio do decreto 3.048/99 (artigo 9º, parágrafo 14), define o pescador
artesanal como o assalariado que faz da pesca sua ocupação habitual ou sua principal
fonte de renda, individualmente ou no sistema de economia familiar.
O art. 12 da Lei 8.212/91 define o segurado especial:

VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em


aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime
de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros a título de
mútua colaboração(...). (BRASIL, 1991)

Esta declaração legal interpreta melhor as situações em que o Segurado pode


obter assistência de um terceiro. O texto da constituição trata apenas da questão da
proibição do uso de mão de obra permanente. No entanto, é sabido que os funcionários
são funcionários que devem prestar um serviço contínuo. (Além de outros requisitos). A
menos que seja permanente, o Segurado Especial poderá ocasionalmente ser
acompanhado por terceiros.

A lei inclui, além do cônjuge ou companheiro, o filho maior de 16 anos ou


equivalente, desde que comprovadamente coopere com o grupo familiar a que pertence
e que o segurado especial se enquadre nas linhas a. e B. do artigo 12, inciso VII, da lei
8.212/91.

1.1. Alterações da Lei 11.718/08

A lei 11.718/08 introduziu uma série de mudanças na categoria de segurado


especial como: B. a exigência de que o segurado especial reside em propriedade rural
ou conglomerado urbano próximo e a possibilidade de contratação de trabalhadores.
Antes da promulgação da referida lei, não havia limite para a quantidade de
propriedades em que os trabalhadores rurais (por ordem da agricultura familiar) poder
trabalhar para se enquadrar nessa categoria de segurados. No entanto, com a entrada
em vigor desta lei, a área passou a ser limitada ao máximo de 04 (quatro) módulos
fiscais. No entanto, vale ressaltar que não existem tais restrições para os trabalhadores
que trabalham em catadores e extratores de pneus.
Importante ressaltar que, diante de tais alterações, o imóvel trespassa a ser
limitado à área de 04 (quatro) módulos fiscais, nos casos em que o imóvel ultrapassar
este limite, o trabalhador será classificado como contribuinte individual.
A lei 11.718 descreveu uma série de situações que não descaracterizam o
determinado segurado. No entanto, como no caso de um segurado investigando
atividades de turismo em imóveis rurais, neste caso não são revelados sinais especiais
de condição de segurado.
Acrescentado o §10 do artigo 12 da Lei 8.212/91, o texto legal estipula que não o
membro do grupo familiar que possuir outra fonte de rendimento não é segurado
especial, salvo nas seguintes situações:
- Benefício de pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio reclusão, cujo
valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência
Social;
- Benefício previdenciário pela participação em plano de previdência
complementar instituído por entidade classista a que seja associado em razão
da condição de trabalhador rural ou em produtor em regime de economia
familiar.
- O exercício de qualquer atividade remunerada, quando da entressafra
não descaracterizará esta categoria, desde que em período não superior a 120
dias de forma ininterrupta ou não. Exige-se, contudo, que haja contribuição por
parte do obreiro que assim proceder.
- A parceria ou meação outorgada em até 50% (cinquenta por cento) de
imóvel rural que não supere 04 (quatro) módulos fiscais e que não
descaracterize o regime de economia familiar. (BRASIL, 1991 )

O artigo 12, § 8º da Lei 8.212/ 91 estabelece:

§ 8º O grupo familiar poderá utilizar-se de empregados contratados por prazo


determinado ou trabalhador de que trata a alínea g do inciso V do caput deste
artigo, à razão de no máximo 120 (cento e vinte) pessoas por dia no ano civil,
em períodos corridos ou intercalados ou, ainda, por tempo equivalente em horas
de trabalho, não sendo computado nesse prazo o período de afastamento em
decorrência da percepção de auxílio-doença. (BRASIL, 1991)

Interpretando literalmente o artigo acima, conclui-se que o segurado especial


poderá contratar 120 (cento e vinte) pessoas todos os dias do ano. No entanto, a
interpretação deve ser interpretada no sentido de que o segurado leva 120 pessoas em
um dia do ano civil, ou uma proporção equivalente, por exemplo, uma pessoa por dia
durante 120 dias.
Por último, tem outras situações que não descaracterizam o enquadramento
como segurado especial, são elas:

IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da


categoria de trabalhadores rurais;
V – exercício de mandato de vereador do município onde desenvolve a
atividade rural, ou de dirigente de cooperativa rural constituída exclusivamente
por segurados especiais, observado o disposto no § 13 deste artigo;
VII – atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo
respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem,
desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício
de prestação continuada da Previdência Social; e
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor
benefício de prestação continuada da Previdência Social. (BRASIL, 1991)

1.2 Contribuição do segurado especial


Ao contrário de outros segurados obrigatórios, os segurados especiais, como o
nome sugere, também recebem tratamento especial. Devido às peculiaridades das
atividades que exerce, a lei prevê diferentes formas de contribuições ao segurado. Um
segurado especial residente no sistema econômico familiar (necessário apenas para
subsistência) participa de atividades sazonais, razão pela qual a constituição o autoriza
a recolher de acordo com um percentual (ratio), incidente sobre o restante da venda de
sua produção. Ou seja, o fato de os segurados especiais estarem sujeitos a oscilações
de caixa e a produção ser afetada pelo plantio, colheita e entressafra justifica, de certa
forma, essa forma de contribuição.
De fato, o trabalho rural é diferente das atividades urbanas. As atividades rurais
são mais rentáveis no período de safra, marcado pela sazonalidade. Portanto, a solução
encontrada é permitir que segurados especiais façam a cobrança, ou seja, vendam
seus produtos, em ocasiões específicas.
Para este segurado, a alíquota de contribuição é de apenas 2% do valor bruto
das vendas de produtos rurais arrecadados. Também houve aumento de 0,1% no custo
do Seguro de Acidentes de Trabalho (SAT), agora conhecido como GILRAT.
A contribuição de 0,2% também é devida ao SENAR - Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural, ainda incidente sobre o valor arrecadado com a venda dos
produtos. Portanto, a contribuição total do segurado especial é de 2,3%, que incide
sobre o valor das vendas remanescentes.
É sabido que todos os segurados do regime geral de previdência social são
obrigados a efetuar contribuições mensais e com base nos salários de contribuição,
porém, isso não ocorre com os segurados em análise. Dizer que a tarifa do segurado
especial incide sobre o valor ganho pela comercialização de seu produto deve significar
dizer que, de fato, dada a sazonalidade já mencionada, o segurado em questão nem
sempre contribui. A produção rural não pode, pelo menos em nenhum momento, gerar
renda para os trabalhadores. As diferentes formas de contribuição para os segurados
especiais também impactam em seus benefícios. Os benefícios substitutivos da
remuneração costumam ser equivalentes a um salário mínimo. Se o segurado especial
desejar, poderá pagar 20% da taxa da mesma forma que um contribuinte individual,
com base no valor que declarar.
Portanto, trata-se, de uma mera faculdade para o segurado especial. Se assim
proceder, terá a vantagem de poder receber benefícios com valor superior ao do salário
mínimo. Desta forma dispõe o artigo 200 § 2º do Dec. 3048/99:
§ 2o O segurado especial referido neste artigo, além da contribuição obrigatória
de que tratam os incisos I e II do caput, poderá contribuir, facultativamente, na
forma do art. 199. (BRASIL, 1999)

É importante notar que esta opção não isenta o Segurado Especial do


pagamento da taxa de 2,3% inerente à sua classe, ainda que o Segurado Especial opte
por contribuir da mesma forma que o Contribuinte Individual.
Em suma, os segurados especiais que optam por contribuir de forma semelhante
aos contribuintes individuais devem pagar uma alíquota de 20% sobre o valor
declarado, e não sobre o valor bruto de suas vendas. Portanto, você pode receber
benefícios com valor superior ao salário mínimo vigente no país.

1.3 Comprovação da atividade rural

TRF-4 - APELAÇÃO CIVEL AC 50452316420154049999 5045231-


64.2015.404.9999 (TRF-4)
Data de publicação: 18/12/2015
Ementa: PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.
SEGURADO ESPECIAL. BOIA-FRIA. REQUISITOS
CUMPRIDOS. 1. A comprovação do exercício de atividade rural pode ser
efetuada mediante início de prova material, complementada por prova
testemunhal idônea...” (grifei).

Pois bem, o artigo 106 da Lei 8.213, em seus incisos estabelece um rol, que
alguns entendem ser exemplificativo, de documentos que são aptos à efetiva
comprovação do exercício da atividade rural por parte do segurado especial, diz
exemplificativo o rol contido no mencionado artigo tendo em vista a atual posição
jurisprudencial nos tribunais regionais.
É sabido que grande parte dos segurados especiais são os boias-frias que
invariavelmente trabalham na clandestina informalidade, e como consequência de tal,
existe a dificuldade, ou até mesmo impossibilidade, de se fazer prova do exercício da
atividade rural.
Em que pese a existência de posicionamentos contrários e em dissonância com
a atual posição da jurisprudência (que nada colaboram com a efetivação dos direitos do
trabalhador rural), a exigência no tocante à prova do exercício da atividade rural tem
sido abrandada. Isto ocorre e se justifica “em razão das dificuldades encontradas pelos
trabalhadores do campo para comprovar o seu efetivo exercício no meio agrícola” (STJ.
AgRg no Ag 437826/PI. Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima. DJ 24.04.2006, p. 433).

2. Benefícios a que faz jus o segurado especial


Apesar de o presente trabalho dar maior ênfase ao benefício aposentadoria por
idade do segurado especial até o presente momento, vale a pena mencionar que este
segurado também faz jus a outros benefícios da Previdência, sempre na forma da lei.

2.1 Aposentadoria por idade

Conforme mencionado anteriormente, não haverá carência para os benefícios


pleiteados pelo segurado especial, mas a comprovação do exercício de atividades
rurais por um período de tempo após a solicitação depende do benefício que pretende
receber.
Em relação à aposentadoria por idade, esse segurado possui outra
característica, ou seja, a exigência de idade mínima para homens e mulheres é
reduzida em 05 (cinco) anos, ou seja, a idade de aposentadoria para empregados do
sexo masculino é: 65 anos, para trabalhadores rurais trabalhadores será de 60 anos,
assegurando-se que as mesmas regras se apliquem às mulheres (também reduzidas
em 5 anos). As pensões são devidas a partir da data do pedido.

2.2 Aposentadoria por invalidez

Beneficiários especiais também podem receber uma pensão por invalidez para
segurados considerados incapazes para o trabalho ou reabilitação (atividades
perturbadoras da vida , independentemente de o segurado estar adoentado. segurado.

Aqui também A regra de que a comprovação das atividades rurais é suficiente


para seguradora em questão. A partir da data de ocorrência da nulidade ou da
apresentação do pedido se tiverem decorrido mais de 30 (trinta) dias entre eles.

Os segurados que ainda estão na área previdenciária não podem se aposentar e


não podem se qualificar para a previdência privada durante o período contributivo, a
menos que pagam contribuições individuais.

2.3 Salário maternidade


A segurada tem direito ao benefício maternidade 28 dias antes do parto e 91 dias
depois dele, então somando esses dois números ao aniversario dá 120 dias ou 04
(quatro) meses.
Para o professor Kertzman:

Somente é exigida carência para concessão do salário-materidade para as


seguradas contribuinte individual, especial e facultativa, equivalente a 10
contribuições mensais. Em caso de parto antecipado, o período de carência
será reduzido em número de contribuições equivalente ao número de meses em
que o parto foi antecipado. (KERTZMAN, 2012, P. 418)

Assim, basta que o segurado especial comprove o exercício de atividade rural,


nos últimos 10 (dez) meses anteriores ao pedido do subsídio ainda que de forma
descontínua. Não há previsão de benefício família para seguradoras especiais.

2.4 Auxílio doença e Auxilio acidente

O auxílio-doença é o benefício devido ao segurado que esteja impedido de


trabalhar ou exercer sua atividade normal por mais de 15 (quinze) dias, bem como os
benefícios a que o segurado em análise tenha direito. O pagamento é feito a partir da
data de início da invalidez ou da data de apresentação do pedido se tiverem decorrido
mais de 30 (trinta) dias entre eles.

A assistência em caso de acidente é prestada como forma de indemnização por


lesão em caso de acidente de qualquer natureza. Importante salientar que o benefício
acidentário é outorgado apenas aos segurados que contribuam de alguma forma para o
SAT / GILRAT, seguradora especialista, contribuinte, terá direito ao recebimento deste
benefício, devido a partir do primeiro dia de término do auxílio-doença.
2.3.5 Pensão por morte e auxílio-reclusão
Quanto à pensão por morte e ao subsídio de prisão, ambos pagos pelos
beneficiários do segurado, não há particularidades em relação ao segurado especial,
que também poderá deles se beneficiar.
A pensão por morte é devida aos dependentes do segurado desde:

I- a data do óbito, quando requerida pelo dependente em até 30 dias (se


maior de 16 anos), em sendo menor de 16 anos, em ate 30 dias após completar
essa idade.
II- do requerimento, quando requerida após os prazo acima mencionados
III- a decisão judicial, em casos de morte presumida
IV- da data da ocorrência, no caso de catástrofe, desde que requerida até 30
dias desta. (BRASIL, 1991)

Quanto ao benefício prisão, também corresponderá aos beneficiários de


segurados de baixa renda, e mesmas condições da pensão por morte.
Houve acalorado debate na legislação sobre a possibilidade de contabilizar a
renda dos dependentes, e não do segurado, mas o STF dos recursos adicionais
486.413 e 587.365 amenizou o problema A renda do segurado deve ser levada em
consideração, não a renda do segurado. De dependentes.
Voltando ao objeto principal do trabalho, que é a aposentação por idade,
observamos que ela corresponde a todos os segurados sociais obrigatórios, inclusive os
especiais. Este segurado se aposentará mais cedo do que outros segurados
simplesmente fornecendo evidências de atividade local.
A prova será feita por meio de comprovação de atividade rural, na forma prevista
no artigo 48, § 2º da lei de benefício, o segurado especial, que comprove o exercício de
atividade rural (com insuficiência de comprovação de um e único testemunho), terá
direito ao serviço requerido.
Entretanto, diferentemente das demais categorias de segurados, em contraste
com a obrigação do segurado previdenciário de remunerar contribuições, o segurado
especial se aposenta por idade mesmo que o empregado não tenha sequer custeado
contribuições.
O parecer da Previdência Social ratificou a necessidade de contribuições no
sentido de que prevalece o entendimento do INSS de que as seguradoras especiais,
diferentemente de outras modalidades, não precisam comprovar que representar
contribuições para benefícios de acesso (Parecer MPS/CJ nº 39, de 2006).
3. Custeio da seguridade social

Segundo a Constituição Federal de 1988 a Seguridade social será


custeada:

Por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei mediante
recursos provenientes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios e ainda das contribuições sociais (art. 195 da CF/88). (BRASIL,
1988)

Tal custeio é dividido em direto e indireto. De acordo com Ibrahim

O financiamento direto é feito pelas contribuições sociais, enquanto o


indireto é realizado por meio de dotações orçamentárias fixadas no
orçamento fiscal. As contribuições não são a única fonte de custeio da
seguridade social – embora sejam as principais -, os recursos necessários
também virão e dotações orçamentárias de todos os entes federativos.
Obviamente, tanto em um como no outro caso, os recursos são sempre
oriundos da sociedade, a qual arca direta e indiretamente com os custos
sociais. (IBRAHIM, 2008)

O princípio que rege a seguridade social, o princípio da solidariedade,


significa que a parte da sociedade que pode contribuir para a seguridade
social apoiará aqueles que não podem fazê-lo devido à infeliz vida dos riscos
sociais existentes. em qualquer sociedade. A solidariedade refere-se à
cooperação da maioria em benefício da minoria e, em alguns casos, à
cooperação coletiva em benefício de poucos.
O princípio da diversidade das bases de financiamento existe quando a
lei prevê a contabilização da folha de pagamento com ou sem atividade
remunerada, além da contribuição patronal, a previsão da empresa da
unidade correspondente. Sobre vendas e lucros. Além disso, há contribuições
de outros segurados responsáveis pelos rendimentos de competições de
jogos, importadores de bens ou serviços do exterior, ou que cumpram a lei.
Para ser justo, a receita de segurança não inclui os orçamentos sindicais.
Para kertzman ( , p. 70):

O constituinte atendeu ao princípio da diversidade da base de financiamento


da seguridade social, definindo diversas fontes de custeio (lucro,
faturamento, remuneração dos segurados etc).

Assim dispõe à Constituição Federal e a Lei 8212/91, sobre como se


dará o custeio da seguridade, o que significa dizer que, a Previdência Social
seria sustentável, observando este sistema.

3.1 Reforma da Previdência, o que mudou para o segurado especial?

A reforma previdenciária entrou em vigor em 19 de novembro de 2019,


trazendo uma série de mudanças para o sistema previdenciário brasileiro. As
mudanças também afetam os trabalhadores rurais que buscam a
aposentadoria. A aposentadoria rural é um benefício concedido pelo INSS
aos cidadãos habilitados para trabalhar em atividades rurais. As leis que
regulamentam os trabalhadores rurais os dividem em quatro categorias de
acordo com sua situação ocupacional ou a situação pessoal dos profissionais.
eles são:
Segurado empregado - trabalhador que presta serviços em prédio ou
propriedade rural, geralmente subordinado ao empregador. Entende-se por
arquitetura rústica: um edifício para agricultura e pecuária. Nesse caso, eles
têm vínculo empregatício e o empregador paga o INSS.
Segurado Individual – Presta serviços de forma regular e não possui
vínculo empregatício com uma ou mais empresas. Nesse caso, o segurado
deverá efetuar o pagamento ao INSS por meio de boleto.
Trabalhadores individuais segurados - prestam serviços rurais a várias
empresas e não estão empregados. A novidade é que tem que estar
vinculado à cooperativa ou sindicato que administra a renda, e eles mesmos
fazem as contribuições previdenciárias correspondentes.
Segurado Especial - Pessoa física ou que exerça alguma atividade
rural no regime econômico familiar sem vínculo empregatício. O trabalho para
ser considerado como segurado especial deve proporcionar segurança à
própria vida e ao desenvolvimento econômico da família, e deve ser realizado
em condições de interdependência e colaboração, sem a utilização de
quaisquer empregados. Os segurados especiais devem pagar uma
contribuição previdenciária de 1,5% das vendas
De acordo com a Lei, poderão ser segurados especiais:
 produtores rurais;
 pescador artesanal;
 indígena;
 garimpeiro;
 membros da família de segurado especial.
A novidade da Reforma é a inclusão do garimpeiro como atividade
especial.
As pensões para homens e mulheres permanecem inalteradas. Após a
reforma, o período mínimo de pagamento para trabalhadores migrantes é de
20 anos. Para os funcionários ativos, o período mínimo continua sendo de 15
anos. Sindicatos não fornecem mais comprovação de atividade rural.
Após as reformas, os requerentes do benefício terão que preencher um
formulário de declaração do trabalhador rural, que pode ser feito no site
meu.inss.gov.br ou nas agências do INSS.
O benefício por morte para trabalhadores rurais foi reduzido de 50%
para 10% por dependente. Ressalta-se que se o requerente tiver mais de 60
anos e sexo masculino, ou 55 anos e sexo feminino e for trabalhador de
campo, ele pode se aposentar com benefícios nas regras antigas.
CONCLUSÃO

Percebe-se que os segurados especiais, por possuírem poucos meios de


subsistência, somados à sazonalidade da atividade rural, a produção do trabalho
acaba destinando-se tão somente à subsistência familiar, dificultando ou até
impossibilitando que estes efetuem suas contribuições mensalmente ao regime de
previdência social.
Não se pode afirmar que há uma forma de custeio que garanta
financeiramente a totalidade de benefícios percebidos pelos rurícolas, O presente
trabalho concorda com a necessidade de alteração da alíquota de contribuição do
Segurado Especial, que atualmente é ínfima.
Todavia, em nome do princípio constitucional aplicado ao sistema
previdenciário brasileiro, qual seja o da Solidariedade, vislumbra-se que uma grande
parcela dos recursos gastos para custear dos benefícios pagos aos segurados
especiais, de fato, advém dos pagamentos efetivados pelos trabalhadores urbanos.
Fato é que a Constituição Federal em seus artigos, quis, também, corrigir
injustiças que existiam com os trabalhadores rurais, que acabavam isolados no
campo, via de regra, na informalidade, possuindo menos direitos que os
trabalhadores urbanos, por isso é que a Carta Social de 1988 equiparou os direitos
dos trabalhadores urbanos ao dos rurais, inclusive flexibilizando a forma de
contribuição e percepção de benefícios para este ultimo, como forma de incluí-los na
Previdência Social.
Este trabalho conclui no sentido de que a aposentadoria por idade rural é um
benefício previdenciário, por estar previsto na Lei 8.213/91, que é previdenciária,
entretanto com caráter assistencialista, divergindo da aposentadoria recebida pelos
demais segurados obrigatórios, tudo em razão das particularidades da atividade
rural exercida pelo segurado especial.
Isso não é admitir que inexistam problemas com a Previdência, não se pode
deixar de lado problemas de gestão, tais como sonegação e comprovação dos
requisitos exigidos para concessão do benefício.
Não se critica, totalmente, a proposta de alteração na Previdência Social,
todavia o que não se pode admitir é que se procedam reformas dessa dimensão não
precedido de um debate amplo e democrático.
Em um conjunto de 15 países europeus, a participação média relativa das
chamadas “contribuições do governo" perante o custeio da Seguridade Social
alcança 45% do total. A "contribuição dos empregadores" é de 35%. A dos
trabalhadores é de 18%. Na Dinamarca, a participação relativa do governo no
financiamento da Seguridade atinge 76% do total (27% do PIB).
Admitir que há um déficit na Previdência Social é inobservar preceitos
constitucionais que previram, como fonte de custeio, a COFINS e A CSLL, bem
como a responsabilidade subsidiária da União no custeio.
Ademais, desconsiderando o argumento de que o cálculo que aponta para um
déficit na Previdência não considera contribuições como a COFINS, CSLL, ainda
que a Previdência Social fosse, de fato, deficitária, o Estado é que escolheu amparar
as pessoas na situação de velhice, doença entre outras, presumindo que o próprio
mercado não os aceitaria nestas condições.
A análise de um sistema protetivo, como é o da Previdência Social, deve
considerar o aspecto histórico que propiciou sua criação, isto porque há uma grande
estima do sistema perante os cidadãos. Por este motivo é que meras análises de
gastos do sistema diante do PIB são descabidas e inoportunas, já que isso não leva
em consideração as origens históricas dos diferentes regimes, tampouco a
relevância dos benefícios.
REFERÊNCIAS

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Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/ Senado, dezembro/2016 (Boletim Legislativo no
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Gentil, Denise. “É o próprio governo que provoca o Déficit da Previdência”, alerta


economista. São Paulo, 2017. Disponível em: www.cartacapital.com.br/economia/e-o-
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outubro de 2017.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Acordão no Agravo Regimental no Agravo de


Instrumento No 437.826 – PI (2002/0012073-2). Relator: Ministro Arnaldo Esteves Lima.
Agravante: Estado do Piauí. Agravado: Maria do Carmo Moura Alencar. Disponível em:
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