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devolução dos valores contribuídos, ou seja, para que se declare que não há dever de
contribuição para os segurados já aposentados.3
Isso porque, com a extinção do instituto do pecúlio (que consistia na devolução
das contribuições do aposentado quando não fosse possível a concessão de
benefício), e considerada a natureza sinalagmática da relação contributiva, vale dizer
(impondo-se a reciprocidade de obrigações), considera-se contestável a exigência da
contribuição para os segurados aposentados. Comunga desse entendimento Marcelo
Leonardo Tavares:
A norma, além de possuir caráter extremamente injusto, desrespeita o princípio
da contraprestação relativo às contribuições devidas pelos segurados, tendo em vista
que as prestações oferecidas ao aposentado que retorna à atividade são
insignificantes, diante dos valores a serem recolhidos. Pode-se afirmar, inclusive,
que, pela natureza das prestações oferecidas (salário-família, reabilitação
profissional e salário-maternidade), não haveria filiação a regime previdenciário;
pois a lei não admite nova aposentação do segurado, recálculo da aposentadoria
anterior ou prevê o pagamento de pecúlio – as novas prestações vertidas não
garantem as espécies mínimas de benefícios para que se tenha um regime
previdenciário: nova aposentadoria e nova pensão
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CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. João Batista LAZZARI. Manual de Direito Previdenciário. Rio de
Janeiro: Forense, 2020. p. 288
de economia familiar, incluídos o produtor rural, o garimpeiro e
o pescador artesanal. Precedentes: agravos
regimentais em recursos extraordinários 152.428-7/SP e 152.431-
7/SP, por mim relatados perante o Plenário em 5 de fevereiro de
1997, com decisões publicadas no Diário da Justiça de 18
imediato” (STF, RE 168.191/RS, 2ª Turma, Relator Min.
Marco Aurélio, DJ 20.06.1997).
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CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. João Batista LAZZARI. Manual de Direito Previdenciário. Rio de
Janeiro: Forense, 2020. p. 970
permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras
empresas;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de
empresa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a
repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas
subordinados, ou a membros dessas missões e repartições,
excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e
o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da
respectiva missão diplomática ou repartição consular;
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em
organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o
Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e
contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do
país do domicílio;
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil
para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no
exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa
brasileira de capital nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem
vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime
especial, e Fundações Públicas Federais. (Incluída
pela Lei nº 8.647, de 1993)
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal,
desde que não vinculado a regime próprio de previdência social
; (Incluída pela Lei nº 9.506, de 1997)
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro
em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime
próprio de previdência social;
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar
serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário.
Os elementos caracterizadores do vínculo empregatício para fins previdenciários
são os mesmo elementos para fins trabalhistas. (pessoalidade, subordinação,
habitualidade e remuneração). Essa caracterização leva alguns problemas:
ex. Formas de burlar a legislação previdenciária e trabalhista:
1- contrato de parceria, com pagamento mensal, com subordinação, não há
autonomia sobre horário e forma de trabalho.
2- diarista: há habitualidade.
3- empregado e empregador se tratam como tal, mas sem carteira assinada. 66%
dos trabalhadores rurais trabalham na informalidade.
Atenção!!
Na área trabalhista há o princípio da verdade material
Outro problema: demonstrar que o vínculo empregatício tem caráter rural. Na
legislação trabalhista, o enquadramento do empregador, puxa o do empregado. Na
legislação previdenciária não é assim: privilegia a natureza da atividade desempenhada.
IN 77/15: caracterização depende da natureza das atividades efetivamente
prestadas pelo emprego.
- prévia categorização, acabou sendo contraditório: tratorista, por exemplo, que
trabalha para um trabalhador rural, trabalha como urbano. Inclusão “ou posterior” do
inciso V não deveria estar ali. No período anterior, era porque alguns trabalhadores eram
enquadrados pela previdência urbana porque tinham uma maior capacidade contributiva.
A expressão que “todo empregado de nível universitário” caráter discriminatório.
Empregado rural não pode ter nível superior? Visão reducionista ao trabalhador rural.
Parecer 2.522/01 da Consultoria jurídica do ministérios da previdência social: Há
mais de 2022, a CJMPS já se pronunciou que tem que verificar as atividades
desempenhadas.
Parecer 2.522/01 CJ MPS: DIREITO PREVIDENCIÁRIO.
ENQUADRAMENTO DE SEGURADOS COMO
TRABALHADORES RURAIS TENDO EM VISTA A
NATUREZA DA ATIVIDADE DO EMPREGADO E NÃO
DAS EMPRESAS. Os empregados que exercem atividades
tipicamente rurais em agroindústrias, especificamente em usinas
de cana de açúcar, são tidos, para fins de concessão de
aposentadoria por idade, como trabalhadores rurais e não
urbanos. Necessidade de adequação das normas regulamentares e
da rotina do Instituto Nacional do Seguro Social a este
entendimento. Art. 201, § 7º, inciso II da Constituição Federal e
dispositivos da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991
ACP em 2005: reconhecimento de que não deve haver uma prévia categorização dos
trabalhadores rurais.
TRF4 -2005.71.00.044110-9 –STJ 1148040: AÇÃO CIVIL
PÚBLICA. APELAÇÃO DO INSS E RECURSO ADESIVO DA
PARTE AUTORA. NÃO CONHECIMENTO. SINDICATO.
LEGITIMIDADE ATIVA. UNIÃO FEDERAL.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. ATIVIDADES
URBANAS/RURAIS. CARACTERIZAÇÃO. 1. Não conhecido
o apelo interposto pelo INSS, porquanto dissociado das razões de
decidir. 2. Não conhecido o recurso adesivo da parte autora, pois
se trata de inovação recursal, formulando pedido não veiculado
na inicial. 3. O Sindicato, in casu , a Federação dos Trabalhadores
na Agricultura no Rio Grande do Sul FETAG, tem legitimidade
ativa para propor ação civil pública
em defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais dos
integrantes da categoria que representam. 4. A União Federal é
parte ilegítima para figurar no pólo passivo da presente ação civil
pública, pois o ato impugnado provém de norma administrativa
expedida pela presidência do INSS. 5. A comprovação do
exercício da atividade urbana ou rural é questão de valoração
da prova material
produzida pelo interessado, não decorrendo de prévia
definição ou categorização legal. Via de conseqüência , diante
da valoração da prova quanto ao exercício da atividade
desenvolvida, pode se ter trabalho rural na cidade, bem como
trabalho urbano no meio rural. (TRF4, APELREEX
2005.71.00.044110 9, QUINTA TURMA, Relator ARTUR
CÉSAR DE SOUZA, D.E. 16/02/2009).
Tema 115 TNU:
Questão submetida a julgamento: Saber como se define a
natureza da atividade desenvolvida pelo trabalhador - se é rural
ou urbana -, sem levar em conta o ramo da atividade do
empregador.
Tese firmada: Não é ramo de exploração de atividade econômica
do empregador que define a natureza do trabalho desempenhado
pelo empregado, se rural ou urbano, para fins de concessão do
benefício previdenciário de aposentadoria.
- regime de economia familiar: enquadramento: art. 11, p. 1 Lei 8213 – o trabalho dos
membros da família é indispensável ao desenvolvimento socioeconômico familiar
(expressão acrescentado pela 11718 com objetivo de afastar a ideia de subsistência como
sinônimo de pobreza e vulnerabilidade).
§ 1o Entende-se como regime de economia familiar a atividade
em que o trabalho dos membros da família é indispensável à
própria subsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do
núcleo familiar e é exercido em condições de mútua dependência
e colaboração, sem a utilização de empregados
permanentes. (Redação dada pela Lei nº 11.718, de 2008)
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CASTRO, Carlos Alberto Pereira de. João Batista LAZZARI. Manual de Direito Previdenciário. Rio de
Janeiro: Forense, 2020. p. 278