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DIREITO PREVIDENCIÁRIO E

BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS
O DIREITO PREVIDENCIÁRIO

• Previdência Social é o sistema pelo qual, mediante contribuição, as pessoas vinculadas a algum
tipo de atividade laborativa e seus dependentes ficam resguardadas quanto a eventos de
infortunística (morte, invalidez, idade avançada, doença, acidente de trabalho, desemprego
involuntário), ou outros que a lei considera que exijam um amparo financeiro ao indivíduo
(maternidade, prole, reclusão), mediante prestações pecuniárias (benefícios previdenciários)
ou serviços. Desde a inserção das normas relativas ao acidente de trabalho na CLPS/84, e,
mais atualmente, com a isonomia de tratamento dos beneficiários por incapacidade não
decorrente de acidente em serviço ou doença ocupacional, entende-se incorporada à
Previdência a questão acidentária. É, pois, uma política governamental. (Castro, C.A.P. D., &
Lazzari, J. B. (2023). Manual de Direito Previdenciário (26th ed.). Grupo GEN.)
FONTES DO DIREITO PREVIDENCIÁRIO

• Fontes Materiais: os fatores que interferem na produção de suas normas jurídicas.


• variáveis sociais, econômicas e políticas que, em determinado momento, ou
durante a evolução histórica de uma sociedade, informam a produção das normas jurídicas.
• Fontes Formais: leis e jurisprudências
• PRIMÁRIAS: s leis (leis ordinárias, leis complementares, leis delegadas e medidas provisórias).
por si só têm força suficiente para gerar a regra jurídica e tem como fundamento de validade a
Constituição Federal
• SECUNDÁRIAS: atos normativos que servem de substrato para a compreensão e aplicação
global do Direito, tendo como fundamento de validade as fontes primárias.
REGIMES PREVIDENCIÁRIOS

• O REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL-RGPS

• Principal regime previdenciário na ordem interna.


• abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada, ou seja: os
trabalhadores que possuem relação de emprego; os trabalhadores autônomos, eventuais ou
não; os empresários individuais e microempreendedores individuais ou sócios de empresas e
prestadores de serviços remunerados por “pro labore”; trabalhadores avulsos; pequenos
produtores rurais e pescadores artesanais trabalhando em regime de economia familiar; e
outras categorias de trabalhadores, como agentes públicos que ocupam exclusivamente
cargos em comissão, garimpeiros, empregados de organismos internacionais, ministros de
confissão religiosa etc.
• É regido pela Lei n. 8.213/1991, intitulada “Plano de Benefícios da Previdência Social”;
• É de filiação compulsória e automática para os segurados obrigatórios, permitindo, ainda,
que pessoas que não estejam enquadradas como obrigatórios e não tenham regime
próprio de previdência se inscrevam como segurados facultativos, passando também a
serem filiados ao RGPS. É o único regime previdenciário compulsório brasileiro que
permite a adesão de segurados facultativos, em obediência ao princípio da universalidade
do atendimento – art. 194, I, da Constituição.
OUTROS REGIMES EXISTENTES NO PAÍS

• REGIME PRÓPRIO PARA SERVIDORES PÚBLICOS EM CARGOS EFETIVOS


• REGIME PREVIDENCIÁRIO COMPLEMENTAR
• REGIME DOS MILITARES E DAS FORÇAS ARMADAS
POSSIBILIDADES DE
BENEFÍCIOS
PREVIDENCIÁRIOS PARA O
FILIADO AO RGPS
APOSENTADORIA PROGRAMADA

• A EC n. 103/2019 deu a atual redação ao art. 201, § 7º da CF substituindo as aposentadorias por tempo de contribuição e por idade
pela aposentadoria programada.
• Requisitos de idade e tempo de contribuição:
• Art. 18. O segurado de que trata o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal filiado ao Regime Geral de Previdência Social
até a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional poderá aposentar-se quando preencher, cumulativamente, os seguintes
requisitos:
• I - 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem; e
• II - 15 (quinze) anos de contribuição, para ambos os sexos.
• § 1º A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 (sessenta) anos da mulher, prevista no inciso I do caput, será acrescida em 6
(seis) meses a cada ano, até atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade.
• § 2º O valor da aposentadoria de que trata este artigo será apurado na forma da lei.
• Art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o
segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social após a data de entrada em vigor desta Emenda Constitucional será
aposentado aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos
de tempo de contribuição, se mulher, e 20 (vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.
• Tratando-se de professores, a idade exigida é de 60 (sessenta) anos de idade, se homem,
e 57 (cinquenta e sete) anos, se mulher, desde que comprovado 25 (vinte e cinco) anos
de contribuição exclusivamente em efetivo exercício das funções de magistério na
educação infantil e no ensino fundamental e médio (art. 19, II, da EC n. 103/2019).

• Em caso de trabalhadores rurais, foram mantidas as regras que vigoravam antes da EC n.


103/2019, cuja idade mínima é de 60 (sessenta) anos, se homem, e 55 (cinquenta e cinco)
anos, se mulher, com 15 anos de carência.
• DIB prevista no Regulamento da Previdência Social:
• Art. 52. A aposentadoria programada será devida: (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
• I - ao segurado empregado, inclusive o doméstico:
• a) a partir da data do desligamento do emprego, quando requerida até noventa dias depois dela; ou
• b) a partir da data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou quando for
requerida após o prazo da alínea "a"; e
• II - para os demais segurados, a partir da data da entrada do requerimento.

• RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO
• -O valor da renda mensal inicial da aposentadoria programada corresponderá a 60 %
(sessenta por cento) do salário de benefício definido na forma prevista no art. 26 da EC n.
103/2019 (média aritmética simples dos salários de contribuição atualizados monetariamente,
correspondentes a cem por centro do período contributivo desde a competência julho de
1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência), com acréscimo de
dois pontos percentuais para cada contribuição que exceder o tempo de vinte anos de
contribuição, para os homens, ou de quinze anos de contribuição, para as mulheres.
• O salário de benefício é obtido com base na média aritmética simples dos salários de
contribuição, atualizados monetariamente, correspondentes a 100% (cem por cento) do
período contributivo desde a competência julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se
posterior a essa competência.
APOSENTADORIA POR IDADE

• As regras de concessão da aposentadoria por idade urbana, na forma prevista no art. 201,
§ 7º, II, da CF (redação dada pela EC n. 20/1998) e regulada pelos arts. 48-51 da Lei n.
8.213/1991, continuam válidas para quem implementou os requisitos até 13.11.2019,
quais sejam, 65 anos de idade, se homem, ou 60 anos de idade, se mulher e a carência de
180 meses. Após a vigência da EC n. 103/2019, a aposentadoria por idade urbana poderá
ser postulada, mas com base nas regras de transição para os segurados filiados ao RGPS
até 13.11.2019.
APOSENTADORIA POR IDADE DO TRABALHADOR
RURAL
• Redução de 5 anos prevista na CF (art. 202, I).
• A distinção na idade foi mantida pela EC n. 103/2019, ao dar nova redação ao art. 201, §
7º, II, mantendo a exigência de 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher para essa
aposentadoria voltada aos trabalhadores rurais e aos que exerçam suas atividades em
regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o
pescador artesanal.
• Necessária a comprovação do exercício de atividade rural por 15 anos, ainda que
descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício ou ao
implemento da idade exigida.
APOSENTADORIA HÍBRIDA

• Os trabalhadores rurais poderão somar tempo rural e urbano para cumprimento da carência. No entanto, a
idade mínima a ser considerada era de 65 anos de idade, se homem, e 60 anos, se mulher, ou seja, equiparando-
se ao trabalhador urbano no requisito etário.
• Consigna-se que o STJ, ao referendar o direito da aposentadoria híbrida em favor dos trabalhadores rurais e
urbanos, assentou que é permitido ao segurado mesclar o período urbano ao período rural e vice-versa, para
implementar a carência mínima necessária e obter o benefício etário híbrido (REsp 1.367.479/RS, DJe 10.9.2014;
REsp 1.702.489/SP, DJe 19.12.2017). No mesmo sentido, a tese fixada no Repetitivo 1.007:
• “O tempo de serviço rural, ainda que remoto e descontínuo, anterior ao advento da Lei 8.213/1991, pode ser
computado para fins da carência necessária à obtenção da aposentadoria híbrida por idade, ainda que não
tenha sido efetivado o recolhimento das contribuições, nos termos do art. 48, § 3º da Lei 8.213/1991, seja qual
for a predominância do labor misto exercido no período de carência ou o tipo de trabalho exercido no
momento do implemento do requisito etário ou do requerimento administrativo.”
DURAÇÃO DO BENEFÍCIO

• A Aposentadoria tem duração indeterminada, perdurando inclusive após a morte do


segurado, ao ser convertido em pensão por morte.

• DESISTÊNCIA DO BENEFÍCIO
• Depois que receber o primeiro pagamento, ou sacar o PIS e/ou o FGTS (o que ocorrer
primeiro), o segurado não poderá desistir do benefício (art. 181-B – Decreto nº
3.048/1999).
PENSÃO POR MORTE

• Quem tem direito?

• Cônjuge;
• Companheiro;
• Filho não emancipado, menor de 21 anos, ou filho de qualquer idade, que seja inválido ou tenha deficiência
intelectual, mental ou grave.
• Tanto o enteado como a pessoa menor de idade, que estavam sob tutela do falecido, serão equiparados a filhos
para a primeira classe.

• Pais ou irmãos que comprovem dependência econômica também podem fazer jus à pensão.
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

• Com a entrada em vigor da EC n. 103/2019, a aposentadoria por tempo de contribuição


foi substituída pela aposentadoria programada, mas em respeito às expectativas de
direito, foram criadas quatro regras de transição para quem era filiado à Previdência
Social até 13.11.2019.
REGRAS DE TRANSIÇÃO

• –SEGURADOS FILIADOS AO RGPS ATÉ 16.12.1998 (data da publicação da EC n. 20/1998), inclusive os


oriundos de outro regime de Previdência Social, desde que cumprida a carência exigida, possuem direito à
aposentadoria por tempo de contribuição, desde que tenham cumprido os seguintes requisitos até 13.11.2019:
• I – aposentadoria por tempo de contribuição, com renda mensal no valor de 100% do salário de benefício, desde
que cumpridos:
• a) 35 anos de contribuição, se homem;
• b) 30 anos de contribuição, se mulher;
• II – aposentadoria por tempo de contribuição, com renda mensal proporcional, desde que cumpridos os seguintes
requisitos, cumulativamente:
• a) idade: 53 anos para o homem; 48 anos para a mulher;
• b) tempo de contribuição: 30 anos, se homem, e 25 anos de contribuição, se mulher;
• c) um período adicional de contribuição equivalente a 40% (quarenta por cento) do tempo que, em 16.12.1998,
faltava para atingir o tempo de contribuição estabelecido (30 anos, se homem, e 25 anos de contribuição, se
mulher);
• –SEGURADOS FILIADOS AO RGPS A PARTIR DE 17.12.1998, inclusive os oriundos de
outro regime de Previdência Social, desde que cumprida a carência exigida, possuem
direito à aposentadoria por tempo de contribuição desde que comprovassem até
13.11.2019:

• a) 35 anos de contribuição, se homem;

• b) 30 anos de contribuição, se mulher.


APOSENTADORIA POR PONTOS

• Os requisitos básicos para a aposentadoria por pontos


são os seguintes:
• Homens: 35 anos de contribuição e 100 pontos em 2023;
• Aumenta + 1 ponto ao ano, até o limite de 105 pontos.

• Mulheres: 30 anos de contribuição e 90 pontos em 2023.


• Aumenta + 1 ponto ao ano, até o limite de 100 pontos.

• Regra vale para quem tinha 96/86 pontos até 12/11/2019


(com, no mínimo, 35/30 anos de contribuição)
EXEMPLO:

• José, em 2019 tinha 62 anos de idade e • Maria, em 2021 tinha 56 anos de idade e
34 anos de tempo de contribuição. 30 anos de tempo de contribuição. Não
consegue aposentador, pois soma 86
pontos, e o mínimo já era 88.
• Poderia aposentar na regra de pontos,
pois somava 96 anos antes da Reforma • Em 2023, ela vai estar com 58 anos de
da Previdência idade e 32 anos de contribuição,
totalizando 90 pontos, atingindo o
mínimo para aposentar.
SALÁRIO MATERNIDADE

Imagens retiradas do site Ingrácio Advocacia


• O valor do Salário-Maternidade é exatamente o mesmo da sua remuneração integral.

• Para os segurados especiais em regime de economia familiar, o valor do Salário-Maternidade


será sempre de um salário-mínimo (R$ 1.320,00 em 2023).

• Demais segurados (contribuinte individual, MEI, facultativo e desempregado): É


preciso somar os 12 últimos salários de contribuição (dentro de um período máximo de 15
meses), desta soma, pega o resultado e divide por 12 para chegar no valor do Salário-
Maternidade.
• Via de regra a duração é de 120 dias, exceto em caso de aborto não criminoso, que será
somente de 14 dias.
AUXÍLIO RECLUSÃO

• Auxílio-Reclusão é um benefício financeiro mensal, devido aos dependentes do segurado de baixa renda que foi preso.
• Para ter direito ao Auxílio-Reclusão, é necessário preencher os seguintes requisitos:
• Comprovar a prisão do segurado.
• Qualidade de segurado do preso.
• Possuir dependentes.
• Segurado preso ser de baixa renda.
• Segurado não deve receber nenhuma categoria de remuneração, muito menos:
• auxílio-doença;
• pensão por morte;
• salário-maternidade;
• aposentadoria;
• abono de permanência em serviço.

• Segurado ter cumprido uma carência mínima de 24 meses para prisões ocorridas a partir de 18/06/2019 (não há carência para prisões
ocorridas antes desta data).
• Para verificar se é baixa renda, precisa atender ao que dispõe a portaria interministerial publicada pelo INSS. Exemplo:

• O Auxílio-Reclusão, atualmente, sempre irá corresponder ao valor do salário-mínimo vigente (R$ 1.320,00 em 2023).
• o Auxílio-Reclusão também pode ser pago para os dependentes de segurados rurais (segurado especial, pescador artesanal, carvoeiro, etc). O
benefício é pago da mesma forma que o Auxílio-Reclusão Urbano comum, com o valor do benefício de um salário-mínimo (R$ 1.320,00 em
2023), independentemente de quando ocorreu a prisão ou o requerimento administrativo.

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