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DIREITO

PREVIDENCIÁRIO

BENEFÍCIOS
RGPS (PARTE I)
BENEFÍCIOS RPGS
As prestações previdenciárias podem ser classificadas em:

• Benefícios: prestações em pecúnia

• Serviços: prestações não pecuniárias, imateriais, como obrigações de


fazer.

As prestações previdenciárias podem ser devidas:

a) ao segurado;
b) ao dependente e;
c) ao segurado e dependente.
BENEFÍCIOS RPGS
O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas
inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em
benefícios e serviços (art. 18 da Lei 8.213/1991):

I – quanto ao segurado:
a) aposentadoria por invalidez (aposentadoria por incapacidade permanente);
b) aposentadoria por idade (aposentadoria programada e aposentadoria por idade do trabalhador rural);
c) aposentadoria por tempo de contribuição (não mais prevista, em regra, com a Emenda Constitucional
103/2019, salvo nos casos de direito adquirido, da regra de transição do art. 17 da Emenda Constitucional
103/2019 e de aposentadoria da pessoa com deficiência, concedida na forma da Lei Complementar
142/2013, conforme art. 22 da Emenda Constitucional 103/2019);
d) aposentadoria especial;
e) auxílio-doença (auxílio por incapacidade temporária);
f) salário-família;
g) salário-maternidade;
h) auxílio-acidente;
BENEFÍCIOS RPGS

II – quanto ao dependente:
a) pensão por morte;

b) auxílio-reclusão;

III – quanto ao segurado e dependente:

a) (revogada pela Lei 9.032/1995);

b) serviço social;

c) reabilitação profissional.
APOSENTADORIAS

A aposentadoria é a prestação por excelência da Previdência Social, juntamente


com a pensão por morte. Ambas substituem, em caráter permanente (ou pelo
menos duradouro), os rendimentos do segurado, e asseguram sua subsistência,
assim como daqueles que dele dependem.

A aposentadoria é garantia constitucional, minuciosamente tratada no art. 201 da


Constituição Federal de 1988, com as alterações das Emendas Constitucionais n.
20/98, n. 41/2003, n. 47/2005 e n. 103/2019.

De acordo com o art. 181-B do Decreto n. 3.048/1999 (redação dada pelo Decreto
n. 10.410/2020), as aposentadorias concedidas pela Previdência Social são
irreversíveis e irrenunciáveis.
APOSENTADORIAS

Estabelece o art. 18, § 2º, da Lei n. 8.213/1991:

“O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social que permanecer em atividade


sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da
Previdência Social em decorrência do exercício desta atividade, exceto ao salário-
família e à reabilitação profissional, quando empregado” (redação dada pela Lei n.
9.528, de 10.12.1997).

Inobstante isso, o art. 103 do Decreto n. 3.048/1999 prevê o direito ao salário-


maternidade da segurada já aposentada.

O segurado que tenha perdido a qualidade de segurado, mas tenha implementado os


requisitos para a concessão da aposentadoria ao tempo em que era ainda detentor
daquela qualidade, faz jus ao benefício, nos termos do art. 102, § 1º, da Lei n.
8.213/1991.
APOSENTADORIAS

Em regra, a aposentadoria não impede o exercício de atividade, salvo a


concedida por invalidez/incapacidade permanente para o trabalho e a
especial.

É o que preceitua o art. 168 do Decreto n. 3.048/1999:

“Exceto nas hipóteses de aposentadoria por incapacidade permanente ou


especial, observado quanto a esta última o disposto no parágrafo único do
art. 69, o retorno do aposentado à atividade não prejudicará o recebimento
de sua aposentadoria” (redação dada pelo Decreto n. 10.410/2020).
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

APOSENTADORIA
POR IDADE
(APOSENTADORIA
PROGRAMADA)
APOSENTADORIA POR IDADE

O Regime Geral de Previdência Social deve atender a cobertura do evento (isto é,


contingência social) de idade avançada, conforme art. 201, inciso I, da
Constituição da República.

Antes da EC 103/2019: as aposentadorias por idade e por tempo de contribuição


eram previstas como modalidades distintas.

A aposentadoria por idade exigia 65 anos, se homem, e 60 anos de idade, se


mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos
os sexos e para os que exercessem suas atividades em regime de economia
familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal (art.
201, § 7º, inciso II, da Constituição da República, incluído pela Emenda
Constitucional 20/1998).
APOSENTADORIA POR IDADE

Para a aposentadoria por tempo de contribuição, por sua vez, eram necessários 35
anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher (art. 201, §
7º, inciso I, da Constituição Federal de 1988, incluído pela Emenda Constitucional
20/1998), mas não havia a exigência de idade mínima nessa modalidade de
aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social.

Depois da EC 103/2019 - é assegurada aposentadoria no RGPS, obedecidas as


seguintes condições:
• 65 anos de idade, se homem, e 62 anos de idade, se mulher, observado tempo
mínimo de contribuição (art. 201, § 7º, inciso I, da Constituição Federal de 1988,
com redação dada pela Emenda Constitucional 103/2019).

Logo, nessa modalidade de aposentadoria, além da idade, passa a ser exigido certo tempo de
contribuição. Trata-se da atualmente denominada aposentadoria programada.
APOSENTADORIA POR IDADE

Atenção! Com a EC 103/2019, não é mais prevista, em regra, a aposentadoria por


tempo de contribuição sem idade mínima, salvo nos casos de direito adquirido (art. 3º
da EC 103/2019), da regra de transição do art. 17 da EC 103/2019 e de aposentadoria
da pessoa com deficiência, concedida na forma da Lei Complementar 142/2013,
conforme art. 22 da EC 103/2019.

De acordo com o art. 18 da EC 103/2019, o segurado de que trata o inciso I do § 7º do


art. 201 da Constituição Federal de 1988 filiado ao Regime Geral de Previdência Social
até a data de entrada em vigor da Emenda Constitucional 103/2019 poderá aposentar-
se quando preencher, cumulativamente, os seguintes requisitos:

I – 60 anos de idade, se mulher, e 65 anos de idade, se homem; e

II – 15 anos de contribuição, para ambos os sexos.


APOSENTADORIA POR IDADE

A partir de 1º de janeiro de 2020: a idade de 60 anos da mulher, prevista no inciso I do


caput do art. 18 da EC 103/2019, será acrescida em seis meses a cada ano, até atingir
62 anos de idade (art. 18, § 1º, da Emenda Constitucional 103/2019).

EC 103/2019 - art. 19. Até que lei disponha sobre o tempo de contribuição a que se
refere o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituição Federal, o segurado filiado ao
Regime Geral de Previdência Social após a data de entrada em vigor desta Emenda
Constitucional será aposentado aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher,
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, com 15 (quinze) anos de tempo
de contribuição, se mulher, e 20(vinte) anos de tempo de contribuição, se homem.
APOSENTADORIA POR IDADE

Os requisitos da aposentadoria por idade são diferentes antes e depois da Reforma


da Previdência:

• Idade mínima: 65 se homem e 60 anos se mulher e 180 contribuições até


12/11/2019.

• Idade mínima (65 / 60 anos) e 180 contribuições não completas até 12/11/2019:
regra de transição da aposentadoria por idade.

• Começou a contribuir para o INSS após 13/11/2019: nova regra de aposentadoria


por idade, chamada de aposentadoria programada.
APOSENTADORIA POR IDADE
APOSENTADORIA POR IDADE

Idade mínima completa até o dia 12/11/2019:

Se o segurado começou a trabalhar antes da vigência da Reforma da Previdência


(13/11/2019), para ter direito à aposentadoria por idade precisa:

• Homem: 65 anos de idade e 180 meses de carência.


• Mulher: 60 anos de idade e 180 meses de carência.

• Valor da aposentadoria:
• 70% da média + 1% para cada ano completo de trabalho, dos 80% maiores
salários de contribuição.

Importante: essa regra é válida se o segurado tiver completado todos os requisitos


acima até o dia 12/11/2019.
APOSENTADORIA POR IDADE

Não completou a idade mínima até o dia 12/11/2019 – Regra de Transição

Caso o segurado tenha começado a trabalhar antes da Reforma da Previdência, mas não
completou os requisitos necessários para a aposentadoria por idade até o início da
Reforma, uma Regra de Transição foi criada.

Sendo assim, para ter direito à Regra de Transição da aposentadoria por idade, o segurado
precisa de:
• Homem: 65 anos de idade e 15 anos de contribuição.
• Mulher: 61 anos de idade e 15 anos de contribuição.
• Atenção: a idade da segurada mulher começou em 60 anos, em 2019, e aumentou 6 meses
por ano até atingir 62 anos em 2023.

•Valor da aposentadoria:
• 60% da média de todos os seus salários + 2% ao ano que ultrapassar:
• Homem: 20 anos.
• Mulher: 15 anos.
APOSENTADORIA POR IDADE

Segurado começou a contribuir após 13/11/2019

Se o segurado começou a trabalhar depois do início da Reforma, precisa cumprir os


seguintes requisitos para ter direito à aposentadoria por idade:

• Homem: 65 anos de idade e 20 anos de contribuição.


• Mulher: 62 anos de idade e 15 anos de contribuição.
• Valor da aposentadoria:
• 60% da média de todos os seus salários + 2% ao ano que ultrapassar:
• Homem: 20 anos.
• Mulher: 15 anos.

As regras acima são para os trabalhadores urbanos.


APOSENTADORIA POR IDADE

Exemplo: caso do Mauro.

Ao completar 65 anos de idade, em 2018, ele atingiu 30 anos de contribuição.

A média dos 80% maiores salários de Mauro resultou em R$ 2.000.

Para saber o valor final da aposentadoria, é necessário calcular o coeficiente de


cálculo de 70% somada aos anos trabalhados e multiplicar pela média de Mauro:

• 70% (coeficiente de cálculo) + 30% (1% por ano de contribuição) = 100%.


• 2.000,00 (média dos 80% maiores salários) x 100% = R$ 2.000.
• Valor da aposentadoria = R$ 2.000.
APOSENTADORIA POR IDADE

A partir da Reforma da Previdência, o valor da aposentadoria por idade é


calculado da seguinte forma:

• É feita a média (aritmética simples) de todos os salários do segurado desde


julho de 1994.

• Dessa média, o segurado recebe:

• 60% + 2% para cada ano de contribuição acima de:

• Homem: 20 anos de contribuição.


• Mulher: 15 anos de contribuição.
APOSENTADORIA POR IDADE

Exemplo 2 - José

José completou 65 anos de idade em 2022, depois da Reforma.

Ele trabalhou por 35 anos e a média das suas contribuições foi de R$ 1.500,00.

Neste caso, o valor do benefício de José vai ser de:

• 60% + 30% (2% x 15 anos acima de 20 anos de contribuição) = 90%.


• 90% de R$ 1.500,00 = R$ 1.350,00.

Ou seja, José vai ter uma aposentadoria no valor de R$ 1.350,00.


APOSENTADORIA POR IDADE
APOSENTADORIA POR IDADE DO TRABALHADOR RURAL

Aposentadoria por Idade Rural

É assegurada aposentadoria no Regime Geral de Previdência Social, nos


termos da lei, obedecidas as seguintes condições:

• 60 anos de idade, se homem, e


• 55 anos de idade, se mulher,

Para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em


regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e
o pescador artesanal (art. 201, § 7º, inciso II, da Constituição Federal de 1988,
com redação dada pela Emenda Constitucional 103/2019).
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

A previsão de idade reduzida aos trabalhadores rurais e aos que exerçam


suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor
rural, o garimpeiro e o pescador artesanal, foi mantida pela Emenda
Constitucional 103/2019, o que está em consonância com o princípio da
igualdade substancial (arts. 3º e 5º da Constituição da República).

Nessa linha, compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a


Seguridade Social, com base, entre outros objetivos, no princípio da
uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações
urbanas e rurais (art. 194, parágrafo único, inciso III, da Constituição Federal
de 1988).
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

A aposentadoria por idade do trabalhador rural é


devida:

• aos segurados empregado rural,


• contribuinte individual (trabalhador eventual rural),
• trabalhador avulso rural;
• segurado especial;
• aos segurados garimpeiros que trabalhem,
comprovadamente, em regime de economia
familiar (art. 56 do Regulamento da Previdência
Social).
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Período de Carência:

De acordo com o art. 25, inciso II, da Lei 8.213/1991, a concessão da


aposentadoria por idade no Regime Geral de Previdência Social depende do
período de carência de 180 contribuições mensais.

Período de carência é o número mínimo de contribuições mensais


indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a
partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências (art. 24
da Lei 8.213/1991).
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Portanto, a concessão da aposentadoria por idade do trabalhador rural,


prevista no art. 48 da Lei n. 8.213/1991 e regulamentada pelo art. 56 do RPS
(redação dada pelo Decreto n. 10.410/2020), está condicionada ao
preenchimento de dois requisitos:

a) idade mínima de 60 anos para o homem e de 55 anos para a mulher, e

b) comprovação do exercício de atividade rural por 15 anos, ainda que


descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício
ou ao implemento da idade exigida.
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

Consoante orientação firmada pelo STJ, a regra da não simultaneidade dos requisitos
não tem validade no caso da aposentadoria por idade rural, sendo necessário que o
segurado especial comprove o cumprimento da carência no período que antecede
o implemento da idade ou o requerimento (STJ, PET 7.476, 3ª Seção, Relator p/
acórdão Min. Jorge Mussi, DJe 25.4.2011). Ademais, o STJ, ao julgar recurso repetitivo
(Tema n. 642), confirmou a tese de que:

“O segurado especial tem que estar laborando no campo, quando completar a idade
mínima para se aposentar por idade rural, momento em que poderá requerer seu
benefício. Ressalvada a hipótese do direito adquirido, em que o segurado especial,
embora não tenha requerido sua aposentadoria por idade rural, preenchera de forma
concomitante, no passado, ambos os requisitos carência e idade.” (REsp no
1354908/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 09.09.2015, DJ
10.02.2016).
APOSENTADORIA POR IDADE RURAL

RMI - o valor da renda mensal da referida aposentadoria para os trabalhadores rurais


que sejam empregado rural, trabalhador eventual (contribuinte individual) e
trabalhador avulso, para o garimpeiro e para o segurado especial que contribua
facultativamente corresponde a

• 70% do salário de benefício


• com acréscimo de um ponto percentual para cada ano de contribuição (art. 56, §
2º, do Regulamento da Previdência Social, com redação dada pelo Decreto
10.410/2020).

O valor da renda mensal do benefício para os trabalhadores rurais que sejam


segurados especiais é de um salário mínimo.
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

APOSENTADORIA
MISTA/HÍBRIDA
(APOSENTADORIA
PROGRAMADA)
APOSENTADORIA HÍBRIDA

A Lei n. 11.718/2008 criou outra espécie de aposentadoria por idade ao trabalhador


rural que não tiver como comprovar o efetivo exercício de atividade rural, ainda
que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao cumprimento da
idade mínima ou ao requerimento da aposentadoria originalmente prevista na Lei n.
8.213/1991.

De acordo com o disposto no § 3º do art. 48 da LB (incluído pela Lei n. 11.718/2008),


os trabalhadores rurais poderão somar tempo rural e urbano para cumprimento da
carência.

No entanto, a idade mínima a ser considerada era de 65 anos de idade, se homem,


e 60 anos, se mulher, ou seja, equiparando-se ao trabalhador urbano no requisito
etário.
APOSENTADORIA HÍBRIDA
APOSENTADORIA HÍBRIDA

Exemplo do Fernando

Fernando trabalhou como arador de terra durante 10


anos (120 meses) na zona rural da cidade de
Palmas.

Após esse tempo, ele foi para a cidade e trabalhou


como assistente administrativo por mais 5 anos (60
meses).

Nesta hipótese, ele poderá juntar o tempo dos dois


empregos e se aposentar.
APOSENTADORIA HÍBRIDA

A Aposentadoria por Idade Híbrida do trabalhador rural sofreu algumas mudanças com a
Reforma da Previdência.
Se o trabalhador não reuniu os requisitos vistos anteriormente até a data da Reforma da
Previdência (13/11/2019), ele vai entrar na Regra de Transição da Aposentadoria
Híbrida.

A mudança ocorrida foi o aumento gradual da idade mínima das mulheres de 6 meses por ano, a
partir de 2020, até atingir 62 anos de idade em 2023.
APOSENTADORIA HÍBRIDA

Agora, se o início da sua filiação ao INSS ocorreu a partir da Reforma da Previdência


(13/11/2019), o trabalhador vai entrar na Regra Definitiva da Aposentadoria Híbrida, que
tem os seguintes requisitos:

Perceba que a única alteração foi o aumento de 5 anos de tempo de contribuição


para os homens.
APOSENTADORIA HÍBRIDA

O benefício pode ser solicitado somente por quem estava exercendo atividade
urbana por último?

Essa é uma questão bastante comum para a Aposentadoria Híbrida, principalmente


porque a maioria dos segurados que se beneficiam com este benefício são os
trabalhadores rurais que migram para a zona urbana.

O STJ já se pronunciou e entende que não importa se a pessoa exerceu atividade


rural ou urbana por último, desde que cumpra os requisitos necessários para o
benefício.

Além disso, não existe um mínimo que a pessoa precisa ter cumprido em cada
categoria de trabalho para ter direito ao benefício.
Por exemplo, trabalhador pode ter trabalhado 19 anos e 11 meses na zona urbana e 1
mês na zona rural e, do mesmo jeito, terá direito ao benefício.
APOSENTADORIA HÍBRIDA

Renda Mensal Inicial

Nos casos de direito adquirido até 13.11.2019, o valor consistirá numa renda mensal de

• 70% (setenta por cento) do salário de benefício, mais 1% (um por cento) deste, por
grupo de 12 (doze) contribuições, não podendo ultrapassar 100% (cem por cento) do
salário de benefício (art. 50 da Lei n. 8.213/1991).

O salário de benefício corresponderá à média aritmética simples dos maiores salários de


contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período
contributivo (art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, com redação conferida pela Lei n. 9.876, de
26.11.1999).
APOSENTADORIA HÍBRIDA

Renda Mensal Inicial

Nos casos a partir da Reforma da Previdência (13/11/2019), a aposentadoria híbrida


será calculada assim:

• será feito o cálculo do Salário de Benefício (SB) também. A novidade agora é que o SB
é calculado com a média de todos (100%) os salários;

• desta média, o segurado receberá 60% + 2% ao ano que exceder 20 anos de tempo de
contribuição para os homens ou 15 anos de contribuição para as mulheres.
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

APOSENTADORIA
AOS SEGURADOS COM
DEFICIÊNCIA (PCD)
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

A aposentadoria voltada aos segurados com


deficiência surgiu com a EC n. 47/2005, que deu outra
redação ao art. 201, § 1º, da CF, e estabeleceu a
necessidade de lei complementar para regulamentar
os critérios de concessão.

Com o advento da EC n. 103/2019, foi mantida a


possibilidade de lei complementar definir critérios
diferenciados de idade e tempo de contribuição para a
concessão de aposentadoria em favor dos segurados
com deficiência, previamente submetidos à avaliação
biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional
e interdisciplinar.
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

É o consta do art. 201, § 1º, da CF/88:

§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de


benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão
de idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de
aposentadoria exclusivamente em favor dos segurados:

I – com deficiência, previamente submetidos à avaliação biopsicossocial realizada


por equipe multiprofissional e interdisciplinar;

E, enquanto a nova lei complementar exigida pela Reforma da Previdência não for
aprovada, a aposentadoria da pessoa com deficiência será concedida na forma da Lei
Complementar n. 142/2013, inclusive quanto aos critérios de cálculo dos benefícios
(art. 22 da EC n. 103/2019).
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

A Lei Complementar n. 142, de 8.5.2013, adotou o conceito de pessoa com deficiência


como:

• aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas (art. 2º).

No mesmo sentido a Lei n. 13.146, de 6.7.2015, que instituiu a Lei Brasileira de


Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e
cidadania.
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

O evento gerador desse novo benefício está definido no art. 3º da LC n. 142/2013, qual
seja, a deficiência do segurado que pode ser de três graus: leve, moderada ou grave,
ensejando aposentadoria com base nas seguintes hipóteses:

Por tempo de contribuição:


APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

Por idade:
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

A definição dos graus de deficiência para os fins da LC n. 142/2013 foi delegada para
regulamentação pelo Poder Executivo.

No entanto, o Decreto n. 8.145/2013, que dispôs sobre a aposentadoria da pessoa com


deficiência, remeteu o tema para ato conjunto do Ministro de Estado Chefe da Secretaria
de Direitos Humanos da Presidência da República, dos Ministros de Estado da
Previdência Social, da Fazenda, do Planejamento, Orçamento e Gestão e do Advogado-
Geral da União (Portaria Interministerial SDH/MPS/MF/MOG/AGU n. 1, de 27.1.2014),
cujos critérios de avaliação são praticados pelo INSS com base nas disposições
constantes da IN PRES/INSS n. 128/2022.
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

Para a TNU, “a aferição da deficiência pelo exame pericial, administrativo ou judicial,


não prescinde das diretrizes fixadas na Portaria Interministerial
SDH/MPS/MF/MPOG/AGU nº 1, de 27/1/2014, especialmente a avaliação médica e
funcional baseada na classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e
saúde” (PUIL 0510878-13.2019.4.05.8300/PE, j. 25.3.2021).

Compete à Perícia Médica Federal e ao Serviço Social do INSS, para efeito de


concessão da aposentadoria da pessoa com deficiência, reconhecer o grau de
deficiência, que pode ser leve, moderado ou grave, bem como fixar a data provável do
início da deficiência e identificar a ocorrência de variação no grau de deficiência (art. 305
da IN PRES/INSS n. 128/2022).
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

A comprovação da deficiência somente se dará depois de finalizadas as avaliações


médica e do serviço social, sendo seu grau definido pela somatória das duas avaliações
e sua temporalidade subsidiada pela data do impedimento e alterações fixadas pela
perícia médica (art. 305, § 3º, da IN n. 128/2022).

O Estatuto da Pessoa com Deficiência estabelece no art. 2º, § 1º, que a avaliação da
deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe
multiprofissional e interdisciplinar e considerará:

I – os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;


II – os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III – a limitação no desempenho de atividades; e
IV – a restrição de participação.
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

Beneficiários

A LC n. 142/2013 não define quais segurados são beneficiários dessa espécie


diferenciada de aposentadoria.

O tema foi regulado pelo Decreto n. 8.145/2013, que nominou os benefícios como
hipóteses de aposentadoria por tempo de contribuição e por idade.

Aposentadoria por Tempo de Contribuição: é devida ao segurado empregado,


inclusive o doméstico, o trabalhador avulso, o contribuinte individual, ao segurado
facultativo e ao segurado especial que contribua facultativamente sobre o salário de
contribuição (art. 70-B do RPS).
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

Aposentadoria por idade: esta é devida a todas as categorias de segurados (art.


70-C).

De acordo com o art. 311 da IN PRES/INSS n. 128/2022, faz parte do rol de


beneficiários o trabalhador rural com deficiência, desde que também comprovada a
condição de trabalhador rural na DER ou na data do preenchimento dos requisitos.

Para esse fim, considera-se trabalhador rural: o empregado rural, o contribuinte


individual, o trabalhador avulso e o segurado especial. E para atingir o tempo
necessário poderão ser computados os períodos de contribuição sob outras
categorias, inclusive urbanas.
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

Renda Mensal Inicial

De acordo com o art. 8º da LC n. 142/2013, a renda mensal da aposentadoria


devida ao segurado com deficiência será calculada aplicando-se sobre o salário de
benefício, apurado em conformidade com o disposto no art. 29 da Lei n. 8.213, de
1991, os seguintes percentuais:

I – 100%, no caso da aposentadoria por tempo de contribuição de que tratam os


incisos I, II e III do art. 3º (com redução de 10, 6 ou 2 anos no tempo de
contribuição); ou

II – 70% mais 1% do salário de benefício por grupo de 12 contribuições mensais até


o máximo de 30%, no caso de aposentadoria por idade.
APOSENTADORIA AOS SEGURADOS COM DEFICIÊNCIA

Renda Mensal Inicial

A apuração do salário de benefício segue a média dos 80% maiores salários de


contribuição desde julho de 1994, com observância do mínimo divisor, para os
segurados filiados antes da Lei n. 9.876/1999.

Aplica-se o fator previdenciário na aposentadoria por tempo de contribuição ou na


aposentadoria por idade, somente se resultar em renda mensal de valor mais
elevado (art. 9º, I, da LC n. 142/2013).
DIREITO
PREVIDENCIÁRIO

APOSENTADORIA
DO PROFESSOR
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

A função de magistério era regulada pelo Decreto n. 53.831/1964 com direito à


aposentadoria especial após 25 anos de serviço, por ser considerada atividade penosa.

A Constituição de 1988 fixou que, pelo exercício das funções de magistério (entenda-se
aqui, professores de todos os níveis de ensino: infantil, fundamental, médio e
universitário), era assegurada a aposentadoria ao professor, após trinta anos, e à
professora, após vinte e cinco anos, de efetivo exercício da atividade (art. 202, III).

Em face da EC n. 20, de 1998, para o segurado se aposentar como professor, passou a


ter que comprovar exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio, tendo direito
ao benefício a partir dos trinta anos de contribuição, se homem, e vinte e cinco anos
de contribuição, se mulher (art. 201, § 8º, da Constituição).
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

Diante disso, foi extinta, a partir de 16.12.1998, a


aposentadoria com requisitos diferenciados para
professores universitários, aos trinta ou vinte e
cinco anos, respectivamente, de efetivo exercício de
magistério.

• Eles ficaram sujeitos a ter de cumprir o tempo de


contribuição previsto na regra geral (trinta e cinco
anos para o professor, trinta anos, para as
professoras).
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

Seguindo a orientação do STF (TEMA 965), o CRPS aprovou o Enunciado n. 9, com o


seguinte conteúdo:

O segurado que exerça funções de magistério, nos termos da Lei de Diretrizes Básicas da Educação, poderá ser
considerado professor para fins de redução do tempo de contribuição necessário à aposentadoria (B-57),
observados os demais elementos de prova no caso concreto.
I – Consideram-se funções de magistério as efetivamente exercidas nas instituições de educação básica,
incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade escolar e as de coordenação e
assessoramento pedagógico, inclusive nos casos de reintegração trabalhista transitada em julgado.
II – As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde
que exercidas, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em
educação.
III – Os estabelecimentos de educação básica não se confundem com as secretarias ou outros órgãos municipais,
estaduais ou distritais de educação.
IV – É vedada a conversão de tempo de serviço especial em comum na função de magistério após 09/07/1981,
data da publicação da Emenda Constitucional nº 18/1981.
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

Beneficiários

Os benefícios da aposentadoria de professor são válidos para os docentes da rede


de ensino infantil, fundamental e média, nas educações públicas ou privadas de
ensino.

Além disso, precisa ser comprovado que, durante todo o período de contribuição
exigido, o professor trabalhou exclusivamente em atividade relacionada ao
magistério, independentemente de contribuições anteriores.

Coordenador, diretor ou orientador pedagógico, também têm direito à aposentadoria


de professor.
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

Requisitos

As regras da aposentadoria de professor diferem antes e depois da Reforma da


Previdência.

Além disso, os requisitos aqui explicitados para os professores da iniciativa pública


ao longo deste conteúdo são destinados aos docentes federais.
Os professores estaduais e municipais seguem as regras dos seus respectivos
Regime Próprios de Previdência Social (RPPS).

Cabe dizer, ainda, que a maioria dos estados e municípios segue a regra geral que
iremos ver a seguir. Mas, é importante verificar o regramento local do órgão em que o
professor está vinculado.
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

Antes da Reforma da Previdência:

O s professores da rede privada de ensino adquiriram o direito à aposentadoria a


partir de:

• 30 anos de contribuição – homem (sem exigência de idade mínima);


• 25 anos de contribuição – mulher (sem exigência de idade mínima).

Os professores da rede pública, poderiam adquirir o direito a partir do:


• mesmo período de contribuição citado acima, mas com o requisito idade mínima:
• 55 anos – homem;
• 50 anos – mulher.
Ainda, esses profissionais necessitavam ter 10 anos de serviço público, e 5 anos na
função em que se desse a aposentadoria.
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

Com a EC n. 103/2019, o art. 201, § 8º, da Constituição passou a prever que o requisito
de idade a que se refere o inciso I do § 7º (65 anos, homem – 62 anos, mulher) será
reduzido em cinco anos, para o professor que comprove tempo de efetivo exercício das
funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em
lei complementar.

Além da idade mínima de 60 anos, se homem, e de 57 anos, se mulher, são exigidos


doravante 25 anos de função de magistério, tanto para homens, como para mulheres,
consoante regra contida no art. 19, § 1º, II, da EC n. 103/2019. E, de acordo com o art.
54 da RPS (redação dada Decreto n. 10.410/2020) será exigido o cumprimento da
carência de 180 meses.

Assim, a aposentadoria do professor do RGPS, pela primeira vez, passou a exigir idade
mínima, gerando novo obstáculo ao acesso à aposentadoria dessa classe de segurados
já penalizada e desmotivada devido aos baixos salários pagos pelas redes de ensino.
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

Depois da Reforma da Previdência:

Para os homens, no mínimo:


• 60 anos de idade;
• 25 anos de contribuição;
• para os professores da iniciativa pública – desses 25 anos de contribuição, são
necessários 10 anos de serviço público e 5 anos no cargo em que se der a
aposentadoria.

Para as mulheres, no mínimo:


• 57 anos de idade;
• 25 anos de contribuição;
• para as professoras da iniciativa pública – desses 25 anos de contribuição, são
necessários 10 anos de serviço público e 5 anos no cargo em que se der a
aposentadoria.
APOSENTADORIA DO PROFESSOR

RMI

Antes da Reforma:
O cálculo da Renda Mensal Inicial (RMI) era realizado com base na média dos 80%
maiores salários de contribuição, multiplicada pelo fator previdenciário.

Depois da Reforma:
Conforme abaixo, a forma de cálculo da RMI da aposentadoria de professor é assim:
• média de todos os salários;
• para os professores da iniciativa privada, o valor da aposentadoria vai ser 60% dessa
média + 2% ao ano que exceder 20 anos de contribuição para os homens, assim como +
2% ao ano que exceder 15 anos de contribuição para as mulheres;

• para os professores da iniciativa pública, o valor da aposentadoria vai ser 60% dessa
média + 2% ao ano que exceder 20 anos de contribuição para os homens e mulheres;
BIBLIOGRAFIA

AMADO, Frederico. Curso de direito e processo previdenciário. 12.ed. ver., ampl. e atual. – Salvador: Ed.
JusPodivm, 2020.

BERWANGER, Jane Lucia Wilhelm; GUIOTTO, Maíra Custódio Mota. Aposentadoria especial do dentista.
Curitiba: Juruá, 2016.

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João B. Manual de Direito Previdenciário. Grupo GEN, 2023. E-
book. ISBN 9786559646548. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786559646548/. Acesso em: 27 fev. 2023.

IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário. 18ª ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2013.

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