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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA ÚNICA DO

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE .................

NOME DO CLIENTE, naturalidade, estado civil, profissã o, portador do RG


nº ................................., SSP/...., inscrito no CPF sob o nº .................................., residente e
domiciliado na Rua ..................., n°......, Bairro ................., na cidade de ..................., Estado
do ............, CEP ....................., representado neste ato por seus advogados (procuraçã o em
anexo) infra-assinado, com escritó rio profissional na AV. ..................., n°......., Bairro............., na
cidade de ....................................., Estado do ................. com CEP. ................, endereço
eletrô nico ......................................................., onde recebe intimaçõ es e notificaçõ es, vem, perante
Vossa Excelência, propor:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE


APOSENTADORIA PROGRAMADA (IDADE HÍBRIDA)

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), Autarquia Federal, com


sede na Rua .........................................., n° ............, Centro, na Cidade de ................................., Estado do
..................., CEP. ............................, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
I – DOS FATOS

O Requerente, nascido em ..............................., contando atualmente com .............. anos de


idade, iniciou suas atividades laborativas quando criança ainda, no meio rural, juntamente
com seus genitores, em ..................................... casou-se com .................................................. e
continuou trabalhando na atividade rural em regime de economia familiar. Posteriormente,
o Segurado conseguiu melhorar de vida a passou a contribuir como contribuinte individual.
A tabela a seguir demonstra de forma objetiva estes períodos:

Tempo até
Data Inicial Data Final Vínculo Carência
(24/04/2017 - DER)
Segurado especial -
Regime de economia
familiar
Contribuinte individual

Marco temporal Tempo total Carência Idade


Até a DER
.................................... ......... meses ............................
.........................

II – DO DIREITO

A pretensã o do Segurado está fundamentada no art. 201, inciso I, da Constituiçã o


Federal, e nos arts. 39, inciso I, e 142, ambos da Lei 8.213/91, encontrando-se presentes os
requisitos exigidos para a concessã o da aposentadoria por idade.

A pretensã o da Parte Autora encontra amparo no art. 201 da Constituiçã o Federal,


que dispõ e:

Art. 201. § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social,


nos termos da lei, obedecidas as seguintes condiçõ es:

I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de


idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuiçã o; (Redaçã o dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade,
se mulher, para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades
em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e
o pescador artesanal. (Redaçã o dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)

Para a mulher foi criada uma tabela de transiçã o, conforme Art. 18 da EC 103/2019:

Art. 18. O segurado de que trata o inciso I do § 7º do art. 201 da Constituiçã o


Federal filiado ao Regime Geral de Previdência Social até a data de entrada em
vigor desta Emenda Constitucional poderá aposentar-se quando preencher,
cumulativamente, os seguintes requisitos:

I - 60 (sessenta) anos de idade, se mulher, e 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se


homem; e

II - 15 (quinze) anos de contribuiçã o, para ambos os sexos

§ 1º. A partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de 60 (sessenta) anos da mulher,


prevista no inciso I do caput, será acrescida em 6 (seis) meses a cada ano, até
atingir 62 (sessenta e dois) anos de idade.

Por outro lado, houve significativa alteraçã o da legislaçã o referente a


aposentadoria por idade com a inclusã o de uma nova modalidade denominada
atípica, mista ou híbrida, possibilitando a soma do tempo de serviço urbano ao
rural para a concessão da aposentadoria por idade, de acordo com a nova redação
do art. 48 da Lei 8.213/91, promovida pela edição da Lei 11.718/08.

Assim, após a referida modificação legislativa, tornou-se possível a soma do


tempo de serviço rural ao urbano, inclusive quando o segurado estiver exercendo
atividade urbana no momento do requerimento do benefício.

A decisão judicial proferida com deferimento de execução provisória na Ação


Civil Pública ACP n° 5038261-15.2015.4.04.7100/RS, do Tribunal Regional
Federal da 4° Região, determinou ao INSS assegurar o direito à aposentadoria por
idade na modalidade híbrida, independentemente de qual tenha sido a última
atividade profissional desenvolvida – rural ou urbana. O INSS normatizou essa
decisão através do Memorando Circular Conjunto n° 1 DIRBEN/PFE/INSS, de 04 de
janeiro de 2018.

A jurisprudência já vinha se manifestando neste sentido há anos, sendo de enorme


relevâ ncia o julgamento da TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO sobre o tema:

PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA HÍBRIDA POR IDADE. ART. 48, §


3º, DA LEI N.º 8.213/91, ALTERADA PELA LEI N.º 11.718/2008.
TRABALHO RURAL E URBANO DURANTE O PERÍODO DE CARÊ NCIA.
DESNECESSIDADE DE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL NO PERÍODO
IMEDIATMENTE ANTERIOR À DATA DE ENTRADA DO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO (DER). PRECEDENTE DO STJ E DA TNU. PEDILEF
CONHECIDO E PROVIDO. 1. Pedido de uniformizaçã o de interpretaçã o
de lei federal – PEDILEF apresentado contra acó rdã o de Turma Recursal
que negou provimento a recurso inominado, em sede de demanda
visando à concessã o de aposentadoria híbrida por idade, em razã o da
parte autora nã o ter comprovado o exercício de atividade rural em
regime de economia familiar no período imediatamente anterior à data
de entrada do requerimento administrativo, por ser segurada urbana. 2.
O PEDILFE deve ser conhecido, pois há divergência entre a decisã o
recorrida e o que decidiu o Superior Tribunal de Justiça – STJ no REsp
n.º 1.407.613/RS e esta TNU no PEDILEF n.º 50009573320124047214
(art. 14, § 2º, da Lei n.º 10.259/2001). 3. Confiram-se os excertos
daqueles julgados: 3.1. STJ: “PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA
POR IDADE HÍBRIDA. ART. 48, §§ 3º e 4º, DA LEI 8.213/1991.
TRABALHO URBANO E RURAL NO PERÍODO DE CARÊNCIA.
REQUISITO. LABOR CAMPESINO NO MOMENTO DO
IMPLEMENTO DO REQUISITO ETÁRIO OU DO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. EXIGÊNCIA AFASTADO. CONTRIBUIÇÕES.
TRABALHO RURAL. CONTRIBUIÇÕES. DESNECESSIDADE. 1.
(...). 2. (...). (…) 11. Assim, seja qual for a predominância do
labor misto no período de carência ou o tipo de trabalho
exercido no momento do implemento do requisito etário ou
do requerimento administrativo, o trabalhador tem direito a
se aposentar com as idades citadas no § 3º do art. 48 da Lei
8.213/1991, desde que cumprida a carência com a utilização
de labor urbano ou rural . Por outro lado, se a carência foi cumprida
exclusivamente como trabalhador urbano, sob esse regime o segurado
será aposentado (caput do art. 48), o que vale também para o labor
exclusivamente rurícola (§§1º e 2º da Lei 8.213/1991). 12. Na mesma
linha do que aqui preceituado: REsp 1.376.479/RS, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, Julgado em 4.9.2014, pendente de
publicaçã o. 13. (…). (...) 16. Correta a decisã o recorrida que concluiu (fl.
162/e-STJ): "somados os 126 meses de reconhecimento de exercício de
atividades rurais aos 54 meses de atividades urbanas, chega-se ao total
de 180 meses de carência por ocasiã o do requerimento administrativo,
suficientes à concessã o do benefício, na forma prevista pelo art. 48, § 3º,
da Lei nº 8.213/1991". 17. Recurso Especial nã o provido.” (STJ, Segunda
Turma, REsp n.º 1.407.613/RS, rel. Min. Herman Benjamin, julgamento
em 14/10/2014, DJe de 28/11/2014, unâ nime e sem grifos no original);
3.2. TNU: “DIREITO PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA MISTA OU
HÍBRIDA. CONTAGEM DE TEMPO RURAL PARA APOSENTADORIA
URBANA. APLICAÇÃ O EXTENSIVA DO ATUAL DO ARTIGO 48, § 3º E 4O.
DA LEI DE BENEFÍCIOS. DIRETRIZ FIXADA PELA SEGUNDA TURMA DO
SUPERIOR TRIBUNA DE JUSTIÇA NO RECURSO ESPECIAL 1.407.613.
ISONOMIA DO TRABALHADOR RURAL COM O URBANO.
APOSENTADORIA POR IDADE NA FORMA HÍBRIDA PERMITIDA
TAMBÉ M PARA O URBANO QUANDO HOUVER, ALÉ M DA IDADE,
CUMPRIDO A CARÊ NCIA EXIGIDA COM CONSIDERAÇÃ O DOS PERÍODOS
DE TRABALHO RURAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃ O CONHECIDO E
PROVIDO. (…) 8.2. Desse modo, o que decidiu a Corte Federal foi
que a denominada aposentação por idade híbrida de regimes
de trabalho, instituída pela Lei 11.718/08 contempla tanto os
trabalhadores rurais que migraram da cidade para o campo,
como o contrário (aqueles que saíram do campo e foram para
a cidade). Isso porque, seja por amor ao postulado da
isonomia, vez que a ratio é a mesma como ainda ante o fato
de que, em sendo postulada aposentadoria urbana, de toda
forma estar-se-á valorizando aquele que, muito ou pouco,
contribuiu para o sistema. 9. Ante o exposto, conheço e dou
provimento ao pedido de uniformizaçã o, para julgar procedente o
pedido formulado na petiçã o inicial (itens “A” e “B”). Sem honorá rios,
por se tratar de recorrente vencedor.” (TNU, PEDILEF n.º
50009573320124047214, Juiz Federal Bruno Leonardo Câmara Carrá ,
DOU de 19/12/2014, pp. 277/424, sem grifos no original) 5. No caso
concreto, o benefício de aposentadoria híbrida por
idade foi negado à parte autora apenas em razão do
não exercício de atividade rural em regime de
economia familiar no período imediatamente
anterior à data de entrada do requerimento
administrativo (DER), o que vai de encontro à
diretriz de interpretação da lei federal estabelecida
pelos precedentes mencionados. 6. Inclusive, houve
o reconhecimento do exercício de atividades
rurais em regime de economia familiar durante o
período 01/01/1965 a 19/03/1978 (13 anos, 2
meses e 19 dias), que somado ao período de
exercício de atividade urbana reconhecido pela
instância ordinária (setenta e nove
contribuições) resulta no cumprimento de mais
do que os 174 (cento e setenta e quatro) meses
de contribuição indispensáveis no caso da parte
autora. 7. Assim, ressalvado o entendimento pessoal deste Relator e
adotando aquele dos precedentes acima descritos; em decorrência,
ainda, da aplicaçã o da Questã o de Ordem n.º 38 desta TNU, como já
houve instruçã o suficiente na instâ ncia ordiná ria, e considerando a
satisfaçã o de todos os requisitos necessá rios ao deferimento da
prestaçã o, o PEDILEF deve ser provido. 8. Por isso, deve-se conhecer do
PEDILEF, dar-lhe provimento, reformar a decisã o recorrida e cominar
ao INSS a obrigaçã o de conceder aposentadoria híbrida por idade à
parte autora, com data de início de benefício (DIB) em 06/09/2011
(DER), bem como a lhe pagar as parcelas atrasadas devidas desde a DIB
até a data de implantaçã o do benefício, acrescidas de correçã o
monetá ria e juros de mora, que devem respeitar as seguintes diretrizes:
a) até junho/2009, regramento previsto para correçã o monetá ria e juros
de mora no Manual de Orientaçã o de Procedimentos para os Cá lculos na
Justiça Federal para a classe da açã o; b) de julho/2009 e até
junho/2012, TR - Taxa Referencial (correçã o monetá ria) e 0,5% (meio
por cento) ao mês de juros de mora (art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97,
alterada pela Lei n.º 11.960/2009); e c) a partir de julho/2012, TR -
Taxa Referencial (correçã o monetá ria) e a taxa de juros aplicada à s
cadernetas de poupança (art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97, alterada pela Lei
n.º 11.960/2009 e Lei n.º 12.703/2012). Declara-se, desde logo, que
eventual coisa julgada material a ser formada em razã o da decisã o desta
TNU nã o alcançará a renda mensal inicial (RMI) da aposentadoria aqui
deferida, já que tal ponto nã o foi objeto de discussã o no processo. Sem
custas e sem honorá rios (art. 55 da Lei n.º 9.099/95).A Turma, por
unanimidade, conheceu do incidente de uniformizaçã o e, por maioria,
deu-lhe provimento nos termos do voto do(a) Juiz(a) Relator(a).
(PEDILEF 50006423220124047108, JUIZ FEDERAL MARCOS ANTÔ NIO
GARAPA DE CARVALHO, TNU, DOU 26/02/2016 PÁ GINAS 173/301.)
(grifado)

Nesse sentido é o entendimento adotado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª


Regiã o:

PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA POR IDADE. REQUISITOS LEGAIS.


COMPROVAÇÃ O. LEI Nº 11.718/2008. LEI 8.213, ART. 48, § 3º.
TRABALHO RURAL E TRABALHO URBANO. CONCESSÃ O DE BENEFÍCIO
A SEGURADO QUE NÃ O ESTÁ DESEMPENHANDO ATIVIDADE RURAL
NO MOMENTO DA IMPLEMENTAÇÃ O DOS REQUISITOS.
DESCONTINUIDADE. POSSIBILIDADE. 1. É devida a aposentadoria por
idade mediante conjugaçã o de tempo rural e urbano durante o período
aquisitivo do direito, a teor do disposto na Lei nº 11.718, de 2008, que
acrescentou § 3º ao art. 48 da Lei nº 8.213, de 1991, desde que
cumprido o requisito etá rio de 60 anos para mulher e de 65 anos para
homem. 2. Ao § 3º do artigo 48 da LB não pode ser
emprestada interpretação restritiva. Tratando-se de
trabalhador rural que migrou para a área urbana, o fato de
não estar desempenhando atividade rural por ocasião do
requerimento administrativo não pode servir de obstáculo à
concessão do benefício. A se entender assim, o trabalhador
seria prejudicado por passar contribuir, o que seria um
contrassenso. A condiçã o de trabalhador rural, ademais, poderia ser
readquirida com o desempenho de apenas um mês nesta atividade. Nã o
teria sentido se exigir o retorno do trabalhador à s lides rurais por
apenas um mês para fazer jus à aposentadoria por idade. 3. O que a
modificaçã o legislativa permitiu foi, em rigor, para o caso específico da
aposentadoria por idade aos 60 (sessenta) ou 65 (sessenta e cinco) anos
(mulher ou homem), o aproveitamento do tempo rural para fins de
carência, com a consideraçã o de salá rios-de-contribuiçã o pelo valor
mínimo no que toca ao período rural. 4. Nã o há, à luz dos princípios da
universalidade e da uniformidade e equivalência dos benefícios e
serviços à s populaçõ es urbanas e rurais, e bem assim do princípio da
razoabilidade, como se negar a aplicaçã o do artigo 48, § 3º, da Lei
8.213/91, ao trabalhador que exerceu atividade rural, mas no momento
do implemento do requisito etá rio (sessenta ou sessenta e cinco anos),
está desempenhando atividade urbana. 5. A denominada aposentadoria
mista ou híbrida, por exigir que o segurado complete 65 (sessenta e
cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta) anos, se mulher, em
rigor é uma aposentadoria de natureza urbana. Quando menos, para fins
de definiçã o de regime deve ser equiparada à aposentadoria urbana.
Com efeito, a Constituiçã o Federal, em seu artigo 201, § 7º, II, prevê a
reduçã o do requisito etá rio apenas para os trabalhadores rurais.
Exigidos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta)
anos, se mulher, a aposentadoria mista é, pode-se dizer, subespécie da
aposentadoria urbana. (TRF4, APELREEX 0015673-11.2010.404.9999,
Quinta Turma, Relator Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E.
18/10/2013) (grifado)

DIREITO PREVIDENCIÁ RIO. TEMPO RURAL. REGIME DE ECONOMIA


FAMILIAR. LABOR URBANO. APOSENTADORIA POR IDADE
HÍBRIDA. CONCESSÃ O. DIB NA DATA DO REQUERIMENTO
ADMINISTRATIVO. LEI Nº 11.960/09. CRITÉ RIOS DE ATUALIZAÇÃ O.
DIFERIMENTO PARA A FASE PRÓ PRIA (EXECUÇÃ O). CUMPRIMENTO
IMEDIATO DO ACÓ RDÃ O. 1. É devido o reconhecimento do tempo de
serviço rural, em regime de economia familiar, quando comprovado
mediante início de prova material corroborado por testemunhas. 2. Em
funçã o das inovaçõ es trazidas pela Lei nº 11.718/08, já nã o tã o recentes,
nem mais cabe indagar sobre a natureza jurídica da denominada
aposentadoria mista ou híbrida, pois se pode afirmar que se trata de
uma modalidade de aposentadoria urbana. Digo isso, pois nessa
modalidade o que ocorre, na verdade, é o aproveitamento do tempo de
labor rural para efeitos de carência, mediante a consideraçã o de
salá rios-de-contribuiçã o pelo valor mínimo. A reforçar isso, o § 4º, para
efeitos do § 3º, do aludido artigo, dispõ e que o cá lculo da renda mensal
do benefício será apurado em conformidade com o disposto no inciso II
do artigo 29 da mesma Lei. Ora, ao fazer remissã o a este artigo, e nã o ao
artigo 39 da Lei de Benefícios, somente vem a confirmar que se trata de
modalidade de aposentadoria urbana, ou, no mínimo, equiparada. 3.
Com efeito, conferindo-se o mesmo tratamento atribuído à
aposentadoria por idade urbana, nã o importa o preenchimento
simultâ neo da idade e carência. Vale dizer: a implementaçã o da carência
exigida, antes mesmo do preenchimento do requisito etá rio, nã o
constitui ó bice para o seu deferimento; da mesma forma, a perda da
condiçã o de segurado. 4. Computando a parte autora carência suficiente
e cumprido o requisito etá rio, é possível a concessão da
aposentadoria por idade híbrida com a soma do tempo
rural com o urbano, independente da categoria
profissional em que se encontrava quando do
requerimento administrativo ou último contrato de
trabalho, seja rural ou urbano . O termo inicial para os efeitos
financeiros é a data do requerimento administrativo, pois juntados os
documentos referentes ao labor rurícola e urbano, incumbindo ao INSS
realizar as inspeçõ es, diligências e instruçõ es necessá rias para o
deferimento da Aposentadoria por Idade. 5. Deliberaçã o sobre índices
de correçã o monetá ria e taxas de juros diferida para a fase de
cumprimento de sentença, a iniciar-se com a observâ ncia dos critérios
da Lei 11.960/2009, de modo a racionalizar o andamento do processo,
permitindo-se a expediçã o de precató rio pelo valor incontroverso,
enquanto pendente, no Supremo Tribunal Federal, decisã o sobre o tema
com cará ter geral e vinculante. Precedentes do STJ e do TRF da 4ª
Regiã o. 6.Mantida a antecipaçã o de tutela, pois presentes os requisitos
exigidos para o deferimento da tutela de urgência seja na forma do
CPC/73 ou no NCPC/2015 (TRF4 5002664-81.2016.404.9999, SEXTA
TURMA, Relator (AUXILIO SALISE) ÉZIO TEIXEIRA, juntado aos
autos em 25/04/2017)

Não bastasse, registre-se o teor da SÚ MULA 103 DO TRF4:

SÚ MULA 103 "A concessã o da aposentadoria híbrida ou mista, prevista


no art. 48, §3º, da Lei nº 8.213/91, nã o está condicionada ao
desempenho de atividade rurícola pelo segurado no momento
imediatamente anterior ao requerimento administrativo, sendo, pois,
irrelevante a natureza do trabalho exercido neste período."

Nesse diapasã o, denota-se que a súmula supracitada é um PRECEDENTE


VINCULANTE nos termos do art. 927, inciso V, do Có digo de Processo Civil.

Desta forma, verifica-se que OS PRECEDENTES JUDICIAIS DEVERÃO SER


FIELMENTE OBSERVADOS PELOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS, sobretudo porque a
interpretaçã o sistemá tica do ordenamento jurídico pá trio nã o deixa qualquer dú vida a
respeito da ilegalidade/inconstitucionalidade da inserçã o de norma que tenha por objetivo
deixar de observar os precedentes supramencionados.

Ademais, nos termos do art. 15 do códex referido, as disposiçõ es do Có digo de


Processo Civil serã o aplicadas supletiva e subsidiariamente nos processos administrativos.
Aliado a isso, a IN 77/2015 traz a seguinte previsã o normativa:

Art. 659. Nos processos administrativos previdenciários serã o


observados, entre outros, os seguintes preceitos:
[...]
II - atuação conforme a LEI e o DIREITO;

Trata-se de regra que deve ser interpretada extensivamente para concluir-se que é
omissa a decisã o que se furte em considerar qualquer um dos precedentes obrigató rios nos
termos do art. 927 do CPC.1

No mais, exatamente por ser obrigató ria a observâ ncia dos precedentes vinculantes,
os julgadores, independentemente de provocaçã o, deverã o conhecê-los de ofício, sob pena
de omissã o e denegaçã o de justiça.

Assim, resumidamente, bastam os seguintes requisitos para a concessã o da


aposentadoria por idade, nos moldes da Lei 11.718/08:

a) O implemento dos 65 anos de idade para os homens ou 61 anos de idade


para as mulheres em 2021;

b) O preenchimento do período de carência previsto no art. 142 da lei


8.213/91, podendo ser somado o tempo de serviço urbano ao rural,
conforme a nova redação do art. 48, § 3º, da Lei 8.213/91..

No caso em tela, a idade mínima foi completada em .................., momento em que o


Segurado completou ............ anos. No que concerne ao tempo de serviço urbano somado ao
rural, também se constata a implementaçã o, pois o Sr. ................................................... possui

1
..................................... de carênca, o que corresponde a mais de 180 meses exigidos para a
satisfaçã o da carência do benefício.

Em vista disso, oportuno tecer algumas consideraçõ es a respeito do período rural, O


Autor, nascido em 05 de janeiro de 1952, no município de ....................................... (certidã o de
casamento anexa), atualmente com sessenta e seis anos de idade, laborou na atividade
rural desde criança, juntamente com os seus pais, posteriormente casou a passou a
trabalhar com a esposa ....................................................... em regime de economia familiar durante
o período de .........................................

O autor exercia a atividade rural na propriedade de ........................................ (falecido),


localizado no povoado .............................., zona rural da cidade de ..............................., plantando
em 15 tarefas de terra como Comodatá rio.

O requerente plantava milho, feijã o, arroz, vale ressaltar que toda a produçã o
destinava-se para a subsistência do grupo familiar.

Em relaçã o a comprovaçã o da atividade rural para o benefício pleiteado é


realizada por meio de AUTODECLARAÇÃO ratificado por entidades pú blicas, conforme
Artigo 38-B da Lei n° 8.213/91, que foi alterado recentemente pela Lei n° 13.846/19.

Art. 38-B...

§ 2º Para o período anterior a 1º de janeiro de 2023, o segurado especial


comprovará o tempo de exercício da atividade rural por meio de autodeclaraçã o
ratificada por entidades pú blicas credenciadas, nos termos do art. 13 da Lei nº
12.188, de 11 de janeiro de 2010, e por outros ó rgã os pú blicos, na forma prevista
no regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Enquanto a autodeclaraçã o nã o for ratificada automaticamente será suprida


mediante a comprovaçã o de exercício da atividade rural, conforme artigo 106 da lei
8.213/91 e Artigos 47 e 54 da Instruçã o Normativa do INSS n° 77/2015.

Consta no processo os seguintes documentos que comprovam a atividade rurícola:


DOCUMENTO DATA DE EMISSÃO

Na via judicial temos os seguintes entendimentos que consolidam os documentos já


arrolados no processo:

Tema 2 TNU. No caso de aposentadoria por idade rural, a certidã o de casamento vale como
início de prova material, ainda que extemporâ nea.

Tema 18. TNU. A certidã o do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de
imó vel em nome de integrantes do grupo familiar do segurado é razoá vel início de prova
material da condiçã o de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade,
inclusive dos períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicaçã o da
Lei n. 8.213/91. Desnecessidade de comprovaçã o de todo o período de carência.

Súmula 6 TNU. A certidã o de casamento ou outro documento idô neo que evidencie a
condiçã o de trabalhador rural do cô njuge constitui início razoá vel de prova material da
atividade rurícola.

Súmula 14 TNU. Para a concessã o de aposentadoria rural por idade, nã o se exige que o
início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício.
Súmula 73 TRF4. Admitem-se como início de prova material do efetivo exercício de
atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do
grupo parental.

Súmula 577 STJ. É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento
mais antigo apresentado desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida
sob contraditó rio.

Destarte, registre-se que nos termos da Sú mula 6 da Turma Nacional de


Uniformizaçã o dispõ e que “a certidão de casamento ou outro documento idôneo que
evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova
material da atividade rurícola”.

Saliente-se, ainda, que para o reconhecimento do tempo de serviço do


trabalhador rural, não há exigência legal de que o documento apresentado como
início de prova material abranja todo o período que se quer comprovar. É preciso, no
entanto, que o início de prova material seja contemporâ neo aos fatos alegados e referir-se,
pelo menos, a uma fraçã o daquele período (STJ – AgRg no Resp. 1.320.089/PI 2012/0082
553-9, Rel. Min. Castro Meira, DJ 09/10/2012, T2 – Segunda Turma, Dje 18/10/2012).

Nesse sentido, a quantidade de provas materiais anexos ao processo revelaram-se


aptas a demonstrar que o Requerente efetivamente se dedicava à s lides campesinas, de
forma que executava o preparo do solo, efetuava o plantio e colheita dos produtos
cultivados por sua família, residindo na ZONA RURAL.

Em vista do exposto, é imperativo o reconhecimento do labor rural desempenhado


pelo Segurado, na qualidade de trabalhador rural em regime de economia familiar.

III – PEDIDOS

ANTE O EXPOSTO, requer:


a) A concessã o do benefício da Assistência Judiciá ria Gratuita, tendo em vista que o
Autor nã o tem como suportar as custas judiciais sem o prejuízo de seu sustento e de
sua família;

b) A citaçã o da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo,
apresente defesa;

c) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente o


documental e o testemunhal;

e) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊ NCIA, condenando o INSS a:

1. Reconhecer e computar para fins de carência na aposentadoria por idade híbrida o


período de ......................................., como tempo de serviço rural em regime de economia
familiar;

2. O reconhecimento de todos os períodos contributivos urbanos;

f) A concessã o do benefício da APOSENTADORIA PROGRAMADA (IDADE HÍBRIDA),


a partir da data do agendamento do requerimento administrativo (.......................).

g) A parte Autora renuncia expressamente aos valores que excederem o limite de 60


(sessenta) salá rios mínimos, definidos como teto fixador da competência dos Juizados
Especiais Federais, nos termos do artigo 3º da Lei nº 10.259/01.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Dar-se-á causa o valor de R$ .........................

Cidade e Data

Advogado
OAB n°

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