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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA ÚNICA

DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ........................

NOME DO CLIENTE, naturalidade, estado civil, profissã o, portador do RG


nº ................................., SSP/...., inscrito no CPF sob o nº .................................., residente e
domiciliado na Rua ..................., n°......, Bairro ................., na cidade de ..................., Estado
do ............, CEP ....................., representado neste ato por seus advogados (procuraçã o em
anexo) infra-assinado, com escritó rio profissional na AV. ..................., n°......., Bairro.............,
na cidade de ....................................., Estado do ................. com CEP. ................, endereço
eletrô nico ......................................................., onde recebe intimaçõ es e notificaçõ es, vem,
perante Vossa Excelência, propor:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE


APOSENTADORIA POR IDADE DO TRABALHADOR RURAL

Em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS), Autarquia Federal, com


sede na Praça ...................................., n° ........., na cidade de ..............................., Estado do ...........,
com CEP. ........................., pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos:
DOS FATOS

O Autor, nascido em ..........................., na cidade de ..................................... (certidã o de


casamento anexa), atualmente com sessenta anos de idade, laborou na atividade rural
desde criança, juntamente com os seus pais, posteriormente casou, e passou a trabalhar
em regime familiar com a esposa.

O Autor exerce a atividade rural na propriedade de ................................., localizado no


Fazenda .................................. na zona rural de .............................., plantando em 3,0 hectares de
terra com contrato de Comodato Rural.

O requerente planta milho, feijã o, vale ressaltar que toda a produçã o destina-se
para a subsistência do grupo familiar.

A despeito da existência de todos os requisitos ensejadores do benefício de


aposentadoria por idade do trabalhador rural, o Requerente, em via administrativa
(41/.............................), teve seu pedido indevidamente negado, sob a justificativa
infundada de falta de período de carência – nã o comprovou o efetivo exercício da
atividade rural.

Dessa forma, ante a negativa indevida do benefício de aposentadoria por idade do


trabalhador rural na esfera administrativa, a parte Autora ajuíza a presente demanda
visando garantir o seu direito ao benefício.

DO FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A pretensã o do Autor está fundamentada no art. 201, I, da Constituiçã o Federal, e


nos Arts. 39, 48 e 142 da Lei 8.213/91, encontrando-se presentes os requisitos exigidos
para a concessã o da aposentadoria rural por idade do trabalhador rural, a saber:
atividade rural pelo período da carência do benefício, a idade de 60 anos para homens e
55 para as mulheres.

Por outro lado, nã o é necessá rio que a prestaçã o da atividade rural seja contínua,
mas apenas que o segurado esteja trabalhando no campo no momento da aposentadoria
ou quando implementou os requisitos, conforme preceitua o § 2º do art. 48 da lei
8.213/91.
Neste sentido, pertinente destacar a jurisprudência do Tribunal especializado na
matéria, veja:

PREVIDENCIÁ RIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. BOIA-FRIA.


PESCADOR ARTESANAL. REQUISITOS LEGAIS. COMPROVAÇÃ O. INÍCIO DE
PROVA MATERIAL, COMPLEMENTADA POR PROVA TESTEMUNHAL.
DESCONTINUIDADE DO TRABALHO RURAL. POSSIBILIDADE. 1. Procede o
pedido de aposentadoria rural por idade quando atendidos os requisitos
previstos nos artigos 11, VII, 48, § 1º e 142, da Lei nº 8.213/91. 2. Comprovado
o implemento da idade mínima (sessenta anos para o homem e cinquenta
e cinco anos para a mulher) e o exercício de atividade rural, ainda que de
forma descontínua, por tempo igual ao número de meses
correspondentes à carência, é devido o benefício de aposentadoria rural
por idade à parte autora. 3. Considera-se comprovado o exercício de atividade
rural havendo início de prova material complementada por prova testemunhal
idô nea, sendo dispensá vel o recolhimento de contribuiçõ es para fins de
concessã o do benefício. 4. Havendo prova da atividade rural em período
imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou implemento do
requisito etá rio e equivalente a pelo menos um terço daquele relativo à
carência, deve ser admitido o direito à aposentadoria rural por idade com o
cô mputo de períodos anteriores descontínuos (art. 48, § 2º, e art. 143 da Lei
8.213/91) para fins de implemento da carência. (TRF4, APELREEX 0008972-
58.2015.404.9999, Quinta Turma, Relator José Antonio Savaris, D.E.
01/09/2015.

Caracteriza-se como segurado especial o produtor, residente no imó vel ou em


aglomerado urbano ou rural pró ximo ao imó vel, que explore atividades agropecuá ria em
á rea de até 4 (quatro) mó dulos fiscais, de seringueiro ou extrativista vegetal ou de
pescador artesanal, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com
auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cô njuges ou companheiros e
filhos maiores de 16 (dezesseis) anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem
(participaçã o ativa nas atividades rurais), comprovadamente, com o grupo familiar
respectivo (art. 11, inciso VII, da Lei n. 8.213/91).

Entende-se por regime de economia familiar a atividade em que o trabalho dos


membros da família é indispensá vel à pró pria subsistência e ao desenvolvimento
socioeconô mico do nú cleo familiar e é exercido em condiçõ es de mú tua dependência e
colaboraçã o, sem a utilizaçã o de empregados permanentes (art. 11, § 1º, da Lei n.
8.213/91).
Além de nã o se exigir deles vasta prova documental, os documentos apresentados
em nome de terceiros (pai, filho, marido, esposa, irmã o) sã o há beis à comprovaçã o do
trabalho rural desenvolvido por outros membros do grupo familiar. Documentos
anteriores ou posteriores ao período pleiteado também devem ser considerados início
de prova material, vez que o trabalho no campo, como se sabe, é contínuo.

Em relaçã o a comprovaçã o da atividade rural suficientes a carência para o


benefício pleiteado é realizada por meio de AUTODECLARAÇÃO ratificado por
entidades pú blicas, conforme Artigo 38-B da Lei n° 8.213/91, que foi alterado
recentemente pela Lei n° 13.846/19.

Art. 38-B...

§ 2º Para o período anterior a 1º de janeiro de 2023, o segurado especial


comprovará o tempo de exercício da atividade rural por meio de
autodeclaraçã o ratificada por entidades pú blicas credenciadas, nos termos do
art. 13 da Lei nº 12.188, de 11 de janeiro de 2010, e por outros ó rgã os pú blicos,
na forma prevista no regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.846, de 2019)

Enquanto a autodeclaraçã o nã o for ratificada automaticamente será suprida


mediante a comprovaçã o de exercício da atividade rural, conforme artigo 106 da lei
8.213/91 e Artigos 47 e 54 da Instruçã o Normativa do INSS n° 77/2015.

Consta no processo os seguintes documentos que comprovam a atividade rurícola:

DOCUMENTO DATA DE EMISSÃO


Citam-se, por oportuno, as seguintes Sú mulas da Turma Nacional de
Uniformizaçã o de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais – TNU e STJ, com as
quais concordamos inteiramente:

Tema 2 TNU. No caso de aposentadoria por idade rural, a certidã o de casamento vale
como início de prova material, ainda que extemporâ nea.

Tema 18. TNU. A certidã o do INCRA ou outro documento que comprove propriedade de
imó vel em nome de integrantes do grupo familiar do segurado é razoá vel início de prova
material da condiçã o de segurado especial para fins de aposentadoria rural por idade,
inclusive dos períodos trabalhados a partir dos 12 anos de idade, antes da publicaçã o da
Lei n. 8.213/91. Desnecessidade de comprovaçã o de todo o período de carência.

Súmula 6 TNU. A certidã o de casamento ou outro documento idô neo que evidencie a
condiçã o de trabalhador rural do cô njuge constitui início razoá vel de prova material da
atividade rurícola.

Súmula 14 TNU. Para a concessã o de aposentadoria rural por idade, nã o se exige que o
início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do
benefício.

Súmula 73 TRF4. Admitem-se como início de prova material do efetivo exercício de


atividade rural, em regime de economia familiar, documentos de terceiros, membros do
grupo parental.

Súmula 577 STJ. É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento
mais antigo apresentado desde que amparado em convincente prova testemunhal
colhida sob contraditó rio.

No caso em tela, todos os requisitos encontram-se presentes: a idade mínima de 60


anos e tempo de serviço rural superior à carência do benefício conforme vasta
documentaçã o de atividade rural, dessa forma, dessa forma, o Autor adquiriu o direito à
aposentadoria rural por idade do trabalhador rural.
DA DISPENSA DA AUDIÊNCIA

O Fó rum Nacional dos Juizados Especiais Federais - FONAJEF é um fó rum de


discussã o com objetivo de tratar sobre temas afetos aos juizados especiais federais
buscando aprimorar seu funcionamento por meio do debate a respeito das mais
diversas situaçõ es vivenciadas, os seus enunciados nã o possuem efeito vinculante, mas
servem para nortear os juízes. Nesse diapasã o foi apresentado o Enunciado 222,
vejamos:

Enunciado 222. É possível o julgamento do mérito dos pedidos de benefício


previdenciá rio rural com base em prova exclusivamente documental, caso seja
suficiente para a comprovaçã o do período de atividade rural alegado na petiçã o
inicial.

Esse entendimento da dispensa da prova oral e audiência no benefício rural


já vinha sendo aplicado em algumas regiões do Brasil. Dessa forma, solicitamos
que se o juízo entender que o processo já possui documentos suficientes para a
concessão do benefício pleiteado que seja dispensado a audiência.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

De acordo com a previsã o do art. 43 da Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais), salvo situaçõ es excepcionais, deverá ser atribuído apenas o efeito
devolutivo aos recursos inominados. Tal disposiçã o possui aplicaçã o aos Juizados
Especiais Federais, conforme disposto no art. 1º da Lei 10.259/01.

De qualquer forma, o Requerente necessita da concessã o do benefício em tela para


custear a pró pria vida. Vale ressaltar que os requisitos exigidos para a concessã o do
benefício se confundem com os necessá rios para o deferimento desta medida
antecipató ria, motivo pelo qual, em sentença, se tornará imperiosa a sua concessã o.

O cará ter alimentar do benefício traduz um quadro de urgência que exige pronta
resposta do Judiciá rio, tendo em vista que nos benefícios previdenciá rios resta intuitivo
o risco de ineficá cia do provimento jurisdicional final.

DOS PEDIDOS
ANTE O EXPOSTO, requer:

a) A concessã o do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, tendo em vista que o


Autor nã o tem como suportar as custas judiciais sem o prejuízo de seu sustento e de
sua família;

b) A citaçã o da Autarquia, por meio de seu representante legal, para que, querendo,
apresente defesa;

c) A produçã o de todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente o


documental e o testemunhal;

d) O deferimento da antecipação de tutela, com a apreciaçã o do pedido de implantaçã o


do benefício em sentença;

e) Dispensa da audiência em caso de concessã o do benefício baseado nas provas


existentes no processo;

f) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

1) Conceder ao Autor o BENEFÍCIO DA APOSENTADORIA POR IDADE DO


TRABALHADOR RURAL, a partir do requerimento administrativo
(......................), com a condenaçã o do pagamento das prestaçõ es em
atraso, corrigidas na forma da lei, acrescidas de juros de mora desde
quando se tornaram devidas as prestaçõ es.

f) A parte Autora renuncia expressamente aos valores que excederem o limite de 60


(sessenta) salá rios mínimos, definidos como teto fixador da competência dos Juizados
Especiais Federais, nos termos do artigo 3º da Lei nº 10.259/01.

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

Dar-se-á causa o valor de R$ .........................


Cidade e Data

Advogado

OAB n°

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