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CURSO DE FORMAÇÃO DE ADVOGADOS

PREVIDENCIARISTAS

SEGURADO ESPECIAL.

1. Idade mínima

Lei 8213/91. Art. 11, VII, 2. c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior
de 16 (dezesseis) anos de idade ou a este equiparado, do segurado de que
tratam as alíneas a e b deste inciso, que, comprovadamente, trabalhem com o
grupo familiar respectivo.

Súmula 5 TNU. A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o


advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode
ser reconhecida para fins previdenciários.

IN 77/2015. Art. 7. § 1º. O limite mínimo de idade para ingresso no RGPS do


segurado obrigatório que exerce atividade urbana ou rural, do facultativo e do
segurado especial, é o seguinte:
II - de 15 de março de 1967, data da vigência da Constituição Federal de 1967,
a 4 de outubro de 1988, véspera da promulgação da Constituição Federal de
1988, doze anos;

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE


CONTRIBUIÇÃO. ATIVIDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA
TESTEMUNHAL. IDADE MÍNIMA DE 12 ANOS. RECONHECIMENTO PARCIAL.
BENEFÍCIO INTEGRAL CONCEDIDO. DATA DE INÍCIO. CITAÇÃO. CORREÇÃO
MONETÁRIA. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REMESSA
NECESSÁRIA E APELAÇÃO DO INSS PARCIALMENTE PROVIDAS. 1 - A sentença
submetida à apreciação desta Corte foi proferida em 27/09/2012, sob a égide, portanto,
do Código de Processo Civil de 1973. No caso, a r. sentença reconheceu, em favor da
parte autora, tempo de serviço rural e concedeu a aposentadoria pretendida. Assim,
trata-se de sentença ilíquida e sujeita ao reexame necessário, nos termos do inciso I,
do artigo retro mencionado e da Súmula 490 do STJ. 2 - O art. 55, § 3º, da Lei de
Benefícios estabelece que a comprovação do tempo de serviço somente produzirá efeito
quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente
testemunhal. Súmula nº 149, do C. Superior Tribunal de Justiça. 3 - A exigência de
documentos comprobatórios do labor rural para todos os anos do período que se
pretende reconhecer é descabida. Sendo assim, a prova documental deve ser
corroborada por prova testemunhal idônea, com potencial para estender a aplicabilidade
daquela. Precedentes da 7ª Turma desta Corte e do C. Superior Tribunal de Justiça.
Tais documentos devem ser contemporâneos ao período que se quer ver comprovado,
no sentido de que tenham sido produzidos de forma espontânea, no passado. 4 - O C.
Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do julgamento do RESP nº 1.348.633/SP,
adotando a sistemática do artigo 543-C do Código de Processo Civil, assentou o
entendimento de que é possível o reconhecimento de tempo de serviço rural exercido
em momento anterior àquele retratado no documento mais antigo juntado aos autos
como início de prova material, desde que tal período esteja evidenciado por prova
testemunhal idônea. 5 - Quanto ao reconhecimento da atividade rural exercida em
regime de economia familiar, o segurado especial é conceituado na Lei nº 8.213/91
em seu artigo 11, inciso VII. 6 - É pacifico o entendimento no sentido de ser
dispensável o recolhimento das contribuições para fins de obtenção de benefício
previdenciário, desde que a atividade rural tenha se desenvolvido antes da
vigência da Lei nº 8.213/91. 7 - A documentação juntada é suficiente à
configuração do exigido início de prova material, devidamente corroborada por
idônea e segura prova testemunhal. 8 - A prova oral reforça o labor no campo, e
amplia a eficácia probatória dos documentos carreados aos autos, sendo possível
reconhecer o trabalho campesino no período de 10/10/1970 (quando o autor tinha
12 anos de idade) até 31/08/1979 (período que antecede o início do recolhimento
das contribuições previdenciárias). 9 - A respeito da idade mínima para o trabalho
rural do menor, é histórica a vedação do trabalho infantil. Com o advento da
Constituição de 1967, a proibição passou a alcançar apenas os menores de 12
anos, em nítida evolução histórica quando em cotejo com as Constituições
anteriores, as quais preconizavam a proibição em período anterior aos 14 anos.
10 - Já se sinalizava, então, aos legisladores constituintes, como realidade
incontestável, o desempenho da atividade desses infantes na faina campesina,
via de regra ao lado dos genitores. Corroborando esse entendimento, se
encontrava a realidade brasileira das duas décadas que antecederam a CF/67,
época em que a população era eminentemente rural (64% na década de 1950 e
55% na década de 1960). 11 - Antes dos 12 anos, porém, ainda que acompanhasse
os pais na lavoura e eventualmente os auxiliasse em algumas atividades, não se
mostra razoável supor pudesse o menor exercer plenamente a atividade rural,
inclusive por não contar com vigor físico suficiente para uma atividade tão
desgastante. 12 - Cumpre também reconhecer os períodos em que laborou na área
rural e passou a verter contribuições para a Previdência, que compreende o interregno
de 01/09/1979 a 31/12/1984, como restou demonstrado nos autos pelos comprovantes
apresentados às fls. 18/50. Apesar de não expressado no dispositivo da sentença, ao
realizar o somatório dos cálculos do tempo de serviço totalizando mais de 46 anos,
conclui-se que também houve tal reconhecimento, justificando a sua inclusão, de ofício,
no dispositivo desta decisão. 13 - Não é possível reconhecer atividade rural exercida
posteriormente ao advento da Lei de Benefícios sem o respectivo recolhimento das
contribuições previdenciárias. Com efeito, a dispensa de tais recolhimentos, conforme
disposto no § 2º do art. 55 da Lei nº 8.213/91, aplica-se ao tempo de labor rural exercido
antes da vigência do mencionado diploma legal. A partir de 24/07/1991, portanto, a mera
demonstração de que o autor atuava nas lides campesinas, sem a prova de que houve
a respectiva contribuição ao sistema da Previdência Pública, não autoriza seu cômputo
como tempo de serviço, para fins de concessão da aposentadoria. 14 - Quanto ao tempo
de serviço laborado entre 01/05/2003 a 07/11/2011, consoante CNIS anexo, que passa
a integrar a presente decisão, este resta incontroverso, portanto, sendo desnecessária
a sua chancela judicial. 15 - Somando-se o labor rural reconhecido nesta demanda
(10/10/1970 a 31/08/1979 e 01/09/1979 a 31/12/1984), aos períodos incontroversos
constantes do CNIS anexo, verifica-se que o autor contava com 40 anos, 7 meses e 2
dias de contribuição na data do ajuizamento (10/11/2011), o que lhe assegura o direito
à aposentadoria integral por tempo de contribuição, não havendo que se falar em
aplicação do requisito etário, nos termos do art. 201, § 7º, inciso I, da Constituição
Federal. 16 - O requisito carência restou também completado. 17 - O termo inicial do
benefício deve ser mantido na data da citação (18/01/2012), momento em que
consolidada a pretensão resistida. 18 - Correção monetária dos valores em atraso
calculada de acordo com o Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos
na Justiça Federal vigente quando da elaboração da conta, com aplicação do IPCA-E
nos moldes do julgamento proferido pelo C. STF, sob a sistemática da repercussão geral
(Tema nº 810 e RE nº 870.947/SE) e com efeitos prospectivos. 19 - Juros de mora,
incidentes até a expedição do ofício requisitório, fixados de acordo com o Manual de
Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, por refletir as
determinações legais e a jurisprudência dominante. 20 - Dispositivo da sentença
retificado de ofício. Apelação do INSS e remessa necessária parcialmente providas.
(TRF-3 - Ap: 00124861720134039999 SP, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL
CARLOS DELGADO, Data de Julgamento: 25/02/2019, SÉTIMA TURMA, Data de
Publicação: e-DJF3 Judicial 1 DATA:08/03/2019)

2. Descaracterização da condição de segurado especial

a) Outra renda do grupo familiar:

Súmula 41. TNU. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar


desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do
trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no
caso concreto.

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. O REGIME DE


ECONOMIA FAMILIAR SOMENTE RESTARÁ DESCARACTERIZADO SE A
RENDA OBTIDA COM A ATIVIDADE URBANA OU COM O BENEFÍCIO
URBANO FOR SUFICIENTE PARA A MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA, DE MODO
A TORNAR DISPENSÁVEL A ATIVIDADE RURAL, OU SE A RENDA
AUFERIDA COM ATIVIDADE RURAL NÃO FOR INDISPENSÁVEL À
MANUTENÇÃO DA FAMÍLIA. ACÓRDÃO REFORMADO. QUESTÃO DE
ORDEM 20. REMESSA DOS AUTOS À TURMA DE ORIGEM PARARE
ADEQUAÇÃO DO JULGADO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDO. (TNU - PEDILEF: 200783025015224 PE, Relator:
JUIZ FEDERAL JOSÉ EDUARDO DO NASCIMENTO, Data de Julgamento:
02/12/2010, Data de Publicação: DOU 24/05/2011 SEÇÃO 1)
b) Empregado permanente ou terra superior com tamanho maior que 4
módulos fiscais:

Lei 8213/91. Art. 11. V. a). como contribuinte individual: a) a pessoa física,
proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em
caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos
fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou
atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de
prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo;

c) Vínculo superior a 120 dias/ano.

Lei 8213/91. Art. 11. § 9°. Não é segurado especial o membro de grupo familiar
que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: III - exercício
de atividade remunerada em período não superior a 120 (cento e vinte) dias,
corridos ou intercalados, no ano civil,

d) Recebimento de benefício superior ao salário-mínimo.

Lei 8213/91. Art. 11. § 9°. Não é segurado especial o membro de grupo familiar
que possuir outra fonte de rendimento, exceto se decorrente de: I – benefício de
pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o
do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social.

3. Não perde a condição de segurado especial

Lei 8213/91. Art. 11. § 8°. Não descaracteriza a condição de segurado especial:

I – a outorga, por meio de contrato escrito de parceria, meação ou comodato, de


até 50% (cinquenta por cento) de imóvel rural cuja área total não seja superior a
4 (quatro) módulos fiscais, desde que outorgante e outorgado continuem a
exercer a respectiva atividade, individualmente ou em regime de economia
familiar.
II – a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com
hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano.
III – a participação em plano de previdência complementar instituído por entidade
classista a que seja associado em razão da condição de trabalhador rural ou de
produtor rural em regime de economia familiar;
IV – ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente
que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo;
V – a utilização pelo próprio grupo familiar, na exploração da atividade, de
processo de beneficiamento ou industrialização artesanal.
VI - a associação em cooperativa agropecuária ou de crédito rural
VII - a incidência do Imposto Sobre Produtos Industrializados - IPI sobre o
produto das atividades desenvolvidas nos termos do § 12.

§ 9o.. II – benefício previdenciário pela participação em plano de previdência


complementar instituído nos termos do inciso IV do § 8 o deste artigo.
IV – exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da
categoria de trabalhadores rurais;
V – exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a
atividade rural ou de dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente,
por segurados especial.
VIII – atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício
de prestação continuada da Previdência Social.

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