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PROCESSO Nº XXXXX-82.2016.5.02.0011
AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL – SENTENÇA ARBITRAL
MAYARA DOS REIS SANTOS, brasileira, casada, fisioterapeuta, inscrita no CPF/MF sob nº
287.193.278-62 e portadora do RG nº: XXXXX-SSP/SP, residente e domiciliada na Rua
Zuferey, 241, apartamento 204, bloco 3, Vila Progresso, Jundiaí/SP, CEP: 13202-265, vem,
respeitosamente perante Vossa Excelência, por sua advogada abaixo subscrita (doc.1),
apresentar
EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE
COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
em face de THAIS CRISTINA LOPES DA SILVA, exequente no processo supracitado,
lastreada no artigo 5º, incisos XXXV e LV da Constituiçã o Federal, e nos artigos 525 e 803,
inciso I, ambos do Có digo de Processo Civil, cujas disposiçõ es se aplicam subsidiariamente
a esta especializada, por força do artigo 769 da CLT.
DA MEDIDA PROCESSUAL ADEQUADA
É sabido que a Exceçã o de Pré-Executividade é uma excepcional possibilidade do executado
em promover a defesa de seus direitos e interesses, residindo a permissividade de sua
utilizaçã o na existência de vício atinente à matéria de ordem pú blica, desde que
concomitantemente haja presença de prova pré-constituída, sem dilaçã o probató ria, tendo
por escopo impedir que o executado se submeta a gravames decorrentes de atos
constritivos de uma execuçã o advinda de um título executivo eivado de vício quanto à sua
legalidade, entre outras matérias de ordem pú blica.
E é justamente o que ocorre no presente caso em relação à Excipiente MAYARA DOS
REIS SANTOS, a qual figura de forma indevida como Executada na presente Ação de
Execução.
Restará comprovado, através da presente Exceçã o de Pré-Executividade, bem como pelos
documentos que por esta se carreiam aos autos, que o termo da Sentença Arbitral que
fundamenta a presente Execuçã o foi firmado fora do prazo de até 2 (dois) anos, contados
da averbaçã o da saída da só cia retirante Mayara dos Reis Santos, prazo esse estipulado no
§ú nico do artigo 1.003 e no artigo 1.032, ambos do Có digo Civil Brasileiro e, ainda, no
artigo 10-A e respectivos incisos da CLT, para imputar a responsabilizaçã o do só cio apó s
sua retirada da sociedade.
Ou seja, o termo da Sentença Arbitral que fundamenta a presente Execução FOI
FIRMADO 2 ANOS E 3 MESES APÓS O REGISTRO DE RETIRADA DA EXCIPIENTE, ORA
EXECUTADA, razão pela qual esta não é parte legítima para figurar no polo passivo
da presente execução.
DOS FATOS E DO DIREITO
A Exequente Thais Cristina Lopes da Silva, ora Excepta, relata na exordial que é detentora
de título judicial consubstanciado em sentença arbitral, proferida pela Á rbitra Catherine
Angeramis Angelini, no qual transigiu com a empresa GIRAMUNDO COMÉRCIO DE
ROUPAS LTDA – ME, ora Executada, tendo ambas (Exequente e Executada) chegado a um
acordo, no qual ficou consignado que esta ú ltima pagaria à quela o montante de R$ 7.640,25
(sete mil seiscentos e quarenta reais e vinte e cinco centavos), referente as verbas apuradas
no TRCT, R$ 1.916,16 (mil novecentos e dezesseis e reais e dezesseis centavos), referentes
as competências do FGTS, bem como multa rescisó ria sobre seu saldo e R$ 443,59
(quatrocentos e quarenta e três reais e cinquenta e nove centavos), referente a gratificaçã o
por mera liberalidade da demandante para encerramento do contrato de trabalho.
Ocorre que, diante da ausência do pagamento avençado em sede de Sentença Arbitral, a
Exequente, ora Excepta, ingressou com a presente Açã o de Execuçã o, buscando o
pagamento de seu crédito.
Recebida a inicial de execuçã o, foi expedido o competente mandado de citaçã o, penhora e
avaliaçã o, a ser cumprido no endereço da Executada “Giramundo Comércio de Roupas
Ltda-ME”, CNPJ 12.XXXXX/0001-63, Avenida Nova Cantareira, 1748, Tucuruvi, Sã o
Paulo/SP, CEP: 02330-002, restando a diligência negativa, conforme certificado pelo Sr.
Oficial de Justiça em 06/06/2016 (ID. af1b8a2).
Diante da negativa da respectiva diligência, a Exequente, DE FORMA TOTALMENTE
ILEGAL, acabou noticiando ao juízo que “conseguiu obter informações dos sócios da
empresa reclamada”, e ali declinou o nome e endereço desta executada (ID. 27908c5 –
Págs.1 e 2), QUE É EX-SÓCIA DA EMPRESA EXECUTADA.
Art. 1.032. A retirada, exclusão ou morte do sócio, não o exime, ou a seus herdeiros, da
responsabilidade pelas obrigações sociais anteriores, até dois anos após averbada a
resolução da sociedade; nem nos dois primeiros casos, pelas posteriores e em igual
prazo, enquanto não se requerer a averbação.
A reclamante agrava de petiçã o à s fls. 138/144, insurgindo-se contra a decisã o de fl. 135
que julgou procedente a exceçã o de pré-executividade de fls. 71/73. Alega, em breve
síntese, que o ex-só cio deve responder pelos valores da execuçã o.
Subscritor legitimado à fl. 11.
Nã o houve apresentaçã o de contraminuta.
É o relató rio.
VOTO
1. Juízo de admissibilidade
Conheço do apelo, por regular e tempestivo.
2. Mérito
Insurge-se a agravante contra a decisã o de fl. 136 que julgou procedente a exceçã o de pré-
executividade oposta pelo ex-só cio, Sr. Fernando Jubram Kalache, alegando que este foi
só cio da executada durante parte do período do contrato de trabalho e deve responder
pelos valores nã o adimplidos pela pessoa jurídica. Afirma que os arts. 1003 e 1032 do
Có digo Civil nã o tem o condã o de afastar a obrigaçã o do ex-só cio, pois tratam da
responsabilidade dos só cios retirantes perante as obrigaçõ es de natureza civil, nã o se
aplicando à esfera trabalhista.
A responsabilidade do só cio retirante está delimitada nos artigos 1.003, pará grafo ú nico e
1.032 do Có digo Civil, dos quais se depreende que responde o cedente de quotas sociais
solidariamente com o cessioná rio perante a sociedade e terceiros, pelas obrigaçõ es que
tinha como só cio até dois anos depois de averbada a modificaçã o do contrato.
Verifica-se, assim, que a responsabilidade do só cio retirante tem um limite temporal e um
limite objetivo. O temporal refere-se aos dois anos depois de averbada a modificaçã o do
contrato, e o objetivo refere-se à s obrigaçõ es que tinha como só cio, considerando-se as já
existentes na data da retirada, nã o englobando as obrigaçõ es que surgiram apó s tal evento,
das quais nã o participou, nem se beneficiou.
No presente caso, a execuçã o decorre do nã o cumprimento do acordo celebrado à s fls.
68/69.
A ficha cadastral simplificada de fls. 114/115 revela que o Sr. Fernando Jubram Kalache,
ora recorrido, retirou-se do quadro societá rio da reclamada em 06/06/2011. A despeito do
contrato de trabalho ter se dado no período de 14/02/2010 a 10/03/2016, a presente açã o
foi ajuizada apenas em 08/06/2016, ou seja, apó s 05 anos da retirada do só cio.
Neste quadro, o agravado nã o pode responder pelos valores nã o adimplidos pela
reclamada.
Nego provimento
Do exposto, ACORDAM os Magistrados da 3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da
Segunda Regiã o em: conhecer e, no mérito, por unanimidade de votos, NEGAR
PROVIMENTO ao agravo de petiçã o interposto pela reclamante, nos termos da
fundamentaçã o do voto do Relator.
Presidiu o julgamento: a Exma. Desembargadora Rosana de Almeida Buono.
Tomaram parte no julgamento: o Exmo. Juiz Paulo Eduardo Vieira de Oliveira, a Exma.
Desembargadora Rosana de Almeida Buono e a Exma Desembargadora Kyong Mi Lee.
PAULO EDUARDO VIEIRA DE OLIVEIRA -JUIZ RELATOR
Ainda:
PROCESSO nº XXXXX-33.2007.5.02.0048 (AP)
AGRAVANTE: CLAUDIONISIO DE JESUS SOUZA
AGRAVADO: DIAS COMERCIO DE PRODUTOS ALIMENTICIOS LTDA - ME, RENATO
CANTERO DIAS, JOANA CANTERO DIAS