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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE ...

Autos nº ....
.... (nome da parte em negrito), já qualificado nos autos do processo sob o numero em
epigrafe, por sua procuradora que junta neste ato instrumento de procuraçã o, vem
respeitosamente a presença de Vossa Excelência para apresentar defesa na forma de
CONTESTAÇÃO À RECLAMATÓRIA TRABALHISTA
que lhe move ......... também já qualificado nos autos pelos fatos e fundamentos de direito
que a seguir passa a expor:
I - Dos Fatos e do Direito
1) Do Contrato de Trabalho
O Reclamante informa ter sido contratado em 01 de abril de 2010, exercendo entre outras
funçõ es, a de motorista de transporte escolar, percebendo um salá rio mensal fixo em R$
1.100,00 (hum mil e cem reais) (item 1).
Ocorre que alegaçã o de exercer mais de uma funçã o nã o merece prosperar, tendo em vista
contrato anexado aos autos, em que resta demonstrado que o Reclamante foi contratado
apenas para a funçã o de motorista, sendo que nas atividades da Reclamada sequer possui
outras atividades a serem exercidas, devendo o reclamante elencar tais outras atividades.
No item 07 da Exordial o Reclamante alega que jamais recebeu majoraçõ es salariais, o que
nã o condiz com a realidade, eis que o contrato de experiência anexado comprova que o
Reclamante foi contratado para laborar percebendo mensalmente R$ 860,00 (oitocentos e
sessenta reais), sendo que o valor do ú ltimo salá rio percebido foi de R$ 1.108,05 (hum mil
cento e oito reais e cinco centavos).
No item 2, § 2º, o Reclamante alega que seu ultimo dia de trabalho foi em 04 de março de
2013, sendo que a demanda foi proposta em 02 de abril de 2013.
Ocorre que a data de saída do Reclamante foi 20 de dezembro de 2012, sendo proposta a
açã o quase 04 meses depois.
O Reclamante em janeiro de 2013 gozaria de férias, sendo que nã o ocorreu, tendo em vista
que o Reclamante nã o retornou ao trabalho em janeiro e além de nã o dar nenhuma
satisfaçã o na empresa, também nã o atendeu todas as tentativas de contato realizadas pela
Reclamada.
Resta evidente que inverídicas todas as alegaçõ es do Reclamante, eis que seu contrato de
trabalho e a funçã o exercida sã o somente para motorista de transporte escolar, bem como
recebeu majoraçã o de salá rio, e ainda nã o se afastou em 04 de março como alega.
Assim, deve no caso em tela ser configurado o abandono de emprego, pelas razõ es e provas
que ora sã o produzidas e ainda serã o no decorrer da instruçã o processual.
Cabe ainda referir que em caso de remota possibilidade de nã o reconhecimento do
abandono o presente contrato deve ser rescindido por pedido de demissã o, eis que o
Empregador/Reclamada nã o deu causa para rescisã o indireta de contrato de trabalho e nã o
tinha a intençã o de demitir o empregado/Reclamante.
2) Do não cabimento da Rescisão Indireta (item 02 da Exordial)
Pleiteia o Reclamante a caracterizaçã o da rescisã o indireta do contrato de trabalho,
insurgindo-se pelo fato de supostamente nã o ter a Reclamada honrado com suas
obrigaçõ es como empregador, qual seja o pagamento de vá rias parcelas salariais, bem
como por alegar o nã o recebimento dos meses de janeiro e fevereiro de 2013.
Entretanto, nã o deve prosperar tal pedido, pois conforme se desprende dos contracheques
anexados a este instrumento, todos os salá rios do Reclamante foram devidamente pagos e
em dia, bem como o décimo terceiro salá rio (recebido adiantamento em novembro de 2012
e a restante em dezembro de 2012) e as férias com 1/3, correspondentes aos períodos
aquisitivo foram devidamente pagas, conforme documentaçã o acostada.
Quanto ao nã o pagamento dos salá rios de janeiro e fevereiro estes sã o incabíveis requerer,
eis que seu ultimo dia de trabalho foi em 20 de dezembro de 2012, ou seja, o Reclamante
nã o pode requerer salá rios dos meses em que sequer trabalhou. O Reclamante
simplesmente parou de trabalhar em 20 de dezembro, sem mais retornar e nã o atender aos
inú meros contatos realizados pela Reclamada.
Cabe aqui ressaltar que o período de 20 de dezembro até o inicio de janeiro é realizado
recesso escolar, sendo que nenhum funcioná rio presta serviços, porem recebe seu salá rio,
como aqui comprovado.
Para que se possa caracterizar a rescisã o indireta do contrato de trabalho, o empregado
deve denunciá -lo em juízo logo apó s deixar a empresa, o que nã o ocorreu no caso em tela,
eis que a denuncia em juízo se deu quase 04 (quatro) meses depois.
A alegaçã o de que seu ultimo dia de trabalho foi em 04 de março de 2013 é inverídica e
será comprovada por meio de prova testemunhal, pois do abandono de emprego sem
qualquer aviso prévio ao Empregador/Reclamada, até a propositura da presente demanda
se deu um lapso temporal de 04 (quatro) meses como referido supra, sendo que resta
configurado que qualquer direito, se existisse, de requerimento de rescisã o indireta do
contrato de trabalho, nã o assiste o Reclamante.
O empregado, quando entende por rescindir indiretamente o contrato, deve, tã o logo se
retire do serviço, solicitar judicialmente a rescisã o indireta, sob pena de perder o direito e
ser declarado o abandono de emprego, senã o vejamos o entendimento:
[...]RESCISÃO INDIRETA. Quando o trabalhador objetiva dar por rescindido
indiretamente o contrato de emprego, deve denunciá-lo em juízo tão logo retire-se da
empresa. Não é o que ocorre "in casu", já que o empregado deixa o serviço em 06.09.96,
segundo consta na inicial, e ajuíza ação, na qual pleiteia a desconstituição da relação de
emprego, somente em 05.02.97. Assim como o empregador, uma vez cometida a falta
grave pelo empregado, deve puni-lo tão logo tome ciência daquela, sob pena de
configurar se o perdão tácito, da mesma forma o empregado, quando entende por
rescindir indiretamente o contrato, deve, tão logo se retire do serviço, solicitar
judicialmente a decretação da rescisão indireta, sob pena de descaracterizar-se a
imediatidade ou a atualidade da falta. A demora no ajuizamento da ação faz crer que as
faltas patronais foram perdoadas pelo empregado. Apelo provido, sendo indevidas as
rescisórias deferidas (aviso prévio, férias proporcionais, natalina proporcional, multa de 40%
do FGTS e liberação do FGTS). [...](Acórdão do Processo nº 00096.751/97-5 (RO) - TRT 4ª R,
data de publicação: 30.08.1999, Juiz Relator: Denise Maria de Barros) (grifo meu)
Ainda, necessita o empregado que objetiva ter seu contrato rescindido indiretamente,
notificar o empregador, fato este que jamais ocorreu, demonstrando nitidamente que o
Reclamante abandonou seu emprego por motivos pró prios, sem que o Reclamado desse
causa para isto.
Veja bem Excelência, o empregado tem o dever de notificar o empregador dos
motivos que o levou a rescindir o contrato indiretamente, caso contrário,
possibilitará à empresa considerar a sua ação como abandono de emprego.
Com respeito, peço Vênia para colacionar a este instrumento trecho do julgado supra
colacionado, em que esclarece que, devido ao grande lapso temporal entre o tempo em que
o Reclamante deixou o emprego e o ajuizamento da demanda, caracteriza o abandono de
emprego, e nã o rescisã o indireta, se nã o vejamos:
[...] “Portanto, declara-se insubsistente a rescisão indireta, reputando-se, considerado o
elevado lapso temporal existente entre a saída da empresa e o ajuizamento da ação,
que o autor abandonou o emprego, tal qual refere a defesa da reclamada. Absolve-se
esta, por conseguinte, do pagamento das verbas rescisórias decorrentes da despedida indireta
(aviso prévio, férias proporcionais, natalina proporcional, liberação do FGTS e multa de
40%).”
A Reclamada sempre pagou em dia os salá rios de seus funcioná rios, depositou as parcelas
de FGTS, bem como pagou devidamente o décimo terceiro salá rio, remunerou devidamente
o empregado em suas férias, onde se inclui o 1/3 constitucional, de maneira que, ao sumir
por tanto tempo, sem deixar nenhuma notificaçã o ao empregador, é por ó bvio que se
caracteriza de abandono de emprego, requerendo apenas a rescisã o indireta para
beneficiar-se em proveito de outrem, auferindo para si valores indevidos.
Corroborando com este sentido que colaciona-se trecho da decisã o proferida pelo TRT4,
acerca da descaracterizaçã o da rescisã o indireta, devido ao lapso temporal em que o
empregado deixou o serviço, sem propor a açã o, caracterizando assim o abandono de
emprego, se nã o vejamos:
[...] 2. RESCISÃO INDIRETA - A ré não se conforma com o reconhecimento da rescisão
indireta do contrato de trabalho com o consequente pagamento das verbas rescisórias. Aduz
que o autor ajuizou a presente demanda em 16-3-2011, confessando, na petição inicial,
que se afastou do serviço em fevereiro de 2011, sem, no entanto, ter comunicado
expressamente a ré. Diz que, passados mais de 30 dias da ausência injustificada do
autor, procedeu a sua dispensa por justa causa, por ato de abandono de emprego. Busca a
reforma da sentença a fim de que se declare a configuração do abandono de emprego por
parte do autor, sendo absolvida da condenação imposta. [...] Cumpre asseverar, também, que
para tipificar abandono de emprego, segundo VALENTIN CARRION in Comentários
àconsolidação das leis do trabalhoo - 32ª Edição, 2007, editora Saraiva, p. 384: Há
necessidade de: a) ausência injustificada; b) mais ou menos longa (a jurisprudência fixa
em 30 dias), mas pode ser inferior, se houver outras circunstâncias evidenciadoras (ex:
exercício de outro emprego); c) intenção de abandono (em 30 dias), presume-se; é do
empregado ônus da prova em contrário; antes desse prazo a presunção é que de não houve
abandono, e o ônus da prova pertence ao empregador (TST, 3ª T., RR 4.037/70, AC. 84/71,
LTr 35/532, 1971; também Russomano, ob. Cit.). De outra parte, não há qualquer prova
nos autos de que o autor tenha notificado a ré pela prática acima noticiada em vista de
obter a rescisão indireta do seu contrato de trabalho. Pelo contrário, ele realmente
admite, na petição inicial, que deixou de comparecer ao trabalho desde fevereiro de 2011 (fl.
03), ao passo que a ré demonstra ter tentado notificá-lo acerca do imediato comparecimento
ao estabelecimento, no prazo de 24 horas, para justificar suas faltas no período de 01-02-
2011 a 01-3-2011, sob pena de caracterização de abandono de emprego, consoante o
documento da fl. 61. Todavia, se constata que tal correspondência não foi recebida pelo
demandante, cujo motivo seria "destinatário ausente" (fl. 65). [...] Como a presente
reclamatória trabalhista foi ajuizada somente em 16-3-2011, resta caracterizada a
ausência de imediatidade da comunicação pretendida pelo autor, no que tange à
rescisão indireta do contrato de trabalho, pois o ajuizamento da ação ocorreu após o
decurso de 30 dias necessários à configuração do abandono de emprego. Portanto, é
incontroversa a data de seu afastamento da empresa (01-02-2011), não tendo
prestado mais trabalho à ré desde então - gerando daí, frente às disposições do inciso
IV do artigo2122 doCódigo Civill, presunção de veracidade das alegações declinadas
na defesa, de que houve o alegado abandono de emprego. Dá-se provimento ao recurso
ordinário da ré para reconhecer a despedida por justa causa decorrente de abandono de
emprego e, por conseguinte, absolvê-la da condenação ao pagamento das verbas rescisórias
deferidas na origem. (Acórdão do processo 0000287-05.2011.5.04.0013 (RO) Redator: CLÓVIS
FERNANDO SCHUCH SANTOS; Participam: LEONARDO MEURER BRASIL, REJANE SOUZA
PEDRA; Data: 26/07/2012 Origem: 13ª Vara do Trabalho de Porto Alegre)(grifo meu)
A Reclamada tentou por diversas vezes através de ligaçõ es telefô nicas localizar o
Reclamante, bem como foi por diversas vezes até a residência deste para entender qual o
motivo de sua ausência injustificada, eis que estava combinado que o Reclamante gozaria
férias em janeiro de 2013 e sequer compareceu para receber o salá rio de férias, porem nã o
logrou êxito.
Desta forma, resta comprovado que a rescisã o do contrato de trabalho por justa causa,
devido ao abandono do emprego, é medida necessá ria, nã o podendo assim requerer o
Reclamante as verbas provenientes de uma rescisã o indireta, eis que nã o faz jus.
3) Do horário de intervalo (item 08 da exordial)
A cerca do horá rio de intervalo, alega a Reclamante que nunca gozou de seu horá rio de
intervalo, lanchando rapidamente por nã o mais que 15 minutos por dia (item 8).
Ocorre que este fato nã o condiz com a realidade pois, haja vista ter sido contratado para ser
motorista de transporte escolar, por ó bvio que o Reclamante nã o trabalhava sem períodos
para descanso, ou seja, apó s realizar sua funçã o, o Reclamante gozava livremente do seu
horá rio de intervalo, inclusive efetuando mais de uma hora de almoço.
O Reclamante tinha intervalo de 04 (quatro) horas diá rias, sendo duas no turno da manhã ,
e duas no turno da tarde. Seu intervalo de almoço era entre as 13 e 15 horas.
Resta evidente que tal requerimento nã o deve prosperar.
4) Do FGTS (item 03 da Exordial)
O Reclamante insurge-se alegando que os valores referentes ao FGTS nã o foram recolhidos,
porem Incabível tal alegaçã o, haja vista que a Reclamada depositou mensalmente os
valores.
Quanto ao requerimento de deposito de multa de 40% este é descabido, eis que somente é
devido quando ocorre a demissã o sem a caracterizaçã o de justa causa, o que nã o ocorre no
caso concreto, tendo em vista que, o lapso temporal entre o ultimo dia trabalhado e a
propositura da presente demanda demonstra que o Reclamante abandonou
injustificadamente seu labor, sem prévia notificaçã o ao empregador, bem como sem a
existência de motivos para tal rescisã o.
Desta forma, nã o há que se falar em pagamento de qualquer parcela de FGTS, eis que
devidamente pagas e comprovadas, bem como nã o há que se falar em multa de 40% de
FGTS, eis que no caso concreto ocorreu o abandono de Emprego.
5) DoPISS (item 04 da Exordial)
O Reclamante teve seu nome incluído devidamente, nã o acarretando assim nenhum
prejuízo, diferentemente do que tenta aduzir, nã o carecendo de indenizaçã o por este
motivo, haja vista o Reclamado nã o ter infringido com este dever.
Ademais deverá o Reclamante comprovar que sofrer alguma lesã o por tal motivo, ô nus que
lhe incumbe, eis que aqui se nega qualquer possibilidade de irregularidade à prejudicar o
Reclamante.
6) Do 13º Salário (item 06 da Exordial)
Insurge o Reclamante que ainda nã o lhe foi pago o décimo terceiro salá rio do ano de 2012,
alegaçã o descabida, haja vista que conforme documentos acoplados a este instrumento
restam comprovados que no mês de novembro de 2012 o Reclamante recebeu o
adiantamento desta parcela, bem como em dezembro recebeu o restante do valor devido,
documentos estes devidamente assinados pelo Reclamante.
Assim, fica demonstrado que mais uma das alegaçõ es infundadas do Reclamante para
auferir lucro indevidamente nã o deve prosperar.
7) Do Salário (item 05 da Exordial)
Carece de argumentos o Reclamante ao alegar que jamais recebeu majoraçõ es salariais,
haja vista que em seu contrato de trabalho que se iniciou em abril de 2010, como motorista,
percebia o valor de R$ 860,00 (oitocentos e sessenta reais), sendo que em dezembro de
2012 seu salá rio base era de R$ 1.108,05 (hum mil cento e oito reais e cinco centavos).
Ademais, nã o condiz com a verdade a alegaçã o de que o Reclamante nã o percebia
mensalmente sequer o piso base dos motoristas, pois conforme tabela do piso salarial dos
motoristas, (anexa) resta demonstrado que, por se tratar de motorista de transporte
escolar o Reclamante preenche a caracterizaçã o de motorista SETOR ENSINO, recebendo
desde a contrataçã o, e por todo o período em que trabalhou para a Reclamada, valor
superior ao de sua categoria.
Cabe referir que em 2010 o salá rio base do motorista para o setor de ensino que dirige
micro-ô nibus e vans era de R$ 735,25 (setecentos e trinta e cinco reais e vinte e cinco
centavos), sendo notó rio assim que ao ser contratado em abril de 2010, percebia R$ 55,00
(cinquenta e cinco reais) a mais do que a sua categoria base.
Deste modo, inexiste dever de indenizar por qualquer diferença salarial, eis nã o existirem.
8) Das Horas Extras (item 08, § 2º da Exordial)
O Reclamante alega que trabalhava, das 06 horas e 50 minutos até as 24 horas, sem
intervalo para descanso.
O horá rio de trabalho do Reclamante era das 7 horas e 15 minutos até as 18 horas e 30
minutos, com 04 (quatro) horas de intervalo.
A atividade exercida pelo Reclamante era de transporte de criança, sendo que o horá rio
efetivo de trabalho era nos horá rios escolares, ou seja, evidente que possuía um intervalo
de 04 horas diá rias, o que nã o configura horas extras pleiteadas.
Ainda, cabe frisar que nã o trabalhava até as 24 horas, eis que crianças nã o sã o
transportadas da escola nesse horá rio, assim, sendo, é ô nus do Reclamante a comprovaçã o
de que trabalhava até as 24 horas.
A alegaçã o de que trabalhou diariamente, e de forma consecutiva, sem descanso, nã o
condiz com a realidade. O Reclamante nunca trabalhou 19 horas diá rias, pois trabalhar por
este período consecutivamente é sobre humano, bem como por nã o ser concebível que um
trabalhador labore durante praticamente dois anos, de segundas a sextas-feiras por 19
horas, restando assim notó rio que exacerbadamente exagerada alegaçã o das horas extras
trabalhadas.
Sendo assim, o ora Reclamante, nã o possui horas extras a serem remuneradas pela
Reclamada, nã o cabendo o pedido de horas extras sob o valor ganho pelo período de
serviço, nã o sendo possível a incidência assim, sob férias com 1/3, 13º salá rios entre outros
requeridos.
9) Das Férias (item 09 da Exordial)
Conforme se depreende dos documentos juntados, observa-se que o Reclamante recebeu as
férias referentes ao período trabalhado de 2010 a 2011, diferentemente do que alega em
sua reclamató ria.
O Reclamante nã o recebeu o valor referente à s férias de 2011 a 2012, pois ao desaparecer
do seu labor cotidiano, ficou a Reclamada impossibilitada de lhe fornecer o valor devido à s
férias deste período.
Assim, resta demonstrado que todos os pagamentos referentes as férias foram
devidamente realizados.
10) Da impossibilidade do Salário In Natura (item 10)
A alegaçã o de que o Reclamante foi obrigado a ficar com o veiculo em sua residência
durante os finais de semana e feriados nã o condiz com a realidade fá tica, haja vista o
mesmo ter solicitado a Reclamada que o veiculo permanecesse consigo para que assim nã o
necessitasse se deslocar da sua residência até o local em que estaria o veiculo para iniciar
seu labor.
A finalidade de deixar o veiculo na residência do Reclamante era pra beneficio do pró prio
Reclamante.
Desta forma, incabível o requerimento do Reclamante em ter o veículo que dirigia
acrescido em seu salá rio, para fim de reajustes, como salá rio in natura.
A doutrina estabeleceu um critério para poder verificar quando a prestaçã o fornecida pelo
empregador caracteriza-se como salá rio in natura ou nã o. Para tanto, colaciono trecho do
livro do procurador do Trabalho da PRT da 6ª Regiã o, o doutrinador Renato Saraiva, se nã o
vejamos:
[...] – Ao contrário, se a utilidade for fornecida para a prestação de serviços, estará
descaracterizada a natureza salarial. [...] (Direito do Trabalho, versão universitária, ano
2008, p. 234).
Sendo assim, o veículo que o Reclamante dirigia, era com um ú nico proposito, qual seja,
exercer sua funçã o de motorista, de modo a nã o poder ser caracterizado como salá rio in
natura.
Desta forma, por ter o veículo sido fornecido para o Reclamante apenas para exercer seu
trabalho, nã o para outros fins, incabível alegar que este integre o salá rio, como requereu.
11) Da impossibilidade de Resilição e Multa do artigo 477 da CLT
Requer o Reclamante que lhe sejam pagas as parcelas referente à resiliçã o, alegando para
tanto que as mesmas nã o lhe foram pagas ate o momento, cabendo assim incidir a multa do
art. 477, § 8º da CLT.
Ocorre que esta pretensã o nã o merece prosperar, haja vista que a resiliçã o é caracterizada
quando ambas as partes, ou apenas uma delas pretende desfazer o contrato.
Entretanto, para que a resiliçã o do Reclamante restasse comprovada, este deveria ter
notificado a outra parte de sua decisã o, qual seja a rescisã o do seu contrato de trabalho,
conforme preceitua o art. 473, da CLT.
Por nã o ter o Reclamante devidamente notificado a Reclamada da sua vontade em desfazer
o contrato de trabalho, incabível requer multa do art. 477, § 8º da CLT, haja vista que o
lapso temporal desde a ú ltima vez em que foi trabalhar até a propositura da presente açã o
configura o abandono de emprego, como relatado supra, sendo assim impossível requerer
tal indenizaçã o, haja vista a Reclamada ter por diversas vezes tentado localizar o
Reclamante com intuito de esclarecer o ocorrido e pagar as férias que seriam gozadas em
janeiro e se fosse o caso, o que nã o tinha conhecimento, de pagar a rescisã o.
12) Dos salários de Janeiro e Fevereiro de 2013 (item 12 da Exordial)
Como supra referido, descabido requerer salá rios dos meses de Janeiro e Fevereiro de
2013 sendo que Reclamante sequer trabalhou nos meses citados.
O Reclamante deixou de trabalhar no dia 20 de dezembro, sendo que jamais retornou a
empresa posteriormente para trabalhar, nã o sendo possível assim requerer salá rio de
meses que nã o exerceu seu labor.
13) Das Guias de Seguro Desemprego (item 13 da Exordial)
Nã o existem guias à serem entregues referente ao seguro desemprego, assim nã o merece
guarida, pois a Reclamada nã o reincidiu o contrato com o Reclamante, bem como nã o lhe
deu motivos para que viesse pedir a rescisã o indireta, já que cumpriu com sua parte
contratual, nã o sendo plausível de recebimento das guias para encaminhar seguro
desemprego.
14) Do não cabimento de Dano Moral (Item 14 da Exordial)
Para que haja o dever de reparar há que estar presente a conduta culposa do agente pela
prá tica de um ato ilícito, o dano suportado pela vítima e o nexo causal.
No caso concreto, inexiste qualquer ato culposo da Reclamada, haja vista que, conforme
documentos em anexos, este sempre pagou o Reclamante em dia, bem como nunca deixou
de pagar qualquer mês de serviço.
Desta forma, descabida pretensã o de auferir danos morais, restando assim, evidente que
sua intençã o era perquirir enriquecimento ilícito em detrimento de outrem.
Para ensejar o Dano Moral, imprescindível sua comprovaçã o, o nexo causal entre o ato
ilícito do Reclamado em desfavor do Reclamante, colacionando neste sentido
jurisprudência majoritá ria em que, inexistindo um dos fatores referido, descaracterizado
resta o Dano Moral, se nã o vejamos:
Ementa:[...] DANO MORAL. Para averiguação do dano moral, é preciso observar que deve
estar fundamentado na firme comprovação de danos aos direitos relacionados à intimidade, à
vida privada, a honra e a imagem da obreira, ser irrefutável a relação de causalidade entre o
eventus damni e a conduta do empregador, que agiu de maneira intencional, ou que, agindo
com negligência ou imprudência, deu causa ao dano suportado pelo empregado. Assim,
descabido o dano moral ante a insuficiência de comprovação de sua ocorrência, qual seja
demonstrar devidamente o nexo causal e o dano efetivamente sofrido. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. Não satisfeitos os requisitos das Súmulas 219 e 329 do TST, é incabível a
condenação em honorários advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente provido. (TRT-16
714200900716001 MA 00714-2009-007-16-00-1, Relator: JAMES MAGNO ARAÚJO FARIAS,
Data de Julgamento: 18/05/2010, Data de Publicação: 31/05/2010)
Assim, resta demonstrado que a indenizaçã o pretendida nã o é devida, haja vista a
Reclamada nã o ter dado causa a nenhum constrangimento, humilhaçõ es entre outras
situaçõ es que poderiam ensejar a indenizaçã o.
15) Honorários Advocatícios
Tratando-se de litígio decorrente da relaçã o de emprego, nos termos da Instruçã o
Normativa n.º 27/2005 do TST, nesta Justiça Especializada, os honorá rios advocatícios
previstos na Lei n.º 1.060/50, sã o disciplinados na Lei n.ª 5.584/70.
Nã o preenchidos os requisitos do art. 14 da referida lei, uma vez que nã o consta dos autos
credencial sindical, nã o faz jus o Reclamante ao pagamento de honorá rios advocatícios.
Aplicaçã o ao caso do entendimento consubstanciado nas Sú mulas n.º 219 e 329 do TST.
Assim, requer seja indeferida a condenaçã o de honorá rios advocatícios.
II- Da Impugnação Dos Pedidos
Impugna-se TODOS os pedidos do Reclamante eis que manifestamente improcedentes nã o
merecendo guarida inclusive o pedido de Dano moral.
III – Dos Requerimentos
a) Isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente Contestação, bem
como sua apreciaçã o para julgar Improcedente a presente demanda, com extinçã o do feito
com resoluçã o de mérito, dando-se por extinto o contrato de trabalho por abandono de
emprego, bem como condenando o Reclamante ao pagamento das custas processuais;
Outrossim, se o entendimento nã o for pela caracterizaçã o do abandono de emprego, que o
contrato de trabalho se de por rescindido por pedido de demissã o;
b) Protesta por todos os meios de prova em direito admitido, em especial depoimento
pessoal do Reclamante e testemunhal, bem como pericial;
c) Impugna-se o pedido de Assistência Judiciá ria, eis que o Reclamante nã o cumpre com os
requisitos legais para tal concessã o;
d) No que tange aos honorá rios assistenciais, nota-se que o procurador da Reclamante nã o
cumpre os requisitos legais para tal recebimento restando que diante do jus postulandi
inexiste a figura dos honorá rios de sucumbência;
e) Postula-se seja aplicado, ao pedido de assistência e honorá rios assistenciais, o quanto
determinado nos artigos 14 e seguintes, da Lei 5584/70, bem como sumulas 219 e 329 do
E. TST;
f) Postula ainda em caso de condenaçã o a compensaçã o de todos os valores devidamente
pagos.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
... (Município – UF), ... (dia) de ... (mês) de ... (ano).
ADVOGADO
OAB nº .... - UF
http://modelo.legal/modelo-contestacao-assedio-moral-cc-rescisao-indireta/

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