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Avicii, metalúrgico, residente em Carapicuíba, foi contratado pela empresa

Hardwell LTDA para trabalhar na filial localizada em Osasco, em 1 de abril de


2010. A contratação ocorreu em Barueri, local onde está situada a matriz da
empresa. Foi despedido em 25 de abril de 2011, sob a alegação de justa
causa, ocasião em que recebia salário mensal de R$1200,00. Nada mais lhe
foi pago a titulo de verbas rescisórias.
EXCELENTISSÍMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA __ VARA DO
TRABALHO DE OSASCO, ESTADO DE SÃO PAULO.

AVICII..., brasileiro,... Metalúrgico, nascido em ..., nome da mãe ..., inscrito ao


CPF sob o nº ..., e RG nº ..., CTPS nº ..., PIS/PASEP/NIT nº ..., domiciliado e
residente a rua ..., nº ..., na cidade de Carapicuíba/SP, CEP nº ..., por meio de
seus procuradores, ut instrumento de mandato anexo, vem a presença de
Vossa Excelência, propor com fulcro no artigo 840, § 1 º e artigo 852 ambos
da CLT c/c artigo 319 do CPC, aplicado subsidiariamente ao Processo do
Trabalho por força do artigo 769 da CLT e artigo 15 do CPC.

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PELO RITO SUMARÍSSIMO

Em face de HARDWELL Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o nº..., com sede na rua..., nº... Bairro..., na cidade de Barueri/SP,
cep nº ..., pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

1. PRELIMINARMENTE

1.1 DA JUSTIÇA GRATUITA

Preliminarmente o reclamante requer que lhe seja


concedida o beneficio da justiça gratuita, visto que não possui condição
financeira suficiente para suportar as despesas processuais, nos termos do
artigo 5º, LXXIV, da Constituição Federal , e da lei nº1060/50.

2 – DA SÍNTESE DO CONTRATO DE TRABALHO


O reclamante foi contratado pela reclamada em
01/04/2010, para exercer a função de metalúrgico, percebendo mensalmente o
importe de R$1200,00.
A contratação ocorreu na sede da empresa localizada na
cidade de Barueri, estado de São Paulo, para a realização do trabalho na filial
da reclamada localizada em Osasco/SP.
O reclamante foi despedido com justo motivo em
25/04/2011. Ocorre que, em razão da rescisão contratual os seus direitos
trabalhistas não foram observadas pelo reclamado, razão pela qual propõe a
presente relação trabalhista.

3. DO SALDO DE SALÁRIO

O reclamante, como já dito outrora, foi contratado no dia


01/04/2010 recebendo seus vencimentos mensais nos primeiros doze meses
subsequentes.
Ocorre que, o reclamante trabalhou exatos doze meses e
vinte quatro dias seguidos, ocasião em que veio a ser despedido em
25/04/2011.
O valor da hora trabalhada pelo reclamante perfaz o valor
de R$40,00, sendo assim, faz jus ao pagamento do saldo de salário no valor
total de R$960,00.
Sobre o tema em questão ensina o renomado doutrinador
Mauricio Godinho Delgado;

Assim, se houver férias simples ainda não gozadas, deverão ser


pagas no acerto rescisório. Igualmente, o saldo de salário que
existir deve ser pago no mesmo momento. Por muito maior
razão, as parcelas anteriormente vencidas, já estando em mora,
deverão ser pagas no instante rescisório. É o caso das férias
vencidas, que são devidas em dobro, na qualidade de parcela
indenizatória. Todas estas verbas não são, do ponto de vista
técnico, estritamente rescisórias: é que elas não dependem do
tipo de ruptura contratual para que sejam devidas, uma vez que
consistem em direito adquirido pelo obreiro ao longo do
desenvolvimento do contrato. Entretanto, à medida que também
se vencem, por antecipação, no instante do término do contrato
(como as férias simples e o saldo de salários), ou já se
encontram em mora, devendo ser adimplidas na rescisão (caso
das férias vencidas), podem ser englobadas no grupo das verbas
rescisórias, em sentido amplo.1

Destaca-se posição assenta da jurisprudência sobre o


tema:
RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE.
SALDO DE SALÁRIOS. Se depreendendo que nada foi pago ao
autor com relação aos últimos dias de prestação laboral, resta
descumprida a obrigação principal do empregador, que é a
contraprestação pecuniária pelo trabalho. Logo, é devido o
pagamento do referido saldo de salários. Recurso provido.
(TRT-4 - RO: XXXXX20165040021, Data de Julgamento:
08/05/2019, 5ª Turma)

TRT-PR-10-10-2006 MULTA DO ART. 467 DA CLT. JUSTA CAUSA.


CONTROVÉRSIA. VERBAS RESCISÓRIAS. SALDO DE SALÁRIOS
E FÉRIAS. A dúvida a respeito de justa causa por abandono de
emprego não escusa o empregador da obrigação de pagar o
saldo de salário e as férias vencidas na data do comparecimento
em Juizo, quando incontroversos, porquanto tratam-se de verbas
devidas mesmo em caso de ruptura do vínculo por justo motivo.
Não havendo tempestivo pagamento das verbas incontroversas,
devida a incidência da multa prevista no art. 467 da CLT. Recurso
Ordinário dos Reclamados a que se nega provimento, nesta
parte.
TRT-PR-01717-2005-411-09-00-9-ACO-29072-2006 - 1A. TURMA
Relator: UBIRAJARA CARLOS MENDES
Publicado no DJPR em 10-10-2006

Portanto, tais verbas constituem direito adquirido do


trabalhador, sendo devidas no momento da rescisão.

4. DAS FÉRIAS VENCIDAS MAIS 1/3

O reclamante prestou serviços para a reclamada de


01/04/2010 a 25/04/2011, sem ter gozado das férias anuais, conforme o art.
130, I da CLT.

1
GODINHO DELGADO, Mauricio. Curso de Direito do Trabalho. 16 ed. São Paulo: LTR,
2017, p.1095.
Diante disso, requer a condenação da reclamada ao
pagamento das férias vencidas, referente aos períodos de 2010/2011,
conforme estabelece o art. 137 da CLT, sendo acrescido o adicional de 1/3
constitucional, conforme art. 7º, XVII da CF, tendo como base legal para
cálculo o salário de R$1200,00.

Art. 130 - Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do


contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na
seguinte proporção

I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço


mais de 5 (cinco) vezes

(...)

Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo


de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a
respectiva remuneração.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social:

VII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um


terço a mais do que o salário normal

(...)

Sobre o tema, ensina Carlos Henrique Bezerra Ferreira


Leite:
“As férias anuais remuneradas constituem ato jurídico
complexo, uma vez que para o seu cabimento se levam em conta
dois momentos distintos: o período aquisitivo (correspondente
aos primeiros 12 meses contados da admissão do empregado) e
o período concessivo (12 meses após o período aquisitivo). O
empregado só adquire o direito a férias após 12 meses de
serviços prestados ao mesmo empregador. É o que se denomina
período aquisitivo”2. 1087

Destaca-se posição assenta da jurisprudência sobre o


tema:
RECURSO ORDINÁRIO. JUSTA CAUSA - DIREITO A FÉRIAS
VENCIDAS. Consoante o disposto no artigo 146 da CLT, a
dispensa por justa causa não retira do empregado o direito ao
recebimento das férias vencidas acrescidas do terço
constitucional.

2
HENRIQUE BEZERRA LEITE, Carlos. Curso de Direito do Trabalho. 14. Ed. São Paulo:
Saraiva, 2022, p.1087.
(TRT-1 - RO: XXXXX20165010034 RJ, Relator: JOSE DA
FONSECA MARTINS JUNIOR, Data de Julgamento: 13/03/2018,
Gabinete do Desembargador José da Fonseca Martins Júnior,
Data de Publicação: 05/04/2018)

Desta forma, tendo o empregado iniciado o contrato de


trabalho em 01/04/2010 e encerrado em 25/04/2011, indubitavelmente resta
configurado o direito do reclamante a percepção das férias vencidas,
acrescidas de 1/3 constitucional, visto que passado o período aquisitivo.

5. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

O art. 477 § 6º da CLT estabelece o prazo para que a


reclamada efetue o pagamento das verbas rescisórias devidas.
Acontece que, até a presente data a reclamada não
efetuou o pagamento, pelo que requer o pagamento de uma multa
equivalente a um mês de salário, com fulcro no § 8 º do referido artigo, no
valor total de R$1200,00.

Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador


deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e
Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos
competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no
prazo e na forma estabelecidos neste artigo.

(...)

§ 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a


comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes
bem como o pagamento dos valores constantes do instrumento
de rescisão ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez
dias contados a partir do término do contrato.

Sobre o tema, precisa é a lição de Mauricio Godinho


Delgado:
Dispõe o art. 477, § 6º, da CLT, dois prazos para o “pagamento das
parcelas constantes do instrumento de rescisão ou recibo de
quitação”: o primeiro estende-se “até o primeiro dia útil imediato ao
término do contrato”; o segundo segue “até o décimo dia, contado
da data da notificação da demissão, quando da ausência do aviso-
prévio, indenização do mesmo ou dispensa de seu cumprimento”
(grifos acrescidos). O primeiro prazo atinge, por exemplo, contratos
por tempo determinado que se extingam em seu termo final
preestabelecido. O curto lapso temporal para pagamento das
parcelas referidas no instrumento rescisório (primeiro dia útil
imediato) justifica-se, uma vez que as partes já sabem, desde o início
do pacto, o dia certo de sua terminação. Sendo trabalhado o aviso-
prévio, em contratos de duração indeterminada, também
prevalecerá este curto lapso temporal (primeiro dia útil imediato). O
segundo prazo é mais amplo: dez dias corridos, contados da
data da comunicação da ruptura contratual. Abrange situações
em que não há dação de aviso-prévio (por exemplo, dispensa por
justa causa ou extinção contratual em virtude de morte do
empregado); também situações de indenização do pré-aviso de
término do pacto (dispensa sem justa causa e extinção da
empresa, por exemplo); ou, por fim, situações de liberação de
cumprimento do aviso-prévio (ilustrativamente, pedido de
demissão do obreiro, com pleito de não cumprimento do aviso;
ou dispensa sem justa causa, com liberação do cumprimento do
aviso, comprovada a efetiva nova contratação do trabalhador no
período). (g.n.)3

Demonstrado, assim, que o reclamante mesmo


dispensado por justa causa, possui o direito a percepção da multa pela mora
no pagamento de suas verbas rescisórias.

6. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:

1. Que seja preliminarmente, deferido o beneficio da


assistência judiciária gratuita, devido o reclamante encontra-se desempregado
e não possuir condições de custear o processo, sem prejuízo próprio.

2. A notificação da Reclamada para comparecer a


audiência a ser designada para querendo apresentar defesa a presente
reclamação e acompanhá-la em todos os seus termos, sob as penas da lei.

3. Julgar ao final TOTALMENTE PROCEDENTE a


presente Reclamação, condenando a empresa reclamada a:

3
GODINHO DELGADO, Mauricio. Curso de Direito do Trabalho. 16 ed. São Paulo: LTR,
2017, p.1296.
a) Ao pagamento do saldo de salário, referente aos 24
dias trabalhados no mês de abril, no valor de R$960,00 (novecentos e sessenta
reais).
b) A pagar as férias vencidas de 2010 a 2011, que somam
o valor de R$ 1600,00 (um mil, e seiscentos reais)

c) A condenação da reclamada a multa prevista no § 8º


do art. 477 da CLT, no valor de R$1200,00 (um mil, e duzentos reais)

d) Que todas as verbas sejam pagas acrescidas de


correção monetária e juros moratórios.

Protesta provar o alegado por todos os meios no direito


permitidos, notadamente oitiva de testemunhas e depoimento pessoal.

Dá-se a causa o valor de R$3.760,00 (três mil, setecentos


e sessenta reais)

Nestes termos, pede espera deferimento.


Curitiba, 22/08/2022.
ADVOGADO
OAB

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