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Ao Senhor Dr.

Juiz do Trabalho da 35º Vara do Trabalho de


Florianópolis/SC

PROCESSO Nº 0001524-15.2011.5.04.0035

Parque dos Brinquedos LTDA, CNPJ, endereço completo, CEP, com advogado,
procuração anexo, endereço completo, CEP.

Apresentar CONTESTAÇÃO, com fundamentos no Art. 847, CLT e 336 CPC em


face de:

Lima Barreto, já qualificado nos autos da Reclamação Trabalhista em epígrafe.

DA PREJUDICIAL

PRESCRIÇÃO BIENAL

O reclamante relata em sua inicial que laborou para a empresa Parque dos
Brinquedos LTDA no período de 06/01/2017 à 06/01/2019.

Inicialmente insta consignar que a presente ação foi proposta apenas em data de
20/05/2021, sendo que a extinção do contrato de trabalho ocorreu em 06/01/2019.
Portanto, manifestamente prescrita a presente pretensão.

A Constituição Federal, em seu Art. 7º, previu expressamente o prazo prescricional à


Ação Trabalhista, nos seguintes termos:

Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além


de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)

XXIX- ação, quanto aos créditos resultantes das relações de


trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após
a extinção do contrato de trabalho;

Assim, considerando que o início do prazo prescricional, nos termos do art. 11, da
CLT, iniciou em 06/11/2019, data em que ocorreu o término da relação de contrato,
tem-se, portanto, requer que seja reconhecida a prescrição bienal da presente
reclamatória trabalhista.

PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Conforme relatado na inicial, o reclamante intenta pleitear verbas que julga devidas
datadas de 06/01/2007, ou seja, com prazo superior ao limite prescricional.

A Constituição Federal prevê em seu art. 7º, o prazo prescricional à ação trabalhista
nos seguintes termos;

“Art. 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de


outros que visem à melhoria de sua condição social: XXIX – Ação,
quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo
prescricional de 5 anos para trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho”.

Ou seja, não há que se falar em viabilidade de análise de verbas trabalhistas de


mais de 5 anos.

Requer, portanto, o reconhecimento da prescrição quinquenal dos pedidos


anteriores à 06/01/2013, com fundamento no art. 7º, Inciso XXIX. Assim se algum
valor for devido ao reclamante deve-se observar o princípio da eventualidade e
somente poderá ser deferido relativo ao período imprescritível.

DEFESA DE MÉRITO

DAS HORAS EXTRAS IN ITINERE

O reclamante relata que em 2018, em razão da insuficiência de transporte público


regular no trajeto de sua residência para o local de trabalho e vice-versa, a empresa
lhe fornecia condução, não lhe pagando as horas in itinere, nem promovendo a
integração do valor correspondente a essa utilidade no seu salário.

Ocorre que a reforma trabalhista tratou de positivar a compreensão mais razoável


das normas trabalhistas, uma vez que a simples disposição de transporte para o
empregado se locomover até o local de trabalho não poderia ser motivo para
penalizar o empregador de acordo com o artigo 58 da CLT:
Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os
empregados em qualquer atividade privada, não excederá
de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado
expressamente outro limite.
(...)
§ 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua
residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e
para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de
transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não
será computado na jornada de trabalho, por não ser
tempo à disposição do empregador.

Trata-se de raciocínio necessário para uma construção lógica do melhor ambiente


de trabalho ao empregado. Entendimento que já persistia antes mesmo da reforma
Trabalhista:

"A visão moderna do direito do trabalho é incompatível com o


reconhecimento de horas in itinere. O transporte assegurado
pela empresa ao empregado deve ser aplaudido ao invés de
onerá-la ainda mais, o que não se sustenta nem legal nem
socialmente, porquanto os lugares de difícil acesso ou 'não
servidos por transporte regular' deixam de sê-lo diante da
condução oferecida. Ademais, conflita com o bom senso
jurídico o inexplicável entendimento de que empregados que
se valham não raro de mais de uma condução para alcançar
o seu local de trabalho não sejam beneficiados com a jornada
in itinere, enquanto é reconhecida àqueles que são
transportados das suas casas até o local de trabalho, em
condução especial." (Ac. TRT 12ª Reg. 2ª T Proc. 3308/91,
Rel. Juiz Hemut A. Schaarschimidt, Synthesis nº 16/93, p.
252)".

A doutrina reforça este entendimento ao confirmar o posicionamento progressivo na


jurisprudência contrário à concessão de hora in itinere:

"Com a reforma, as horas in itinere, deixam de integrar a


jornada por não serem consideradas "horas à disposição"
do empregador. De fato, as horas in itinere eram instituto
que retratava uma invenção jurisprudencial a qual já dava
sinal de desgaste e despropósito. Já era possível perceber
nos tribunais alguma flexibilização do instituto. Em recente
julgado do Recurso Extraordinário 895.759/PE, o voto
condutor do acórdão, proferido pelo Ministro Roberto
Barroso, reformou decisão que sustentava a
indisponibilidade das horas in itinere em acordo coletivo,
em consonância com o art. 58, §§ 2º e 3º." (TUBINAMBÁ,
Carolina. A jornada de trabalho e a lei 13.467/2017. In
Desafios da Reforma Trabalhista. Revista dos Tribunais,
2017. p.334).

Assim, não há que se falar em horas extras in itinere, pois totalmente indevido.

Diante do exposto requer, portanto o reconhecimento da IMPROCEDÊNCIA do


pedido.

DAS FÉRIAS EM DOBRO

O reclamante relata em sua inicial que não recebeu as férias referentes ao período
aquisitivo de 2007/2008 e pleiteia o pagamento das férias em dobro.

Ocorre que fica, portanto prejudicado o pleito de receber as férias referentes ao


período aquisitivo de 2007/2008, pois no referido período, o reclamante permaneceu
em gozo de licença remunerada com percepção de salários por 33 (Trinta e Três)
dias, o que isenta a empregadora no pagamento das férias, conforme bem
estabelece o art. 133, Inciso II, da CLT;

“Art. 133 - Não terá direito a férias o empregado que, no curso do


período aquisitivo:

“II - permanecer em gozo de licença, com percepção de salários, por


mais de 30 (trinta) dias”.

Diante do contexto apresentado requer o reconhecimento da IMPROCEDÊNCIA do


pedido.
DA REITENGRAÇÃO NO EMPREGO – PRESIDENTE DA CIPA

O reclamante relata que sua demissão foi imotivada tendo em vista que na época da
sua dispensa em 06/01/2019 era presidente da CIPA e postulou em sua
reclamatória trabalhista a reintegração no emprego ou pagamento de indenização
substitutiva sob o argumento de ser beneficiário da estabilidade provisória de
emprego.

Ocorre que o reclamante foi designado pela empregadora para representa-la como
Presidente da CIPA e somente terá estabilidade provisória o representante eleito
pelos empregados, conforme prevê o artigo 164 da CLT, tendo como pressuposto
para a estabilidade provisória a eleição previsto no Art. 10, II, alínea a da C.F.

Art. 10 - Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere


o art. 7º, II, da Constituição Federal:

II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:

a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões


internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua
candidatura até um ano após o final de seu mandato;

Portanto, de acordo com todo o exposto o reclamante não faz jus à reintegração do
emprego sob o argumento da estabilidade provisória tendo em vista que o mesmo
não foi eleito pelos empregados e sim designado pela empregadora para
representá-la.

Diante deste fato requer o reconhecimento da IMPROCEDÊNCIA do pedido.

ABATIMENTO / COMPENSAÇÃO

Em caso de condenação, seja considerada nos cálculos a compensação dos valores


devidos ao reclamante nos termos do artigo 767 da CLT e Súmula 48 do TST, no
valor de R$ ................, bem como a dedução/abatimento de valores já pagos sobre
o mesmo título.
DOS ENCARGOS RETENÇÕES FISCAIS E PREVIDÊNCIÁRIAS

Em caso de condenação, no que se refere a imposto de renda e aos encargos


previdenciários, esclarece-se que compete à parte autora a obrigação pelo
pagamento, portanto requer a autorização para desconto do imposto de renda e
cota-parte dos encargos previdenciários, conforme dispõe a súmula 368 do TST.

PEDIDOS

- O acolhimento da prescrição bienal e quinquenal e a consequente resolução do


mérito, art. 487, Inciso II do CPC;

- A total IMPROCEDÊNCIA dos pedidos ventilados n exordial;

- A dedução/retenção e ou compensação dos valores eventualmente já alcançados à


parte autora na forma do art. 767, da CLT e Súmula 48 do TST;

- A condenação da reclamante ao pagamento de sucumbência e honorários


advocatícios nos moldes dos ARTs. 791-A e 790-B da CLT;

Protesto por provas;

Nestes termos pede deferimento,

Local/data

Advogado/OAB nº

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