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AO JUÍZO DA VARA DO TRABALHO DE FERNANDÓPOLIS/SP

PEDRO DA SILVA MARIANO, brasileiro, casado, metalúrgico, portador do


documento de identidade RG nº 11111-1, inscrito no CPF n°123.456.789-10,
Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS , PIS/PASEP ou NIT
n° , residente e domiciliado na Rua Alagoas, nº123, Centro,
Votuporanga/SP, CEP 15500-000, tendo como endereço eletrônico ,
através de seus Advogados que esta subscreve (procuração anexo), endereço
completo e CEP, vem, à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 840,
§1º, da CLT, combinado com o art. 319, do CPC, propor a presente:

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

em face da empresa AÇO FORTE LTDA, pessoa jurídica de direito privado,


inscrito no CNPJ n°11.111.111/0001-15, localizada na Av. Matarazzo, Nº
123¸Parque Industrial I, na cidade de Meridiano/SP, pelas razões de fato e
direito expostas a seguir:
I – DA COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA.

Tendo em vista ser o entendimento doutrinário e jurisprudencial majoritário que


a submissão dos conflitos trabalhistas à comissão de conciliação prévia,
prevista na CLT em seus artigos 625 – A e seguintes, é uma faculdade do
trabalhador, vem o reclamante a este juízo para buscar a solução de seu
conflito.

Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem


instituir Comissões de Conciliação Prévia, de
composição paritária, com representantes dos
empregados e dos empregadores, com a atribuição
de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho.
(Incluído pela Lei nº 9.958, de 12.1.2000)

Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo


assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu
proposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-
se cópia às partes. (Incluído pela Lei nº 9.958, de
12.1.2000)

Parágrafo único. O termo de conciliação é título


executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral,
exceto quanto às parcelas expressamente
ressalvadas.

II – DOS FATOS

A Reclamante trabalhou para exercendo a função de soldador industrial, não


recebeu nenhum EPI, período trabalhado: 01/02/2021 até 30/06/2022.
Observação: registro na CTPS a partir de 01/06/2021, última remuneração
mensal recebida fora de R$ 4.400,00, verbas rescisórias do período registrado
em CTPS foram recebidas; jornada de trabalho contratual: de segunda a
sábado, sendo de segunda à sexta das 08:00h às 17:00h, com 30 minutos de
intervalo para almoço e sábado das 08:00 à 12:00h. No entanto, no dia 01 de
junho de 2022 reuniu-se todos os 30 funcionários para divulgar o balanço de
resultados da empresa, ocasião em que após ter repassado todas as diretrizes
e resultados
para todos, foi mencionado que havia um funcionário que receberia um prêmio
pela sua atuação nos últimos 06 meses, a Reclamada veio anunciar a
Reclamante e que era para o mesmo comparecer ao palco. Quando subiu ao
palco e fora receber o prêmio, todos os presentes começaram a gargalhar,
tendo em vista que o prêmio era um chapéu com chifres que o mesmo deveria
vir trabalhar durante 30 dias com o mesmo, tendo em vista que tinha sido o
último de uma listagem avaliativa funcional. No entanto a Reclamante se
recusara a usar o chapéu fora dispensado por justa causa sob alegação de
insubordinação, com anotação de saída 02/06/2022.

III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

III.1 – DA FALSA ANOTAÇÃO NA CTPS


A Reclamante trabalhou na empresa Reclamada do dia 01/02/2021 até o dia
30/06/2022, no entanto, a empresa realizou a anotação na CTPS apenas no
dia 01/06/2021, vejamos o que dispõe os Art. 49, V e 50 da CLT:

“Art. 49 - Para os efeitos da emissão, substituição


ou anotação de Carteiras de Trabalho e Previdência
Social, considerar-se-á, crime de falsidade, com as
penalidades previstas no art. 299 do Código Penal :
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de
28.2.1967) V - Anotar dolosamente em Carteira de
Trabalho e Previdência Social ou registro de
empregado, ou confessar ou declarar em juízo ou
fora dele, data de admissãoem emprego
diversa da verdadeira.
(Incluído pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)”
“Art. 50 - Comprovando-se falsidade, quer nas
declarações para emissão de Carteira de Trabalho e
Previdência Social, quer nas respectivas anotações,
o fato será levado ao conhecimento da autoridade
que houver emitido a carteira, para fins de direito. ”
Diante do exposto, requer a retificação da data de admissão na sua CTPS, a
condenação da RECLAMADA nos termos dos artigos supracitados e o
pagamento das verbas rescisórias referentes ao período em que Pedro não era
registrado.

III.2 – DO INTERVALO INTRAJORNADA


O Reclamante laborava de segunda a sexta feira das 08:00h às 17:00h com
intervalo de apenas 30 minutos, porém, de acordo com o Art. 71 da CLT esse
intervalo deveria ser de, no mínimo, 1 hora. Vejamos:

“ Art. 71 - Em qualquer trabalho contínuo, cuja


duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a
concessão de um intervalo para repouso ou
alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma)
hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em
contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.

§ 4o A não concessão ou a concessão parcial do


intervalo intrajornada mínimo, para repouso e
alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica
o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do
período suprimido, com acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração
da hora normal de trabalho. (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017) “

Diante disso, requer que seja pago, em caráter indenizatório, o valor referente
aos 30 minutos de intervalo intrajornada que foram suprimidos com acréscimo
de 50%.

III.3 – DO DANO EXTRAPATRIMONIAL E DA CONVERSÃO DA DEMISSÃO


POR JUSTA CAUSA
No dia 01/06/2022 a Reclamada reuniu todos os funcionários e simulou a
entrega de um suposto prêmio por bom desempenho a Reclamante, no
entanto, o que foi entregue a ele foi um chapéu com chifres como forma de
piada por sua baixa produção. O fato gerou muito constrangimento, diante da
risada de todos os seus colegas de trabalho. A Reclamada ainda exigiu que a
Reclamante utilizasse o chapéu por 30 dias, o que se recusou a fazer.
Por conta da recusa a Reclamada o demitiu por justa causa alegando
insubordinação.
O ato da Reclamada humilhou a Reclamante diante de todos os seus colegas
de trabalho, causando indiscutível e nítido dano extrapatrimonial. Vejamos o
que a CLT dispõe a respeito:

“Art.223-A. Aplicam-se à reparação de danos de


natureza extrapatrimonial decorrentes da relação
trabalho apenas os dispositivos deste Título. (Incluído pela Lei nº 13.467, de
2017)

Art.223-B. Causa dano de natureza extrapatrimonial


a ação ou omissão que ofenda a esfera moral ou
existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são
as titulares exclusivas do direito à reparação.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art.223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a


liberdade de ação, a autoestima, a sexualidade, a
saúde, o lazer e a integridade física são os bens
juridicamente tutelados inerentes à pessoa física.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).”

Diante disso, requer o reclamante a condenação da reclamada por Dano


Extrapatrimonial no valor de R$ (valor por extenso).

Ressalta-se, ainda, que não há fundamento legal para a dispensa por justa
causa uma vez que a recusa da Reclamante a realizar tal ato tão
constrangedor e humilhante para si não caracteriza, de forma alguma,
insubordinação e sua conduta não se encaixa no rol de possíveis motivações
para demissão por justa causa:

“Art.482. Constituem justa causa para rescisão do


contrato de trabalho pelo empregador:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia
sem permissão do empregador, e quando constituir
ato de concorrência à empresa para a qual trabalha
o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em
julgado, caso não tenha havido suspensão da
execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no
serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas,
nas mesmas condições, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas
físicas praticadas contra o empregador e superiores
hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos
estabelecidos em lei para o exercício da profissão,
em decorrência de conduta dolosa do empregado.
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa
para dispensa de empregado a prática, devidamente
comprovada em inquérito administrativo, de atos
atentatórios à segurança nacional. (Incluído pelo
Decreto-lei nº 3, de 27.1.1966).”

Posto isto, requer que seja convertida a demissão por justa causa em
demissão imotivada e, com isso, o pagamento de todas as verbas rescisórias
referentes a esta que não foram pagas (FGTS + 40%, férias proporcionais com
acréscimo de 1/3, aviso prévio e 13º proporcional).

III.4 – DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE


Durante todo o período contratual o Reclamante trabalhou em condições
insalubres, nesse contexto, incidiu em colisão ao preceito contido na Legislação
Obreira (CLT, art. 189 c/c art. 192). Do mesmo modo à Constituição Federal
(CF, art. 7º, inc. XXIII). A atividade desenvolvida pelo Reclamante exigia
contato direto com agentes químicos como gás com eletrodo de tungstênio
nocivos à saúde, muito além do limite de tolerância. Não obstante o
Reclamante haver trabalhado nessas condições, durante todo o período
laboral, esse não receberá qualquer EPIs específicos essa finalidade. Assim,
infringiu-se previsão na Legislação Obreira. (CLT, art. 191, inc. II)

Art. 189 - Serão consideradas atividades ou


operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em
razão da natureza e da intensidade do agente e do
tempo de exposição aos seus efeitos. (Redação
dada pela Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

Art.191.A eliminação ou a neutralização da


insalubridade ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº
6.514, de 22.12.1977)

I - Com a adoção de medidas que conservem o


ambiente de trabalho dentro dos limites de
tolerância; (Incluído pela Lei nº 6.514, de
22.12.1977)

II - Com a utilização de equipamentos de proteção


individual ao trabalhador, que diminuam a
intensidade do agente agressivo a limites de
tolerância. (Incluído pela Lei nº 6.514, de
22.12.1977)

Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais


do Trabalho, comprovada a insalubridade, notificar
as empresas, estipulando prazos para sua
eliminação ou
neutralização, na forma deste artigo. (Incluído pela
Lei nº 6.514, de 22.12.1977)

III.5 – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE


SUCUMBÊNCIA
Requer, por fim, o pagamento de honorários de sucumbência, conforme art.
791- A da CLT.

IV – DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS


Diante do exposto, requer:

a) A retificação da data de admissão na CTPS, bem como a condenação da


RECLAMADA por anotação falsa e a condenação da RECLAMADA ao
pagamento das verbas rescisórias referentes ao período que não consta no
registro;
b) A condenação da RECLAMADA ao pagamento de indenização pelo intervalo
intrajornada suprimido no valor de R$ 9.800,00 ;(Nove mil e oitocentos reais),
valores para fins de alçada.
c) A condenação ao pagamento de adicional de insalubridade no valor de
R$ 3.396,60 ;(Três mil trezentos e noventa e seis reais e sessenta centavos),
valores para fins de alçada.

d) A condenação da RECLAMADA ao pagamento de indenização por dano


extrapatrimonial no valor de R$ 5.000,00;( Cinco mil reais), valores para fins de
alçada.
e) A condenação do reconhecimento do vínculo de emprego desde 01/02/2021
com a respectiva ratificação da CTPS, o pagamento do FGTS 8% ao mês
relativo ao período sem registro que será apurado em liquidação de sentença;
f) A conversão da demissão por justa causa em demissão imotivada, bem
como a condenação da RECLAMADA ao pagamento das verbas rescisórias
referente a essa modalidade de demissão.

Por fim, requer:


• A notificação da Reclamada para, querendo, apresentar defesa;
• A procedência dos pedidos, com a condenação da Reclamada ao
pagamento de juros e correção monetária, bem como honorários de
sucumbência.

V – DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial a
prova documental, a testemunhal e o depoimento pessoal do reclamante.

Dá-se à causa o valor de R$63.193,60;

(Sessenta e três mil cento e noventa e três reais

e sessenta centavos).

Nestes termos,

pede deferimento.

Votuporanga/SP, 14 de setembro de 2022

(assinado eletronicamente) (assinado eletronicamente)


Klério Ricardo da Silva Garcia Gustavo Henrique Martin
OAB/SP OAB/SP
(assinado eletronicamente)
João Vitor Segantini de
Oliveira OAB/SP

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