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RECLAMAÇÃO TRABALHISTA,
Em face de POSTOS AVANTE LTDA, empresa com sede na cidade de Teresina, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas.
I. JUSTIÇA GRATUITA
O reclamante é pobre na forma da lei e não possui condições de arcar com as despesas do
processo.
Pois tais razões, requer que seja deferido o pedido de gratuidade da justiça com fulcro no
art.790, §4º da CLT.
O autor foi contratado pela Reclamada em 12 de maio de 2019 para exercer a função de
frentista, abastecendo os veículos com gasolina, álcool e óleo diesel. Ele trabalhava de
segunda a sexta das 08 às 18 horas, com 1 hora de intervalo e folgava durante os domingos.
No dia 15 de fevereiro de 2021 quando estava indo para o trabalho, ele sofreu um acidente de
trânsito. Ele estava na companhia de seu colega de trabalho Pedro Martins, que é funcionário
da empresa reclamada, no momento do acidente ele dirigia o caminhão tanque da empresa.
Pedro Martins não sofreu nenhuma lesão, entretanto o reclamante sofreu lesão grave,
resultando na perda de dois dedos da mão direita e em decorrência disso, ele ficou afastado do
trabalho durante 90 dias e recebeu o benefício previdenciário de auxílio-doença comum. Após
o INSS ter declarado que estava apto para exercer suas funções, o autor retornou ao trabalho,
entretanto ele foi demitido por justa causa no dia 30 de junho de 2021, 15 dias após ter
retornado ao trabalho. A empresa alegou que a demissão por justa causa ocorreu por mau
procedimento em face dos danos provocados no veículo da empresa no acidente.
Além disso, foi realizada a perícia do acidente e ficou constatada que o motorista realizou
manobra perigosa que resultou no acidente de trânsito, sendo que o motorista Pedro Martins
foi demitido após a realização da perícia e o autor estava afastado por conta do tratamento
médico.
III. DO DIREITO
1. NATUREZA DA DISPENSA
O reclamante teve seu contrato de trabalho rescindido por justa causa e a empresa reclamada
justificou a demissão por mau procedimento em face dos danos provocados no veículo da
empresa no acidente de trânsito.
A justa causa constitui penalidade extrema e mais severa e, portanto, deve ser reservada
somente para os desvios de conduta mais graves que sejam praticados pelo empregado.
No caso apresentado a demissão por justa causa está equivocada, pois foi comprovado através
da realização da perícia que o acidente foi causado pelo motorista Pedro Martins ao realizar
uma manobra perigosa e não pelo reclamante.
Diante disso, requer a conversão da demissão por justa causa em rescisão sem justa causa,
devendo a Reclamada pagar todas as verbas rescisórias referentes a dispensa sem justa causa.
A dispensa por justa causa deve ser amplamente comprovada por se tratar de penalidade
máxima aplicável ao empregado. A prova do ato deve ser robusta e suficiente, permitindo
avaliar a proporcionalidade da punição. E no caso apresentado, não restou configurado a
proporcionalidade entre a penalidade aplicada e o comportamento do autor.
Logo verifica-se pelo laudo obtido da perícia do acidente que o reclamante não deu causa ao
acidente e não fez mau procedimento do veículo da empresa. Observa-se um comportamento
severo e de má fé da empresa em relação ao autor.
Portanto requer a declaração da nulidade da dispensa por justa causa e seja convertida em
demissão sem justa causa.
1.2 REINTEGRAÇÃO
Conforme o art.118 da lei 8.213/91, o segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida,
pelo prazo mínimo de 12 meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente.
Com o reconhecimento da dispensa sem justa causa nasce o direito de a Reclamada realizar o
pagamento de todas as verbas rescisórias.
O reclamante foi contratado em 15/05/2019 para prestar serviços para a empresa reclamada e
em 21/02/2021 sofreu acidente e ficou afastado por 90 dias e no dia 30/06/2021 teve seu
contrato encerrado.
Ele recebeu apenas o saldo do salário de 15 dias e uma indenização correspondente a 1
período de férias adquirido em razão da sua rescisão.
Não houve a quitação do aviso prévio, 13º salário proporcional, liberação do FGTS e
pagamento da multa do FGTS e além da liberação das guias do Seguro desemprego.
Por se tratar de contrato por tempo indeterminado, além dos pagamentos proporcionais de
salário, férias e 13° devidos, a parte autora faz jus:
Conforme relatado o autor foi dispensado por justa causa com a justificativa de mau
procedimento do veículo da empresa, mesmo ter sido comprovado através de perícia que ele
não deu causa ao acidente e por isso ele não recebeu todas as verbas rescisórias que teria
direito.
De acordo com o art. 5, X, da CF, a indenização por danos morais deve ser comprovada a
lesão a honra, imagem, vida ou vida privada do empregado.
Portanto ele faz jus ao pagamento da indenização por danos morais, pois foi dispensado com a
justificativa de mau procedimento e isso lhe provocou bastante constrangimento, pois ficou
comprovado que ele não cometeu falta grave.
O autor sofreu lesão grave resultando na perda de 2 dedos da mão direita devido ao acidente
de trabalho, ou seja, ele teve dano físico permanente que alterou a harmonia física do autor.
Em relação ao dano material, o autor realizou diversos gastos referentes a despesas médicas
devido ao acidente de trabalho.
Assim requer o pagamento da indenização por danos materiais, morais e estéticos, a qual tem
direito.
2. ACIDENTE DE TRABALHO
Primeiramente vale considerar que o autor ficou afastado de suas atividades durante o período
de 90 dias e recebeu o benefício previdenciário de acidente comum, ou seja, a empresa
considerou que o acidente foi comum e não acidente de trabalho.
Um acidente de trabalho ocorre quando um colaborador sofre algum tipo de lesão, temporária
ou permanente, durante seu trabalho ou em decorrência dele.
O reclamante sofreu o acidente durante o percurso que realiza ao dirigir-se a empresa e que
estava dentro do veículo da empresa, assim desta forma pode concluir que ele sofreu acidente
de trabalho, tendo sofrido lesão grave.
Além disso a empresa ao considerar acidente comum, deixou de comunicar o INSS sobre o
incidente envolvendo seu funcionário. A emissão do CAT e depois o comparecimento na
perícia do INSS gera para o trabalhador o auxílio-doença acidentário, com acesso mais
facilitado do que o auxílio-doença comum, já que o benefício acidentário, ao contrário do
comum, não tem prazo mínimo de carência de 12 meses.
Outro fato é que mesmo ter sido feita a perícia do acidente e o laudo comprovando o acidente,
o reclamante foi dispensado por justa causa.
Além disso a empresa não cumpriu seu dever de comunicar ao INSS que o reclamante sofreu
acidente de trabalho e em função disso ele não recebeu o benefício previdenciário do auxílio-
doença acidentário que tem direito.
2.1. ESTABILIDADE
O reclamante retornou as suas atividades laborais após ter sido declarado apto pelo INSS e
decorridos 15 dias, ele foi dispensado por justa causa.
Desta forma, pode-se concluir que o reclamante estava com estabilidade garantida pela lei e,
portanto, não podia ser demitido antes do período estipulado em lei.
Requer que a reclamada seja condenada ao pagamento da indenização referente ao período
que o reclamante estava com contrato suspenso e que seja feita sua reintegração ao emprego.
3. JORNADA DE TRABALHO
O reclamante trabalhava de segunda à sexta feira das 08h às 18 horas e no sábado das 08 às 12
horas com 1 hora de intervalo e folgava aos domingos.
Pode-se verificar que sua jornada diária de trabalho era de 9 horas, portanto ele trabalhava 1
hora a mais todos os dias.
O art. 58 da CLT, dispõe que a duração da jornada do empregado não pode ultrapassar das 8
horas diárias, não excedendo as 44 horas semanais.
Em relação ao caso apresentado, o reclamante tem direito ao pagamento de 5 horas extras por
semana. Portanto requer o pagamento das horas extras.
4. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Nestes termos.
Pede deferimento
Advogada
OAB XXXX