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EXCELENTÍSSIMO JUÍZO DA VARA XX DO TRABALHO DE TERESINA-PI

JOÃO CARLOS, comerciário, residente e domiciliado em Teresina, vem respeitosamente,


perante Vossa Excelência por intermédio de seu advogado adiante assinado, com escritório
profissional no endereço XXXXXX, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art.
840, caput e §1º da CLT, PROPOR

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA,

Em face de POSTOS AVANTE LTDA, empresa com sede na cidade de Teresina, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas.

I. JUSTIÇA GRATUITA

A Reforma Trabalhista em seu art.790, trouxe expressamente o cabimento do benefício da


gratuidade da justiça ao dispor:

O benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência


de recursos para o pagamento das custas do processo. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017).

O reclamante é pobre na forma da lei e não possui condições de arcar com as despesas do
processo.

Pois tais razões, requer que seja deferido o pedido de gratuidade da justiça com fulcro no
art.790, §4º da CLT.

II. SÍNTESE DOS FATOS

O autor foi contratado pela Reclamada em 12 de maio de 2019 para exercer a função de
frentista, abastecendo os veículos com gasolina, álcool e óleo diesel. Ele trabalhava de
segunda a sexta das 08 às 18 horas, com 1 hora de intervalo e folgava durante os domingos.
No dia 15 de fevereiro de 2021 quando estava indo para o trabalho, ele sofreu um acidente de
trânsito. Ele estava na companhia de seu colega de trabalho Pedro Martins, que é funcionário
da empresa reclamada, no momento do acidente ele dirigia o caminhão tanque da empresa.

Pedro Martins não sofreu nenhuma lesão, entretanto o reclamante sofreu lesão grave,
resultando na perda de dois dedos da mão direita e em decorrência disso, ele ficou afastado do
trabalho durante 90 dias e recebeu o benefício previdenciário de auxílio-doença comum. Após
o INSS ter declarado que estava apto para exercer suas funções, o autor retornou ao trabalho,
entretanto ele foi demitido por justa causa no dia 30 de junho de 2021, 15 dias após ter
retornado ao trabalho. A empresa alegou que a demissão por justa causa ocorreu por mau
procedimento em face dos danos provocados no veículo da empresa no acidente.

O autor informou que recebeu somente o saldo do salário de 15 dias e indenização


correspondente a um período de férias adquirido.

Além disso, foi realizada a perícia do acidente e ficou constatada que o motorista realizou
manobra perigosa que resultou no acidente de trânsito, sendo que o motorista Pedro Martins
foi demitido após a realização da perícia e o autor estava afastado por conta do tratamento
médico.

III. DO DIREITO

1. NATUREZA DA DISPENSA

O reclamante teve seu contrato de trabalho rescindido por justa causa e a empresa reclamada
justificou a demissão por mau procedimento em face dos danos provocados no veículo da
empresa no acidente de trânsito.

A rescisão por justa causa decorre do desligamento do contrato de trabalho do empregado em


virtude de falta grave cometida por ele e está expressa no art.482 da CLT.

A justa causa constitui penalidade extrema e mais severa e, portanto, deve ser reservada
somente para os desvios de conduta mais graves que sejam praticados pelo empregado.

No caso apresentado a demissão por justa causa está equivocada, pois foi comprovado através
da realização da perícia que o acidente foi causado pelo motorista Pedro Martins ao realizar
uma manobra perigosa e não pelo reclamante.
Diante disso, requer a conversão da demissão por justa causa em rescisão sem justa causa,
devendo a Reclamada pagar todas as verbas rescisórias referentes a dispensa sem justa causa.

1.1 NULIDADE DA RESCISÃO POR JUSTA CAUSA

A dispensa por justa causa deve ser amplamente comprovada por se tratar de penalidade
máxima aplicável ao empregado. A prova do ato deve ser robusta e suficiente, permitindo
avaliar a proporcionalidade da punição. E no caso apresentado, não restou configurado a
proporcionalidade entre a penalidade aplicada e o comportamento do autor.

Logo verifica-se pelo laudo obtido da perícia do acidente que o reclamante não deu causa ao
acidente e não fez mau procedimento do veículo da empresa. Observa-se um comportamento
severo e de má fé da empresa em relação ao autor.

Portanto requer a declaração da nulidade da dispensa por justa causa e seja convertida em
demissão sem justa causa.

1.2 REINTEGRAÇÃO

Conforme o art.118 da lei 8.213/91, o segurado que sofreu acidente de trabalho tem garantida,
pelo prazo mínimo de 12 meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a
cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente da percepção de auxílio-acidente.

No caso em questão, a empresa reclamada agiu de má-fé ao despedir o empregado dentro do


período de estabilidade garantido por lei. Dessa forma ele faz jus à integração no emprego.
Caso isso não ocorra deverá receber indenização correspondente ao período da estabilidade
provisória.

1.3 VERBAS RESCISÓRIAS

Com o reconhecimento da dispensa sem justa causa nasce o direito de a Reclamada realizar o
pagamento de todas as verbas rescisórias.

O reclamante foi contratado em 15/05/2019 para prestar serviços para a empresa reclamada e
em 21/02/2021 sofreu acidente e ficou afastado por 90 dias e no dia 30/06/2021 teve seu
contrato encerrado.
Ele recebeu apenas o saldo do salário de 15 dias e uma indenização correspondente a 1
período de férias adquirido em razão da sua rescisão.

Não houve a quitação do aviso prévio, 13º salário proporcional, liberação do FGTS e
pagamento da multa do FGTS e além da liberação das guias do Seguro desemprego.

Por se tratar de contrato por tempo indeterminado, além dos pagamentos proporcionais de
salário, férias e 13° devidos, a parte autora faz jus:

a) aviso prévio, nos termos do Art.487 da CLT;

b) pagamento indenizatório dos depósitos do FGTS sobre as verbas rescisórias e multa de


40% sobre o saldo que deveria está depositado referente ao FGTS;

c) liberação das guias do seguro desemprego, sob pena de incidência da indenização


substitutiva prevista na Simula 389 do TST;

d) multa do Art.477, §8° da CLT;

Diante de todo o exposto, o reclamante requer a procedência dos pedidos veiculados na


presente reclamação trabalhista sendo estes o aviso prévio proporcional, férias proporcionais,
com acréscimo do terço constitucional, referente ao aviso prévio suprimido, 13° salário do
ano de 2021 proporcional, pagamento da multa de 40% do FGTS.

1.4 DANOS MATERIAIS, MORAIS E ESTETICOS

Conforme relatado o autor foi dispensado por justa causa com a justificativa de mau
procedimento do veículo da empresa, mesmo ter sido comprovado através de perícia que ele
não deu causa ao acidente e por isso ele não recebeu todas as verbas rescisórias que teria
direito.

De acordo com o art. 5, X, da CF, a indenização por danos morais deve ser comprovada a
lesão a honra, imagem, vida ou vida privada do empregado.

Portanto ele faz jus ao pagamento da indenização por danos morais, pois foi dispensado com a
justificativa de mau procedimento e isso lhe provocou bastante constrangimento, pois ficou
comprovado que ele não cometeu falta grave.
O autor sofreu lesão grave resultando na perda de 2 dedos da mão direita devido ao acidente
de trabalho, ou seja, ele teve dano físico permanente que alterou a harmonia física do autor.

Em relação ao dano material, o autor realizou diversos gastos referentes a despesas médicas
devido ao acidente de trabalho.

Assim requer o pagamento da indenização por danos materiais, morais e estéticos, a qual tem
direito.

1.5 MULTA DO ART.467 DA CLT

Dispõe o referido artigo que em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo


controvérsias sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado à pagar ao
trabalhador, a data do comparecimento a Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas
verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de 50%. Assim postula-se a referida multa caso a
reclamada não pague em tempo hábil as verbas incontroversas.

2. ACIDENTE DE TRABALHO

Conforme relatado o autor sofreu acidente quando estava se dirigindo ao trabalho, na


companhia do colega Pedro que por sua vez, estava dirigindo o caminhão tanque da empresa e
ao fazer uma manobra indevida ocasionou o acidente.

Primeiramente vale considerar que o autor ficou afastado de suas atividades durante o período
de 90 dias e recebeu o benefício previdenciário de acidente comum, ou seja, a empresa
considerou que o acidente foi comum e não acidente de trabalho.

Um acidente de trabalho ocorre quando um colaborador sofre algum tipo de lesão, temporária
ou permanente, durante seu trabalho ou em decorrência dele.

O reclamante sofreu o acidente durante o percurso que realiza ao dirigir-se a empresa e que
estava dentro do veículo da empresa, assim desta forma pode concluir que ele sofreu acidente
de trabalho, tendo sofrido lesão grave.

Além disso a empresa ao considerar acidente comum, deixou de comunicar o INSS sobre o
incidente envolvendo seu funcionário. A emissão do CAT e depois o comparecimento na
perícia do INSS gera para o trabalhador o auxílio-doença acidentário, com acesso mais
facilitado do que o auxílio-doença comum, já que o benefício acidentário, ao contrário do
comum, não tem prazo mínimo de carência de 12 meses.

“Súmula nº 378/TST: ESTABILIDADE PROVISÓRIA. ACIDENTE DO


TRABALHO. ART. 118 DA LEI Nº 8.213/1991. I – É constitucional o artigo
118 da Lei nº 8.213/1991 que assegura o direito à estabilidade provisória
por período de 12 meses após a cessação do auxílio-doença ao empregado
acidentado; II – São pressupostos para a concessão da estabilidade o
afastamento superior a 15 dias e a consequente percepção do auxílio-
doença acidentário, salvo se constatada, após a despedida, doença
profissional que guarde relação de causalidade com a execução do
contrato de emprego; III – O empregado submetido a contrato de trabalho
por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente
de acidente de trabalho prevista no n no art. 118 da Lei nº 8.213/91.

Outro fato é que mesmo ter sido feita a perícia do acidente e o laudo comprovando o acidente,
o reclamante foi dispensado por justa causa.

Além disso a empresa não cumpriu seu dever de comunicar ao INSS que o reclamante sofreu
acidente de trabalho e em função disso ele não recebeu o benefício previdenciário do auxílio-
doença acidentário que tem direito.

2.1. ESTABILIDADE

O reclamante retornou as suas atividades laborais após ter sido declarado apto pelo INSS e
decorridos 15 dias, ele foi dispensado por justa causa.

A estabilidade provisória do empregado é assegurada pelo art.118 da lei 8.213/91 e dispõe:

Art. 118 da lei 8.213/91: O segurado que sofreu acidente do trabalho tem


garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato
de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário,
independentemente de percepção de auxílio-acidente.

Desta forma, pode-se concluir que o reclamante estava com estabilidade garantida pela lei e,
portanto, não podia ser demitido antes do período estipulado em lei.
Requer que a reclamada seja condenada ao pagamento da indenização referente ao período
que o reclamante estava com contrato suspenso e que seja feita sua reintegração ao emprego.

3. JORNADA DE TRABALHO

O reclamante trabalhava de segunda à sexta feira das 08h às 18 horas e no sábado das 08 às 12
horas com 1 hora de intervalo e folgava aos domingos.

Pode-se verificar que sua jornada diária de trabalho era de 9 horas, portanto ele trabalhava 1
hora a mais todos os dias.

O art. 58 da CLT, dispõe que a duração da jornada do empregado não pode ultrapassar das 8
horas diárias, não excedendo as 44 horas semanais.

Em relação ao caso apresentado, o reclamante tem direito ao pagamento de 5 horas extras por
semana. Portanto requer o pagamento das horas extras.

4. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

O art.791-A da CLT, possibilita a concessão de honorários advocatícios de sucumbência, em


percentual que deve ser arbitrado entre 5% a 15%, sobre o valor que resultar da liquidação da
sentença, do proveito econômico obtido, ou não sendo possível mensurá-lo, sobre o valor
atualizado da causa. Assim, requer a concessão de honorários advocatícios de sucumbência no
valor de 15%, na forma da lei.

IV. DOS PEDIDOS

 Considerando os fatos e argumentos acima expostos, postula-se a Vossa Excelência o


seguinte: 

a) O benefício da justiça gratuita, eis que o reclamante é pobre na forma da lei.


b) Requer a conversão da demissão por justa causa em rescisão sem justa causa;
c) Requer a declaração da nulidade da dispensa por justa causa;
d) Requer a condenação da reclamada ao pagamento das horas extras, acrescidas do adicional
de 50%, bem como dos seus reflexos nas verbas contratuais e rescisórias.
e) Requer a integração do emprego;
f) Requer a procedência dos pedidos veiculados na presente reclamação trabalhista sendo
estes o aviso prévio proporcional, férias proporcionais, com acréscimo do terço
constitucional, referente ao aviso prévio suprimido, 13° salário do ano de 2021
proporcional, pagamento da multa de 40% do FGTS.
g) A condenação da reclamada ao pagamento da indenização por danos materiais, morais e
estéticos, no valor de R$ XX.XXX;

h) Requer que a reclamada seja condenada ao pagamento da indenização referente ao período


que o reclamante estava com contrato suspenso e que seja feita sua reintegração ao
emprego.
i) Requer a condenação da reclamada ao pagamento da multa prevista no art.477, §8ª da
CLT.
j) Requer o valor de honorários advocatícios de 15% sobre o valor de condenação.

Protesta pela possibilidade de produção de todas as provas admitidas em direito (CPC,


ART.319, VI).

Dá se a causa o valor de XX.XXX, XX.

Nestes termos.

Pede deferimento

XXXX, XX de XXXXX de XXXX

Advogada

OAB XXXX

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