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UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE DIREITO

DIREITO PROCESSUAL DE TRABALHO

4.º ANO

NOME: Ednilson Chalala Domingos Mondlane

Aula Prática n.º 1

Analisa a hipótese que se segue com base nas matérias aprendidas na Cadeira do
Direito do Trabalho e Cadeira de Direito Processual do Trabalho.

O Senhor CADUCADO celebrou um contrato de Trabalho com a Empresa TUDO VAI


DAR CERTO LIMITADA, no dia 1 de Agosto de 2010, para exercer as funções de Caixa,
auferindo um salário mensal de 20.000.00Mts (vinte mil meticais).

No dia 01 de Agosto do ano 2023, quando chegou ao seu posto de Trabalho o Senhor
Director da Empresa TUDO VAI DAR CERTO, LIMITADA, disse verbalmente que não o
queria mais como trabalhador, devia ir para casa porque já não mais fazia parte do
quadro da Empresa.

Inconformado com a atitude do Senhor Director da Empresa TUDO VAI DAR CERTO,
LIMITADA, procura o Estudante do 4.º Ano, do Curso de Direito da Universidade
Zambeze para aconselhamento.

Aconselha e indica o caminho a ser seguido pelo Senhor Caducado, quais são os meios
processuais que se pode fazer valer para ver o seu Direito reintegrado.

Bom Trabalho

Que espírito da sabedoria ilumine as vossas mentes

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RESOLUÇÃO

R: Após a leitura do exercício pode-se, logo a partida, identificar três aspectos


como conselho para o Senhor CADUCADO que são abordados no âmbito do Direito
Trabalho e Direito Processual de Trabalho nos quais se podem enquadrar o presente
caso, quais sejam:

 Noção e Formas de cessação de Contrato de Trabalho (artigo 18.º e artigo 124.º de Lei
de Trabalho);
 Impugnação do Despedimento (artigo 69.º da lei de Trabalho);
 Providência Cautelar de Suspensão de Despedimento (artigo 38.º da 10/2018 Lei que
cria os Tribunais de trabalho);

No que diz ao primeiro aspecto (Noção e Formas de Cessação de Contrato de


Trabalho, artigo 18.º e 124.º da Lei de Trabalho) importa referir o seguinte: Entende-se
primeiro por contrato de trabalho o acordo pelo qual uma pessoa, trabalhador, se obriga
a prestar a sua actividade a outra pessoa, empregador, sob a autoridade e direcção
desta, mediante remuneração, a nossa lei de trabalho nos mostra no seu artigo 124.º a
caducidade, o acordo revogatório, a denúncia por qualquer das partes e rescisão por
qualquer das partes contratantes com justa causa como únicas formas legais de cessar o
contrato, o que não verificamos no nosso caso concreto, portanto, trata-se de uma
ilegalidade por parte do empregador ao despedir verbalmente o Senhor CADUCADO
da sua Empresa TUDO VAI DAR CERTO LIMITADA.

Sem ter havido nenhuma das formas previstas no artigo 124.º da LT conclui que há
um desligamento em que o trabalhador é despedido sem motivo legal. Portanto, a
empresa deve recompensá-lo com benefícios para manter o processo de desligamento
de acordo com as regras trabalhistas. Isso significa que esse tipo de desligamento obriga
o empregador a pagar diversos tipos de indemnizações, honorários e penalidades, pois
o senhor CADUCADO não cometeu um erro e não esperava pelo desligamento.

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No que diz respeito ao segundo elemento, (Impugnação do Despedimento, artigo
69.º da lei de Trabalho) importa deixar o seguinte: o senhor CADUCADO impugnar o
despedimento mediante uma acção judicial. Só um tribunal pode apreciar a legalidade
do despedimento individual dele. A impugnação deverá acontecer mediante três meios,
dependendo do despedimento que está em causa e de como foi comunicado, para o
nosso caso importa o seguinte: já que o contrato cessou através de uma decisão não
comunicada por escrito, ou seja, se trata de um despedimento verbal terá de instaurar
uma acção comum no prazo de 6 meses, pois é este o prazo em que os créditos do
trabalhador, incluindo os que decorrem da cessação do contrato, prescrevem.

Quanto ao último aspecto, (Providência Cautelar de Suspensão de Despedimento,


artigo 38.º da 10/2018 Lei que cria os Tribunais de trabalho), importa trazer o seguinte
conceito: A Suspensão do Despedimento é uma Providência Cautelar, como tal destina-
se a “acautelar o efeito útil da acção”, ou seja, destina-se a tutelar a posição jurídica do
trabalhador que, ilicitamente despedido, pode defender a sua posição suspendendo a
decisão do empregador de fazer cessar o contrato de trabalho, permanecendo ao serviço
daquele (ou, pelo menos continuando a ter direito à retribuição), até que a decisão final seja
tomada em sede de acção principal.

CONCLUÍNDO...

Sendo a suspensão do despedimento uma providência cautelar, e servindo como


tutela a posição jurídica do trabalhador que, ilicitamente despedido, o SENHOR
CADUCADO com essa Providência Cautelar prevista no artigo 38.º da Lei 10/2018, lei
que cria os tribunais de trabalho, com a suspensão do despedimento o senhor
CADUCADO pode antecipar a consequência da declaração de ilicitude do
despedimento prevista na Lei e a reintegração do mesmo nos termos do artigo 69º nº3
da LT. Pois, tem como finalidade principal, prevenir a ocorrência de um dano, obtendo
o senhor Caducado, por esta via, adiantadamente, a possibilidade de retomar o vínculo
laboral ou, pelo menos, continuar a auferir a sua retribuição.

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A declaração da ilicitude do despedimento pode ser feita pelo tribunal do
trabalho ou por um órgão de conciliação, mediação e arbitragem laboral, em acção
proposta pelo SENHOR CADUCADO, sem se esquecer do prazo de 6 meses. Na
pendência ou como acto preliminar da acção de impugnação de despedimento, o
senhor caducado pode requerer a providência cautelar de suspensão de despedimento, no
prazo de 30 dias a contar da data cessação do contrato de acordo com artigo 38.º, n.1 da
Lei 10/2018, lei que cria os tribunais de trabalho.

Sendo o despedimento declarado ilícito, o trabalhador, senhor CADUCADO


deve ser reintegrado na Empresa TUDO VAI DAR CERTO, LIMITADA e pagas as
remunerações vencidas desde a data do despedimento até ao máximo de 6 meses, sem
prejuízo da sua antiguidade. Por opção expressa do senhor caducado ou quando
circunstâncias objectivas impossibilitem a sua reintegração, o empregador deve pagar
indemnização ao senhor caducado.

Esquema para Efeitos de Impugnação-Petição Inicial

MERITÍSSIMO JUIZ PRESIDENTE DO TRIBUNAL JUDICIAL DA CIDADE DA


BEIRA

SENHOR CADUCADO, solteiro, residente no Bairro da Munhava, Quarteirão n.º 34,


casa n.º 54, contactável através do seu telefone n.º 845151674, vem deduzir contra

HORTOFRUTÍCOLA – EMPRESA TUDO VAI DAR CERTO LIMITADA, com a sede na


Av. Samora Machel, terciário nº 501,

A presente Acção de Impugnação de Despedimento

Para o efeito fazendo-se valer dos seguintes fundamentos de facto e de Direito:

DOS FACTOS:

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O SENHOR CADUCADO foi admitido ao serviço da CAIXA, em virtude da celebração


dum contrato de trabalho por conta e sob a autoridade de direcção do DIRECTOR da
empresa, por tempo indeterminado, com inicio em 01 de Agosto de 2010;

O SENHOR CADUCADO exercia a funções da CAIXA, auferindo um salário mensal de


20.000,00 Mts (vinte mil meticais).

No dia 01 de Agosto de 2023, o SENHOR CADUCADO quando chegou no seu posto de


trabalho ficou surpreso com as declarações do SENHOR DIRECTOR (da empresa tudo
vai dar ceto, LIMITADA);

Este disse verbalmente ao SENHOR CADUCADO que não o queria mais como
trabalhador;

Acrescentou ainda mais dizendo ao SENHOR CADUCADO que deveria ir para casa
porque já não mais fazia parte do quadro da Empresa.

DO DIREITO

O SENHOR CADUCADO., sempre prestou o seu trabalho com zelo e diligência


exigidas a um bom trabalhador, nos termos do art. 58.º da Lei do trabalho.

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Outrossim, dispõe a al. a,b,c e d) nº 1 do art. 124º da lei acima referida que o contrato de
trabalho pode cessar por caducidade, acordo revogatório, denúncia por qualquer das
partes e rescisão por qualquer das partes contratantes com justa causa;

Dos factos acima expostos, duvidas não subsistem que não foram observadas as
formalidades legais, senão vejamos, o SENHOR CADUCADO não se dignou a fazer a
descrição detalhada dos factos;

10º

Provados os factos acima mencionados, é motivo mais que suficiente para que o
Tribunal declare a ilicitude do despedimento, o que o fara baseando-se na Lei

11º

Do acima exposto, duvidas não subsistem que não foram observadas as formalidades
previstas no nº1 do art.124 da Lei do Trabalho, requerendo-se desde já que se declare a
invalidade do despedimento ou cessação.

12º

Tendo em conta que o SENHOR CADUCADO. auferia um salário estipulado no valor


de 20.000.00 Mts e trabalhou para o SENHOR DIRECTOR da empresa tudo vai dar
certo, LIMITADA durante 13 anos, a indemnização devera ser calculada nos termos do
nº2 do art. 128º da Lei do Trabalho;

Desde modo, será 13 anos x 20,000,00 Mts (remuneração mensal)=260,000,00 Mts + 15


dias do art. 128.º, nº2 da lei do trabalho, será 13 anos x10,000,00=130,000,00. Fica no
total=390,000,00Mts.

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13º

Nestes termos e nos melhores de direito ao caso aplicáveis, e sempre com mui douto
suprimento de V.Excia, requer-se que a presente acção deve ser julgada procedente
porque provada e, em consequência:

a) Ser declarada a ilicitude do despedimento do autor, por violação imperativa da Lei


de Trabalho;
b) Ser o SENHOR DIRECTOR da empresa tudo vai dar certo, LIMITADA condenada
a pagar ao SENHOR CADUCADO uma indemnização, nos termos do art.128 nº2
da Lei do Trabalho;
c) Ser o SENHOR DIRECTOR da empresa tudo vai dar certo, LIMITADA condenado
no pagamento das custas judiciais e procuradoria condigna.

Valor da Acção: 390.000,00 Mts (trezentos e noventa mil meticais)

Junta:

Nota de acusação

Despacho de despedimento

Atestado de pobreza e

Duplicados legais

Testemunhas:

Nelson Manuel e Ednilson Mondlane

Beira, 29 de Agosto de 2023

O Advogado

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Carteira profissional n.º 205

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