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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Economia e Gestão

Departamento de Direito

Pós-laboral

Trabalho

De

Direito processual laboral.

Petição inicial

De:

Filipe Dionisio Nhamaze

Docente:

Dr. Célio Dove

BEIRA, AGOSTO DE 2023


MERITÍSSIMO DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO TRIBUNAL JUDICIAL DA
PROVÍNCIA DE SOFALA- 4ª SECÇÃO LABORAL

= BEIRA =

JUVÊNCIA MATORITORI, Doravante Autor, maior de idade, de nacionalidade


moçambicana, residente nesta cidade da Beira, ex-trabalhadora da TXAKUTXENA
COMPANY, LDA, contactável e notificável através do seu Advogado ,vem ao abrigo do
artigo 69, nº 2 da LT, intentar e fazer seguir a sua

ACÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE DESPEDIMENTO, ESPECIAL, SUMÁRIA,


contra

TXAKUTXENA COMPANY, LDA, com sede na cidade da Beira, localizável e


notificável através 876658926, doravante Ré, o que faz com nos seguintes termos e
fundamentos:

Dos factos:

A Autora é trabalhadora da Entidade Empregadora, doravante Ré com contrato de


Trabalho por tempo indeterminado, desde o dia 05 de Dezembro de 2019, cujas
responsabilidades encontram-se claramente estabelecidas no referido Contrato de
Trabalho, e no dia 28 de Dezembro de 2022 recebeu uma nota de culpa da Ré que dava a
saber que A era arguida num processo disciplinar que corria na empresa e a nota de culpa
trazia o seguinte teor e dizeres:

i. A Arguida é trabalhadora da Entidade Empregadora, com contrato de Trabalho


por tempo indeterminado, desde o dia 05 de Dezembro de 2019, cujas
responsabilidades encontram-se claramente estabelecidas no referido Contrato de
Trabalho e demais dispositivos normativos internos, estatutários e legais.
ii. A Arguida no dia 18 de Novembro de 2022, submete no departamento de
Recursos Humanos um atestado de Doença que certificava a convalescença desde
o dia 21 de Novembro de 2022 até ao dia 02 de Dezembro de 2022.
iii. É sobejamente sabido que a convalescença é o período em que o organismo
precisa para se recuperar aos poucos de alguma enfermidade, mas, sucedeu que a
Arguida teve uma viagem , que lhe impossibilitou a retoma do trabalho depois do
aludido impedimento.
iv. A Arguida dentre os 05 até 09 de Dezembro, não compareceu ao trabalho e nem
apresentou justificação após o retorno, tendo desse modo cometido cinco faltas de
comparência ao trabalho em dias consecutivos, sem devida Justificação.

DO DIREITO

Com a sua conduta, a Arguida violou os seus deveres previstos nas alíneas a) e d), do art.
58, da Lei do Trabalho, deveres que são imprescindíveis, de sorte que norteiam a relação
de trabalho entre as partes de modo a alcançar elevados níveis de produtividade,
nomeadamente:

a). Comparecer ao serviço com pontualidade e assiduidade;

d). Obedecer a ordens legais, a instruções do empregador, dos seus superiores


hierárquicos e cumprir as demais obrigações decorrentes do contrato de Trabalho.

Este comportamento é inadmissível e consubstancia infracções disciplinares nos termos


das alíneas b), d) e g), do n.o1, do art. 66, da Lei do Trabalho, designadamente:

b) A falta de comparência ao trabalho, sem justificação válida;

d) a desobediência a ordens legais ou instruções decorrentes do contrato de trabalho e


das normas que o regem;

g) a quebra culposo da produtividade do trabalho.

Para tanto, elaborou-se a presente nota de culpa que vai ser entregue a Arguida nos termos
estabelecidos pelo n.o1, do art.65 e da alínea a), do art. 67, ambos da Lei do Trabalho, à
qual a Arguida, se assim o pretender, poderá responder por escrito, e, querendo juntar
documentos ou requerer diligência de prova no prazo de 15 (quinze) dias, contados da
data da sua recepcao, findo o qual o processo seguirá os seus trâmites até a sua conclusão.
(Vide doc 1 em anexo)

Tendo a Autora respondido atempadamente a referida nota de culpa, e submetido aos


órgãos competentes dentro do prazo referido na Alínea b) do número 2 do artigo 67 da
LT, conforme ilustra o documento em anexo. ( vide doc 2 em anexo).

Para o Espanto da Autora passado os prazo legais para ser comunicado da decisão, nada
ocorreu, presumindo que a empresa, doravante Ré teria desistido do processo disciplinar,
e entretanto, volvidos mais de 60 dias após a defesa, é surpreendida sendo despedida
verbalmente pelos mesmos fundamentos arrolados outrora na nota de culpa da Ré.

De Direito:

I. Como se há-de notar, o que constitui fundamento da pretensão da Autora não são os
factos relativos a violação ou não dos seus deveres laborais, ou seja não esta em causa a
impugnação dos fundamentos da sua acusação no processo disciplinar, mas sim a
violação, pela Ré, dos pressupostos e formalidades que devem ser tidos em conta quer em
relação a tramitação do processo disciplinar quer em relação a sanção que lhe foi aplicada.

II. Esta em causa a inconformidade dessa actuação da Ré com os ditames da lei, o que
passa-se pelas seguintes análisa e aspectos:

A nulidade do processo disciplinar por violação das formalidades legais, nomeadamente,


violação do prazo e procedimento por parte da Ré.
III. A Ré tomou a sua decisão fora daquilo que são os ditames da lei, e não só, ignorando
completamente a defesa da Autora.

IV. A contuda da Ré violou os ditames legais, e a consequência disso é a Invalidez do


processo disciplinar. Conforme o artigo 68 LT.

DA NULIDADE POR VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DEFESA OU


CONTRADITÓRIO.

É sabido por todos que em direito, as partes acusadas tem o direito de defesa e a Autora
apresentou a sua defesa das acusações e factos que constava na nota de culpa, entretanto,
não obstante a sua resposta, a Ré tomou a sua decisão ignorando completamente a sua
defesa, violando assim o princípio do contraditório;

DA NULIDADE POR VIOLAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS E FORMA E


PRAZO

I. É sabido que em direito, as decisões devem ser apresentadas por escrito e fundamentos,
o que a Ré não fez.

II. Não obstante ao supramencionado, a Ré não seguiu os prazos previstos no artigo 67


para tomada da decisão.

Outrossim, continuando,

DO PEDIDO:

Compulsados os factos e analisando o comportamento da Ré fica claro que agiu fora da


lei, agiu e comportou-se como sendo os famosos donos da lei, entretanto a Autora confia
na justiça Moçambicana, pelo que vem pedir o seguinte:

I. Que a seja declarada nula o despedimento por ser ilícito;

II. Que com a declaração da ilicitude do despedimento, que a Autora seja reintegrada no
seu posto de trabalho e paga as remunerações vencidas desde a data do despedimento.

Na impossibilidade destas, que seja feita conforme os efeitos legais, a autora o faz na
esperança de que merecerá a devida atenção da V.Excia e digne a declarar procedente a
presente acção de impugnação do despedimento ilícito.
Sem mais de momento espera deferimento.

Beira, aos 14 de Agosto de 2023

Advogado

____________________________

(Dr. Filipe Dionisio Nhamaze)

Com carteira profissional número 23400

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