A..., Advogado Estagiário, inscrito pelo Conselho Provincial de Sofala, e a frequentar a
fase do estágio, decidiu aceitar o cargo de assessor jurídico do Presidente do Conselho Municipal do Dondo, em regime de prestação de serviços. Em função das exigências deste cargo, A... resolveu instalar escritório na sede do Município, passando a exercer aí com estabilidade a sua actividade de advocacia, em conjunto e em associação com um Advogado local, C..., mas mantendo perante a Ordem o seu domicílio profissional no escritório do seu patrono B..., na cidade da Beira, que todavia deixou de frequentar com aceitação e autorização deste. Algum tempo depois, foi solicitado a A..., pelo Presidente do Conselho Municipal um parecer jurídico sobre conflito relacionado com operação urbanística promovida pela construtora Empreendimentos Locais LDA, em fase de licenciamento, porque vários moradores o consideravam ilegal. A..., tendo estudado o processo, concluiu que seria aconselhável promover a realização de diligências de conciliação entre o executivo da Autarquia, o Advogado representante dos cidadãos reclamantes, e a entidade requerente, as quais todavia se viriam a frustrar. Assim, o Município acabou por licenciar a operação, emitindo alvará de construção favor da Empreendimentos Locais LDA, tendo esta solicitado patrocínio a A... para a acção administrativa especial instaurada pelos moradores reclamantes. A..., ponderando as circunstâncias, entendeu não aceitar o patrocínio e encaminhou o assunto para o seu Colega de escritório C... o qual, por sua vez, aceitou o mandato da construtora, depois desta ter acordado com A... e C... que, em caso de ganho de causa, entregaria a ambos em plena compropriedade para retribuição do trabalho de ambos, uma fracção autónoma destinada a escritório. Responda, agora, às seguintes questões, justificando as respostas com recurso aos textos legais e regulamentares aplicáveis:
1. A... podia aceitar o cargo e as funções referidas no parágrafo 1º da hipótese?
2. Podia A... abrir escritório na área do município onde passou a exercer as funções de assessor do Presidente do Município e aí manter a sua actividade profissional nos termos descrito no 2º parágrafo do enunciado? 3. Encontra algum reparo ou motivo de censura no comportamento de B...? 4. A actuação de conciliação de A..., ao serviço do Município, oferece‐lhe alguma reserva ou reprovação? 5. A... tinha algum motivo para não aceitar o patrocínio que lhe foi proposto pela construtora Empreendimento Locais SA? 6. C... agiu bem ao aceitar o patrocínio encaminhado por A...? 7. O trato remuneratório tripartido acordado entre a construtora, A... e C... era admissível? 8. Poderia A... intervir no decorrer da acção como testemunha do Município para depor sobre o conflito? 9. Caso conclua existirem comportamentos censuráveis imputáveis aos Advogados, quais as consequências dessas infracções e quais seriam os órgãos competentes da Ordem dos Advogados para delas conhecerem em 1ª instância e, depois, em sede de recurso?