Você está na página 1de 2

ÉTICA E DEONTOLOGIA JURÍDICA

Caso prático 3

Considere a seguinte hipótese:

A..., Advogado Estagiário, inscrito pelo Conselho Provincial de Sofala, e a frequentar a


fase do estágio, decidiu aceitar o cargo de assessor jurídico do Presidente do Conselho
Municipal do Dondo, em regime de prestação de serviços.
Em função das exigências deste cargo, A... resolveu instalar escritório na sede
do Município, passando a exercer aí com estabilidade a sua actividade de advocacia,
em conjunto e em associação com um Advogado local, C..., mas mantendo perante a
Ordem o seu domicílio profissional no escritório do seu patrono B..., na cidade da
Beira, que todavia deixou de frequentar com aceitação e autorização deste.
Algum tempo depois, foi solicitado a A..., pelo Presidente do Conselho
Municipal um parecer jurídico sobre conflito relacionado com operação urbanística
promovida pela construtora Empreendimentos Locais LDA, em fase de licenciamento,
porque vários moradores o consideravam ilegal.
A..., tendo estudado o processo, concluiu que seria aconselhável promover a
realização de diligências de conciliação entre o executivo da Autarquia, o Advogado
representante dos cidadãos reclamantes, e a entidade requerente, as quais todavia se
viriam a frustrar.
Assim, o Município acabou por licenciar a operação, emitindo alvará de
construção favor da Empreendimentos Locais LDA, tendo esta solicitado patrocínio a
A... para a acção administrativa especial instaurada pelos moradores reclamantes.
A..., ponderando as circunstâncias, entendeu não aceitar o patrocínio e
encaminhou o assunto para o seu Colega de escritório C... o qual, por sua vez, aceitou
o mandato da construtora, depois desta ter acordado com A... e C... que, em caso de
ganho de causa, entregaria a ambos em plena compropriedade para retribuição do
trabalho de ambos, uma fracção autónoma destinada a escritório.
Responda, agora, às seguintes questões, justificando as respostas com recurso aos
textos legais e regulamentares aplicáveis:

1. A... podia aceitar o cargo e as funções referidas no parágrafo 1º da hipótese?


2. Podia A... abrir escritório na área do município onde passou a exercer as funções
de assessor do Presidente do Município e aí manter a sua actividade profissional
nos termos descrito no 2º parágrafo do enunciado?
3. Encontra algum reparo ou motivo de censura no comportamento de B...?
4. A actuação de conciliação de A..., ao serviço do Município, oferece‐lhe alguma
reserva ou reprovação?
5. A... tinha algum motivo para não aceitar o patrocínio que lhe foi proposto pela
construtora Empreendimento Locais SA?
6. C... agiu bem ao aceitar o patrocínio encaminhado por A...?
7. O trato remuneratório tripartido acordado entre a construtora, A... e C... era
admissível?
8. Poderia A... intervir no decorrer da acção como testemunha do Município para
depor sobre o conflito?
9. Caso conclua existirem comportamentos censuráveis imputáveis aos Advogados,
quais as consequências dessas infracções e quais seriam os órgãos competentes da
Ordem dos Advogados para delas conhecerem em 1ª instância e, depois, em sede
de recurso?

Você também pode gostar