Você está na página 1de 5

PCJM

Prof. Denis Donoso

Enunciados – Semana 05
Considere que a prova foi aplicada em Abril/2022

Administrativo
O Estado Beta realizou licitação e formalizou contrato administrativo, com base na Lei nº
14.133/21, para a realização de uma obra de grande relevância para a coletividade, da qual
se sagrou vencedora a sociedade Alfa S/A, a qual iniciou a execução do contrato após a
mobilização do equipamento necessário para tanto. Posteriormente, durante o período de
validade da avença, verificou-se a existência de irregularidade na respectiva licitação, à qual
a sociedade Alfa não concorreu ou deu causa. Em razão disso, a Administração iniciou
procedimento administrativo para promover a invalidação do contrato. No trâmite de tal
procedimento, em que respeitado o princípio da ampla defesa e contraditório, questões
relevantes foram ponderadas, tais como a impossibilidade de sanar o vício em questão e as
consequências de se promover a anulação do contrato, aspecto em que foi especialmente
debatido o fato de que eventual invalidação seria contrária ao interesse público,
notadamente em razão dos impactos financeiros, econômicos e sociais decorrentes do
atraso na fruição do objeto em questão, assim como os custos para a desmobilização e o
posterior retorno às atividades. Não obstante, o Poder Público, por meio de decisão assinada
pela autoridade competente, decidiu anular o contrato, com efeitos pretéritos, mediante
indenização do contratado pelo que já tinha executado até então e pelos prejuízos
comprovados. A única justificativa invocada para o aludido ato de invalidação foi a violação
ao princípio da legalidade, na medida em que, dos atos nulos, não se originam direitos. Não
houve menção a qualquer alternativa possível no caso concreto, ou à caracterização de
interesse público que justificasse a medida, ou mesmo às consequências práticas, jurídicas e
administrativas que decorreriam de tal decisão. O advogado constituído pelos
representantes da sociedade Alfa, tempestivamente, impetrou mandado de segurança,
mediante apresentação da prova pré-constituída e dos argumentos jurídicos pertinentes,
sendo certo que as normas de organização judiciária estadual apontavam para a
competência do Tribunal de Justiça Local, o que ocasionou a regular tramitação do feito
perante a câmara competente. Inicialmente, foi deferida a liminar para suspender os efeitos
da decisão de invalidação do contrato, mas sobreveio acórdão, unânime, que revogou a
liminar e denegou a segurança, sob o fundamento de que não cabe ao Judiciário verificar a
existência de interesse púbico na situação, na medida em que a matéria se submete à
discricionariedade administrativa. Foram opostos embargos de declaração, rejeitados por
não haver omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada, cuja decisão foi publicada na
última sexta-feira. Observando o Art. 105, inciso II, da CRFB/88, redija a petição da medida
pertinente à defesa dos interesses da sociedade Alfa contra a decisão prolatada em única
instância pelo Tribunal de Justiça estadual, desenvolvendo todos os argumentos jurídicos
adequados à admissibilidade do recurso e ao mérito da demanda, considerando a urgência
da manifestação jurisdicional.
Prof. Denis Donoso

Civil

Para adquirir um carro de luxo da marca Tenz, Alexandre aceitou o contrato de compra e
venda imposto pela Concessionária Alfa, no qual havia cláusula estipulando que eventual
conflito entre as partes seria solucionado por arbitragem. Duas semanas após a aquisição,
Alexandre sofreu um acidente decorrente de uma falha no sistema de airbag do veículo, que,
por sorte, não lhe custou a vida. Fato é que, três meses após o acidente, a Concessionária
Alfa realizou o recall de alguns veículos da marca Tenz, dentre os quais estava o veículo
adquirido por Alexandre. Assim que soube desse recall, Alexandre ajuizou uma ação pelo
procedimento comum contra a Concessionária Alfa, visando reaver o valor pago na compra
do veículo e uma indenização pelos prejuízos decorrentes do acidente de carro. A
Concessionária Alfa apresentou uma contestação genérica, na qual não impugnou os
argumentos apresentados por Alexandre, gerando presunção de veracidade sobre esses, e
tampouco mencionou a existência de cláusula compromissória no contrato de compra e
venda. Após a apresentação de réplica, o MM. Juízo da 5ª Vara Cível de Maceió intimou as
partes, de ofício e com fundamento no Art. 10 do CPC, para se manifestarem sobre a
eventual ausência de jurisdição do Poder Judiciário em virtude da existência de cláusula
compromissória existente no contrato de compra e venda. Alexandre não apresentou
manifestação, enquanto a Concessionária Alfa defendeu que somente um tribunal arbitral
escolhido pelas partes possuiria competência para solucionar a controvérsia sub judice. Em
seguida, o MM. Juízo da 5ª Vara Cível de Maceió acolheu a preliminar de convenção de
arbitragem e extinguiu o processo, sem resolução de mérito, na forma do Art. 485, inciso VII,
do CPC. A sentença foi publicada em 01/07/2021, quinta-feira, sendo certo que não possui
omissão, obscuridade ou contradição. Considerando apenas as informações expostas,
elabore, na qualidade de advogado(a) de Alexandre, a peça processual cabível para defesa
dos interesses de seu cliente, que leve o tema à instância superior, indicando seus requisitos
e fundamentos, nos termos da legislação vigente. O recurso deverá ser datado no último dia
do prazo para apresentação. Desconsidere a existência de feriados nacionais ou locais.

Constitucional

João, pessoa de muita fé, com estrita observância das regras legais vigentes, construiu um
templo para que pudesse realizar as reuniões de oração afetas à religião que professava. Em
razão da seriedade de sua atividade, as reuniões passaram a ser frequentadas por um
elevado quantitativo de pessoas, as quais também passaram a organizar, no interior do
templo, no intervalo das orações, as denominadas “reuniões de civilidade”. Nessas reuniões,
eram discutidos temas de interesse geral, especialmente a qualidade dos serviços públicos,
daí resultando a criação de um “boletim”, editado pelo próprio João, no qual era descrita a
situação desses serviços, principalmente a respeito de suas instalações, do nível do
atendimento e do tempo de espera. Na medida em que tanto as reuniões como o boletim
passaram a ter grande influência junto à coletividade, ocorreu o aumento exponencial das
cobranças sobre as autoridades constituídas. Em razão desse quadro e da grande
insatisfação de alguns gestores, o Prefeito Municipal instaurou um processo administrativo
para apurar as atividades desenvolvidas no templo. Por fim, decidiu cassar o alvará
concedido a João, que deverá paralisar imediatamente todas as atividades, sob pena de
aplicação de multa. Ao fundamentar sua decisão, ressaltou que: (i) o alvará de localização
somente permitia a realização de atividades religiosas no local; (ii) as reuniões não foram
antecedidas de autorização específica; e (iii) o boletim não fora legalizado junto ao
2
Prof. Denis Donoso

Município, sendo, portanto, ilícito. Ao ser formalmente notificado do inteiro teor da decisão,
a ser imediatamente cumprida, João, que estava impedido de exercer suas atividades sob
pena de receber uma multa, procurou você, como advogado(a), para ajuizar a ação
constitucional cabível.

Empresarial

Camamu Viagens Ltda. teve sua falência requerida por Água Fria Indústrias de Papel e
Celulose do Brasil Ltda. com fundamento na impontualidade imotivada quanto ao
pagamento de seis duplicatas de compra e venda, de natureza cartular, cujos valores
somados perfazem R$ 147.000,00 (cento e quarenta e sete mil reais). Devidamente citada, a
devedora, por meio de seu administrador Sr. Cícero Candeal, ofereceu contestação. Na peça
de resposta, a ré invocou a irregularidade dos protestos das duplicatas por falta de
pagamento, pois foram lavrados e registrados sem que a intimação da devedora
identificasse a pessoa que a recebeu. Ademais, Água Fria Indústrias de Papel e Celulose do
Brasil Ltda., em momento algum, comprovou ter remetido as duplicatas à ré para aceite,
tampouco que os protestos requeridos por ela se prestaram para fins falimentares. Por fim,
sustentou a ré, na contestação, que a autora jamais comprovou a entrega das mercadorias
que lastreiam o crédito consubstanciado nas duplicatas. Os documentos apresentados no
processo não discriminam a natureza do que foi enviado ou indicam o recebimento por
preposto da ré, pois não há sequer um carimbo de identificação da sociedade nos papéis.
Também foi comprovado que os canhotos das notas fiscais emitidas pela credora
encontram-se em branco, sem que os prepostos tenham aposto suas assinaturas, como
forma de recibo. A despeito das alegações da ré e prova dos fatos, o Juízo Único da Vara da
Comarca de Entre Rios, Estado da Bahia, prolatou decisão que decretou a falência da
sociedade em 12 de março de 2020. Na fundamentação da decisão que decretou a falência,
o nobre julgador afirmou que, ao examinar as duplicatas protestadas e comparálas aos
instrumentos de protestos, observou que o apresentante foi o Banco Coaraci S.A., porém
sem haver qualquer indicação de endosso a ele. Sem embargo, o magistrado dispensou a
literalidade do ato cambiário por entender que a expressão “ou à sua ordem”, constante nos
títulos, bastaria para caracterizá-los como endossáveis, mesmo sem qualquer assinatura.
Você, como advogada(o) de Camamu Viagens Ltda., atuou no processo e, agora, deve
proceder à defesa da cliente para reverter a decretação da falência. Você foi intimada(o) da
decisão que decretou a falência há sete dias e não houve, ainda, preclusão. Considerando
que o processo é eletrônico e que não houve efetivação de depósito elisivo nem
requerimento de recuperação judicial no prazo da contestação, elabore a peça processual
adequada.

Penal
Rodrigo foi denunciado pelo crime de homicídio simples consumado, com a causa de
aumento prevista na primeira parte do Art. 121, § 4º, do CP, perante o Tribunal do Júri da
Comarca de São Paulo. De acordo com o que consta na denúncia, no dia 26 de dezembro de
2019, em uma boate localizada na cidade de São Paulo, Rodrigo teria desferido um soco na
barriga de João, além de ter lhe dado um empurrão, que fez com que a vítima caísse em
cima da garrafa de vidro que segurava. O corte gerado foi a causa eficiente da morte de
3
Prof. Denis Donoso

João, conforme consta do laudo acostado ao procedimento. Rodrigo teria sido encaminhado
por seus amigos ao hospital após os fatos, pois se mostrava descontrolado, não tendo
prestado socorro à vítima, por isso, sendo imputada a causa de aumento da primeira parte
do Art. 121, § 4º, do CP. Diante da inicial acusatória, Rodrigo procurou seu (sua) advogado
(a), narrando que, no dia dos fatos, câmeras de segurança registraram o momento em que
uma pessoa desconhecida, de maneira furtiva, teria colocado substâncias entorpecentes em
sua bebida, o que teria causado uma embriaguez completa. Rodrigo teria ficado
descontrolado e, em razão disso, sem motivação, teria desferido um soco na barriga de João,
empurrando-o em seguida apenas para que, dele, se afastasse, nem mesmo percebendo que
a vítima estaria com uma garrafa de cerveja nas mãos. Destacou sequer saber por que quis
lesionar João, mas assegurou que o resultado morte não foi pretendido e nem aceito pelo
mesmo, que precisou, inclusive, ser submetido a tratamento psicológico em razão dos fatos.
Apresentou laudo do hospital, elaborado logo após o ocorrido, constatando que estaria
completamente embriagado em razão da ingestão daquela substância entorpecente que
teria sido colocada em sua bebida, bem como que, naquele momento, era inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito dos fatos. Após recebimento da denúncia, citação e
apresentação de defesa, foi designada audiência de instrução e julgamento, na primeira fase
do procedimento do Tribunal do Júri, para oitiva das testemunhas de acusação e defesa,
além do interrogatório do réu. Os policiais responsáveis pelas investigações e pela oitiva dos
envolvidos, arrolados como testemunhas pelo Ministério Público, informaram ao magistrado
que se atrasariam para o ato judicial, pois estavam em importante diligência. Não querendo
fracionar a colheita da prova, o magistrado determinou a oitiva das testemunhas de defesa
antes das de acusação, apesar do registro do inconformismo da defesa. Ao final, o réu foi
interrogado. As provas colhidas indicaram que a versão apresentada por Rodrigo ao seu
advogado era totalmente verdadeira. Considerando que foi constatado o desferimento do
soco e do empurrão por parte de Rodrigo em João, após manifestação das partes, o juiz
pronunciou o acusado nos termos da denúncia. Intimado, o Ministério Público se manteve
inerte. Rodrigo e sua defesa técnica foram intimados da decisão em 05 de abril de 2021,
segunda-feira. Considerando apenas as informações expostas, apresente, na condição de
advogado(a) de Rodrigo, a peça jurídica cabível, diferente de habeas corpus e embargos de
declaração, expondo todas as teses jurídicas de direito material e processual aplicáveis. A
peça deverá ser datada do último dia do prazo para interposição, devendo ser considerado
que segunda a sexta-feira são dias úteis em todo o país.

Trabalho
Heitor Agulhas trabalhava na sociedade empresária Porcelanas Orientais Ltda. desde
26/10/2020, exercendo a função de vendedor na unidade localizada em Linhares/ES e
recebendo, em média, quantia equivalente a 1,5 salário-mínimo por mês, a título de
comissão. Em janeiro de 2022, o dono do estabelecimento resolveu instalar mais duas
prateleiras na loja para poder expor mais produtos e, visando economizar dinheiro, fez a
instalação pessoalmente. As prateleiras foram afixadas logo acima do balcão em que
trabalhavam os vendedores. Ocorre que o dono da empresa tinha pouca habilidade manual,
e, por isso, as prateleiras não foram fixadas adequadamente. No dia seguinte à instalação
malfeita, com o peso dos produtos nelas colocadas, as prateleiras caíram com todo o
material, acertando violentamente a cabeça de Heitor, que estava logo abaixo fazendo um
atendimento. Heitor desmaiou com o impacto, foi socorrido e conduzido ao hospital público,
onde recebeu atendimento e levou 50 pontos na cabeça, testa e face, resultando em uma
4
Prof. Denis Donoso

grande cicatriz que, segundo Heitor, passou a despertar a atenção das pessoas, que reagiam
negativamente ao vê-lo. Heitor teve o plano de saúde, que era concedido pela sociedade
empresária, cancelado após o dia do incidente e teve de usar suas reservas financeiras para
arcar com R$ 1.350,00 em medicamentos, para aliviar as dores físicas, além de R$ 2.500,00
em sessões de terapia, pois ficou fragilizado psicologicamente depois do evento. Heitor ficou
afastado em benefício previdenciário por acidente do trabalho (auxílio por incapacidade
temporária acidentária, antigo auxílio doença acidentário, código B-91), teve alta médica
após 3 meses e retornou à empresa com a capacidade laborativa preservada, mas foi
dispensado, sem justa causa, no mesmo dia. Heitor procura você, como advogado(a),
querendo propor alguma medida judicial para defesa dos seus direitos, pois está
desempregado, sem dinheiro para se manter e sentindo-se injustiçado porque ainda
precisará de tratamento médico e suas reservas financeiras acabaram. Além dos
documentos comprobatórios do atendimento hospitalar e gastos, Heitor exibe a CTPS
devidamente assinada pela sociedade empresária e o extrato do FGTS, onde não constam
depósitos nos 3 meses de afastamento pelo INSS. Como advogado de Heitor, elabore a
medida judicial em defesa dos interesses dele.

Tributário
Diante de grave crise econômica que assolou os cofres municipais, o Prefeito do Município
XYZ resolveu, em 31 de dezembro de 2021, editar o Decreto nº 1.234/21, que determinava a
atualização da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial e Predial Urbana
(IPTU) em percentual superior ao índice oficial de correção monetária e a majoração da
alíquota do IPTU para todas as propriedades localizadas na zona urbana do Município XYZ. O
decreto entrou em vigor no dia 1º de janeiro de 2022, e o Município XYZ imediatamente
iniciou a emissão dos carnês de IPTU. João, proprietário de um imóvel localizado na área
urbana do Município XYZ, recebeu o carnê de IPTU do ano de 2022 já com as alterações
previstas no Decreto nº 1.234/21. Preocupado, uma vez que o imóvel está prestes a ser
vendido e a existência de um débito de IPTU pode afastar compradores e impedir a
concretização do negócio, e não querendo realizar o pagamento por discordar da cobrança,
João procura você, como advogado(a), para apresentar medida judicial para a
desconstituição do crédito tributário. Diante dos fatos acima e sabendo-se que (a) será
necessária a produção de prova pericial para demonstrar que a atualização da base de
cálculo foi superior ao índice oficial de correção monetária; (b) se pretende que o Município
XYZ seja condenado em honorários de sucumbência; (c) não há processo judicial em trâmite
a respeito desse caso; e (d) João tem urgência em vender logo seu imóvel, redija a peça
processual adequada para a garantia dos direitos de João.

Você também pode gostar