RESUMO
1 INTRODUÇÃO
1
Graduando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS. E-mail:
fvgermano@gmail.com
2
Graduado em Direito pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande (1991), Especialista em
Direito em 1993 e Doutor em Direito Processual Penal pela Universidad Complutense de Madrid em
1999 (devidamente reconhecido pela UFPE), cuja tese Sistemas de Investigación Preliminar en el
Proceso Penal recebeu a nota máxima e voto de louvor - cum laude - por unanimidade. Foi Professor
Adjunto da Fundação Universidade Federal de Rio Grande de 1993 a 2003. Foi Professor Adjunto da
Fundação Universidade Federal de Rio Grande de 1993 a 2003, quando foi exonerado a seu pedido.
É ProfessorTitular do Programa de Pós-Graduação - Especialização, Mestrado e Doutorado - em
Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e da
graduação desde 2000. É Professor Convidado em diversos Cursos de Pós-Graduação no Brasil e no
Exterior. É Advogado Criminalista integrante do Escritório Aury Lopes Junior Advogados Associados,
com sede em Porto Alegre e Brasília.
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GIACOMOLLI, Nereu José. O devido Processo Penal. Grupo Gen, 2016. p. VER PAGINA
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4
CANARIS, Claus Wilhelm. Pensamento Sistemático e Conceito de Sistema na Ciência do Direito. Tradução de A.
Menezes Cordeiro. Lisboa. Calouste Gulbenkian, 1996.
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LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. Saraiva .São Paulo, 2015.
6
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
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COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
8
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. Saraiva. São Paulo, 2015.
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9
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. Saraiva. São Paulo, 2015.
10
ROSA, Alexandre Moraes da. Guia do Processo Penal Conforme a Teoria dos Jogos. Empório do Direito.
Florianópolis, 2017. p. VER PAGINA
11
DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal. Revista dos Tribunais. São Paulo, 2018. p. VER PAGINA
12
LOPES JR, Aury. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. VER PAGINA
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COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
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LOPES JR, Aury. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. VER PAGINA
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LOPES JR, Aury. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. VER PAGINA
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DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal. Revista dos Tribunais. São Paulo, 2018. p. 97 e 98.
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decisões judiciais sob o seu poder; e para todos. Através de petições, aqueles que
se sentissem lesados poderiam reclamar ao rei e o faziam 17.
O nomeado, Lord Chanceler, as recebia em nome do rei, emitia ordens por
escrito aos representantes reais locais a fim de que esses ordenassem que o
acusado satisfizesse ao queixoso, ou se apresentasse para esclarecer o caso. O
principal era que os juízes decidiam com base naquilo que sabiam. Contudo, depois,
com base no que as partes traziam ao processo, esse que, em sua maioria, se
desenvolvia como um jogo dialético, transcorrido em local público, entre as
alegações das partes. Com isso, nota-se que o desenvolvimento dos sistemas
processuais puros ocorreu por escolhas políticas historicamente demarcadas,
mesmo que fossem diversas as motivações que objetivaram tal opção 18.
De acordo com Lopes Jr.19 o formato acusatório atualmente se caracteriza
pelos seguintes atributos: fácil distinção entre as práticas de acusar e julgar;
coerência com a distinção de atividades, iniciativa probatória somente nas mãos das
partes; manutenção do juiz como um intercessor imparcial, passivo em relação à
coleta de qualquer prova; tratamento igualitário do juiz para com as partes; oral em
regra (ao menos predominantemente); contraditório e com possibilidade de defesa;
sentença sustentada pelo livre convencimento motivado do órgão julgador; total
publicidade do procedimento (ou de sua maioria); organização que respeita os
critérios de segurança jurídica – e social – da coisa julgada; oportunidade de
contrariar as decisões; e o duplo grau de jurisdição.
O sistema acusatório, frente à atual estrutura social e política do Estado, é um
imperativo do moderno processo penal e ratifica a imparcialidade e o sossego
psicológico do juiz que irá proferir a sentença. Com isso, garante o trato digno e
respeitoso com o acusado, que não mais passa a ser um mero objeto, mas sim
detentor de uma posição autêntica no polo passivo do processo penal. Tendo em
vista a imposta inércia do juiz, obtém-se um importante aumento da
responsabilidade das partes20.
17
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
18
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
19
LOPES JR, Aury. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. VER PAGINA
20
LOPES JR, Aury. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. 220 – 221.
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LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo. Saraiva, 2015. p. VER PAGINA
8
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COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
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COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
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COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
28
JUNIOR, Aury Lopes. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. 230 – 231.
9
29
GIACOMOLLI, Nereu José. O devido Processo Penal. Grupo Gen, 2016. p. 83.
30
JUNIOR, Aury Lopes. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. VER PAGINA
31
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a
substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (BRASIL, Presidência da República. Código de
Processo Penal. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm>. Acesso em: 19 jun.2021.)
32
JUNIOR, Aury Lopes. Fundamento do Processo Penal – Introdução Crítica. Saraiva, 2021. p. VER PAGINA
10
News”) no STF só vem a confirmar na prática o poder tanto do princípio, como dos
costumes inquisitórios em nosso ordenamento jurídico 33.
Sobre o fortalecimento de uma escolha com base no sistema acusatório,
discorre COUTINHO34 que a adoção da base do sistema acusatório é um
compromisso com a realidade. Pois, após a promulgação da Constituição de1988,
não há mais sentido em qualquer ordenamento que se mostre discordante com
dessa, a iniciar pena de inconstitucionalidade. Com estas premissas, os princípios
republicano, do devido processo legal, da isonomia e da fundamentação de todas as
decisões - juntamente com outros – embasam um ambiente onde não existe lugar
para preponderância da base do sistema inquisitório.
E é em razão disso que acreditamos na total eficácia das conquistas trazidas
pela Lei n 13.964/2019 que expressamente, adotou o sistema acusatório no art. 3º-
A mas que, também, ratificou a exclusão física dos autos do inquérito (art. 3º- C,
§3º35). A necessidade de eficácia deste último dispositivo, em especial, habita no fato
de que a prova hoje é colhida na inquisição do inquérito, sendo posteriormente
colacionada pela prova judicializada e produzindo uma fraude de etiquetas e
justificando a condenação embasada nos elementos colhidos sob o manto da
inquisição.
O processo termina por transfigurar-se em uma mera encenação da fase
inicial. Sempre que não contarmos com um processo genuinamente acusatório, em
toda a sua duração, ou, pelo menos aplicarmos o mitigador da exclusão física dos
autos do inquérito policial dentro dos autos, os cidadãos serão condenados com
base na “prova” inquisitorial, conforme ocorria na pura inquisição.
33
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADI 6.298-DF. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15342203606&ext=.pdf>. Acesso em: 19 jun.2021.
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COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Sistema acusatório - Cada parte no lugar constitucionalmente
demarcado. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
35
§3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na
secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do
processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas
irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para
apensamento em apartado. (BRASIL, Presidência da República. Código de Processo Penal. Decreto-Lei nº 3.689,
de 3 de outubro de 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del3689compilado.htm>. Acesso em: 19 jun.2021.)
11
36
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. Portaria GP Nº 69, de 14 de março de 2019. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/dl/comunicado-supremo-tribunal-federal1.pdf>. Acesso em: 19 jun.2021.
37
Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará
inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro
Ministro.
§ 1º Nos demais casos, o Presidente poderá proceder na forma deste artigo ou requisitar a instauração de
inquérito à autoridade competente.
§ 2º O Ministro incumbido do inquérito designará escrivão dentre os servidores do Tribunal. (BRASIL, Supremo
Tribunal Federal (STF). Regimento interno. Brasília: STF, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da
Informação, 2020).
38
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. INQUÉRITO 4.781-DF. Disponível em:
<https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/mandado27maio.pdf>. Acesso em: 19 jun.2021.
39
Em, 1988, a Constituição Brasileira substituiu o sistema penal inquisitorial pelo sistema acusatório, alterando
substantivamente a persecução penal do Brasil. A legislação processual penal ainda não foi atualizada pelo
Congresso Nacional de modo a compatibilizar-se integralmente com este novo sistema, embora algumas
mudanças pontuais tenham sido feitas na lei ordinária. O sistema anterior, de natureza inquisitorial, permitia
que o juiz acumulasse funções de acusação, interferindo no curso da investigação e na instrução penal durante
a ação penal. O sistema penal acusatório baseia-se na separação das funções de acusar, defender e julgar,
reservando ao juiz uma função imparcial e equidistante da defesa e da acusação, de modo a assegurar
julgamento justo, que angarie credibilidade para o sistema de justiça e para seu papel de promoção da paz
social. (BRASIL. Procuradoria-Geral da República. PGR opina pelo acesso de médico investigado pelo STF a
inquérito que apura propagação de fake news sobre ministros. Disponível em:
<http://www.mpf.mp.br/pgr/noticias-pgr/pgr-opina-pelo-acesso-de-medico-investigado-pelo-stf-a-inquerito-
que-apura-propagacao-de-fake-news-sobre-ministros>. Acesso em: 19 jun.2021).
12
40
STRECK, Lenio Luiz. O caso do STF e as fake news: por que temos de ser ortodoxos. Disponível em:
<https://www.conjur.com.br/2019-abr-18/senso-incomum-stf-fake-news-temos-ortodoxos>. Acesso em: 19
jun.2021.
41
Alega que o Presidente do STF “de ofício e em um só ato”:
a) instaurou Inquérito Criminal em claro abuso de poder, pois o Supremo Tribunal Federal não pode se
confundir com órgão investigador, em vista do princípio acusatório;
b) designou pessoa específica para conduzir os trabalhos, violando os princípios do juiz natural e da
impessoalidade, criando verdadeiro tribunal de exceção;
c) fundamentou o ato em artigo do Regimento Interno da Corte que não guarda similitude fática/equivalência
com os fundamentos da portaria, extrapolando os âmbitos conformativos dados pela lei ao ato administrativo,
pois (i) os atos investigados não ocorreram nas dependências da Suprema Corte; e (ii) não foram especificadas
as autoridades investigadas e sujeitas à sua jurisdição criminal; e também
d) ainda que se entenda que o ato seja legal, o artigo de lei (RISTF) utilizado como fundamento para a edição da
portaria não foi recepcionado pela Constituição Federal, pois viola o sistema acusatório e a imparcialidade do
Judiciário (BRASIL, Supremo Tribunal Federal. MANDADO DE SEGURANÇA Nº 36.422/DF. Disponível em:
<http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15341580741&ext=.pdf>. p. 3. Acesso em: 19
jun.2021.)
42
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - Processar e julgar, originariamente:
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de
segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal; (BRASIL. Constituição da república federativa do brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 19 jun.2021.)
13
4 DA ANÁLISE DE LEGALIDADE
43
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADPF 572-DF. Disponível em:
<https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF572VotoDT.pdf>. Acesso em: 19 jun.2021.
44
BRASIL, Supremo Tribunal Federal. INQUÉRITO 4.781-DF. Disponível em:
<https://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/mandado27maio.pdf>. Acesso em: 19 jun.2021.
45
O Supremo Tribunal Federal compreendeu já que “A Constituição Brasileira de 1988 consagrou, em matéria
de processo penal, o sistema acusatório, atribuindo a órgãos diferentes as funções de acusação e julgamento”,
pois inclusive que não haveria possibilidade de “arquivamento ex-officio de investigações criminais pela
autoridade judicial .(BRASIL, Supremo Tribunal Federal. ADI Nº 4.693/BA. Disponível em:
<http://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15338942396&ext=.pdf>. Acesso em: 19 jun.2021)
14
Cumpre neste ponto referir que o inquérito foi instaurado de ofício. O que
configura uma violação clara do sistema acusatório e inclusive consta como uma das
características do sistema inquisitório puro. O juiz está de fato acusando e decidindo
sobre a coleta de provas, consequentemente (como é uma parte) não age como um
terceiro imparcial e as partes não possuem tratamento igualitário.
Nessa toada, o procedimento é por escrito e sigiloso e, por este motivo,
cerceia a ampla defesa e o contraditório. Ao impor punições e o cerceamento de
direitos, antecipa efeitos práticos punitivos às acusações e sustenta a sentença pelo
livre convencimento motivado do órgão julgador, limitando a possibilidade de
impugnar das decisões e o duplo grau de jurisdição; enfim: quase todas as
características do sistema e princípio acusatório.
Da Rosa e Moreira46 declaram que a partir da nova ordem constitucional de
1988, e segundo o artigo 129, I e VIII 47 da lei maior, cabe ao Ministério Público
promover, privativamente, a ação penal pública, como também requisitar diligências
investigatórias e a instauração de inquérito policial. Indiferentemente a opiniões, o
texto foi redigido sob a égide da opção do constituinte originário, certamente
vigilante quanto ao princípio acusatório e repelindo qualquer iniciativa persecutória
criminal de magistrados mais intrépidos. Contrário ao princípio citado está, além de
outros, o artigo 5º, II48, que é um dispositivo discordante do novo modelo acusatório
de processo e do ordenamento constitucional, por misturar o juízo/tribunal com
prática extremadamente persecutória.
46
DA ROSA, Alexandre Morais; MOREIRA, Rômulo de Andrade. Antes e depois da (in)validade da investigação
de ofício do STF. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-jun-09/rosa-moreira-invalidade-
investigacao-oficio-stf>. Acesso em: 19 jun.2021.
47
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal
pública, na forma da lei; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial,
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais. (BRASIL. Constituição da república
federativa do brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 19 jun.2021.)
48
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: II - mediante requisição da autoridade
judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para
representá-lo (BRASIL, Presidência da República. Código de Processo Penal. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de
outubro de 1941. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm>.
Acesso em: 19 jun.2021).
15
49
STRECK, Lenio Luiz; ROCHA, Jorge Bheron. A batalha: o velho inquisitivismo não quer morrer — mas o novo
nascerá. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2020-jan-06/opiniao-velho-inquisitivismo-nao-morrer-
nascera#sdfootnote3sym>. Acesso em: 19 jun.2021.
50
Ibid.
51
JUNIOR, Aury Lopes. Direito Processual Penal. Saraiva. São Paulo, 2019.p. VER PAGINA
16
55
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas (1764). 4. Reimpressão – Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1994. p. 19
56
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma
natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e
encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
(BRASIL, Presidência da República. Código de Processo Penal. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm>. Acesso em: 19
jun.2021.)
18
processo criminal na qualidade de acusador. Além do que, a futura ação penal não
seria da competência de julgamento do Supremo Tribunal Federal.
Ademais, a investigação levada a termo, incrivelmente, não respeita
dispositivos como o artigo 129, incido I 57 da Constituição Federal e o artigo 8º, inciso
I do Pacto de São José da Costa Rica58.
57
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública,
na forma da lei; (BRASIL. Constituição da república federativa do brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em: 19 jun.2021.)
58
Artigo 8, inciso 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na
apuração de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou
obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza (BRASIL, Presidência da
República. Pacto de São José da Costa Rica. Decreto nº 678, de 6 de novembro de 1992. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d0678.htm>. Acesso em: 19 jun.2021.)
59
Art. 43. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará
inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro
Ministro. § 1º Nos demais casos, o Presidente poderá proceder na forma deste artigo ou requisitar a
instauração de inquérito à autoridade competente. § 2º O Ministro incumbido do inquérito designará escrivão
dentre os servidores do Tribunal. (BRASIL, Supremo Tribunal Federal (STF). Regimento interno. Brasília: STF,
Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da Informação, 2020.)
60
Art. 45. Os inquéritos administrativos serão realizados consoante as normas próprias. (BRASIL, Supremo
Tribunal Federal (STF). Regimento interno. Brasília: STF, Secretaria de Altos Estudos, Pesquisas e Gestão da
Informação, 2020.)
19
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
61
GRILO, Ludmila Lins. Inquérito do Fim do Mundo. E.D.A. Londrina, 2020. p. VER PAGINA
62
Ibid. p. VER PAGINA
20
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/194935/000871254.pdf?
sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 19 jun.2021
DEZEM, Guilherme Madeira. Curso de Processo Penal. Revista dos Tribunais. São
Paulo, 2018.
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. São Paulo. Saraiva, 2015.
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal. Saraiva. São Paulo, 2019.
LOPES JR, Aury; ROSA, Alexandre Morais. Entenda a semana do Supremo e sua
investigação de ofício. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-abr-
19/entenda-semana-supremo-investigacao-oficio>. Acesso em: 19 jun.2021.
ROSA, Alexandre Moraes da. Guia do Processo Penal Conforme a Teoria dos
Jogos. Empório do Direito. Florianópolis, 2017.
STRECK, Lenio Luiz. O caso do STF e as fake news: por que temos de ser
ortodoxos. Disponível em: <https://www.conjur.com.br/2019-abr-18/senso-
incomum-stf-fake-news-temos-ortodoxos>. Acesso em: 19 jun.2021.