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https://www.dicio.com.br/ciencia/
Da mesma forma, temos os sistemas processuais penais, sobre os quais,
em especial o sistema acusatório, vamos no deter de forma não tanto
perfunctória.
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Mauro Fonseca Andrade, Sistemas Processuais Penais e seus princípios reitores, Curitiba:
Juruá, 2013, p. 38-39.
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Conceito disponibilizado em “Power Point” da aula “Sistemas Processuais”, ministrada no Curso
de Especialização em Processo Penal da FMP/RS.
Hoje, tal movimento se agrava, na medida em que percebemos, pelo
mesmo Tribunal Máximo, a relegação do sistema processual acusatório, e
injustificável e inconstitucional adoção de um verdadeiro sistema processual
inquisitivo.
Caso que merece análise, à luz dos elementos essenciais do sistema
processual penal acusatório, é o do inquérito n° 4.781, instaurado em 14 de
março de 2019, pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal.
Sabe-se que é elemento essencial do sistema acusatório a separação dos
diversos órgãos de investigação e processuais. Não podem os mesmos órgãos
ou seus representantes fazerem o papel de investigador/acusador e juiz. Tal
separação de funções é essencial para que se leve à efetividade a garantia
constitucional do devido processo legal.
Ora, quando o Presidente do Tribunal Máximo do país procede a
instauração de inquérito, instrumento de investigação, e, ainda mais, designa o
juiz que vai presidi-lo na mesma portaria, sem que (mesmo se considerássemos
constitucional a instauração) procedesse à distribuição que garantiria a atuação
de juiz natural e competente para a jurisdição, fere de morte o princípio do devido
processo legal, na medida que compromete a imparcialidade do julgador. Afinal,
quando (e se) este inquérito encontrar um termo, serão os próprios Ministros que
irão julgar a ação penal dele decorrente.
Note-se, outrossim, que, além da confusão de papéis entre juiz e
investigador/acusador, temos a identificação entre investigador/acusador/juiz e
vítima, uma vez que, segundo a portaria de instauração, o inquérito n° 4.781 visa
“apurar notícias fraudulentas (fake news) denunciações caluniosas, ameaças e
infrações revestidas de animus calumniandi, diffamandi e injuriandi que atingem
a honorabilidade a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros
e familiares.”
Não se pode olvidar da total usurpação de funções, tendo em vista que
até o indeferimento da promoção de arquivamento do inquérito referido já foi
determinado pelo juiz/investigador/julgador, que, ao que parece, quer se arvorar,
inclusive, a titular da ação penal pública.
O que se percebe é que, como dantes mencionado, tais ofensas ao
sistema acusatório, bem como às garantias constitucionais por ele protegidas,
são justificadas, ao que parece, pela menção a princípios e entes vagos e
incorpóreos, tais como “defesa da democracia”, “atos subversivos”, “atos
antidemocráticos”.
Não é de hoje que as decisões eminentemente
principiológicas/subjetivistas são publicadas por aquela Corte, sem qualquer
atenção ou equilíbrio com as normas legais, constitucionais, afastando-se dos
sistemas, normas e princípios dogmáticos que caracterizam a Ciência do Direito
e garantem a imparcialidade do julgador e impedem que o Direito seja aplicado
em benefício de poderosos, ou das ideologias que professam. É preciso que os
cientistas jurídicos se manifestem frontalmente contra tais decisões, sob pena
da ruína do Estado Democrático de Direito.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mauro Fonseca, Sistemas Processuais Penais e seus
princípios reitores, Curitiba: Juruá, 2013.