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CIENTÍFICA
Muito esforço já foi feito para se estabelecer o Direito como Ciência, o que
de fato é. De acordo com o ensinamento de Maria Helena Diniz, “A ciência
“constitui, um corpo sistemático de enunciados verdadeiros. Em suma, ciência é
um saber metodicamente fundado, demonstrado e sistematizado. A
sistematicidade é o principal argumento o para afirmar a cientificidade”
Na árdua, mas vitoriosa tarefa de demonstrar a natureza científica do
Direito, a Professora nos aclara que “O principal escopo da ciência do direito é a
sistematização jurídica, tendo uma função organizatória, por criar condições para
classificação, tipificação e sistematização dos fatos relevantes.”1
Para entender a extrema importância da qual se reveste a sistematização
para quaisquer ramos da ciência, mister se faz conceituar o termo. Segundo os
dicionários, sistema é um conjunto integrado de componentes regularmente
inter-relacionados e interdependentes criados para realizar um objetivo definido,
com relações definidas e mantidas entre seus componentes e cuja produção e
operação como um todo é melhor que a simples soma de seus componentes.
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Maria Helena Diniz - SISTEMATIZAÇÃO: PROBLEMA CENTRAL DA CIÊNCIA JURÍDICA
- Revista de Direito Brasileira - Revista de Direito Brasileira | São Paulo, SP | v. 13 | n. 6 | p. 88 - 94|
jan./abr. 2016
simplesmente, promover uma faísca de crítica acerca da falta de sistemática,
logo, de racionalidade, do sistema processual penal brasileiro.
2 BARBOSA, José Olindo Gil. Os Pólos Metodológicos de Sistematização do Direito Processual. Portal
Jurídico Investidura, Florianópolis/SC, 20 Set. 2008. Disponível em: investidura.com.br/biblioteca-
juridica/artigos/processocivil/709-os-polos-metodologicos-de-sistematizacao-do-direito-processual. Acesso
em: 11 Dez. 2022
3 Roberto Ferreira Archanjo da Silva - Por uma teoria do Direito Processual Penal:organização sistêmica
Assim, temos um único processo penal, para o qual o Legislador Pátrio,
ao que parece de forma assistemática e, às vezes, sem se atentar para a
racionalidade e economicidade que devem permear os sistemas jurídicos, legou
diversos ritos.
Tal realidade nos faz afirmar que há uma infinidade de procedimentos
inadequados, que, ao invés de possibilitar uma prestação jurisdicional célere,
econômica e efetiva, é extremamente contraproducente aos fins para os quais o
processo penal se propõe.
Temos no nosso ordenamento, assim, procedimentos semelhantes com
base de incidências diferentes, cujo critério é estabelecido com base na pena
máxima cominada ao tipo penal (ordinário, sumário e sumaríssimo), e
procedimentos especiais, residuais, estabelecidos no art. 394 do Código Penal
e em leis especiais esparsas, que são regidos pela natureza do ilícito praticado
ou qualidade específica do réu (crimes cometidos por funcionários públicos,
crimes de ação penal privada, procedimento especial do júri, crimes eleitorais,
crimes militares, crimes praticados por pessoas com foro por prerrogativa de
função, rito da lei antidrogas, rito da lei de licitações, crimes contra a honra...).
O questionamento primordial e natural, diante de tal elenco de ritos, é o
seguinte: Qual o benefício, em termos práticos, ao processo penal, de tamanha
especialização? A lógica e a prática indicam que, ao contrário, os malefícios são
mais evidentes.
Como afirmado acima, o protagonismo do processo penal não permite
mais a possibilidade de tamanho “adjetivismo”. “Isso porque num Estado
Democrático de Direito, sob o ponto de vista da política criminal, a dogmática
processual penal, assim como a penal, segundo Antonio Chaves Camargo, tem
um papel relevante na reafirmação dos direitos humanos fundamentais e na
orientação do legislador para aperfeiçoar a persecução penal e a execução da
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pena”
Para uma Ciência do Direito que se propõe a estes fins, mister se faz
começar a imaginar um processo cujos ritos sejam uniformes, mínimos e céleres,
cujo principal escopo seja o cumprimento das garantias constitucionais dos
4 Roberto Ferreira Archanjo da Silva - Por uma teoria do Direito Processual Penal:organização sistêmica
autores e vítimas, bem como a efetividade e suficiência da prestação jurisdicional
que, no caso do Direito Penal/Processual Penal, é exclusiva do Estado.
BIBLIOGRAFIA
1. DINIZ, Maria Helena. SISTEMATIZAÇÃO: PROBLEMA CENTRAL DA
CIÊNCIA JURÍDICA - Revista de Direito Brasileira - Revista de Direito
Brasileira | São Paulo, SP | v. 13 | n. 6 | p. 88 - 94| jan./abr. 2016
2. BARBOSA, José Olindo Gil. Os Pólos Metodológicos de Sistematização
do Direito Processual. Portal Jurídico Investidura, Florianópolis/SC, 20
Set. 2008. Disponível em: investidura.com.br/biblioteca-
juridica/artigos/processocivil/709-os-polos-metodologicos-de-
sistematizacao-do-direito-processual. Acesso em: 11 Dez. 2022