Este artigo analisa uma decisão judicial sobre um caso de indenização por danos morais e materiais após falha em procedimento de vasectomia. A autora aplica a Análise Crítica do Discurso para identificar estratégias linguísticas e produção de sentido no texto da decisão. O artigo discute como o discurso jurídico é ideológico e busca persuadir, ainda que o processo decisório do juiz não siga estritamente a lei.
Este artigo analisa uma decisão judicial sobre um caso de indenização por danos morais e materiais após falha em procedimento de vasectomia. A autora aplica a Análise Crítica do Discurso para identificar estratégias linguísticas e produção de sentido no texto da decisão. O artigo discute como o discurso jurídico é ideológico e busca persuadir, ainda que o processo decisório do juiz não siga estritamente a lei.
Este artigo analisa uma decisão judicial sobre um caso de indenização por danos morais e materiais após falha em procedimento de vasectomia. A autora aplica a Análise Crítica do Discurso para identificar estratégias linguísticas e produção de sentido no texto da decisão. O artigo discute como o discurso jurídico é ideológico e busca persuadir, ainda que o processo decisório do juiz não siga estritamente a lei.
RESENHA CRÍTICA — ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO JURÍDICO: O CASO
DA VASECTOMIA
Autora: Virgínia Colares
Editora: Pedro & João Editores Ano: 2011
O artigo científico, com o tema sobre análise de uma decisão judicial,
proposta pela autora, Virgínia Colares, possui o título, “Análise Crítica do Discurso Jurídico: o caso da vasectomia”. Foi publicado na, Pedro & João Editores, de São Carlos, compreendido entre as páginas 97 a 124, no ano de 2011. O artigo apresenta discussão a respeito da análise de uma decisão judicial, Apelação Cível n° 70012325650, Comarca de Porto Alegre-RS, Brasil. Assim, no artigo, realizou-se uma análise de um processo de indenização por danos morais e materiais em virtude do nascimento de uma criança, um ano após a realização de uma vasectomia no patriarca da família, por falha na prestação de serviço pela ré — ENTIDADE DE SAÚDE S.A. Quanto à formação da autora, Virgínia Colares é especialista, mestre, doutora em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco — UFPE, e professora universitária da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP). Fundadora da Associação de Linguagem e Direito (ALIDI). É sócia fundadora da Associação Latinoamericana de Estudos do Discurso (ALED). A pesquisa desenvolvida pela autora foi em prol ao âmbito do GP Linguagem e Direito (CNPq), o qual tem o intuito de construir procedimentos teórico-metodológicos para análise crítica dos textos produzidos na justiça, observando a construção do discurso jurídico nas diferentes situações de interação durante a realização dos atos processuais. Buscando, assim, identificar as estratégias linguístico-discursivas pelas quais se textualizam os discursos jurídicos. Os atos processuais, os quais têm significados e objetivos diversificados, segundo comenta Medeiros (2015), estão vinculados a uma declaração humana, capaz de “constituir, modificar ou extinguir situações de direito”, em outras palavras, ela consegue produzir uma “consequência jurídica”. Assim, os atos processuais são praticados pelos juízes e auxiliares da Justiça (sujeitos do processo), recebendo, em um todo, o nome de procedimento. Estes têm que consagrar os princípios da ampla defesa, do processo legal, e dos direitos fundamentais aos indivíduos. Na sequência, é analisado o discurso jurídico — título do artigo em questão — e que, segundo Foucault (2013), citado por Souza e Camurça (2019), o discurso é compreendido como “enunciados que atuam como jogos de poder, transcendentes aos aspectos puramente linguísticos, […] contemplativos às estratégias que dizem questão tanto ao objeto enunciado quanto ao sujeito enunciante.” Assim, os discursos jurídicos apresentam uma dupla face, a qual “rege e é regida por processos de limitação exteriores”, colocando uma imposição de “um conjunto de regras ao sujeito enunciante.” Além disso, o citado discurso jurídico, é “ritualístico”. Tal fator é primordial à “forma jurídica e ao funcionamento dos órgãos judiciários”, o qual delimita os “procedimentos aos quais um enunciantes habilitado deve se submeter para validar o discurso por ele proferido, conferindo o rito de legitimidade do enunciado”. Ele também se atende ao magistrado como “expressão do Poder judiciário, havendo necessidade habilitação do sujeito do discurso.” Com o estabelecimento do magistrado, o discurso jurídico efetuada pelo juiz, o qual necessita de qualificação legitimadora, é atestada tanto pela Constituição Federal (1988) que, no art. 93, inciso I, quanto pela Lei Complementar 35 (1979), no art. 78. Está ação passar por um processo de análise pelo magistrado, que, sendo aprovado, são positivados os códigos de processo, que determinam a ordem sequencial de atos de reação ao descumprimento normativo (LUNARDI; DIMOULIS, 2007). Este processo estabelece dispositivos, os quais o agente deve seguir para emitir discurso jurídico válido, de modo que limita a liberdade criativa deste, devendo respeito ao rito processual positivado. Este processo de controle, como destacado por Revel (2005), é exercido para a vigilância, prevenção e correção de desvios. A necessidade de prevenção de desvios, na perspectiva jurídica, é importante tanto ao analisar a perspectiva daquele que descumpre a norma, quanto do ponto de vista de quem a aplica. Dessa forma, interessa aos aparatos jurídicos que, tanto o magistrado, quanto aquele que não ocupa o sistema judiciário, procedam conforme o processo positivado. Assim, o controle exercido sobre os membros do judiciário concentra-se em evitar que eles transcendam seu papel de aplicadores do que já está estabelecido. No artigo, a autora usa como teórico-metodológico à Análise Crítica do Discurso (ACD), a qual conceitua o sujeito como construído por e construindo os processos discursivos, a partir da sua natureza de ator ideológico, na instância social onde atua. A ACD está interessada no discurso como instrumento de poder e controle, assim como no discurso como instrumento social da realidade. Assim, “as decisões judiciais, como texto que são, apresentam estratégias linguísticas-discursivas que, ao serem estudadas a partir dos princípios epistemológicos da ACD possibilitam desvendar as produções de sentido do texto.” O artigo apresenta como o juiz não lida com “a norma pronta e acaba”, a qual se apresenta em situações fáticas, não previstas pelo direito, fazendo com que o juiz adote uma “postura mais criativa no âmbito do processo”; além da sua fragilidade no trabalho cognitivo, o qual enquadra o caso concreto à normal geral e daria sua decisão. Assim, é divergente ao o processo do magistrado, visto que, neste se dá primeiro uma decisão, baseada em valores, para depois recorrer à premissa maior. Este processo não sofre nenhuma alteração, diante da lei, de acordo com “as transformações históricas e as relações conflituosas atuais. Essas adaptações são realizadas pelos responsáveis da aplicação, que, mediante a situação presente e pelos valores predominantes, proporcionam legitimidade às suas decisões. “A realidade é corroborada devido ao discurso adotado”, quer dizer, que é o discurso que dá significações e constrói essa realidade social. Além disso, apresenta-se o discurso decisório, que é ideológico, argumentativo, persuasivo, o qual tem como motivação a tentativa de convencer as partes e a sociedade da decisão do juiz. Há diversas situações que este discurso é presenciado, e o artigo da autora mostra como este se apresenta numa análise de uma decisão judicial. Está análise é dividida em duas categorias, a argumentação e a modalização, aos quais ajudam no entendimento da análise do trabalho explanado. É evidente, e como comentando no início desta resenha, este artigo é direcionado para a relação Direito/Linguagem, está ultima direcionada mais para a área de ACD. No começo do artigo explicou-se a articulação de direito/linguagem — foi utilizada uma linguagem clara e acessível para quem tiver um primeiro contato com algo relacionado a este tema — onde foi utilizada termos epistemológicos, porém, gerou uma confusão na junção dos termos e ideias usadas no artigo. Por outro lado, teve-se um melhor entendimento no termo de Linguagem, mais especificamente, na área de ACD. Nesta se explicou, de uma forma breve e clara, a função do ACD nos textos geralmente e de como seria sua contribuição no artigo. Infelizmente, este artigo teve muita dificuldade para ser encontrado, e o formato que está disponível na página de divulgação efetua que a leitura sinta-se incomoda e cansativa.
Referências
LUNARDI, S. G.; DIMOULIS, d. A verdade e a justiça constituem finalidades do
processo judicial? Sequência, Florianópolis, v. 28, n. 55, p. 175-194, dez. 2007.
MEDEIROS, L. F. Atos processuais. Revista Científica Semana Acadêmica.
REVEL, J. Foucault: conceitos essenciais. 1 ed. São Carlos: Claraluz, 2005.
SOUZA, F.; CAMURÇA. E. E. P. A Construção do Discurso Jurídico na ADI 4277.
Anais do XV Encontro de Iniciação Científica da UNI7, vol. 9. n. 1. 2019. Disponível em: <https://periodicos.uni7.edu.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/1049> Acessado em: 7 jan. 2022.
O Problema da Discricionariedade Judicial e sua Incompatibilidade com o Estado Democrático de Direito: uma análise sob a perspectiva da Crítica Hermenêutica do Direito
Das cláusulas gerais e dos conceitos jurídicos indeterminados à necessidade de precedentes obrigatórios: uma jornada pela evolução do Direito Processual Civil