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Prova 1 - 24585-04 - Dir.proc.civil V. e P. E. P. P.

(75H) - Turma 169 - 2020/2


- Prof. Darci Guimaraes Ribeiro.

Aluno: Felipe Valls Germano da Silva

1) Comente o acórdão utilizando 3 autores sobre o tema.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUCESSÕES. INVENTÁRIO.

AVERIGUAÇÃO ACERCA DE SUB-ROGAÇÃO QUANTO A BENS PARTICULARES DA


COMPANHEIRA SUPÉRSTITE. Em ação de inventário, a atuação jurisdicional é

bastante limitada e objetiva, estando vinculada tão somente à busca da


regularização da titulação do patrimônio transferido aos sucessores, mediante a

arrecadação dos bens e direitos deixados pelo falecido para posterior pagamento
das dívidas e tributos porventura existentes e, finalmente, partilha do que sobejar

entre os herdeiros. Assim, o acervo de bens a inventariar deve vir ao caderno


processual de modo certo e definido, o que enseja o encaminhamento de

discussões que necessitam de instrução probatória e amplo debate com garantia


do contraditório – como é o caso da apreciação da questão da sub-rogação em
debate – aos meios ordinários, na esteira do mencionado art. 612 do CPC.
RECURSO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento, Nº 70084337047”. 

Newton Teixeira Carvalho – Considera a melhora de redação, pois, pelo art.


984 do CPC/73, o juiz também poderia mandar para os meios ordinários as discussões de alta
indagação. Assim e pelo novo CPC a remessa para as vias ordinárias somente acontecerá se
ainda as questões precisarem de outras provas, além das documentais já juntadas aos autos.
Apenas por serem de altas indagações, as divergências colocadas nos autos de inventário e
partilha, não será mais caso de enviar as partes às vias ordinárias. Exemplo: era comum aos
juízes remeterem para discussão nas Varas de Família a existência de união estável, mesmo
estando tal entidade familiar comprovada documentalmente. Doravante, tal remessa não é mais
certa.

Lorena Lucena - Desta maneira, são afirmações de alta complexidade que


refletem no funcionamento do inventário, podendo resultar, inclusive, uma ação autônoma de
prestação de contas no juízo cível. Na verdade, essa ação irá contribuir posteriormente para o
bom andamento do processo, pois comprovará, por meio de documentação necessária, a
movimentação financeira do falecido.

Partindo dessa premissa, o Superior Tribunal de Justiça- STJ julgou um caso


concreto contido no RESsp nº 1.480.810/ES, no qual concluiu-se que é cabível o ajuizamento de
ação autônoma de prestação de contas perante o juízo cível quando se constatar, desde logo, a
necessidade de dilação probatória incompatível com o rito especial do inventário.

Nele, a nobre relatora discorreu sobre o questionamento levantando pelas partes


sobre o tema em questão, inclusive sobre o artigo 984 do CPC de 1973, recepcionado pelo
artigo 612 do atual CPC. Em extenso julgado, baseado também nas informações contidas no
processo, convém trazer à baila algumas observações, dentre outras:

“O fato de o art. 984 do CPC/73 determinar ao juiz que remeta as partes às vias
ordinárias se verificar a existência de questão de alta indagação não significa dizer que a parte
está proibida de ajuizar ação autônoma perante o juízo cível se constatar, desde logo, a
necessidade de dilação probatória incompatível com o rito especial do inventário. 6- A
legitimidade de parte, que se afere in status assertionis, deriva da aptidão que a decisão judicial
possui para atingir a esfera de bens e direitos da parte indicada na petição inicial, de modo que é
legítima, para responder a ação de prestação de contas assentada em nulidade de doações, a
parte que se beneficiou diretamente dos atos de disposição de bens e direitos de titularidade da
civilmente incapaz”.

Por conseguinte, a fim de pacificar a divergência levantada, o julgado do RESsp


citado, reafirmou a tese a respeito da possibilidade de ajuizamento de ação autônoma de
prestação de contas como necessária para a dilação probatória quando for incompatível com o
rito especial de inventário.
Flavio Olimpio de Azevedo – 1. Juízo Universal: O juízo que realizar o
processamento e julgamento do inventário será tido como juízo universal, atraindo sobre si as
questões que lhe sejam correlatas, salvo as questões fáticas que dependam de prova e
contraprova, caso em que o juiz remeterá as partes às vias ordinárias. Assim, todas as questões
paralelas, cujo deslinde não envolva matéria de alta indagação, sofrem a influencia da força
atrativa do juízo da inventariança. Neste sentido: “As questões do inventário que demandam
“alta indagação” ou “dependerem de outras provas” devem ser resolvidas pelos meios
ordinários, nos termos do art. 984 do CPC, o que não significa necessariamente o afastamento
do juízo do inventário. Destaca-se a diferença entre juízo e processo. Ao determinar a remessa
par os meios ordinários, a lei processual não pretende o afastamento do juízo do inventario de
debate a respeito de tema relacionado com a herança, mas que a matéria probatória não seja
conduzida no processo de inventário, em que se discute apenas questões de direito. Se a ação
relaciona-se com a herança, muito embora observe o rito ordinário, por comportar, em tese,
dilação probatória, não há óbice para que tenha seu curso regular perante o juízo do inventário”
(STJ, REsp 1558007 / MS). No mesmo sentido: “Na esteira do art.612 do CPC, incumbe ao juiz
decidir todas as questões de direito desde que os fatos relevantes estejam provados por
documentos, só remetendo para as vias ordinárias as questões que dependerem de outras provas.
Caso em que o juízo de origem, ao homologar o plano de partilha apresentado pelo
inventariante, remeteu os questionamentos concernentes à posse do veículo inventariado e à
responsabilidade pelo pagamento dos débitos pendentes (IPVA, licenciamento e seguro
obrigatório) às vias ordinárias. No entanto, considerando que a existência dos débitos
supracitados está comprovada por prova documental e que não há controvérsia acerca da posse
exercida pela apelante (art. 374 do CPC), cabe ao juízo, no bojo o inventário, decidir acerca das
questões de direito suscitadas pelos herdeiros. Assim em observância ao duplo grau de
jurisdição, deve ser desconstituída a sentença homologatória”. (TJRS, AC 70074045089)

Após ler as considerações dos 3 autores citados acima e do destaque da matéria na Nota
Informativa do STJ nº 622 (É cabível o ajuizamento de ação autônoma perante o juízo cível
quando se constatar, desde logo, a necessidade de dilação probatória incompatível com o rito
especial do inventário) proferirei minhas considerações acerca do tema.

O rito especial do processo de inventário se dá, entre outras razões, pelo motivo
de celeridade e economia processual. Contudo, em oposto ao rito ordinário, esse não
proporciona uma maior oportunidade e tempo para uma produção de provas mais robusta e
investigações e questionamentos mais aprofundados do caso julgado. O direito de uma das
partes envolvidas no inventário de ajuizar qualquer ação que seja não deve ser tolhido pelo juízo
do inventário, mas sim analisado pelo juízo ordinário de destino. Em oposição a esta afirmação,
tenho como ressalva os casos em que as partes no inventário tem como desejo oculto a dilatação
do prazo de inventário, ou até a não conclusão desse, por diversos motivos. Casos em que a
parte que tem este objetivo busca maneiras de “esvaziar” o inventário, ou fazer com que a sua
celeridade se torne impossível. Tendo em vista os argumentos apresentados, a função primordial
do juiz do inventário neste caso é avaliar o real ânimo da parte que deseja apartar o bem do rito
especial para o rito ordinário. Com o risco de tornar desnecessariamente moroso o término
completo do processo de inventário sem a necessidade de dilação probatória e ampla discussão
e contraditório da matéria.

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