Você está na página 1de 5

CASO PRÁTICO 1

Ana e Bento são um jovem casal que, após ter adquirido um vasto terreno em Beja,
pretende agora construir nele a sua primeira habitação rural.
Uma vez que precisam de licença da Administração Pública, contratam
Carlos, insigne jurista recém-formado pela FDUL, para os ajudar na tarefa.

Em reunião com o casal, Carlos indica que o procedimento é da sua iniciativa e,


com base na Lei das Autarquias Locais, entende que a competência para a emissão
da licença é da Câmara Municipal de Beja, com possibilidade de delegação no
Presidente da Câmara.

Responda, fundamentadamente, às seguintes questões, indicando as bases legais


convenientes e os princípios da atividade administrativa aplicáveis:

1. O procedimento administrativo em causa está sujeito ao Código do


Procedimento Administrativo (CPA)? Se sim, a que partes?

2. Quem são os sujeitos da relação jurídico-procedimental administrativa descrita?

3. Se a Associação “BLC– “Beja Livre de Construção” (constituída por munícipes


cujo objetivo é manter o caráter agrícola da região) pretender tomar parte no
procedimento, pode fazê-lo?

4. Sabendo que Daniela, técnica operacional da Direção Municipal do Urbanismo,


é a responsável pelo procedimento, enquadre a sua atuação com base no artigo
55.º do CPA.
CASO PRÁTICO 2

A 10 de janeiro de 2021, o Instituto dos Registos e do Notariado, I.P., e a empresa


Sousa & Lima Construções, Lda., dos sócios Jorge e Hugo, celebraram um contrato
de empreitada para a construção de um serviço de registo em Olhão, a concluir no
prazo de 2 anos.

Em reunião ordinária de 19 de janeiro de 2023, na sequência do incumprimento


do prazo de conclusão da empreitada, o Conselho Diretivo do IRN, I.P., deliberou
a cessação do vínculo contratual e consequente pagamento de uma indemnização
no valor de 50.000,00 euros por parte da Sousa & Lima Construções, Lda.

A empresa foi notificada da deliberação através do ofício n.º 580, de 5 de fevereiro


de 2023, recebido em a 7 de fevereiro de 2023.
Deveras surpreendidos, num momento em que a construção estava quase
terminada, Jorge e Hugo dirigem-se a Carlos, que os tranquiliza, pois:

i) A lei determina que a definição do montante indemnizatório é da


competência do Ministério da tutela, no caso, o Ministério da Justiça;
ii) A assinatura do ofício não se encontra autenticada pelo Presidente do
Conselho Diretivo;
iii) O ofício limita-se a indicar a ultrapassagem do prazo de 2 anos, sem mais.

Carlos discute o caso com a colega Verónica, que considera haver fundamento
para anulabilidade do ato; todavia, Carlos decide arguir a sua nulidade.

1. Qualifique, quanto à sua natureza jurídica, o ofício n.º 580.


2. Defenda as posições:
a) Do Conselho Diretivo do IRN, I.P.;
b) De Verónica;
c) De Carlos.
3. Descreva o regime a seguir consoante a posição que adotar.
CASO PRÁTICO 3

A Sociedade DLC, Lda., criada pelas amigas de longa data Dora, Luísa e Carla,
dedica-se à exploração turística da região norte, sendo detentora de três hotéis nas
encostas do Douro vinhateiro.

O mais recente empreendimento da Sociedade, o Hotel Douro Azul, tem


inauguração programada para o início da primavera.

Levado a cabo todo o procedimento administrativo, Dora, Luísa e Carla recorrem


a Carlos para saber a que regras deve obedecer o seu novo hotel no que respeita a
múltiplos aspetos do quotidiano, nomeadamente, às regras de segurança das suas
instalações, exigidas por lei.

Carlos deteta, como aplicáveis, o Regulamento Y, da Autoridade Nacional de


Proteção Civil e o Regulamento X, da Câmara Municipal do Porto, sendo que,
entre outras regras, o primeiro obriga à existência de 3 extintores por corredor e o
segundo, de 4. Confuso com a disparidade das normas, pede às suas clientes mais
alguns dias para estudar a questão.

Responda, fundamentadamente, às seguintes questões, indicando as bases legais


convenientes e os princípios da atividade administrativa aplicáveis:

1. Qual o Regulamento que prevalece? E o que acontece ao Regulamento


preterido?

2. Quando finalmente percebem qual o Regulamento aplicável, Carlos


repara que algumas normas foram acrescentadas já depois da audiência
prévia. Quid juris?

3. Alertado para as ilegalidades, o órgão emissor revoga o Regulamento, sem,


todavia, aprovar um regulamento substitutivo, o que causa grande dano à
sociedade. Quid juris?
CASO PRÁTICO 4

Bárbara e Cátia são estudantes do 2.º ano de Psicologia e colegas de casa em Lisboa,
frequentando ambas o curso pós-laboral, cujo horário se estende das 18h às 22h.
O mais recente regulamento da biblioteca foi motivo de discussão no jantar de
quarta-feira à noite.

Atendendo à fraca afluência da Biblioteca, foi decisão da Faculdade reduzir o


horário da mesma, que, das 9h às 20h, passou para as 8h às 19h. Para além disso,
os empréstimos foram proibidos, atendendo ao estado em que os estudantes
deixavam os livros quando devolviam. Como se tal não bastasse, os gabinetes de
estudo individuais foram convertidos em salas de exposição de documentos
históricos, dado que os alunos deixavam horas a fio os seus lugares ocupados com
livros sem lá estarem presentes.

Decidiram tirar todas as dúvidas com o terceiro colega de casa, Tadeu, estudante
de Direito na FDUL, mas mesmo após um interessante debate, Bárbara continuou
a discordar em absoluto de todas as decisões, ao passo que Cátia permaneceu firme
na ideia de serem todas decisões administrativas legítimas.

1. Pronuncie-se sobre a legalidade do regulamento, defendendo:

a) A posição de Bárbara;
b) O entendimento de Cátia.

2. Bárbara decide avançar com uma reclamação para o órgão emissor do


regulamento, apresentando os seus argumentos. Como deve proceder?
CASO PRÁTICO 5

Márcia é chef e proprietária de um famoso restaurante no centro de Lisboa,


agraciado recentemente com uma estrela Michelin. Desde o final de 2022 que se
debate com um problema incómodo: a rua onde se situa o restaurante encontra-se
permanentemente cheia de lixo por – em sua opinião – desleixo dos serviços da
Câmara Municipal de Lisboa. Na qualidade de proprietária, solicita ao Diretor
Municipal do Urbanismo a resolução da situação, pedindo, ainda, que a recolha de
lixo do seu restaurante seja feita nas traseiras, por motivos estéticos.

O Diretor Municipal, em resposta, identifica dois problemas, sendo o primeiro, de


legalidade, e, o segundo, de mérito: i) não é competente para conhecer da questão,
dado que o serviço de limpeza é da responsabilidade de uma empresa privada
contratada pelo Município, mas com autonomia funcional; e que ii) ainda que
pudesse, por lei, resolver o problema, o pedido de Márcia não lhe parece uma
boa opção de gestão, pois contornar o edifício prejudicaria a eficiência dos
serviços administrativos. Determina, ainda, que Márcia deve construir uma
pequena divisão externa para comportar os contentores e, com isso, minimizar
possíveis odores.
Indignada com esta resposta, Márcia dirige-se a Carlos para saber o que fazer.

Responda, fundamentadamente, às seguintes questões, indicando as bases legais


convenientes e os princípios da atividade administrativa aplicáveis:

1. Aprecie o ato administrativo praticado pelo Diretor Municipal.

2. Qual o primeiro meio de reação que, enquanto jurista, Carlos deve


recomendar a Márcia? De que outros meios administrativos de reação pode
lançar mão?

3. A empresa concessionária do serviço de limpeza urbana da Câmara


Municipal acaba, estranhamente, por danificar a parede do restaurante com
os seus veículos, tendo Márcia sido alertada por diversos clientes habituais
que o condutor estava embriagado e que o camião tinha um dos faróis
avariado. Quid juris?

Você também pode gostar