Você está na página 1de 5

EXERCÍCIOS PRÁTICOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO

I
Perante o silêncio da Administração Pública duas opções principais despontam
com as principais para a resolução deste problema: na primeira, o silêncio vale
como manifestação tácita de vontade da AP num sentido positivo para o
particular; e na segunda presume-se que uma vontade tácita da AP num sentido
negativo para o interessado. Comente.
II
A Direcção Provincial da mulher e Acção Social de Gaza lançou uma campanha
para a identificação de famílias em situação carenciada para inserção num
programa de financiamento de pequenos e médios negócios para incremento da
renda familiar. Sabendo que um dos requisitos sine qua non para a atribuição do
financiamento é que o chefe da família seja viúva ou viúvo. A senhora Joaquina
mãe de 5 filhos e incansável trabalhadora, cujo marido Patraquim é um alcoólatra
famoso e desempregado na zona de Xai -Xai decide candidatar-se.
Contado com ajuda de sua sobrinha Lolita, por sinal namorado do Director
Provincial e do Pároco de Xai-Xai Padre Beneplácito consegue uma audiência
particular com o Director na casa deste em que conta de forma enternecedora
as suas amarguras e roga que o seu pedido seja aceite. Sensibilizado pela história
da senhora Joaquina, pelos apelos de sua namorada e temendo a reprimenda da
Igreja por não ser “bom cristão”, o Director ao receber o requerimento no seu
Gabinete tratou de o despachar favoravelmente. Quid iuris?

III
Uma lei atribui competência ao Ministro da Acção Ambiental, após parecer do
Fundo do Ambiente, para licenciar a construção de lanchonetes de praia.
Basílio, que pretende abrir uma lanchonete na Praia de Xai-Xai com capacidade
para 150 pessoas, solicitou, em 23 de Março de 2014, a respectiva licença ao
Ministro.
Em 23 de Junho do mesmo ano, o Ministro informa ao Basílio que ainda não
respondeu porque os organismos do Fundo do Ambiente têm demorado a emitir
os respectivos pareceres.
Inconformado, Basílio pede a mesma licença ao Município de Xai-Xai, que decide
imediatamente o seguinte: "É autorizada a abertura de um bar na Praia de Xai-
Xai, desde que o proprietário garanta o pagamento dos salários dos nadadores-
salvadores da praia e ofereça ao Instituto de Socorros a Náufragos todo o
material de salvamento que necessitem".
Posteriormente, o Ministro emite o seguinte despacho: "Autorizo a abertura de
um bar de praia na Praia Grande com capacidade para 40 pessoas". Identifique
todas as situações juridicamente relevantes neste caso e diga que conselho daria
a Basílio se fosse seu advogado. Concretamente, individualize eventuais actos e
vícios e analise as suas consequências.

IV

O Ministro do Tesouro da República da Cochichina exarou, no dia 15 de Março


de 2001, um despacho, com o seguinte conteúdo:

“No uso da competência atribuída pelo n.º 4 do artigo 207 do Estatuto Disciplinar,
determino a expulsão do funcionário MATIBEJANE MUZILA, técnico de
informático, com efeitos imediatos”.

Esta decisão é o culminar de um processo disciplinar que vinha sendo instaurado


contra MATIBEJANE MUZILA, acusado de ter furtado 15 resmas de papel no seu
Sector de actividade.

Na sequência do processo disciplinar, o instrutor notificou ao MATIBEJANE


MUZILA (arguido) para, querendo responder à acusação, que propunha a
“EXPULSÃO” como medida disciplinar a aplicar pela infracção. Em resposta à nota
de acusação, o arguido disse o seguinte:
 que confessava a infracção e mostrava-se arrependido pelo facto;
 que as resmas foram recuperadas imediatamente pela Polícia;
 que praticou a infracção para a venda visando ajudar sua irmã que
necessitava de um dinheiro para a intervenção cirúrgica no Hospital;
 que nunca foi punido, sempre foi um funcionário exemplar.

Nos termos do artigo 186 do Estatuto Disciplinar Público da Cochichina, são


circunstâncias atenuantes: a) a confissão espontânea da infracção; b)
comportamento exemplar anterior à infracção; c) diminutos efeitos que ela tenha
produzido e a falta de intenção dolosa.

Por outro lado, sempre que num processo seja fixada qualquer das atenuantes,
poderá ser aplicada ao infractor a pena mais baixa.
Presente a defesa ao instrutor, este, no relatório final, propôs ao dirigente a
aplicação da pena de expulsão, proposta acolhida pelo Ministro.

a) que tipo de manifestação do poder administrativo a expulsão de


MATIBEJANE MUZILA concretiza? Justifique.

b) justificando, classifique a decisão do Ministro.

c) que tipo de acto, se disso se tratar, materializa a expulsão?


Justifique-

d) Analise, criticamente, a decisão do Ministro (perante os factos


que lhe são apresentados e a respectiva defesa do arguido), em
termos do Direito Administrativo. -

GRUPO I
No dia 5 de Outubro de 2015, o Presidente do Conselho Municipal da Cidade da
Matola (PCMCM) atribuiu a M um talhão para efeitos de implantação de uma
fábrica de produção de alumínio, tendo para o efeito emitido a respectiva licença
do Direito de Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT). A lei prescreve que os
titulares de DUAT para efeitos de prática de uma actividade económica devem
apresentar um plano de exploração, o qual deve ser cumprido no prazo de dois
anos. Este plano foi de facto apresentado por M. A mesma lei atribui
competências aos presidentes dos conselhos municipais de revogar os DUAT se
o plano de exploração não for cumprido no prazo de dois anos sem justificação
do usuário.
Em janeiro de 2018, o PCMCM revogou o DUAT de M e atribuiu o talhão a
T., e decidiu igualmente a reversão das benfeitorias implantadas por M no terreno
a favor do Município.
M no dia 10 de Fevereiro de 2018, dirigiu-se ao Município da Matola para
proceder à renovação da licença de contrução emitida a seu favor em 2015 para
a construção das fábrica. No mesmo momento que desejava fazer o pagamento
da licença ficou a saber do funcionário que lhe atendia que o seu DUAT havia
sido revogado há mais de um mês e atribuído a um novo titular T.
No mesmo dia, M. reclamou do facto perante o PCMCM. Só que passaram
mais de 3 meses sem resposta municipal.
Quid iuris?

GRUPO II
Horácio instalou há três anos um quiosque de venda de jornais e revistas
num jardim da Cidade de Maputo, para o que obteve uma licença anual, já
renovada por duas vezes. Há dias, porém, foi notificado pelos serviços municipais
de que deveria proceder à desmontagem e remoção do quiosque logo que
terminasse o período de validade da licença, uma vez que a câmara municipal,
recém-eleita, considerava que o quiosque era inconveniente para o uso público
do jardim e inestético.

1. Estamos perante um acto de revogação ou perante outra realidade? Por quê?

R) É uma outra realidade, a caducidade, que é a extinção não retroactiva de


efeitos jurídicos em virtude da verificação de um facto jurídico stricto sensu, isto
é, independentemente de qualquer manifestação de vontade. No caso, o direito
caduca por decorrência do lapso de tempo previsto para a vigência da licença.

2. Independentemente de tal conformidade, terá Horácio o direito de ser


indemnizado pelos prejuízos sofridos? Por quê?

R) Não, pois não existe uma violação dos direitos de H. Horário sabia que a
licença caducaria depois de transcorrido o prazo para o qual foi estabelecida e,
mais, houve pré-aviso da não renovação da licença, o que evita qualquer tipo de
prejuízo.

GRUPO III
1. Comente a seguinte frase: “O procedimento administrativo é o modo de
realização do Direito Administrativo. Com efeito, o procedimento administrativo
tem um conteúdo constitucional”.
2. Diferencie um acto aministrativo definitivo e executório de um acto lesivo e
prejudicial.

Grupo I
O Dr. Fonseca, havia conseguido que a câmara municipal lhe satisfizesse
uma velha pretensão: um lugar de estacionamento reservado para os seus
pacientes, devidamente assinalado pelo sinal previsto no Código da Estrada, em
frente do seu consultório médico, a fim de que, dizia, aqueles pudessem
comparecer mais pontualmente às consultas.
Sucede que o Dr. Mendonça, velho rival político do Dr. Fonseca, não
descansou enquanto a câmara municipal não incluiu na ordem de trabalhos de
uma das suas reuniões a questão do sinal. Argumentou o Dr. Mendonça que o
clínico utilizava o espaço reservado para estacionar a sua própria viatura,
desvirtuando assim as razões da reserva do lugar. E juntou até uma fotografia
comprovativa da sua acusação.
Com base em tal prova, a câmara municipal deliberou revogar a sua
anterior deliberação relativa ao lugar de estacionamento reservado e mandar
proceder à remoção do sinal.
O Dr. Fonseca, furioso, anunciou ir contestar a decisão camarária, com os
seguintes fundamentos:
a) A revogação fora ilegal, pois que o acto administrativo revogado era
constitutivo de direitos, somente podendo ser revogado com fundamento na
respectiva ilegalidade;
b) Ora, não havia ficado provado, nem sequer insinuado, que o acto
que estabelecera o estacionamento reservado era ilegal;
c) Além de que um dos vereadores que participara na votação da
deliberação revogatória era seu vizinho, sustentando há muito que o lugar que
lhe haviam reservado a ele, Dr. Fonseca, dificultava o estacionamento da sua
viatura, pelo que não deveria ter participado na dita votação.
Aprecie fundamentadamente os argumentos do Dr. Fonseca.

Você também pode gostar