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Caderno das aulas práticas de Direito Administrativo I e II

Direito Administrativo I

Ficha de trabalho n.º 1


Matéria relevante: Introdução, Evolução histórica da AP e sistemas
administrativos

a) Quais são as aceções da expressão “administração pública” que


conhece?
b) Diga, fundamentando, se concorda ou não com a seguinte afirmação:
“Compreender verdadeiramente o que seja a administração pública
pressupõe que a situemos no quadro das funções do Estado”.
c) O que entende por “função administrativa”?
d) Faz sentido distinguir a função legislativa da administração pública
com base num critério do sujeito ou autor que exerce cada uma das
funções?
e) Enuncie as várias épocas da História da Administração Pública
f) Quais são as principais tendências de transformação que se vislumbra
no direito administrativo da segunda metade do século XX em diante?
g) Caraterize sucintamente o sistema administrativo de tipo francês ou de
administração executiva e o sistema administrativo de tipo britânico ou
de administração judiciária.
h) O sistema português aproxima-se de qual dos sistemas estudados?

Ficha de trabalho n.º 2


Matéria relevante: organização administrativa (elementos estruturais e
funcionais da organização administrativa)

Identifique as figuras referidas infra, enquadrando-as na organização


administrativa portuguesa.
a) Câmara Municipal
b) Inspeção geral das finanças
c) Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, I. P.
d) Comboios de Portugal IPE
e) Agência Portuguesa do Ambiente, I.P.
f) Município
g) Ministro do Ambiente
h) Secretário de Estado da Saúde
i) Conselho de Administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte, E.P.E.
j) Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo

Ficha de trabalho n.º 3


Matéria relevante: órgãos administrativos

a) Defina órgão administrativo e enuncie os tipos estudados.


b) Quais são os três corolários do princípio da legalidade da
competência e onde se encontram consagrados no CPA?

Caso prático

No decurso de uma reunião extraordinária de um órgão colegial universitário,


um grupo de docentes membros do órgão pediu que fosse deliberada a
abertura de um concurso para professores auxiliares da respetiva faculdade,
assunto que não constava da ordem de trabalhos. Obtiveram ganho de causa
na votação ocorrida, num agressivo contexto de insultos proferidos entre
vários dos colegas presentes, com 3 votos a favor, 1 voto contra e 5
abstenções (estavam presentes 9 membros, sendo 18 o número legal de
membros do órgão administrativo).
O presidente do órgão, apoiado pela secretária, inconformado com tal
deliberação – que, além do mais, se fundava quanto ao seu conteúdo, num
regulamento administrativo ilegal e inconstitucional –, entendeu não executar
a deliberação, impugnando-a judicialmente. Quid iuris?
Ficha de trabalho n.º 4
Matéria relevante: organização administrativa (sistemas de organização
administrativa e relações funcionais)

Distinga sucintamente:

a) Atribuições e competências
b) Administração concentrada de administração desconcentrada
c) Hierarquia administrativa e delegação de poderes

Caso prático n.º 1

A competência para decidir a atribuição de subsídios de apoio a projetos


agrícola inovadores do ponto da sustentabilidade ambiental pertence ao
Diretor Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR). Joana
apresentou um pedido de subsídio, o qual veio a ser indeferido pelo DGADR.

a) Qual o tipo de relação administrativa existente entre o DGADR e a


Ministra da agricultura?
b) Admita que a Ministra da Agricultura havia ordenado ao DGADR que
desconsiderasse um dos requisitos legalmente previstos para a
atribuição de subsídios em todos os pedidos que lhe fossem
apresentados. Que tipo de poder estaria a exercer? Estava o Direito
Geral obrigado a seguir esta indicação?
c) Suponha agora que Joana era filha do Diretor Geral e que, mesmo
assim, este apreciou e decidiu o seu pedido. Que vício se verificou?
d) Poderia Joana recorrer para a Ministra da Agricultura? Se sim, o que
poderia requerer? E se a decisão do Direto Geral tivesse sido tomada
ao abrigo de poderes delegados da Ministra, a solução seria a mesma?

Caso prático n.º 2

Imagine que em 3 de janeiro de 2015 a Câmara Municipal de Viseu deliberou


alienar dois prédios urbanos de grande dimensão situados na zona nobre da
cidade.
A deliberação consta de ata aprovada em 17 de janeiro de 2015. Na mesma
data foi publicitada nos termos legais. O Ministro da Saúde, no âmbito de uma
inspeção à atividade daquele município, veio revogar tal deliberação “por ser
altamente inconveniente para os interesses da população local”.
Em face desta revogação, a Assembleia Municipal apresentou uma moção de
censura contra a Câmara Municipal.
Zé Luís, que não era membro da Assembleia Municipal, mas que se
encontrava a assistir à reunião, levanta-se e aplaude a deliberação.

a) Identifique as figuras referidas no caso, enquadrando-as na


organização administrativa portuguesa.
b) Analise a deliberação da Câmara Municipal, não esquecendo de se
pronunciar quanto ao quórum e maioria de aprovação.
c) Aprecie a validade do ato ministerial

Caso prático n.º 3

Durante o seu mandato o vereador do pelouro do urbanismo é acusado pela


comunicação social de ter recusado pedidos de licenciamento de construções
quando não tinha competência decisória. Entretanto, realizam-se eleições
autárquicas e o vereador é reeleito. O Governo decide ordenar uma inspeção
à atuação do vereador. Este, porem, entende não ter de se preocupar, dado
que os factos se reportam a um mandato anterior. Após um jornal ter relatado
o caso com destaque, o Ministro das Finanças decide proceder à dissolução
da Câmara Municipal.

Caso prático n.º 4

Por decisão emitida ao abrigo de uma delegação de poderes, o Diretor do


Departamento de Licenciamento das Atividades Privadas da Câmara
Municipal de Lisboa intimou Bento para “proceder à substituição do
equipamento necessário ao preparo e venda de castanhas em via pública, sob
pena de lhe ser retirado o cartão de vendedor ambulante.”
Neste contexto, Bento, pretendendo recorrer desse ato junto do tribunal
administrativo e fiscal de Lisboa, invoca o seguinte:

a) que o ato de delegação de poderes é nulo uma vez que não se conhece
que tenha existido qualquer lei de habilitação para o efeito;
b) que o ato que o intima padece do vício de incompetência, já que o ato
de delegação do Presidente da Câmara nunca foi publicado no Diário
da República;
c) que o ato praticado ao abrigo da delegação padece de um vício grave
porque a delegação já tinha sido revogada e, pior do que isso, o Diretor
não faz qualquer menção ao facto de exercer um poder ao abrigo de
uma delegação de poderes;
d) que não quer recorrer hierarquicamente ao Presidente da Câmara
Municipal de Lisboa uma vez que o ato praticado pelo delegado tem o
mesmo valor que teria se fosse praticado pelo delegante. E, ademais,
seria duvidoso que tal ato viesse a ser revogado pelo Presidente pois o
Diretor é da sua inteira confiança.

Quid iuris?

Caso prático n.º 5

O Presidente da Câmara Municipal de Amarante decidiu, ao abrigo de um ato


de delegação de poderes da Câmara Municipal, que o transporte escolar a
cargo dos serviços municipais deixaria de ser assegurado nas Freguesias de
Louredo e Fregim, visto que o número de utentes não o justifica.

António, ao consultar a ata da reunião da Câmara Municipal na qual foi


deliberado aprovar o mencionado ato de delegação de poderes, verifica que
nessa reunião estavam presentes três vereadores e que a deliberação foi
tomada por escrutínio secreto. António apercebe-se igualmente que a
deliberação tem o seguinte conteúdo: «Delega-se no Presidente da Câmara
Municipal, Dr. Luís Ruiz, os poderes e competências necessárias para dirigir
os serviços municipais».
O Presidente da Junta da Freguesia de Louredo já́ se pronunciou sobre o
sucedido na estação de rádio “A Voz de Louredo”: «As competências
municipais sobre transporte escolar já deviam ter sido delegadas nas
freguesias, mas o Presidente da Câmara insiste que a lei não o permite».

Na sequência de uma reportagem promovida por uma conhecida estacão


televisiva, o Secretário de Estado da Educação abriu um inquérito ao sucedido
e decidiu suspender a decisão do Presidente da Câmara Municipal até ao final
dessa sindicância.
Nota: O Município de Amarante tem 54.232 eleitores.

a) Aprecie a validade da decisão do Presidente da Câmara Municipal


b) Pronuncie-se sobre a declaração do Presidente da Junta de Freguesia
de Louredo
c) Pronuncie-se sobre a atuação do Secretário de Estado da Educação

Caso prático n.º 6

Responda, com fundamento legal, às questões colocadas a seguir à


afirmação:

O Ministro da Administração Interna (MAI) delegou no Diretor Nacional da


PSP a competência que lhe é atribuída por lei, para, caso assim o entenda e
sem prejuízo para o serviço, conceder licenças de mérito excecional a polícias
que se tenham destaca manifestamente no cumprimento das suas missões.

a) Pode o MAI definir critérios vinculativos a observar pelo Diretor


Nacional da PSP na concessão das referidas licenças?
b) Na pendencia da delegação, pode o MAI conceder uma licença de
mérito excecional a um polícia que se destacou no cumprimento das
suas missões?

Caso prático n.º 7

A Lei X/2020 cria um novo departamento jurídico na Autoridade de Supervisão


e Regulação de Seguros e Fundos Pensões (ASF), ao qual incumbirá a
fiscalizar se as empresas de segurados estão a cumprir as regras de conduta
estabelecidas em matéria de publicidade. Nos termos dessa lei, “são
admitidos a concurso os juristas de reconhecido mérito que tenham exercido
atividade profissional relevante durante um mínimo de 5 anos”. A mesma lei
atribuía ao Presidente da ASF a competência para a prática de todos os atos
envolvidos na seleção do respetivo pessoal, admitindo a respetiva delegação.
O Presidente da ASF delegou aquele poder no Presidente Adjunto, sem que
tal delegação tivesse tido qualquer forma de publicidade.

Maria, que se licenciou em direito há 10 anos e desde então trabalhou no


departamento de recursos humanos de uma Câmara Municipal, apresentou a
sua candidatura ao concurso. O mesmo fez Pedro, seu colega de curso
advogado com o título de especialista e com vasta obra publicada sobre os
temas de seguros, publicidade e proteção do consumidor. Algum tempo
depois, o Presidente Adjunto, ao abrigo da referida delegação, excluiu as duas
candidaturas do concurso, por considerar que não preenchiam os requisitos
de admissão legalmente previstos.

Existe, no caso, algum fundamento que permita ao tribunal anular os atos


praticados pelo Presidente Adjunto? Justifique.

Caso prático n.º 8


Matéria relevante: delegação de poderes, discricionariedade e
imparcialidade

Imagine que um superior hierárquico decide delegar no seu imediato inferior


hierárquico a competência para decidir sobre a atribuição de subsídios ao
abrigo do Regime de Apoio à Reconversão da Vinha.

Verificando que as decisões tomadas pelo delegado nem sempre seguiam o


mesmo critério no que se refere ao valor a atribuir (aspeto este deixado, em
grande medida, à discricionariedade do órgão com competência decisória), o
delegante decide, com referência a dois pedidos de atribuição de apoio
apresentados que considera mais complexos, ordenar ao delegado o seu
deferimento, definindo o valor a atribuir.
a) Pronuncie-se sobre os aspetos juridicamente relevantes
b) Poderia o delegado decidir sobre o pedido de atribuição de
apoio apresentado pela melhor amiga da sua mulher?

Caso prático n.º 9


Matéria relevante: delegação de poderes e imparcialidade

De acordo com a alínea dd) do n.º 1 do artigo 33.º da Lei n.º 75/2013, de 12
de setembro, é competência de a câmara municipal “proceder à aquisição e
locação de bens e serviços”.

Em janeiro de 2018 a câmara municipal de um município português deliberou


contratar por ajuste direto os serviços de catering de uma empresa. Da ata
consta o voto de vencido de um vereador que entende:

a) Que a competência exercida está delegada no Presidente da câmara


municipal, pelo que a câmara municipal não podia deliberar sobre tais
matérias;
b) Que o serviço de catering contratado, para além de se destinar à
apresentação do livro de receitas de um munícipe, é do filo de um
vereador.

Atendendo aos argumentos invocados pelo vereador vencido, aprecie a


validade da deliberação.

Ficha de trabalho n.º 5


Matéria relevante: organização administrativa (administração estadual
indireta e administração autónoma)

a) Comente a seguinte afirmação:

“A Administração autónoma distingue-se da Administração Estadual indireta


pelos interesses prosseguidos e pela relação que estabelecem com o Estado.”
b) Como se distinguem os poderes de direção, superintendência e tutela
administrativa?

Caso prático n.º 1

Qual a natureza jurídica das relações existentes entre o Ministro das


Finanças e as seguintes entidades:

a) Secretário de Estado das Finanças;


b) Repartição das Finanças de Viseu;
c) Freguesia de Veiros;
d) Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, E.P.E;
e) Direção Geral das Finanças;

Caso prático n.º 2


(sistematização de temas anteriores)

No dia 3 de janeiro de 2015 estiveram presentes nos Paços do Concelho, em


reunião ordinária, 7 membros da Câmara Municipal de Lisboa (CML),
incluindo o Presidente. Com 4 votos a favor e 3 contra, a CML delegou no seu
Presidente a competência para ordenar a demolição de imóveis em risco de
ruína. No entanto, a referida matéria não constava da ordem do dia.

No dia 8 de janeiro o Presidente da Câmara Municipal delegou os referidos


poderes no Vereador do pelouro do urbanismo, sendo que, a 10 de janeiro,
este último deu ordem de demolição do imóvel X.
Ambrósio, proprietário do imóvel, e naturalmente insatisfeito com a decisão,
decide apresentar queixa junto do Ministro-adjunto e do Desenvolvimento
Regional que, sem mais demoras, proferiu conciso e incisivo Despacho: “Deve
o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa evitar, com a urgência possível
a demolição do imóvel X. Caso não o faça no prazo de 15 dias, a sanção legal
será a perda de mandato”.

Entretanto, o Presidente da CML, incrédulo com o sucedido, decide consultar


os serviços jurídicos da Câmara para que o informem sobre a validade do
Despacho. Já Ambrósio, ainda que naturalmente satisfeito com o resultado
da sua queixa, duvida da validade da ordem dada pelo Vereador.
Quid iuris?

Caso prático n.º 3


(sistematização)

No uso dos poderes delegados pela Câmara Municipal de Ponta Ruiva


(Município com 11 752 eleitores), o Presidente da Câmara Municipal decidiu
criar um serviço municipalizado responsável pela construção, manutenção,
conservação e gestão dos sistemas de abastecimento de água, procedendo
ainda à nomeação do respetivo Conselho de Administração e à determinação
das tarifas e preços da prestação de serviços ao público por este serviço
municipalizado.

O engenheiro Luís Afonso, funcionário da Câmara Municipal, apresentou


junto do tribunal administrativo competente ação de perda de mandato contra
o Presidente da Câmara Municipal, alegando:

a) Que a delegação de poderes é ilegal;


b) Que a Presidente do Conselho de Administração é irmã do Presidente da
Câmara Municipal.

Ficha de trabalho n.º 6

Matéria relevante: os princípios fundamentais reguladores da atividade


administrativa (o poder discricionário da Administração)

Comente a seguinte afirmação, situando o tema da discricionariedade no


contexto do relacionamento entre a Administração e o legislador, por um lado,
e a Administração e os tribunais, por outro lado: “A discricionariedade
administrativa não é um poder originário da Administração, nem é um poder
isento de controlo externo”.

Caso prático n.º 1


(o princípio da imparcialidade)
Tendo necessidade de engenheiros informáticos para instalar um novo sítio
eletrónico, o município B lançou um concurso público para recrutamento de
dois funcionários. Apresentaram-se a concurso 10 engenheiros que cumpriam
os requisitos, mas os dois escolhidos, por coincidência, eram militantes dos
dois partidos representados no órgão executivo municipal, além de serem
também, em relação a um dos membros do júri, amigos de infância. Qual o
princípio fundamental que regula a atividade administrativa posto em causa
neste caso?

Caso prático n.º 2


(o princípio da legalidade e da prossecução do interesse público)

Imagine a seguinte norma: “O Ministro das Obras Públicas, Transportes e


Comunicações pode, mediante parecer favorável do ICP – Autoridade
Nacional de Comunicações (ICP – ANACOM), atribuir licença para o exercício
da atividade de radiodifusão local“..

1. De acordo com a teoria da organização administrativa, identifique e


classifique as seguintes figuras administrativas:

a) Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações


b) ICP – Autoridade Nacional de Comunicações (ICP – ANACOM)

2. Diga, justificadamente, se a competência do Ministro das Obras


Públicas, Transportes e Comunicações é ou não vinculada, explicando
como se relaciona o poder que acabou de identificar com o princípio da
legalidade e com o princípio da prossecução do interesse público.

Caso prático n.º 3


(o princípio da boa fé)

Imagine que nos Serviços da Segurança Social se encontrava afixado um


aviso segundo o qual o prazo para requerer a aposentação com bonificação
de 25% terminava no dia 16 de outubro de 2015. Em 13 de outubro desse ano,
João Manuel requereu a aposentação, nos termos da lei, com a bonificação
de 25% que a mesma permitia, se requerida dentro do prazo. Todavia, o
requerimento de João foi recusado, por extemporâneo, invocando-se o facto
de o prazo ter terminado no dia 10 de outubro.

Comente.

Caso prático n.º 4


(o princípio da proporcionalidade)

A Câmara Municipal de Faro decidiu ordenar a demolição do prédio,


propriedade de António, sito na Avenida Por do Sol, n.º 22, com fundamento
nos graves prejuízos que este trazia para a estética da referida localidade.

Entretanto, António descobriu que do procedimento consta uma informação


dos serviços competentes segundo a qual a reparação dos prejuízos para a
estética da localidade se contentava com a mera reformulação da fachada do
prédio.

Direito Administrativo II

Ficha de trabalho n.º 1


Matéria relevante: regulamento administrativo

a) Em que consiste e qual o fundamento do princípio da inderrogabilidade


singular dos regulamentos administrativos?
b) Comente a seguinte frase: “No ordenamento jurídico-administrativo
português são vários os limites ao poder regulamentar”
c) Distinga: regulamentos internos e regulamentos externos.
d) Comente a frase: “Constituem traços fundamentais do procedimento
administrativo moderno, entre outros, o direito de informação dos
particulares e a participação destes na formação das decisões que lhes
digam respeito”.
e) Qual a diferença entre um decreto regulamentar e uma portaria?
f) Qual a diferença entre a resolução do Conselho de Ministros e o
despacho normativo?
g) Enuncie 3 princípios que caraterizam a relação dos regulamentos
externos com a lei.
h) Classifique as seguintes situações:

1. Regime de um órgão colegial


2. Despacho de nomeação de vários funcionários
3. Decreto regulamentar, resolução do Conselho de Ministros,
Portaria, Despacho normativo
4. Norma de uma postura municipal que prevê uma proibição de
circulação rodoviária
5. Norma de um plano municipal de ordenamento do território que
classifica e qualifica um determinado terreno
6. Norma do estatuto disciplinar da Federação Portuguesa de
Futebol que prevê como infração disciplinar, à qual associa a
sanção de não inscrição de atletas, o não pagamento de
salários de jogadores.

Caso prático n.º 2

O governo emanou uma resolução do Conselho de Ministros com este


conteúdo:

Resolução do Conselho de Ministros n.º xxxxxx


Sendo a preocupação com a saúde e a segurança no trabalho um dos eixos
do Programa deste Governo, impõe-se estabelecer um conjunto de normas
jurídicas sobre a matéria, em especial quanto aos trabalhadores da
Administração Pública.
Nos termos da alínea g) do artigo 199.º da Constituição, o Conselho de
Ministros resolve:
1- Determinar que a entidade empregadora promova a realização regular de
exames de saúde aos trabalhadores;
2- Autorizar os órgãos e os trabalhadores da entidade pública empregadora a
disponibilizar as fichas clínicas dos trabalhadores às demais entidades
públicas que o solicitem.
3- Determinar que o disposto no número anterior produz efeitos relativamente
a todos os sujeitos que sejam ou tenham sido trabalhadores da Administração
Pública e, quanto a estes, independentemente da causa de cessação da
relação jurídica de emprego pública.
(Assinatura e data)

António, trabalhador da Câmara Municipal de Viseu entre 1980 e 2015, teve


conhecimento de que a sua ficha clínica, resultante das consultas de
Medicina do trabalho a que se submeteu durante o período em que exerceu
funções, foi disponibilizada ao INFARMED, ao abrigo daquela resolução do
Conselho de Ministros. António afirma agora que “vai defender os seus
direitos” e argumenta que:

a) Não foi ouvido antes da emanação da Resolução do Conselho de


Ministros;
b) O diploma em causa não reveste a forma constitucionalmente exigida
c) O diploma em causa não indica a lei habilitante;
d) De qualquer modo, não se deveria aplicar a sujeitos que já não são
trabalhadores da Administração Pública.

Considerando a natureza jurídica e o tipo de diploma em causa, pronuncie-se


sobre a argumentação de António.

Caso prático n.º 3

O Ministro das Finanças e o Ministro da Agricultura e do Ordenamento do


Território, por portaria, aprovaram um conjunto significativo de normas
respeitantes a baldios existentes na costa alentejana, tendo como
fundamento a Resolução do Conselho de Ministros n.º 68/2015 que aprovou
o Plano Regional do Ordenamento Território do Alentejo (PROTA). António,
diretamente afetado pelo despacho aprovado pelos Ministros, duvida da sua
legalidade. Quid iuris?

Ficha de trabalho n.º 2


(procedimento administrativo em geral)

Caso prático n.º 1

Durante as férias de verão, na propriedade onde tinha uma vivenda, João


construiu um anexo independente para receber amigos, mas não
desencadeou previamente nenhum procedimento administrativo para o
efeito, nos termos legais. Em finais de outubro, Jacinto recebeu uma carta da
Câmara Municipal (CM) na qual se afirmava que o anexo seria demolido no
dia 31 desse mês, por ser ilegal.

Suponha que Jacinto afirmou que avisou o presidente da CM do início da


construção do anexo, certa noite, durante as festas da aldeia e que, como não
teve mais nenhuma noticia, julgou que a sua pretensão fora tacitamente
deferida. Será que tem razão?

Caso prático n.º 2

O Manuel e a Joana decidem reabilitar um imóvel para ali instalar um hotel.


Decidem contratar um advogado para os ajudar com o licenciamento e as
várias autorizações de que necessitam. Imagine que é o advogado contratado
e que vai dar uma consulta ao Manuel e à Joana sobre os passos a dar,
incluindo a licença para as obras de reabilitação do imóvel, imitida pelo órgão
camarário responsável pelo urbanismo. Este procedimento deve ser
desencadeado pelos próprios interessados. Durante a consulta tem de
explicar:

1. Quem são os sujeitos da relação jurídica durante o procedimento em


causa?
2. Qual é o objeto do procedimento?
3. Este procedimento está sujeito ao CPA?
4. Uma associação de proteção do património arquitetónico pode tomar
parte no procedimento?
5. Quem é o responsável pela decisão do procedimento? E será que este
pode delegar a instrução num jurista da Direção Municipal do
Urbanismo?
6. Se a Administração identificar a falta de um documento, o que deve
fazer? E quais são os prazos aplicáveis?

Caso prático n.º 3

O Manuel e a Joana pretendem reabilitar um imóvel para ali instalar um hotel.


Decidem contratar um advogado para os ajudar com as diligências
administrativas necessárias ao seu projeto. Imagine que é o advogado
contratado e que vai dar uma consulta ao Manuel e à Joana sobre os passos
a dar, em particular quanto à decisão administrativa sobre as obras de
reconstrução com preservação da fachada do imóvel, adotada pelo órgão
camarário responsável pelo urbanismo. Durante a consulta tem de explicar:

1. As várias fases do procedimento administrativo;


2. O que faria para desencadear o procedimento?
3. Em qual das fases participam o Manuel e a Joana?
4. Imagine que o Manuel e a Joana foram convocados para uma discussão
com a Administração, mas não podiam na data agendada. Quid iuris?
5. Passam 7 meses desde a convocação e o Manuel e a Joana nada
fizeram. O que pode acontecer ao procedimento?
6. Imagine que, durante o procedimento de licenciamento, quando faltam
apenas 10 dias para se atingir o prazo de decisão, um terramoto abala
a cidade do Porto e o prédio destinado ao hotel vem abaixo. Quid iuris?
7. Imagine agora que o terramoto não aconteceu, mas, findo o prazo de
decisão da Administração, a mesma não decide nada. Qual é a
consequência?
8. Imagine agora que o terramoto não aconteceu e não passou de um
pesadelo. Poderia a Administração, no final do prazo para a prática do
ato, propor a celebração de um contrato?
9. Imagine que o Manuel e a Joana, na sequência de uma pandemia que
arrasou a economia do seu país, decidiam alocar as suas poupanças a
outro projeto e desistiam da ideia de reabilitar o hotel. O que
recomendaria que fizessem?
10. Imagine que, enquanto advogado, vem mais tarde notar que, tendo em
conta que o prédio se encontra numa área com plano de pormenor, não
é necessário licenciamento, mas apenas uma comunicação prévia. O
que significa isto?

Ficha de trabalho n.º 3


(ato administrativo)

Caso prático n.º 1

Atendendo às hipóteses colocadas identifique as que considera suscetíveis


de se qualificarem como atos administrativos. Justifique.

1. Declaração que esclarece que “de acordo com os registos o


contribuinte não tem dívidas fiscais”.
2. Ato que confirma o ato em relação ao qual o destinatário
apresentou reclamação.
3. A entidade concessionaria da Marina de Cascais ordenou a
remoção da embarcação “Vesúvio”, a expensas do proprietário, uma
vez que a mesma estava a ocupar indevidamente o espaço dominial.
4. O Ministro da Ciência e do Ensino Superior determinou, por
despacho de 11 de abril de 2003, proferido no âmbito do processo
disciplinar n.º 11.07/10-2001 “a devolução do processo disciplinar
vertente ao órgão de governo da XPTO com competência
disciplinar”.
5. Parecer vinculativo desfavorável à desafetação do terreno da
Reserva Agrícola Nacional (RAN).
6. “Por falta de apresentação da declaração de aceitação do conteúdo
do caderno de encargos, considere-se a sociedade “Construções
S.A.”, excluída do concurso público tendente à celebração de um
contrato de empreitada de obras públicas.”
7. Trabalhos de demolição de um prédio na sequência de uma ordem
de demolição
8. Notificação de um ato administrativo
9. “Indefiro o pedido de licenciamento industrial da ‘Leitaria Quinta do
Pombo, Lda.’”
10. Decisão de contratar uma empresa para construir uma estrada
nova.

Caso prático n.º 2

Identifique e caraterize as seguintes atuações e decisões (a negrito)


indicando se são ou não atos administrativos:

1. A senhora Amélia requereu, em maio de 2017, à Câmara Municipal de


Santarém o licenciamento de uma moradia num terreno seu. Uma vez
que a área em causa não se encontrava abrangida por plano municipal
de ordenamento do território, a câmara consultou a comissão de
coordenação e desenvolvimento territorial com competência para tal
que emitiu um parecer desfavorável;

2. O sr. Francisco havia requerido o licenciamento de uma moradia que


foi indeferido numa reunião da Câmara de 19 de junho de 2019, tendo
sido notificado do indeferimento dentro dos prazos legais

3. Protocolo assinado entre a senhora Amélia e a Câmara Municipal


através do qual aquela se compromete a ceder uma parcela do seu
terreno para a abertura de um arruamento;

4. Revogação, pelos serviços de ação social de uma Universidade


Pública, de uma bolsa por si concedida a um determinado aluno.

Caso prático n.º 3


A Câmara Municipal de uma cidade costeira decide deferir o pedido de Luís
para a construção de um empreendimento hoteleiro junto à área costeira
daquela autarquia. José, também empresário hoteleiro no ramo, fica
surpreendido com a decisão uma vez que tinha feito um pedido semelhante
ao de Luís e o pedido tinha sido indeferido com o fundamento de que o Plano
Direto Municipal não permitia tal empreitada. Joana, presidente de uma
associação ambiental, não compreende como podem ser tomadas tais
decisões, com enorme impacto ambiental, sem que os habitantes da
autarquia tenham sido ouvidos.

1. Qualifique o ato administrativo de autorização para a construção.


2. José poderia ter manifestado os seus interesses ao longo do
procedimento?
3. E em relação às pretensões de Joana?

Questões para discussão:

a) Como se distingue uma autorização de uma aprovação?


b) E como se distingue um visto de uma subvenção?
c) Como caraterizaria a natureza de um parecer?
d) Como se distingue a ratificação da retificação?
e) Como se distingue a concessão da admissão?
f) Quais as consequências de um incumprimento da Administração do
princípio da decisão (cf. art. 13.º do CPA)?

Caso prático n.º 6

A 2 de dezembro de 2015, Ana pediu à Câmara Municipal de Coimbra que lhe


fosse atribuído o direito de, durante 2 anos, usar em exclusivo uma parcela
de uma praça para realizar, todos os dias, um espetáculo de artes circense.
Até hoje, Ana não obteve qualquer resposta

a) Como pode Ana reagir?


b) Admita agora que, independentemente da resposta que deu à questão
anterior, que o pedido de Ana tinha sido deferido no dia 2 de janeiro de
2016. Hoje, a Câmara Municipal entende que a decisão que tomou já
não é a melhor para o interesse público, pois em fevereiro de 2016
vieram a público estudos que mostram de forma incontestável que os
produtos utilizados por Ana nos seus espetáculos são altamente
noviços para a saúde. Em que temos pode a Câmara Municipal fazer
cessar o direito concedido a Ana invocando aquela razão?

Caso prático n.º 7

Identifique os seguintes vícios e respetivas sanções:

1. Prática de um ato administrativo em incumprimento dos princípios gerais


da atividade administrativa
2. Ato administrativo que recusa o pedido de um particular a uma prestação
a que tem direito
3. Prática de um ato administrativo que prossegue um fim diverso daquele
que a lei impõe
4. Prática de um ato administrativo por preterição da audiência prévia dos
interessados
5. Violação de parecer pelo ato administrativo praticado
6. Falta ou insuficiência de fundamentação do ato administrativo
7. Ato administrativo praticado sem precedência de procedimento
administrativo
8. Falta de notificação do ato administrativo
9. Prática por um órgão administrativo de um ato administrativo fora das
atribuições da pessoa coletiva a que pertence.
10. Prática de um ato administrativo de acordo com um regime que não é o
aplicável ao caso concreto
11. Prática por um órgão administrativo de um ato da competência de outro
órgão administrativo da pessoa coletiva a que pertence
12. Ato administrativo que viola uma norma regulamentar
Caso prático n.º 9

A Câmara Municipal de uma cidade costeira decide deferir o pedido de Luís


para a construção de um empreendimento hoteleiro de luxo junto à área
costeira daquela autarquia. José, também empresário hoteleiro no ramo, fica
surpreendido com a decisão uma vez que tinha feito um pedido semelhante
ao de Luís e o pedido tinha sido indeferido com o fundamento de que o Plano
Direto Municipal não permitia tal empreitada. Joana, presidente de uma
associação ambiental, não compreende como podem ser tomadas tais
decisões, com enorme impacto ambiental, sem que os habitantes da
autarquia tenham sido ouvidos.
1. A não realização da audiência dos interessados poderá dar origem a
que tipo de vício do ato administrativo?
2. E se o ato não for fundamentado?

Caso prático n.º 10


Nestas situações indique o(s) vício(s) do ato e a respetiva consequência:
1. Deliberação camarária para a criação de um imposto;
2. Um despacho do Ministro da administração interna a demitir o Chefe
da Casa Civil da Presidência da República;
3. A Câmara Municipal de Viseu delibera sobre uma matéria em relação
à qual era territorialmente competente a Câmara Municipal de
Mangualde;
4. Adjudicação de uma obra pública a determinada empresa de
construção em troca de uma elevada quantia de dinheiro para o agente
decisor;
5. Filipe, funcionário da ASAE, pretende impugnar a decisão punitiva
tomada pelo Inspetor-Geral dessa autoridade, que concluiu um
procedimento disciplinar em que aquele funcionário foi acusado de
“violação grave” dos seus deveres laborais. Em sua defesa, Filipe
invoca:
a) que o instrutor do procedimento disciplinar, responsável pela elaboração
do relatório final com base no qual a decisão foi tomada, nutre em relação a
ele uma grande inimizade há vários anos;
b) que não foi ouvido antes de ser tomada a decisão punitiva.

Caso prático n.º 11


Matéria relevante: revogação

A Câmara municipal de Viseu requereu um parecer sobre o estatuto legal da


Internet enquanto serviço público, de modo a saber se todos os operadores
turísticos devem oferecer uma ligação à internet, wi-fi, aos seus clientes. Por
essa razão a Câmara decidiu revogar todas as licenças de exploração turística
que havia previamente licenciado, na parte em que estipulam apenas a
necessidade de assegurar uma ligação à internet num local fixo do
estabelecimento turístico. Imagine que é o/a advogado/a de um proprietário
de um dos estabelecimentos afetados e responda às seguintes questões:
1. Esta revogação é válida?
2. Se for válida, qual é o prazo aplicável?
3. Se for válida, há lugar a indemnização?

Caso prático n.º 12


Matéria relevante: anulação

Decorridos 4 anos de atividade, o Rodrigo e a Mariana, proprietários de um


restaurante de Viseu, são notificados da intenção da Câmara de Viseu de
anular a licença de exploração para restauração. A convocatória que recebem
pede que ambos se pronunciem em sede de audiência, mas não esclarece o
motivo da anulação. O casal opta por não responder e 23 dias depois recebe
uma notificação de ato de anulação da licença de exploração de restauração.
Esse ato tinha sido praticado 5 dias antes e remete para uma informação
administrativa que refere a descoberta da falta de um parecer da ASAE, sem
indicar mais nenhuma informação.
1. Identifica algum problema na comunicação para a audiência do Rodrigo
e da Mariana?
2. Como se processa a contagem do prazo de resposta?
3. Se fosse o Ministério Público a descobrir a falta do parecer, poderia ser
o próprio Ministério Público a determinar a anulação do ato?

Caso prático n.º 13


Matéria relevante: procedimento administrativo e garantias dos
particulares

Joana viveu com Manuel em união de facto desde 2007, até à morte deste,
em outubro de 2013, altura em que Joana solicitou à Caixa Geral de
Aposentações o reconhecimento da qualidade de titular da pensão de
sobrevivência e o respetivo pagamento.
Por despacho datado de 28 de maio de 2017, a Caixa Geral de Aposentações
indeferiu o pedido de Joana por ter apurado não estarem preenchidos os
requisitos legais exigidos, uma vez que Manuel nunca tinha chegado a
dissolver o seu casamento com Mariana. Joana pretende reagir do despacho
de indeferimento por entender (i) que não foi considerada a sentença de
dissolução do casamento, em 2012, de Manuel com Mariana; (ii) que o
despacho não se encontrava devidamente fundamentado por apenas em sede
de consulta do processo ter percebido a justificação da decisão; (iii) que a
Mariana, ex-mulher de Manuel, deveria ter sido ouvida em audiência prévia.

1. Comente.
2. Que mecanismos tem Joana ao seu dispor para reagir?

Caso prático n.º 14


Matéria relevante: vícios do ato e garantias

Tendo em vista a abertura de um talho, Vasco apresentou junto da Câmara


Municipal um requerimento escrito dirigido à obtenção da respetiva
autorização. Decorridos 20 dias, foi notificado, através do Balcão do
empreendedor, de despacho de indeferimento que contém a identificação das
desconformidades do pedido com as disposições legais e regulamentares
aplicáveis sem, no entanto, as concretizar. Por outro lado, e apesar de no
âmbito deste procedimento ser necessária a pronúncia da Direção-Geral de
Alimentação e Veterinária, não consta do despacho referência a qualquer
parecer.

a) Identifique e qualifique os atos jurídicos praticados.


b) Analise o(s) vício(s) do ato de indeferimento e respetivas
consequências jurídicas.
c) Quais os mecanismos de reação de que Vasco se pode servir?

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