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Caso nº 1- Competências das Regiões Autónomas e

serviços mínimos em caso de greve


Imagine que a Assembleia Legislativa regional dos Açores legislou sobre o alargamento
do elenco das actividades consideradas destinadas à satisfação de necessidades sociais
impreteríveis em caso de greve.
O supracitado decreto legislativo regional, visava, assim, alargar o âmbito dos
trabalhadores que deveriam prestar os serviços mínimos indispensáveis em caso de
greve.
Face ao exposto, o Representante da República para a Região Autónoma dos Açores
requereu ao Tribunal Constitucional a apreciação do decreto legislativo regional que lhe
tinha sido enviado para assinatura, tendo este se pronunciado pela inconstitucionalidade
do mesmo.
Quid Juris?

Caso nº 2- Processo legislativo e admissão de funcionários


públicos

Imagine que em 12 de Maio de 2005, o Governo, mediante uma autorização legislativa


que lhe tinha sido concedida em 24 de Março, por um período de 90 dias pela
Assembleia da República, legislou sobre o regime de admissões, condições de trabalho,
vencimentos e demais prestações de carácter remuneratório dos funcionários públicos,
sem ter previamente auscultado as associações sindicais da Administração Pública.
O Chefe de Estado veio a promulgar o decreto em causa em 25 do mesmo mês.
Em 18 de Junho de 2007, o Tribunal Constitucional, após solicitação do Procurador-
Geral da República, veio a declarar com força obrigatória geral a inconstitucionalidade
do citado decreto-lei.
Quanto aos efeitos da declaração, era salientado nesse acórdão do TC que, após a
entrada em vigor daquele diploma, ter-se-ão criado inúmeras expectativas aos
funcionários públicos entretanto admitidos ao abrigo dessa legislação, expectativas que
agora importaria acautelar, sob pena da sua desvinculação da função pública com todas
as consequências daí inerentes.
Pergunta-se:
a) O Governo era competente para legislar sobre a matéria?
b) Que tipo de fiscalização foi exercida pelo Tribunal Constitucional? Foi a mesma
exercida atempadamente?
c) E o Procurador-Geral podia requerê-la?
d) Face ao presente texto, qual o fundamento que teria estado na origem da
inconstitucionalidade declarada pelo Tribunal Constitucional?
Caso nº 3- Processo Legislativo e progresso nas carreiras
profissionais.

Imagine que o Governo, ao abrigo de uma autorização legislativa, legislou para os


institutos públicos cujo pessoal é regido pelo contrato individual de trabalho.
No preâmbulo do decreto-lei, afirmava-se que era necessário pôr termo às situações em
que alguns trabalhadores estão durante muitos anos afastados dos respectivos lugares de
origem, sem que por esse motivo venham a ter, aquando do seu regresso, qualquer
penalização em termos de progressão nas carreiras.
Subjacente a este diploma, estava igualmente em causa uma melhor gestão dos
dinheiros públicos.
Assim, dispunha um dos preceitos do supracitado decreto do Governo: “não será
contabilizado para efeitos de progressão nas carreiras profissionais do lugar de origem,
o tempo de serviço prestado no exercício de cargos políticos ou de altos cargos
públicos”.
De outra sorte, era incluída uma disposição que consagrava que após o regresso ao lugar
de origem, o trabalhador ficaria impedido de receber o prémio de produtividade do final
do ano sem que antes completasse 12 meses de prestação efectiva de trabalho.
O Presidente da República enviou o diploma para o Tribunal Constitucional, tendo este
se pronunciado pela inconstitucionalidade relativamente ao normativo que mencionava
a não contabilização do tempo nos cargos políticos e altos cargos públicos para efeitos
na carreira de origem.
Acto contínuo, o diploma foi devolvido ao Governo pelo Presidente da República, que
confirmou o diploma.
a) Quid Juris?
b) Imagine que em vez de ter exercido a fiscalização preventiva, o Presidente da
República tinha optado pelo direito de veto político?

Caso nº 4 – Processo legislativo e proporcionalidade


nas Assembleias Municipais
Suponha que a Assembleia da República com a finalidade de simplificar a vida política,
aprovou um decreto por 118 votos a favor, 36 abstenções e 68 votos contra,
introduzindo uma alteração à lei das autarquias com graves consequências na
proporcionalidade dos eleitos às assembleias municipais.
Face a dúvidas suscitadas, o Presidente da República requereu ao Tribunal
Constitucional a apreciação do decreto da Assembleia.
Responda justificadamente às seguintes questões:
a) A Assembleia é competente para legislar sobre a matéria em causa?.
b) O decreto da Assembleia da República foi correctamente aprovado?
c) Qual o mecanismo constitucional utilizado pelo Chefe de Estado?
d) Qual teria sido a fundamentação do Tribunal Constitucional ao pronunciar-se
pela inconstitucionalidade?
e) Suponha que após o Tribunal Constitucional se pronunciar, a Assembleia da
República procedia a alterações. Podia o Presidente da República voltar a
proceder do mesmo modo?
f) Imagine que o Presidente da República optava por enviar uma mensagem à
Assembleia da República sustentando a inoportunidade do decreto, e aquele
órgão legislativo voltava a aprovar posteriormente o diploma por 124 votos a
favor, 30 abstenções e 20 votos contra. Qual foi o mecanismo constitucional
agora utilizado pelo Presidente da República? Podia fazê-lo? E quais seriam as
consequências da posição da Assembleia da República?

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