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DIREITO CONSTITUCIONAL II

Ano Letivo de 2022/2023


1.º Ano, Turma C, Subturmas 19.

Prof. Doutor Ricardo Branco

EXERCÍCIO 5

O presente exercício compõe-se da citação de várias notícias veiculadas pela


imprensa escrita portuguesa, todas elas atinentes a uma situação da vida real, com
relevo para a matéria de Direito Constitucional II, que ocorreu há mais de uma década
atrás.
Sobre cada notícia transcrita, são colocadas perguntas.
Sempre que se remeta para outro exercício, tal significa que ambos devem ser
realizados pelo aluno em conjugação.
É vantajosa uma primeira leitura deste exercício na íntegra e seguida, só após o
que o aluno deve proceder à resolução individualizada de cada grupo de questões.

GRUPO I

“Diário Digital
quinta-feira, 3 de Abril de 2008

AR aprova revisão Estatuto Político-Administrativo dos Açores


A Assembleia da República aprovou hoje por unanimidade a terceira revisão ao
Estatuto Político-Administrativo dos Açores, que consagra um reforço do poder
legislativo da região e estabelece a prevalência da legislação regional sobre a
nacional.
No debate em plenário da terceira alteração ao Estatuto Político-Administrativo da
Região Autónoma dos Açores, que decorre da revisão constitucional de 2004, todas as
bancadas foram unânimes no louvor ao documento, com o antigo presidente do
Governo Regional Açoriano, o social-democrata João Bosco Mota Amaral, a defender
a sua entrada em vigor o «quanto antes».
Na sua intervenção, Mota Amaral sintetizou algumas das mais significativas alterações
agora introduzidas no Estatuto Político-Administrativo dos Açores, nomeadamente a
«ampliação do poder legislativo da região».
«A competência legislativa da Assembleia Legislativa dos Açores passa a ser
concorrencial com a competência legislativa da Assembleia da República e do
Governo», assinalou, destacando ainda o facto da «legislação regional passar a
prevalecer sobre a legislação nacional» e do respeito pela Constituição passar a ser o
«único critério limitativo»….”

1
Pergunta-se:
A) A Assembleia da República é o órgão competente, à luz da Constituição, para a
aprovação noticiada 1 ?
B) Quais a forma e a força do Estatuto em revisão, e a que previsão de norma de
competência da Assembleia da República este ato de aprovação se subsume?
C) A que órgão ou órgãos pertence a iniciativa de semelhante revisão do Estatuto 2?
D) A presente revisão ao Estatuto poderia, constitucionalmente, definir as competências
legislativas da Região Autónoma dos Açores?
E) Qual o número mínimo de Deputados requerido pela Constituição para a aprovação
da presente revisão ao Estatuto e qual o procedimento a que está
constitucionalmente adstrita essa aprovação3?
F) A aprovação da presente revisão ao Estatuto determina a sua imediata entrada em
vigor?
G) Entrada em vigor esta revisão ao Estatuto, o Governo pode revogá-la ou alterá-la?
H) Entrada em vigor esta revisão ao Estatuto, a Assembleia legislativa regional dos
Açores pode alterá-la ou revogá-la?

1
Resolver em conjugação com a questão 1 do Exercício 2, no que diz respeito à competência.
2
Conjugar com a resolução da questão 1 do Exercício 2., quanto à iniciativa.
3
Conjugar com a resposta à questão 1. do Exercício 2, sobre as matérias da iniciativa legislativa.

2
GRUPO II

“Diário Digital
sexta-feira, 4 de Julho de 2008

Cavaco requer ao TC fiscalização do Estatuto dos Açores


O Presidente da República, Cavaco Silva, requereu hoje ao Tribunal Constitucional a
fiscalização preventiva da constitucionalidade do decreto da Assembleia da República
que aprovou a terceira revisão do Estatuto Político-Administrativo da Região
Autónoma dos Açores.
O pedido de fiscalização de constitucionalidade tem por objeto as normas constantes
do nº 5 do artigo 69º (limites temporais à marcação de eleições regionais), do nº 3 do
artigo 114º (audição de órgãos de governo da Região Autónoma dos Açores pelo
Presidente da República previamente à declaração do estado de sítio e estado de
emergência na Região) e, ainda, do nº 1 do artigo 45º e dos nºs 5 e 6 do artigo 46º
(referendo regional), com fundamento na violação dos princípios de reserva de
Constituição e/ou de reserva de lei orgânica.
As normas relativas ao regime de elaboração e organização do orçamento da Região,
regime de utilização dos bens do domínio público marítimo do Estado, direitos,
liberdades e garantias dos trabalhadores, conjugada com a disciplina legal da
atividade reguladora dos órgãos de comunicação social na Região, e do artigo sobre
segurança pública, todas com fundamento em violação da reserva de competência dos
órgãos de soberania….”

Pergunta-se:
A) De que tipo de fiscalização da constitucionalidade se trata?
B) Que prazo tem o Presidente da República para requerer esta fiscalização?
C) O Tribunal Constitucional poderá fiscalizar a constitucionalidade de outras normas
que não aquelas cuja fiscalização o Presidente da República requereu?
D) Quanto tempo tem o Tribunal Constitucional para se pronunciar sobre pedidos desta
natureza4.

GRUPO III

“Oito normas ilegais no Estatuto dos Açores - JN


2008-07-29

O Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais oito normas do Estatuto Político-


Administrativo da Região Autónoma dos Açores, aprovado por unanimidade no
Parlamento, em Junho.
Esta decisão surge na sequência de um pedido de fiscalização da lei feito pelo
Presidente da República, Cavaco Silva, a 04 de Julho.
Cavaco Silva tinha dúvidas sobre a violação dos princípios de reserva das
competências do presidente e pela Assembleia Legislativa Regional em várias matérias,
como a marcação de eleições, a declaração do estado de sítio e estado de emergência
na região, num total de 13 artigos.
4
Ver, a este propósito, a questão 1 do exercício 2.

3
Os juízes do TC consideraram que os artigos do estatuto sobre a declaração de estado
de sítio e de emergência, que obrigam o Presidente a ouvir o Governo e a assembleia
regionais, violam a Constituição.
Também os artigos relativos à organização das forças de segurança, direitos,
liberdades e garantias, regulação na comunicação social, lei de enquadramento
orçamental e do regime de utilização do domínio público foram considerados
inconstitucionais.
O presidente do TC, Rui Moura Ramos, disse que as questões levantadas pelo
Presidente da República eram "situações muito diversas", tendo tido também decisões
diferentes - oito consideradas inconstitucionais e cinco constitucionais.”

A propósito desta notícia, pede-se-lhe que:


a) Cite literalmente as passagens do acórdão do Tribunal Constitucional, proferido em
fiscalização preventiva, onde se faz eco das pronúncias supra noticiadas;
b) Explicite quais as consequências imediatas desta decisão, quer quanto às normas por
cuja inconstitucionalidade o Tribunal Constitucional se pronunciou, quer quanto às
normas fiscalizadas mas não tidas por inconstitucionais.

4
GRUPO IV

Comente o texto abaixo.

“Açores: Reservas do PR ao Estatuto travam trabalho de anos dos deputados


regionais
2008-08-01

Horta, 01 Ago (Lusa) - As reservas do Presidente da República em relação ao Estatuto


Político-Administrativo dos Açores travam cerca de dois anos e meio de trabalho dos
deputados açorianos numa proposta que foi aprovada por unanimidade nos
Parlamentos regional e nacional.
A terceira alteração do Estatuto começou a ser desenhada após a revisão
constitucional de 2004 na Assembleia da República, que reforçou os poderes
legislativos das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.
Perante isso, os partidos representados no Parlamento açoriano optaram por operar
uma revisão profunda e ousada do documento, no sentido de obter uma verdadeira
Carta da Autonomia regional.
Ao contrário dos deputados da Madeira, que preferiram não mexer no seu Estatuto, os
parlamentares à Assembleia Legislativa dos Açores criaram uma comissão eventual
para revisão do seu Estatuto Político-Administrativo.
A referida comissão realizou, ao longo de 2005 e 2006, uma série de audições ao atuais
e anteriores presidentes do Parlamento açoriano e do Governo do arquipélago e a
todos os partidos políticos que se tinham candidatado nas Eleições Legislativas de há
quatro anos.
Já depois de concluídas as audições, os deputados açorianos decidiram, ainda, pedir
um parecer ao constitucionalista Rui Medeiros, com o objetivo de clarificar eventuais
dúvidas de inconstitucionalidade de algumas propostas.
A Comissão de Revisão do Estatuto Político-Administrativo dos Açores cessou funções
a 30 de Junho de 2007, logo após a apresentação, em plenário, de uma proposta final
de revisão do Estatuto, que viria a ser aprovada por unanimidade, no Parlamento
açoriano, a 31 de Outubro do último ano.
Em Novembro, uma delegação de deputados açorianos dirigiu-se, propositadamente, a
Lisboa para entregar em mão a Jaime Gama, presidente da Assembleia da República, a
ante-proposta de lei de revisão do Estatuto dos Açores.
Entretanto, e com o intuito de acompanhar o processo de revisão junto da Assembleia
da República, os deputados açorianos criaram uma Comissão Especial de
Acompanhamento que ainda se mantém em funções e cujo mandato termina com a
publicação do diploma.
A revisão do Estatuto foi aprovada, em Junho, por unanimidade na Assembleia da
República, mas quando o documento foi enviado para o Presidente da República, para
promulgação, Cavaco Silva suscitou a fiscalização preventiva de algumas normas do
documento, por ter dúvidas de inconstitucionalidade.
Terça-feira, o Tribunal Constitucional confirmou a inconstitucionalidade de oito das
treze normas suscitadas por Cavaco Silva, que quinta-feira à noite decidiu alertar o
país para a possível inconstitucionalidade de outros artigos.

5
Os deputados açorianos pretendiam ver o novo Estatuto entrar em vigor antes das
Eleições Legislativas Regionais, marcadas para 19 de Outubro, mas o objetivo parece
cada vez mais difícil de alcançar.”

Pergunta-se:
Tinha o Presidente da República, à face da Constituição, legitimidade para levantar
outras objecções ao diploma, as quais não tivessem sido reportadas, antes, ao
Tribunal Constitucional?

GRUPO V

“Correio da Manhã
5 Agosto 2008 - 00h46

Alertas na declaração ao País


Presidente não pediu análise do tribunal
"As questões que o Presidente da República suscitou referem-se a normas que não
foram submetidas pelo Presidente ao juízo do Tribunal Constitucional".
A frase, citada pela Lusa, é do presidente do Tribunal Constitucional, Rui Moura
Ramos, a quarta figura do Estado, sobre os alertas deixados por Cavaco Silva na sua
comunicação ao País, a propósito do Estatuto Político-Administrativo dos Açores.
O Tribunal Constitucional declarou inconstitucionais oito das trezes normas do
Estatuto sobre as quais Cavaco Silva pediu uma fiscalização preventiva. Entre elas
estava a declaração de estado de sítio e de emergência que impunham a Belém uma
audição da Assembleia Legislativa Regional dos Açores e do Governo Regional.
Mas, ontem, Moura Ramos não se quis pronunciar sobre as restantes preocupações de
Cavaco, por não terem sido submetidas ao Tribunal.
Cavaco questionou, por exemplo, a possibilidade de audição adicional do Parlamento
Regional, grupos e representações parlamentares dos Açores, bem como do presidente
do Governo Regional em caso da Assembleia Regional.

Na sequência da questão formulada na alínea c) do grupo anterior, e com base


nos elementos bibliográficos especificamente indicados no mesmo grupo, comente a
notícia citada.

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GRUPO VI

Leia o seguinte texto e responda às questões abaixo.

“Jornal da Madeira - www.jornaldamadeira.pt


- Edição Online Nacional / 2008-10-28

Duas normas colocam em sério risco os equilíbrios político-institucionais


Presidente da República veta Estatuto dos Açores
Cavaco Silva vetou, ontem, o Estatuto Político-Administrativo dos Açores. Embora
reconhecendo que o diploma se encontra expurgado das inconstitucionalidades de que
enfermava, o Presidente da República insiste em que o estatuto possui duas normas que
colocam "em sério risco os equilíbrios político-institucionais", que criariam um
precedente "grave e inadmissível".
O Presidente da República (PR) vetou, ontem, o Estatuto Político-Administrativo dos
Açores, argumentando que o diploma possui duas normas que colocam "em sério risco
os equilíbrios político-institucionais".
"O diploma em causa, ainda que expurgado de inconstitucionalidades de que
enfermava, continua a possuir duas normas - as do artigo 114.º e do artigo 140.º, n.º 2 -
que colocam em sério risco aqueles equilíbrios político-institucionais, pelo que decidi
não o promulgar", refere Cavaco Silva, em mensagem à Assembleia da República (AR).
Naquela, o Chefe de Estado recorda que as suas "objecções de fundo" foram já dadas a
conhecer aos portugueses, na sua comunicação ao País, a 31 de Julho, após ter
devolvido a primeira versão do diploma à AR, depois do Tribunal Constitucional ter
declarado a inconstitucionalidade de oito normas.
"Em devido tempo, entendi ser meu dever assinalar ao País que seria perigoso para o
princípio fundamental da separação e interdependência de poderes, que alicerça o
nosso sistema político, aceitar o precedente, que poderia ser invocado no futuro, de,
por lei ordinária, como é o caso do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, se vir
a impor obrigações e limites às competências dos órgãos de soberania que não sejam
expressamente autorizados pela Constituição da República'", lembra o Chefe de
Estado.
PR alerta para precedente grave e inadmissível.
Contudo, tal é justamente o que se verifica, continua Cavaco Silva, com a obrigação,
constante da redação proposta para o artigo 114.º do Estatuto, de audição dos órgãos
de Governo Regional, enquanto a própria Constituição, na norma constitucional
específica sobre a dissolução e demissão dos órgãos de governo próprio — artigo 234.º
— vincula o PR a ouvir tão-só o Conselho de Estado e os partidos representados nas
assembleias legislativas das Regiões Autónomas.
"Impor ao Presidente da República, através de lei ordinária, a audição de outras
entidades, para além daquelas que a Constituição expressa e especificamente prevê,
significaria criar um precedente grave e inadmissível no quadro de um são
relacionamento dos órgãos de soberania entre si e destes com os órgãos regionais",
reitera o PR.
Em causa questão de princípio e não de relevo da Autonomia.
Na mensagem, Cavaco Silva faz questão de destacar que está em causa "uma questão
de princípio e de salvaguarda dos fundamentos da República no que diz respeito à
configuração do nosso sistema de governo", e não uma questão de relevo da Autonomia
regional.

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Na mensagem ao Parlamento, o PR dá ainda nota de outra "objeção de princípio",
relativamente ao número 2 do artigo 140.º do Estatuto, através do qual a Assembleia da
República decidiu limitar o poder de iniciativa legislativa dos seus deputados e grupos
parlamentares, no que respeita ao processo de revisão do Estatuto Político-
Administrativo da Região Autónoma dos Açores.
Ou seja, de futuro, a Assembleia da República apenas poderá alterar, por iniciativa dos
seus deputados ou grupos parlamentares, as normas que a Assembleia Legislativa da
Região pretenda que sejam alteradas e que, como tal, constem da sua proposta de
revisão.
"A Assembleia da República procedeu a uma inexplicável auto-limitação dos seus
poderes, abdicando de uma competência que a Constituição lhe atribui e lhe impõe
enquanto assembleia representativa de todos os cidadãos portugueses", sublinha
Cavaco Silva, alertando para o caráter de "hiper-rigidez" que o diploma irá adquirir,
podendo "criar graves problemas para a coesão nacional".
Pois, frisa o PR, "trata-se de uma limitação de poderes de um órgão de soberania feita
à margem da Constituição, o que é manifestamente inadmissível do ponto de vista do
normal funcionamento das instituições da República".
Já no final da carta, o PR volta a insistir na necessidade de preservar dois equilíbrios
fundamentais da nossa República: o equilíbrio entre os diversos órgãos de soberania,
por um lado; o equilíbrio entre os órgãos de soberania e os órgãos regionais, por
outro.
"Ambos são imprescindíveis ao funcionamento da República Portuguesa como um
sistema democrático, regido por normas constitucionais claras e incontornáveis, no
contexto de um Estado unitário que acolhe no seu seio os sistemas autonómicos
insulares", reitera o PR.
"Considero que o funcionamento da democracia portuguesa e do nosso sistema de
governo assenta numa regra essencial, que não pode ser posta em causa: o exercício
dos poderes dos diversos órgãos de soberania é realizado no quadro da Constituição,
não podendo ficar à mercê da contingência fortuita da legislação ordinária", enfatiza a
mensagem do PR.

Reacções
"Numa primeira leitura, não nos parece que as questões suscitadas pelo senhor
Presidente da República no veto (ao Estatuto dos Açores) sejam diversas ou distintas
daquelas que foram apresentadas e apreciadas na Assembleia da República (…)
Faremos uma análise aprofundada das razões e fundamentos invocados pelo senhor
Presidente da República".
Alberto Martins
Líder parlamentar do PS

"O PSD compreende as razões (do veto político) do Presidente da República, em


particular a que se relaciona com a redução dos poderes presidenciais (…) O PSD
sempre achou este diploma globalmente um bom diploma, mas sempre disse que esta
norma (artigo 114.º) estava errada (…) Vamos ver se o PS vai, finalmente, ter em conta
as razões do senhor Presidente, ou não".
Paulo Rangel
Líder da bancada do PSD

"Há uma coincidência entre as objeções do PCP e as preocupações do Presidente da


República, que têm fundamento constitucional (…) O nosso entendimento é que um

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diploma desta importância deveria ser alterado (seria) lamentável o PS querer insistir
na manutenção destas normas (do artigo 114.º e do artigo 140.º, n.º 2)".
António Filipe
Deputado do PCP

"O que é mais fácil e aconselhável é que os dois maiores partidos encontrassem uma
fórmula para ultrapassar os constrangimentos e permitir que os Açores tenham o seu
Estatuto Político Administrativo".
Nuno Melo
Deputado do CDS-PP

"O que é essencial é não adiar e que o Estatuto entre em vigor o mais rapidamente
possível (o veto) perfeitamente legítimo (baseia-se) em duas questões menores,
deixando arrastar uma querela imprópria com o Assembleia da República, que aprovou
a lei por unanimidade".
Luís Fazenda
Líder da bancada do BE”

Pergunta-se:
A) Após a pronúncia do Tribunal Constitucional sobre as normas do Estatuto, que
fases procedimentais se cumpriram para o Presidente voltar a ter oportunidade
de se posicionar face a normas do diploma, vetando-o?
B) De que tipo de veto se trata, de acordo com o regime constitucional do veto
presidencial?
C) O tipo, forma e oportunidade do veto em presença foram os indicados, à luz da
Constituição, para o Presidente da República fazer valer o seu ponto de vista
sobre violações da Constituição perpetradas em normas do Estatuto?
D) É legítimo afirmar, como o faz o Presidente da República na sua mensagem de
veto, que o legislador não pode acrescentar exigências procedimentais
inovadoras face às previstas na Constituição, quando esta regula o procedimento
de aprovação de um acto?
E) Poderiam ser introduzidas na Constituição, por via de processo de revisão
constitucional a desencadear hoje, normas procedimentais semelhantes às que
constam do Estatuto aprovado pela Assembleia da República e que
fundamentaram o respectivo veto a que se refere a notícia transcrita?
F) A resposta à questão anterior poderá ser em sentido afirmativo para quem
entenda que tais normas procedimentais são características de Estado composto
e não de Estado unitário?

GRUPO VII

Leia o texto abaixo e responda à questão que se lhe segue..

“Diário Digital
Questionado hoje sobre esta questão depois do anúncio de que o grupo parlamentar do
PS vai confirmar o diploma vetado a 27 de Outubro pelo Presidente da República, o
líder da bancada socialista disse que apenas será necessário o voto da «maioria
absoluta» dos deputados.

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Ou seja, no caso do Estatuto Político-Administrativo dos Açores, a maioria absoluta do
PS (os socialistas dispõem de 121 deputados) é suficiente para a aprovação do
diploma, que já foi por duas vezes votado por unanimidade na Assembleia da
República.
A reapreciação do Estatuto dos Açores está agendada para a reunião plenária de 19 de
Dezembro.”.

Quais as normas que suportam, jurídico-constitucionalmente, a opinião do Deputado


Alberto Martins? Concorda com ela?

GRUPO VIII

“Diário Económico – 15 de Dezembro de 2008


Porque tudo isto parece bizarro
Ao que parece o Parlamento não se entende sobre qual a maioria necessária para
confirmar o projecto de Estatuto dos Açores, depois do veto político do Presidente.

Tiago Duarte

Parece bizarro, mas quem conhece o intrincado das normas constitucionais sobre as
maiorias necessárias para aprovar as diversas leis sabe que este dia ia chegar. O
Parlamento só se pode queixar de si próprio e das sucessivas revisões constitucionais.
Claro que nada disto sucederia se o Presidente tivesse apresentado os argumentos do
veto junto do Tribunal Constitucional, já que as suas críticas são jurídicas mais do que
políticas. É que, a ter o Presidente razão, existe inconstitucionalidade do Estatuto que o
Tribunal Constitucional só não pôde apreciar porque o Presidente não quis. Agora que
o mal está feito, tem o Parlamento de confirmar o Estatuto por maioria de 2/3 dos
deputados presentes, no caso de o mesmo conter normas que tivessem exigido a sua
aprovação inicial também por essa maioria. Isto porque o veto político incide sobre
todo o diploma, pelo que não é possível confirmar apenas as normas de que o
Presidente discorda, para as quais bastaria maioria absoluta, antes sendo obrigatório
confirmar ou não o diploma na sua totalidade.
Tiago Duarte, Professor de Direito Constitucional”

Qual a base jurídico-constitucional que sustenta a opinião do Prof. TIAGO DUARTE?


Concorda com esta opinião?

GRUPO IX

“Açores: Assembleia Legislativa reconfirma Estatuto dos Açores


12 de Dezembro de 2008, 20:51
Horta, 12 Dez. (Lusa) -- A Assembleia Legislativa dos Açores reconfirmou hoje à tarde,
por unanimidade, o diploma sobre o Estatuto Político-Administrativo da Região, não
reconhecendo razão ao veto do Presidente da República.

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A deliberação dos deputados açorianos surge na sequência do pedido de parecer
relativamente às propostas de alteração apresentadas pelas bancadas do PSD e do
PCP na Assembleia da República.
Na generalidade, os partidos com assento parlamentar nos Açores (PS, PSD, CDS/PP,
Bloco de Esquerda, PCP e PPM), entendem que a proposta aprovada na Assembleia
Regional e na Assembleia da República, em ambos os casos por unanimidade, deve
manter-se inalterável.
Na especialidade, os deputados do PSD concordaram com as propostas de alteração
apresentadas pelo seu Grupo Parlamentar na Assembleia da República, no sentido de
contornar os artigos contestados por Cavaco Silva.
Também o deputado do PCP/Açores, Aníbal Pires, votou a favor da proposta de
eliminação do artigo 140º, proposta pelo seu partido na Assembleia da República, que
pretendia retirar do Estatuto a obrigação de eventuais alterações ao diploma terem de
ser propostas pela Região.
O parecer dos deputados dos Açores será agora remetido para a Assembleia da
República, onde se prevê a discussão do Estatuto dos Açores a 19 de Dezembro.
Recorde-se que o Presidente da República, Cavaco Silva, vetou por duas vezes o
Estatuto Político-Administrativo dos Açores, uma das quais alegando a
inconstitucionalidade de algumas normas, outra invocando divergências políticas.
O Chefe de Estado entende que o artigo 114º, sobre os deveres de audição, e o artigo
140º, sobre a reserva de iniciativa, colocam «em sério risco os equilíbrios político-
institucionais».”.

Qual a norma ao abrigo da qual se processou esta segunda intervenção da Assembleia


Legislativa dos Açores no procedimento em análise?

GRUPO X

Leia o texto abaixo e responda às questões que se lhe seguem

“Correio da Manhã
Sábado, 20 de Dezembro de 2008 - 23:35
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A hora da votação gerou polémica devido ao intervalo de vinte minutos anunciado por
Jaime Gama
20 Dezembro 2008 - 00h30
Parlamento - Estatuto aprovado com 152 votos a favor e 76 abstenções Ninguém votou
a favor do Presidente.
O Estatuto Político-Administrativo dos Açores foi ontem aprovado, sem qualquer
alteração, pela Assembleia da República com 152 votos a favor e 76 abstenções.
Numa votação que contou com um número recorde de presenças -228 parlamentares –
nenhum deputado ficou ao lado do Presidente da República, que vetou duas vezes o
diploma por o considerar uma ameaça aos poderes presidenciais.
A decisão, aprovada por dois terços dos deputados presentes, obriga Cavaco Silva a
promulgar o diploma no prazo de oito dias após a sua recepção. Resta agora o pedido
de fiscalização sucessiva ao Tribunal Constitucional (TC) por parte do PSD.

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Apesar de criticar o PS por "criar um conflito institucional", o PSD optou pela
abstenção. Decisão que não mereceu a concordância de vários sociais-democratas, a
avaliar pelas declarações de voto: dez. Muitas subscritas por mais do que um deputado.
O líder parlamentar do PSD anunciou que irá pedir a fiscalização sucessiva do
diploma assim que entrar em vigor, o que poderá determinar a sua
inconstitucionalidade, como defendem vários constitucionalistas. O TC poderá demorar
cerca de dois anos a pronunciar-se sobre a matéria, segundo Paulo Rangel.”.

Pergunta-se:
A) À luz da Constituição, o Presidente da República seria mesmo obrigado a
promulgar o Estatuto, no prazo de 8 dias?
B) Pode o líder da bancada parlamentar do PSD requerer a fiscalização sucessiva da
constitucionalidade de normas do Estatuto? Em que momento e ao abrigo de que
normas?
C) Quais as consequências da decisão que o Tribunal Constitucional venha a tomar,
na sequência do pedido do líder do PSD?
D) A fiscalização sucessiva de que aqui se trata é abstracta ou concreta?

GRUPO XI

“Diário Digital
terça-feira, 23 de Dezembro de 2008
Não promulgação do Estatuto dos Açores não prevê sanção
O Presidente da República, Cavaco Silva, pode não promulgar o Estatuto Político-
Administrativo dos Açores e não sofrerá qualquer sanção, uma vez que a Constituição
portuguesa não o prevê.
De acordo com o Diário de Notícias desta terça-feira, «se o Presidente estivesse
disposto a escapar à sanção política, evidentemente», poderia não assinar a lei. Esta «é
uma das fraquezas
da Constituição», explica Jorge Bacelar Gouveia, considerando-a «uma imperfeição
grave».
Embora o constitucionalista e militante do PSD esteja convencido de que o chefe de
Estado «vai promulgar» o Estatuto dos Açores, «que põe em causa o normal
funcionamento das instituições», o perito afirma que «não há mecanismo que o
obrigue» e «não há consequências para o caso da não promulgação».
O «pai da Constituição», Jorge Miranda, confirmou que não existe sanção, mas «seria
uma crise institucional grave» se Cavaco Silva decidisse não passar a lei, que chegou
na segunda-feira ao Palácio de Belém, após dois vetos do presidente, e «deverá ser
promulgada no prazo de oito dias».
«Nunca aconteceu na vigência da Constituição de 1976», continuou o responsável,
defendendo que o Presidente da República deveria dirigir-se ao Tribunal
Constitucional, pedindo a fiscalização sucessiva da constitucionalidade, uma medida
que não teria qualquer efeito suspensivo sobre a entrada em vigor da lei.”.

Comente o texto supra citado, atendendo a quanto já leu sobre o regime constitucional
da promulgação e do veto.

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