Você está na página 1de 11

DISCIPLINA: Dir. Constitucional - Organização do Estado e dos Poderes.

PROF.: Odil de Lara Pinto Reissinger AULA: 11

4. PROCESSO LEGISLATIVO: Competências da iniciativa de proposituras de


projeto de lei. 4.2.2. Procedimentos Especiais. (PARTE III).

Referências bibliográficas da aula:

BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de direito constitucional. 4. Rio de Janeiro: Forense, 2022. 1 (recurso
online). ISBN 9786559642526.

FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. 41. Rio de Janeiro Forense 2020 1
(recurso online) ISBN 9788530991845.

MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 17. São
Paulo: Saraiva Jur, 2022. 1 (recurso online). (IDP). ISBN 9786553620506.

TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 20. São Paulo: Saraiva Jur, 2022. 1 (recurso
online). ISBN 9786555596915.

Leitura artigo:

RANIERI, Nina. O direito à educação e as competências dos entes federados no Brasil:


complexidade, pouca colaboração, baixa coordenação.
(Disponível em:
https://www.tjsp.jus.br/download/EPM/Publicacoes/ObrasJuridicas/12-
federalismo.pdf?d=637006247774866622 ).

 ESTRUTURA DA DISCIPLINA:
1. Organização do Estado: Federalismo e repartição de competências.
2. Intervenção Federal e Estadual.
3. Poder Legislativo.
4. Processo Legislativo. (Arts. 59/69)
5. Poder Executivo.
6. Poder Judiciário.

 ESTRUTURA NA CONSTITUIÇÃO:
Forma de Estado: Federação (Arts. 1º. e 18)
Título III – Da Organização do Estado (Arts.18 a 43)
Capítulo I - Da Organização Poli ́tico-Administrativa (Arts.18 e 19)
Capítulo II – Da União (Arts.20 a 24)
Capi ́tulo III – Dos Estados Federados (Arts.25 a 28)
Capi ́tulo IV – Dos Munici ́pios (Arts.29 a 31)
Capi ́tulo V – Do Distrito Federal e dos Territó rios (Arts.32 e 33)
Seção I – Do Distrito Federal (Art.32)
Seção II – Dos Territórios (Art. 33)
Título IV - Da Organização dos Poderes (Arts. 44 a 135).
4. PROCESSO LEGISLATIVO.

4.1. Competências da iniciativa de proposituras de projeto de lei.

4.2. Processo Legislativo: Espécies de Procedimentos.

4.2.1. Procedimento comum.

4.2.2. Procedimentos Especiais.

Quando se trata de procedimentos especiais deparamo-nos com especificidades em


suas matérias, uma diferenciação necessária que não seguindo o padrão estabelecido
para a aprovação de uma lei ordinária, comum. Requer-se, então, alguns
procedimentos especiais. Assim temos, as (a) leis orçamentárias; (b) emendas
constitucionais; (c) leis delegadas; (d) medidas provisórias; (e) decretos legislativos e (f)
resoluções.

(1) No que tange às Leis Orçamentárias, estas são consideradas especiais devido as
especificidades da matéria, e que dependendo da matéria teremos variados tipos de
tramitação (cf. Art. 166, da CF).

 CR/88: Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes


orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados
pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.
§ 1º Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as
contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas nacionais, regionais
e setoriais previstos nesta Constituição e exercer o acompanhamento e a
fiscalização orçamentária, sem prejuízo da atuação das demais comissões do
Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de acordo com o art. 58.
§ 2º As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá
parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do
Congresso Nacional.
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o
modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de
anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito
Federal; ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
§ 4º As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias não poderão ser
aprovadas quando incompatíveis com o plano plurianual.
§ 5º O Presidente da República poderá enviar mensagem ao Congresso
Nacional para propor modificação nos projetos a que se refere este artigo
enquanto não iniciada a votação, na Comissão mista, da parte cuja alteração é
proposta.

 STF: O relatório da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e


Fiscalização (CMO) do Congresso Nacional, mercê de ostentar
confessadamente motivação ideologicamente enviesada, não vincula, per se, a
apreciação pelas Casas Legislativas do Parlamento Federal. [ADI 5.468, rel. min.
Luiz Fux, j. 30-6-2016, P, DJE de 2-8-2017.].

(2) No que tange às Emendas Constitucionais, a competência para sua propositura,


procedimento, dentre outros, estão estabelecidos no artigo 60 da Constituição.

 CF/88: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal;

 STF: O início da tramitação da proposta de emenda no Senado Federal está


em harmonia com o disposto no art. 60, I, da CF, que confere poder de
iniciativa a ambas as Casas Legislativas. [ADI 2.031, rel. min. Ellen Gracie, j. 3-
10-2002, P, DJ de 17-10-2003.]

II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação,
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de
estado de defesa ou de estado de sítio.
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos
respectivos membros.

 STF: 1) A CF de 1988 não fixou um intervalo temporal mínimo entre os dois


turnos de votação para fins de aprovação de emendas à Constituição (CF, art.
60, § 2º), de sorte que inexiste parâmetro objetivo que oriente o exame judicial
do grau de solidez da vontade política de reformar a Lei Maior. A interferência
judicial no âmago do processo político, verdadeiro locus da atuação típica dos
agentes do Poder Legislativo, tem de gozar de lastro forte e categórico no que
prevê o texto da CF. [ADI 4.425, rel. p/ o ac. min. Luiz Fux, j. 14-3-2013, P, DJE
de 19-12-2013.].

2) Não precisa ser reapreciada pela Câmara dos Deputados expressão


suprimida pelo Senado Federal em texto de projeto que, na redação
remanescente, aprovada de ambas as Casas do Congresso, não perdeu
sentido normativo. [ADI 3.367, rel. min. Cezar Peluso, j. 13-4-2005, P, DJ de 22-
9-2006.].

§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados


e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada
não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

(3) No que tange às Leis Delegadas, que são atos normativos com força de lei
ordinária, tendo por competência privativa o Presidente da República, pode ser
considerada delegação própria ou típica, quando todo o processo legislativo é levado
a cabo no próprio Poder Executivo, não havendo exigência de antes de sua
promulgação, ser aprovada pelo Plenário do Parlamento. Considera-se delegação
imprópria ou atípica, quando o Congresso estabelecer a exigência de que a lei
delegada somente seja promulgada, se for aprovada pelo Plenário do Parlamento. A
Constituição especifica o procedimento em seu artigo 68.
 CF/88: Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da
República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

STF: A nova Constituição da República revelou-se extremamente fiel ao postulado da


separação de poderes, disciplinando, mediante regime de direito estrito, a
possibilidade, sempre excepcional, de o Parlamento proceder a delegação legislativa
externa em favor do Poder Executivo. A delegação legislativa externa, nos casos em
que se apresente possível, só pode ser veiculada mediante resolução, que constitui o
meio formalmente idôneo para consubstanciar, em nosso sistema constitucional, o
ato de outorga parlamentar de funções normativas ao Poder Executivo. A resolução
não pode ser validamente substituída, em tema de delegação legislativa, por lei
comum, cujo processo de formação não se ajusta a disciplina ritual fixada pelo art.
68 da Constituição. A vontade do legislador, que substitui arbitrariamente a lei
delegada pela figura da lei ordinária, objetivando, com esse procedimento, transferir
ao Poder Executivo o exercício de competência normativa primária, revela-se írrita e
desvestida de qualquer eficácia jurídica no plano constitucional. O Executivo não pode,
fundando-se em mera permissão legislativa constante de lei comum, valer-se do
regulamento delegado ou autorizado como sucedâneo da lei delegada para o efeito de
disciplinar, normativamente, temas sujeitos a reserva constitucional de lei. Não basta,
para que se legitime a atividade estatal, que o poder público tenha promulgado um ato
legislativo. Impõe-se, antes de mais nada, que o legislador, abstendo-se de agir ultra
vires, não haja excedido os limites que condicionam, no plano constitucional, o
exercício de sua indisponível prerrogativa de fazer instaurar, em caráter inaugural, a
ordem jurídico-normativa. Isso significa dizer que o legislador não pode abdicar de sua
competência institucional para permitir que outros órgãos do Estado – como o Poder
Executivo – produzam a norma que, por efeito de expressa reserva constitucional, só
pode derivar de fonte parlamentar. O legislador, em consequência, não pode deslocar
para a esfera institucional de atuação do Poder Executivo – que constitui instância
juridicamente inadequada – o exercício do poder de regulação estatal incidente sobre
determinadas categorias temáticas – (a) a outorga de isenção fiscal, (b) a redução da
base de calculo tributária, (c) a concessão de crédito presumido e (d) a prorrogação
dos prazos de recolhimento dos tributos –, as quais se acham necessariamente
submetidas, em razão de sua própria natureza, ao postulado constitucional da reserva
absoluta de lei em sentido formal. Traduz situação configuradora de ilícito
constitucional a outorga parlamentar ao Poder Executivo de prerrogativa jurídica cuja
sedes materiae – tendo em vista o sistema constitucional de poderes limitados vigente
no Brasil – só pode residir em atos estatais primários editados pelo Poder Legislativo.
[ADI 1.296 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 14-6-1995, P, DJ de 10-8-1995.].

§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso


Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado
Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros;
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso
Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este
a fará em votação única, vedada qualquer emenda.

(4) No que tange às Medidas Provisórias, que são normas com força de lei e ato
privativo do Presidente da República em situações de relevância e urgência, seu
procedimento está devidamente especificado no artigo 62 da Constituição. Há que se
observar que existe uma doutrina e jurisprudência dominante, de que governadores
(chefe do executivo) e prefeitos tenham a possibilidade de editarem Medidas
Provisórias, desde que haja expressa previsão na Constituição Estadual ou Lei Orgânica
do Município, respeitando as mesmas regras previstas na Constituição Federal.

 CF/88: Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República


poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de
imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001).
STF: Conforme entendimento consolidado da Corte, os requisitos constitucionais
legitimadores da edição de medidas provisórias, vertidos nos conceitos jurídicos
indeterminados de "relevância" e "urgência" (art. 62 da CF), apenas em caráter
excepcional se submetem ao crivo do Poder Judiciário, por força da regra da separação
de poderes (art. 2º da CF). [ADC 11 MC, voto do rel. min. Cezar Peluso, j. 28-3-2007, P,
DJ de 29-6-2007.] = ADI 4.029, rel. min. Luiz Fux, j. 8-3-2012, P, DJE de 27-6-2012.

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: (Incluído pela


Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
I - relativa a: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito
eleitoral; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
b) direito penal, processual penal e processual civil; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de
seus membros; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e
suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro
ativo financeiro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
III - reservada a lei complementar; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001)
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de
sanção ou veto do Presidente da República. (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os
previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro
seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão eficácia,
desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,
prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez por igual período, devendo o Congresso
Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da medida provisória,
suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das
medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus
pressupostos constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de
2001).
Obs.: Esse parecer prévio é dado por uma comissão mista de Deputados e Senadores,
designada, caso a caso, para analisar se a medida provisória preenche os requisitos
de relevância e urgência (e, nos termos da Resolução n. 1/2002-CN, também sobre o
mérito da MP e sua compatibilidade financeira).
No julgamento da ADI n. 4.029/DF, o STF considerou inconstitucional, com efeitos
prospectivos (da decisão em diante), a aprovação de MP sem que a Comissão Mista
emita parecer.
Após a Comissão Mista dar o seu parecer, a MP será encaminhada diretamente ao
Plenário da Câmara dos Deputados (sem passar pelas comissões desta Casa,
portanto) e, se aprovada, ao Plenário do Senado Federal (também sem passar pelas
comissões no Senado). Se rejeitada em qualquer Casa, será arquivada; se aprovada em
ambas as Casas na mesma versão, seguirá à próxima fase. E, se aprovada pelo Senado
com alteração em relação ao que foi aprovado na Câmara, retornará a esta Casa, que
decidirá a respeito.
A rejeição (expressa ou tácita) da MP pelo Congresso produz, em regra, efeitos ex
nunc, a não ser que o Congresso resolva dar efeitos retroativos à rejeição (efeitos ex
tunc) – para tanto, deverá, em até 60 dias, editar um decreto legislativo específico.

§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados
de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma
das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,
todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver
tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).

Obs.: só ficam sobrestados os projetos de lei ordinária e apenas em relação a


matérias que podem ser tratadas por medida provisória.

STF (MS n. 27.931/DF, Relator Ministro Celso de Mello). “O regime de urgência


previsto no art. 62, § 6º, da Constituição da República – que impõe o sobrestamento
das deliberações legislativas das Casas do Congresso Nacional – incide, tão somente,
sobre aquelas matérias que se mostram passíveis de regramento por medida
provisória, excluídos, em consequência, do bloqueio procedimental imposto por
mencionado preceito constitucional as propostas de emenda à Constituição e os
projetos de lei complementar, de decreto legislativo, de resolução e, até mesmo,
tratando-se de projetos de lei ordinária, aqueles que veiculem temas pré-excluídos
do âmbito de incidência das medidas provisórias (CF, art. 62, § 1º, I, II e IV)”.

§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória
que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação
encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 32, de 2001)
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos
Deputados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).
§ 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas
provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão
separada, pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que
tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de
prazo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).

STF: Impossibilidade de reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória


revogada, nos termos do prescreve o art. 62, §§2º e 3º. Interpretação jurídica em
sentido contrário, importaria violação do princípio da Separação de Poderes. Isso
porque o Presidente da República teria o controle e comando da pauta do Congresso
Nacional, por conseguinte, das prioridades do processo legislativo, em detrimento do
próprio Poder Legislativo. Matéria de competência privativa das duas Casas
Legislativas (inciso IV do art. 51 e inciso XIII do art. 52, ambos da Constituição Federal).
O alcance normativo do § 10 do art. 62, instituído com a Emenda Constitucional 32 de
2001, foi definido no julgamento das ADI 2.984 e ADI 3.964, precedentes judiciais a
serem observados no processo decisório, uma vez que não se verificam hipóteses que
justifiquem sua revogação. Qualquer solução jurídica a ser dada na atividade
interpretativa do art. 62 da Constituição Federal deve ser restritiva, como forma de
assegurar a funcionalidade das instituições e da democracia. Nesse contexto,
imperioso assinalar o papel da medida provisória como técnica normativa residual que
está à serviço do Poder Executivo, para atuações legiferantes excepcionais, marcadas
pela urgência e relevância, uma vez que não faz parte do núcleo funcional desse Poder
a atividade legislativa. É vedada reedição de medida provisória que tenha sido
revogada, perdido sua eficácia ou rejeitada pelo Presidente da República na mesma
sessão legislativa. [ADI 5.709, ADI 5.716, ADI 5.717 e ADI 5.727, rel. min. Rosa Weber,
j. 27-3-2019, P, DJE de 28-6-2019.].

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º até sessenta dias após a
rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas constituídas e
decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela
regidas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).

STF: O § 11 do art. 62 da Constituição visa garantir segurança jurídica àqueles que


praticaram atos embasados na medida provisória rejeitada ou não apreciada, mas isso
não pode se dar ao extremo de se permitir a sobreposição da vontade do Chefe do
Poder Executivo sob a do Poder Legislativo, em situações, por exemplo, em que a
preservação dos efeitos da medida provisória equivalha à manutenção de sua vigência.
Interpretação diversa ofenderia a cláusula pétrea constante do art. 2º da Constituição,
que preconiza a separação entre os Poderes. Quanto aos pedidos de licença para
exploração de CLIA não examinados na vigência da Medida Provisória n. 320/2006, não
havia relação jurídica constituída que tornasse possível a invocação do § 11 do art. 62
da Constituição para justificar a aplicação da medida provisória rejeitada após o
término de sua vigência. Interpretação contrária postergaria indevidamente a eficácia
de medida provisória já rejeitada pelo Congresso Nacional, ofendendo não apenas o §
11 do art. 62 da Constituição, mas também o princípio da separação dos Poderes.
[ADPF 216, rel. min. Cármem Lúcia, j. 14-3-2018, P, DJE de 23-3-2020.].
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida
provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou
vetado o projeto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001).

(5) No que tange aos Decretos Legislativos, que são normas que regulam matérias de
competência exclusiva do Poder Legislativo, editados pelo Congresso Nacional como
um todo (ambas as Casas Legislativas em conjunto), sem a participação do
Presidente da República, e que produzem efeitos externos às Casas Legislativas, os
mesmos foram devidamente analisados no tópico sobre as competências.
Pese a Constituição não tratar ou especificar a tramitação dos decretos legislativos e
das resoluções, sendo tratada quase que com exclusividade pela doutrina e pelos
regimentos internos das Casas Legislativas e do Congresso Nacional, verifica-se a
matéria dos Decretos Legislativos na Constituição, em seus artigos 49 e 59, inciso VI,
a competência exclusiva do Poder Legislativo.

CF/88: Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:


I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País,
quando a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou
suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros
de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os
relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder
Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição
normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e
televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos
hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área
superior a dois mil e quinhentos hectares.
XVIII - decretar o estado de calamidade pública de âmbito nacional previsto nos arts.
167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G desta Constituição. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 109, de 2021).

(6) No que tange às Resoluções que são normas que regulam matérias de
competência exclusiva do Poder Legislativo, que produzem efeitos internos (interna
corporis) às Casas Legislativas, e que quando aprovadas e promulgadas se revestem
de eficácia de lei ordinária, reveste-se de caráter político, processual, legislativo ou
administrativo. As resoluções são atos de cada Casa do Congresso de maneira isolada,
ou seja, ora atos da Câmara dos Deputados, ora atos do Senado Federal. É o que se
depreende nos artigos 51 e 52, da Constituição.
CR/88: Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o
Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;
II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não
apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:


I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com
aqueles; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99)
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de
responsabilidade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
2004)
III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha
dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da
dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e
interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias
e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em
operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por
decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do
Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou
extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para
fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua
estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da
União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do
Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por
dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
cabíveis.

Você também pode gostar