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DIREITO

CONSTITUCIONAL
Ricardo de Sá
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Sumário:
Aula 09

- DAS AT R I B U I Ç Õ E S DO
CONGRESSO NACIONAL
1. Das matérias dependentes de sanção (art. 48)

Em sua função típica legiferante, o Congresso Nacional exerce as competências


legislativas da União, especialmente aquelas indicadas nos arts. 22 e 24 da
Constituição. No art. 48, estão as matérias que requerem leis ordinárias ou
complementares. Por isso, a exigência de sanção do Presidente da República.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,


não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;


II -plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito,
dívida pública e emissões de curso forçado;
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da
União;
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou
Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
VIII - concessão de anistia;
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria
Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério
Público do Distrito Federal;
X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas,
observado o que estabelece o art. 84, VI, b ;
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
XII - telecomunicações e radiodifusão;
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições financeiras e suas
operações;
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado
o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.
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Aula 10

- DAS AT R I B U I Ç Õ E S DO
CONGRESSO NACIONAL
2. DAS MATÉRIAS INDEPENDENTES DE SANÇÃO PRESIDENCIAL (ART. 49)
Diferentemente dos temas do art. 48, aqui, está dispensada a sanção
presidencial, uma vez que as matérias do art. 49 são tratadas por meio
de espécie legislativa diversa, qual seja, decreto legislativo, que não
enseja participação do Chefe do Poder Executivo, na medida em que a
competência é exclusiva do Congresso Nacional.
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que
acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a
permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele
permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do
País, quando a ausência exceder a quinze dias;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de
sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
VI - mudar temporariamente sua sede;
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o
que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos
Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153,
III, e 153, § 2º, I;
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os
relatórios sobre a execução dos planos de governo;
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do
Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;
XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição
normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de
rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;
XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com
área superior a dois mil e quinhentos hectares.
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Aula 11
- D A C Â M A R A D O S D E P U TA D O S
1. Composição: segundo o artigo 45 da CF, a casa é composta pelos
representantes do povo. Por isso, as bancadas de cada Estado-membro e
do DF variam proporcionalmente às respectivas populações. O tamanho
exato de /cada bancada é definido por Lei Complementar, mas a
Constituição estabelece os limites máximo (70 deputados) e mínimo (08
deputados) por bancada. Segundo a Lei Complementar nº 78/1993, a
Câmara é composta por um total de 513 deputados federais.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação por Estado e
pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei complementar,
proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes necessários, no
ano anterior às eleições, para que nenhuma daquelas unidades da
Federação tenha menos de oito ou mais de setenta Deputados.
ATENÇÃO!
Como a Câmara se compõe de representantes do povo, os
territórios federais, caso venham a ser criados, elegerão, cada
um, 04 (quatro) deputados:

§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.

2. Eleição
a) Sistema: proporcional
b) Mandato: 04 anos (1 legislatura), com possibilidade de sucessivas
reeleições
c) Idade mínima: 21 anos.
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Aula 12

D A C Â M A R A D O S D E P U TA D O S
3. ATRIBUIÇÕES DA CÂMARA DOS DEPUTADOS (art. 51)

As matérias de competência privativa da Câmara dos Deputados são tratadas por


resoluções, espécie normativa que, a exemplo dos decretos legislativos do
Congresso Nacional (art. 49), dispensam sanção presidencial.
Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo


contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de
Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não


apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a
abertura da sessão legislativa;
III - elaborar seu regimento interno;

IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,


transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art.


89, VII.
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Aula 13

DO SENADO FEDERAL
1. Composição: segundo o artigo 46 da CF, a casa é composta pelos
representantes dos Estados e do Distrito Federal.
O papel do Senado Federal decorre da forma federativa de Estado, dando
eco aos entes federados na formação da vontade política nacional. Como,
na Federação, não há hierarquia entre os entes federados, as bancadas são
iguais (§1º). Por isso, as bancadas de cada Estado-membro e do DF
possuem, cada, 03 (três) senadores, eleitos com os respectivos suplentes
(§ 3º).
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do
Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, com mandato
de oito anos.
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes.
ATENÇÃO!
Como o Senado se compõe de representantes dos entes
federados (Estados e DF), os territórios federais, caso venham
a ser criados, não poderão eleger senadores para
representá-los.

2. Eleição
a) Sistema: majoritário simples
b) Mandato: 08 anos (2 legislaturas), com possibilidade de sucessivas
reeleições. A cada legislatura (04 anos), renovam-se, alternadamente,
1/3 e 2/3 do Senado Federal.
c) Idade mínima: 35 anos.
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Aula 14

DO SENADO FEDERAL
3. ATRIBUIÇÕES DO SENADO FEDERAL (art. 52)

As matérias de competência privativa do Senado Federal são tratadas por


resoluções, a exemplo daquelas de competência da Câmara, dispensando,
igualmente, sanção presidencial.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos
crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os
Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da
mesma natureza conexos com aqueles;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros
do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos
crimes de responsabilidade;
ATENÇÃO!

A decisão do Senado, que assume a forma de Resolução, tem os seguintes


requisitos:
 quórum qualificado de 2/3;
 o julgamento é presidido pelo Presidente do STF;
 Em caso de condenação, as sanções aplicáveis são a perda do cargo e a
inabilitação para função pública por oito anos.
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a
escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo
Presidente da República;
c) Governador de Território;
d) Presidente e diretores do banco central;
e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
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Aula 15

DO SENADO FEDERAL
3. Atribuições do Senado Federal (continuação)
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão
secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter
permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o
montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios;
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito
externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder
Público federal;
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da
União em operações de crédito externo e interno;
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida
mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de
ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu
mandato;
XII - elaborar seu regimento interno;
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação,
transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus
serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva
remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de
diretrizes orçamentárias;
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art.
89, VII.
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário
Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho
das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito
Federal e dos Municípios.
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Aula 16

P R O C E S S O L E G I S L AT I V O
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Diz-se processo legislativo o processo de elaboração das espécies
legislativas definidas pelo constituinte como tais. A Constituição
Federal define o processo legislativo federal, não se ocupando do
tema quanto às normas estaduais, distritais e municipais, entretanto,
o modelo federal há de ser observado, por simetria, pelos entes
menores, observadas as peculiaridades do unicameralismo
característico destes.
Além da Constituição, o processo legislativo é regulado pela Lei
Complementar nº 95/1998, havendo, ainda, algumas normas
presentes nos regimentos internos das casas legislativas.
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA
Processo legislativo dos Estados-membros: absorção compulsória das
linhas básicas do modelo constitucional federal entre elas, as
decorrentes das normas de reserva de iniciativa das leis, dada a
implicação com o princípio fundamental da separação e
independência dos poderes: jurisprudência consolidada do Supremo
Tribunal.
[ADI 637, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 25-8-2004, P, DJ de 1º-10-
2004.]
ATENÇÃO!
Além de requisito de validade formal das espécies legislativas, o
devido processo legislativo é considerado direito fundamental do
parlamentar, passível de tutela pela via do mandado de segurança,
conforme entendimento do STF.
[cf. MS 24.667 AgR, rel. min. Carlos Velloso, j. 4-12-2003, P, DJ de 23-
4-2004 eMS 32.033, rel. p/ o ac. min. Teori Zavascki, j. 20-6-2013, P,
DJE de 18-2-2014
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Aula 17

D O P R O C E S S O L E G I S L AT I V O
2. Espécies legislativas (art. 59 da CF)
I - emendas à Constituição*;
II - leis complementares;
III - leis ordinárias;
IV - leis delegadas;
V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos*;
VII – resoluções*.
*Atos que dispensam sanção presidencial
3. DO PROCESSO LEGISLATIVO COMUM
Diz-se processo legislativo comum ou ordinário aquele voltado à
produção das leis ordinárias e das leis complementares. Trata-se do
processo mais completo e complexo, abrangendo três fases, com a
possibilidade de deliberação executiva, por meio da sanção ou do veto a
projetos de lei. A única distinção procedimental entre ambas as espécies
reside no quórum de aprovação (maioria simples ou qualificada)
Leis ordinárias são as leis comuns. Quando o constituinte reserva
determinada matéria ao trato por lei, sem lhe discriminar a espécie,
subentende-se que a referência é à lei ordinária.
ATENÇÃO!
Não existe hierarquia entre leis ordinárias e
complementares, pois ambas são atos primários (extraem
seu fundamento de validade diretamente da Constituição).
O conflito entre leis ordinárias e leis complementares será
solucionado no plano puramente formal, a partir da
definição constitucional da espécie normativa adequada
para a matéria.
LO não pode tratar de matéria de LC, mas o contrário é
possível (lei formalmente complementar, mas
materialmente ordinária, que pode ser revogada por LO).
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA
A LC 70/1991 é apenas formalmente complementar,
mas materialmente ordinária, com relação aos
dispositivos concernentes à contribuição social por ela
instituída.
[RE 377.457, rel. min. Gilmar Mendes, j. 17-9-2008, P,
DJE de 19-12-2008, Tema 71.]Vide ADI 4.071 AgR, rel.
min. Menezes Direito, j. 22-4-2009, P, DJE de 16-10-2009
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Aula 18

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PROCESSO LEGISLATIVO COMUM (ESQUEMA GERAL)

Introdutória (iniciativa)

Constitutiva Deliberação parlamentar (discussão e votação)


Deliberação executiva (sanção ou veto)

Complementar Promulgação
Publicação
3.1. Fase introdutória ou de iniciativa
Iniciativa legislativa consiste na apresentação do projeto de lei. Pode ser
extraparlamentar (o projeto vem de alguém que não é parlamentar) ou
parlamentar. O rol geral de legitimados para leis ordinárias e
complementares se encontra no art. 61 da CF:

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer


membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou
do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
3.1.1. Iniciativa concorrente: é aquela atribuída a variados
legitimados. Normalmente, a iniciativa legislativa é concorrente, tanto
para as leis complementares e ordinárias quanto para as emendas
constitucionais (embora o rol de legitimados para estas seja mais
restrito, como se vê no art. 60 da CF):

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:


I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou
do Senado Federal;
II - do Presidente da República;
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da
Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de
seus membros.
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Aula 19

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3.1.2. Iniciativa privativa (exclusiva ou reservada): é aquela reservada
a apenas um legitimado, sob pena de inconstitucionalidade formal.
o Iniciativa privativa do Presidente da República (arts. 61, §1º, e 165,
I a III, da CF, e 108 do ADCT)
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração
direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e
orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico,
provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria;
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da
União, bem como normas gerais para a organização do Ministério
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos
Territórios;
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração
pública, observado o disposto no art. 84, VI;
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de
cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e
transferência para a reserva.
Atenção!
A iniciativa privativa do Presidente da República se estende, no que couber, por
simetria, aos Governadores. No âmbito estadual, inclusive, a iniciativa privativa
do Governador, segundo entendimento do STF, alcança também PECs com
esses conteúdos:
A Emenda Constitucional 61/2012 de Santa Catarina conferiu status de
carreira jurídica, com independência funcional, ao cargo de delegado de
polícia. Com isso, alterou o regime do cargo e afetou o exercício de
competência típica da chefia do Poder Executivo, o que viola a cláusula de
reserva de iniciativa do chefe do Poder Executivo (art. 61, § 1º, II, c, extensível
aos Estados-Membros por força do art. 25 da CF). [ADI 5.520, rel. min.
Alexandre de Moraes, j. 6-9-2019, P, DJE de 20-9-2019.]
• Por outro lado, o STF pacificou que “as regras de iniciativa reservada
previstas na Carta da República não se aplicam às normas originárias
das constituições estaduais ou da Lei Orgânica do Distrito Federal”
(ADI 1.167, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19.11.2014, Plenário, DJE de
10.02.2015).
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Os arts. 13 e 14 da Lei nº 9.709/1998 regulamentam o art. 14 da Constituição
quanto à iniciativa popular:
Art. 13. A iniciativa popular consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos
Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,
distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento
dos eleitores de cada um deles.
§ 1o O projeto de lei de iniciativa popular deverá circunscrever-se a um só assunto.
§ 2o O projeto de lei de iniciativa popular não poderá ser rejeitado por vício de
forma, cabendo à Câmara dos Deputados, por seu órgão competente, providenciar
a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação.
Art. 14. A Câmara dos Deputados, verificando o cumprimento das exigências
estabelecidas no art. 13 e respectivos parágrafos, dará seguimento à iniciativa
popular, consoante as normas do Regimento Interno.
3.2. Fase constitutiva
II - discussão e emendas: o projeto de lei pode tramitar por variadas
comissões temáticas, a depender da matéria respectiva, e, em seguida,
a CCJ realiza o controle preventivo (a norma ainda não existe) político
(porque os membros da comissão são agentes políticos – membros da
CD ou SF) de constitucionalidade.
III – deliberação: é a formação da vontade colegiada. Como os órgãos
legislativos possuem composição colegiada, há critérios numéricos para
a tomada da decisão, mediante verificação de quóruns. O quórum
comum está no art. 47 da CF:
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações
de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maioria dos
votos, presente a maioria absoluta de seus membros.
ATENÇÃO! É CABÍVEL EMENDA PARLAMENTAR EM PROJETO DE INICIATIVA
PRIVATIVA EXTRAPARLAMENTAR, DESDE QUE:

■ Guardem pertinência temática (isto é, a emenda deve tratar do mesmo


tema do projeto de lei originário);
■ Não ocasionem aumento de despesa (exceção: emendas à lei orçamentária
anual ou a projetos que a modifiquem, conforme o art. 166, §3º, da CF).
§ 3º As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos
projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias;
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os
provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam
sobre:
a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios
e Distrito Federal; ou
III - sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
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Aula 21

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 Lei Ordinária: maioria simples (deve estar presente a maioria
absoluta dos membros – não pode estar presente menos da metade
do total da Casa, e obter a votação de um número superior à metade
dos presentes) – Ex.: na CD preciso de 129 votos desde que presentes
257 parlamentares, enquanto que no SF tem que estar presente pelo
menos 41, sendo necessário apenas 21 votos para aprovação;
 Lei Complementar: maioria absoluta (usa como referencial a
totalidade dos membros – não é metade mais um, é o primeiro
número inteiro superior à metade). Ex: Na CD são necessários 257
votos (o número inteiro superior à metade), já no SF serão
necessários 41 votos.

IV – Encaminhamento à casa revisora  a casa revisora fará nova


deliberação, da qual poderá resultar:
• Aprovação integral do texto oriundo da casa iniciadora: neste
caso, o projeto será posteriormente remetido para sanção ou veto
presidenciais.

• Rejeição integral: neste caso, ocorrerá o arquivamento do projeto,


que só poderá ser reapresentado, na mesma sessão legislativa, pelo
voto da maioria absoluta de qualquer das casas parlamentares.

• Emenda ao projeto oriundo da casa iniciadora: neste caso, apenas


os trechos emendados serão devolvidos, para apreciação, à casa
iniciadora, que apenas poderá aprová-los ou rejeitá-los, sem a
possibilidade de subemendas (emendas sobre emendas). Em caso
de rejeição, prevalecerá o texto anterior ao das emendas.
MODALIDADES DE EMENDA

■ supressiva: é a que manda excluir qualquer parte de outra proposição;


■ aglutinativa: é a que resulta da fusão de outras emendas, ou destas com
o texto, por transação tendente à aproximação dos respectivos objetos;
■ substitutiva: é a apresentada como sucedânea a parte de outra
proposição, denominando-se “substitutiva” quando a alterar, substancial
ou formalmente, em seu conjunto; considera-se formal a alteração que
vise exclusivamente ao aperfeiçoamento da técnica legislativa;
■ modificativa: é a que altera a proposição sem a modificar
substancialmente;
■ aditiva: é a que se acrescenta a outra proposição;
■ de redação: a modificativa que visa sanar vício de linguagem, incorreção
de técnica legislativa ou lapso manifesto.
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Aula 22

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d) Sanção e veto: atos exclusivos do Chefe do Executivo. Devem ser
feitos no prazo de 15 dias úteis, contados do recebimento do projeto
de lei. A sanção representa aquiescência e pode ser tácita ou
expressa (o silêncio importa em sanção).
O veto, por sua vez, representa a rejeição do Presidente à totalidade
ou a uma parcela do projeto de lei (PECs não se submetem a sanção
nem a veto) e deve ser:
- expresso: não há veto tácito. O silêncio, como visto, é considerado
sanção tácita;
- motivado: os motivos do veto devem constar de mensagem a ser
encaminhada ao Presidente do Senado (que preside o Congresso
Nacional) em 48h.
i. Quanto ao fundamento  político, quando motivado por razões
de conveniência ou oportunidade; ou jurídico, quando
fundamentado em inconstitucionalidade.
ii. Quanto à extensão  total, quando abranger a integralidade do
projeto de lei, ou parcial. Neste caso, não é dado ao Presidente
vetar palavras isoladas, mas o dispositivo inteiro (caput,
parágrafo, inciso, alínea ou item).

No caso do veto parcial, as partes não-vetadas são


encaminhadas imediatamente à promulgação, não aguardam
deliberações acerca do veto.
REJEIÇÃO AO VETO
O veto pode ser superado através da REJEIÇÃO, pelo Congresso
Nacional, em sessão conjunta, no prazo de até 30 dias, pelo voto da
maioria absoluta dos membros de cada Casa, em escrutínio secreto.
Rejeitado o veto, a lei será enviada para promulgação ao Presidente
da República.
e) promulgação e publicação: recaem sobre as leis e não os projetos.
A promulgação é o ato que confirma que a lei (e não o projeto) –
certifica sua existência, foi elaborada de acordo com o texto
constitucional, sendo, portanto, válida, além de atestar a existência da
norma. Já a publicação dá notoriedade a lei através da sua inserção no
Diário Oficial.
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Aula 23

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Princípio da irrepetibilidade: A matéria constante de PL rejeitado só poderá
constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, por proposta
da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do CN” (art. 67).
Já a PEC não pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa de modo
algum!

JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA
É constitucional a promulgação, pelo Chefe do Poder Executivo, da parte
incontroversa de projeto de lei que não foi vetada, antes da manifestação do
Poder Legislativo pela manutenção ou pela rejeição do veto, inexistindo vício de
inconstitucionalidade dessa parte inicialmente publicada pela ausência de
promulgação da derrubada dos vetos.
[RE 706.103, rel. min. Luiz Fux, j. 27-4-2020, P, DJE de 14-5-2020, Tema 595.]

É cabível ADPF contra o veto a projeto de lei (ADPF 714)


3. Processo legislativo sumário  prazo máximo de 100 (cem) dias para sua
conclusão (não corre prazo durante o recesso parlamentar). Não é aplicável
aos projetos de códigos.

“Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da


República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na
Câmara dos Deputados.
§ 1º - O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de
projetos de sua iniciativa. Não é necessário ser de iniciativa privativa.
§ 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se
manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e
cinco dias, sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da
respectiva Casa, com exceção das que tenham prazo constitucional
determinado, até que se ultime a votação.
§ 3º - A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos
Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais
o disposto no parágrafo anterior.
§ 4º - Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do
Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código”.
4. RESOLUÇÕES E DECRETOS LEGISLATIVOS: Atos normativos
primários. Quando versam sobre matérias em que as Casas
deliberam separadamente são exteriorizadas por meio de resolução
(arts. 51 e 52). Já os decretos legislativos exteriorizam as
deliberações das duas Casas (art. 49). Não há sanção ou veto no
processo de elaboração das resoluções e dos decretos.
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CONSTITUCIONAL
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Sumário -
Aula 24

P R O C E S S O L E G I S L AT I V O
5. MEDIDAS PROVISÓRIAS (art. 62)
5.1. Natureza jurídica: Ato normativo primário (extraem seu
fundamento do art. 59 da CF/88). Não é lei, mas tem força de lei
(ordinária). Não pode tratar de matéria reservada à lei complementar e
pressupõe relevância e urgência.
5.2. MPs Estaduais, Distritais e Municipais  são possíveis, desde que
previstas nas respectivas constituições e leis orgânicas.
5.3. Limitações materiais (matérias impassíveis de tratamento por
MP)

Expressas: arts. 62, §1º; 25, §2º; 246, da CF; e 73 do ADCT.


§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito
eleitoral;
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a
garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos
adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
II - que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou
qualquer outro ativo financeiro;
III - reservada a lei complementar;
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e
pendente de sanção ou veto do Presidente da República.
b) Implícitas: não pode versar sobre matérias que são de
competência exclusiva do CN (do art. 49), nem de matéria de
iniciativa privativa da CD e SF (dos arts. 51 e 52).

5.4. MP e controle de constitucionalidade.


a) sistemas de controle: tanto no difuso como no concentrado.
b) objeto de ADI? Pode, mas se no curso do processo a MP for
rejeitada ou convertida em lei ordinária com alterações
substanciais, a ação perderá o objeto e será extinta sem
resolução de mérito. Se não houver alterações substanciais, o
feito seguirá normalmente, devendo o autor da demanda
apenas aditar a inicial para questionar a lei ordinária.
c) há controle dos requisitos de relevância e urgência? Sim,
excepcionalmente, quando notória a ausência desses requisitos
(informativo 599). Diante do excessivo número de MP’s, esses
requisitos podem sim serem analisados pelo Poder Judiciário.
d) LO de conversão convalida os vícios da MP? Não. A lei de conversão
não convalida os vícios de origem da MP.
Bons Estudos!
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Aula 25

P R O C E S S O L E G I S L AT I V O
5.5. Procedimento de conversão
a) Casa iniciadora (art. 62, §8º): a casa onde se inicia o processo de
conversão da MP em lei ordinária é a Câmara dos Deputados.
b) Prazo: 60 dias, prorrogáveis automaticamente por mais 60. Todavia,
durante o período de recesso a contagem do prazo fica suspensa.
c) trancamento de pauta (art. 62, §6º): se a MP não for apreciada em até 45
contadas de sua publicação pela Casa, entrará em regime de urgência,
ficando a pauta da Casa Legislativa trancada. A partir do 45º dia a MP tranca
a pauta por onde ele estiver passando, ou seja, se a MP chegar ao SF, após
passar 45 dias na CD, ele já chegará trancando a pauta do Senado Federal.
Ver MS 27.931 (Info 540).
d) aprovação com ou sem alterações: se houver alterações no texto da MP,
haverá sanção ou veto do Presidente da República (art. 62, §12). A contrario
sensu, se não houver alteração no projeto, a sanção ou veto serão
dispensados, sendo a lei promulgada pelo Presidente do Senado Federal.
e) rejeição tácita ou expressa: não há aprovação tácita – deve haver
um processo legislativo para conversão da MP em LO. Os efeitos da
rejeição são ex nunc, a menos que o Congresso edite um decreto
legislativo, no prazo de 60 dias contados da sua rejeição, para regular
as relações jurídicas que foram afetadas pela MP durante a sua
vigência.

f) vedação à reedição (art. 62, §10): MP não pode ser reeditada na


sessão legislativa em que se operou a sua rejeição. Logo, o artigo 67
não se aplica às MP’s.
JURISPRUDÊNCIA TEMÁTICA
 Extensão do “trancamento de pauta” pela não-apreciação da MP
(...) o regime de urgência previsto no referido dispositivo
constitucional – que impõe o sobrestamento das deliberações
legislativas das Casas do Congresso Nacional – refere-se apenas às
matérias passíveis de regramento por medida provisória. Excluem-
se do bloqueio, em consequência, as propostas de emenda à
Constituição e os projetos de lei complementar, de decreto
legislativo, de resolução e, até mesmo, de lei ordinária, desde que
veiculem temas pré-excluídos do âmbito de incidência das medidas
provisórias (...).
[MS 27.931, rel. min. Celso de Mello, j. 29-6-2017,
P, Informativo 870.]

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