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APRESENTAÇÃO

Olá, pessoal, tudo certo?!


Em 25/02/2024, foi aplicada a prova objetiva do concurso público para Procurador do Estado do
Rio Grande do Norte. Assim que encerrada, nosso time de professores elaborou o gabarito
extraoficial, que, agora, será apresentado juntamente com a nossa PROVA COMENTADA.
Este material visa a auxiliá-los na aferição das notas, elaboração de eventuais recursos, verificação
das chances de avanço para fase discursiva, bem como na revisão do conteúdo cobrado no
certame.
Desde já, destacamos que nosso time de professores identificou 2 questões passíveis de recurso,
por apresentarem duas ou nenhuma alternativa correta, como veremos adiante. No tipo de prova
comentado, trata-se das questões 17 e 66.
De modo complementar, elaboramos também o RANKING da PGE-RN, em que nossos alunos e
seguidores poderão inserir suas respostas à prova, e, ao final, aferir sua nota, de acordo com o
gabarito elaborado por nossos professores. Através do ranking, também poderemos estimar a nota
de corte da 1º fase. Essa ferramenta é gratuita e, para participar, basta clicar no link abaixo:
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Além disso, montamos um caderno para nossos seguidores, alunos ou não, verem os comentários
e comentar as questões da prova:
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Por fim, comentaremos a prova, as questões mais polêmicas, as possibilidades de recurso, bem
como a estimativa da nota de corte no TERMÔMETRO PÓS-PROVA, no nosso canal do Youtube.
Inscreva-se e ative as notificações!

Estratégia Carreira Jurídica - YouTube

Esperamos que gostem do material e de todos os novos projetos que preparamos para que
avancem rumo à aprovação.
Contem sempre conosco.
Yasmin Ushara,
Coordenação de Rodadas do Estratégia Carreiras Jurídicas.
PROVA COMENTADA –
PROCURADORIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
QUESTÃO 01. Lei estadual que cria a obrigatoriedade de equipar ônibus utilizados no serviço
público de transporte coletivo com redutores de estresse para motoristas e cobradores será
a) inconstitucional, pois o tema deve ser regulado por lei complementar de competência
exclusiva da União.
b) inconstitucional, pois o tema é da competência privativa da União.
c) constitucional, pois o tema é da competência concorrente dos entes da Federação.
d) constitucional, pois o tema é da competência comum dos entes federados.
e) constitucional, pois o tema é da competência dos estados.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. Não há a exigência de lei complementar para tratar sobre a matéria.
A alternativa B está correta. Veja a Ementa da ADI 3.671: “Ação direta de inconstitucionalidade. 2.
Lei 3.680/2005 do Distrito Federal. 3. Obrigatoriedade de equipar os ônibus utilizados no serviço
público de transporte coletivo com dispositivos redutores de estresse para motoristas e cobradores.
4. Inconstitucionalidade. Competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte
bem como sobre direito do trabalho. 5. Medida cautelar concedida pelo Plenário do STF. 6.
Precedentes. 7. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. (STF, ADI 3.671, Relator
Min. Gilmar Mendes, Julgado 21/02/2020).”
No voto, inteiro teor do julgado, entenderam os ministros do STF que houve violação ao disposto
nos artigos 22, I e XI, da Constituição Federal, vejamos: “Art. 22. Compete privativamente à União
legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho; (...) XI - trânsito e transporte;”
Ainda é de se ressaltar, que a competência para tratar sobre transporte público municipal é do
próprio município, como ratificou a decisão, nestes termos: “Art. 30. Compete aos Municípios: (...)
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos
de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial;”
As demais hipóteses indicadas nas alternativas C, D e E estão incorretas, pois a norma é
inconstitucional.

QUESTÃO 02. A escolha de dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União (TCU)
é competência
a) privativa do Senado Federal.
b) exclusiva do Congresso Nacional.
c) exclusiva do Senado Federal.
d) privativa da Câmara dos Deputados.

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e) exclusiva da Câmara dos Deputados.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do tema competência do Congresso Nacional.
A alternativa B está correta. Conforme observa-se da Constituição Federal a escolha de ⅔ dos
membros do TCU realmente é exclusiva do Congresso Nacional. Vejamos. “Art. 49. É da
competência exclusiva do Congresso Nacional: (...) XIII - escolher dois terços dos membros do
Tribunal de Contas da União;“
Aparentemente, a questão tentou induzir o candidato a erro, uma vez que é competência privativa
do Senado Federal aprovar a escolha de certas autoridades. Vejamos o texto constitucional: “Art.
52. Compete privativamente ao Senado Federal: (...) III - aprovar previamente, por voto secreto,
após argüição pública, a escolha de: a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República; c) Governador
de Território; d) Presidente e diretores do banco central; e) Procurador-Geral da República; f)
titulares de outros cargos que a lei determinar;“
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, C, D e E não constam do texto do Art. 49,
inciso XIII, da CF, razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 03. Na apreciação, pelo TCU, da legalidade de atos de concessão inicial de


aposentadoria, reforma e pensão, o contraditório e a ampla defesa
a) devem ser assegurados apenas no ato de reforma.
b) devem ser assegurados apenas no ato de pensão.
c) devem ser assegurados apenas no ato de aposentadoria.
d) devem ser assegurados nos três atos de concessão.
e) não serão assegurados em nenhum dos três atos de concessão.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata do tema indicado na Súmula Vinculante n. 03, cobrando interpretação sobre o seu
conteúdo.
A alternativa E está correta. Vamos ver o que diz o teor da Súmula Vinculante n. 03: “Nos processos
perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado,
excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e
pensão.”
Veja-se que não há contraditório e ampla defesa na apreciação de legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma e pensão, por expressa determinação da súmula.
Além disso, é importante observar a tese de repercussão geral firmada sobre o tema, indicada no
RE 636.553, rel. min. Gilmar Mendes, P, j. 19-2-2020, DJE 129 de 26-5-2020, que: “Em atenção
aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos
ao prazo de 5 anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. (...) a

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concessão de aposentadoria ou pensão constitui ato administrativo complexo, que somente se
aperfeiçoa após o julgamento de sua legalidade pelo Tribunal de Contas. (...) por constituir exercício
da competência constitucional de controle externo (art. 71, III, CF/88), tal ato ocorre sem a
participação dos interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla defesa.
Nesse sentido, cito o teor da Súmula Vinculante 3 (...). No entanto, é preciso distinguir as hipóteses
em que (1) o TCU anula as aposentadorias ou pensões por ele próprio já julgadas legais e
registradas – nesse caso, há anulação de ato administrativo complexo aperfeiçoado – das outras
em que (2) o TCU julga ilegais e nega registro às aposentadorias e pensões concedidas pelos
órgãos da Administração Pública – atividade de controle externo realizada sem a audiência das
partes interessadas (...).”
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, C e D não constam do texto da Súmula
Vinculante n. 03. Não há contraditório e ampla defesa em relação à apreciação da legalidade destes
atos, razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 04. O município X sofreu intervenção estadual por ter deixado de pagar, sem
motivo de força maior, por dois anos consecutivos, em diferentes gestões, a dívida fundada.
Entretanto, a Constituição estadual apenas autoriza a intervenção nos casos em que o
inadimplemento não esteja vinculado à gestão anterior.
Nessa situação hipotética, a intervenção estadual é
a) inconstitucional, cabendo ao constituinte estadual restringir a intervenção no município.
b) inconstitucional, pois é indevida a intervenção estadual em município por falta de
pagamento de dívida fundada.
c) inconstitucional, pois é indevida a intervenção estadual em município por falta de
pagamento de qualquer dívida.
d) constitucional, não cabendo ao constituinte estadual restringir a intervenção no
município.
e) constitucional, pois é possível a intervenção estadual no município por qualquer dívida.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema intervenção estadual no município.
Deve-se ter em mente que a intervenção de um ente federativo no outro, União em face dos
Estados, Distrito Federal e Municípios de seus territórios, Estado em face de seus municípios visa
assegurar o princípio do federalismo.
Nestes termos, estabelece a Constituição Federal que: “Art. 35. O Estado não intervirá em seus
Municípios, nem a União nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando: I - deixar
de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida fundada;”
Realizando a interpretação sobre o dispositivo constitucional, na ADI 6619, o STF fixou o seguinte
entendimento, indicado na ementa do julgado: “Ação Direta de Inconstitucionalidade. 2. Alínea “e”
do art. 113 da Constituição do Estado de Rondônia. 3. Norma que estabelece hipótese de
intervenção estadual no município para além do rol taxativo do art. 35 da Constituição. 4.
Inconstitucionalidade. Violação dos arts. 18, 29 e 35 da Constituição. 5. Na linha da jurisprudência
consolidada do Supremo Tribunal Federal, é inconstitucional a norma de constituição estadual que

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estabeleça hipótese de intervenção estadual no município inédita em relação ao rol taxativo do art.
35 da Constituição por violação do princípio da autonomia do ente federativo municipal. 6. Pedido
julgado procedente para declarar a inconstitucionalidade da alínea “e” do art. 113 da Constituição
do Estado de Rondônia. (STF, ADI 6.619, Relator Ministro Gilmar Mendes, Julgado em 24/10/2022)”
Assim, embora no corpo da ementa tenha sido dado ênfase ao fato da hipótese de constituição
estadual que cria forma de intervenção do Estado no Município, no voto do relator, Ministro Gilmar
Mendes, vê-se que não há possibilidade da Constituição Estadual de inovar na forma de
intervenção a qualquer título, seja para restringir, seja para aumentar as hipóteses: “Em igual
sentido, a jurisprudência desta Corte, há muito, pacificou-se no sentido de rejeitar normas estaduais
que inovem quanto às possibilidades e ao procedimento de intervenção em município para além do
modelo normativo dos arts. 35 e 36 da Constituição.”
Ainda, citou-se o seguinte precedente e sua ementa: “Ação direta de inconstitucionalidade. 2.
Impugnação do inciso V do art. 91 da Constituição do Estado de Pernambuco. 3. Hipótese de
intervenção em município para além da taxatividade assegurada no art. 35 da Constituição da
República. Vulneração ao princípio da autonomia dos entes federados. Precedentes. 4. Ação direta
de inconstitucionalidade procedente. (ADI 2917, Rel. Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe
14.4.2020)”
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B e C estão incorretas por informarem que a
intervenção seria inconstitucional. Por sua vez, a alternativa E está incorreta por informar que a
intervenção pode-se dar por qualquer tipo de dívida.

QUESTÃO 05. Entre as competências constitucionais do Sistema Único de Saúde, está a de


a) reabilitar as pessoas com deficiência para o exercício das atividades profissionais.
b) tratar a incapacidade temporária para o trabalho, para o retorno às atividades laborais.
c) proteger a família, a infância e a velhice, independentemente da idade do idoso.
d) colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
e) proteger a maternidade, especialmente a gestante, em toda a fase de gestação.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata do tema competências constitucionais do SUS.
A questão tentou confundir o candidato ao misturar temas indicados na Lei do SUS com o previsto
no artigo 200 da Constituição Federal. O examinador cobrou a literalidade do dispositivo
constitucional.
Vejamos: “Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da
lei: I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e
participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros
insumos; II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do
trabalhador; III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - participar da
formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - incrementar, em sua
área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o
controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII - participar
do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos

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psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido
o do trabalho.”
Assim, bastava o conhecimento do disposto no Art. 200, VIII, da Constituição Federal.
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, C e E não constam do texto do Art. 200 da
Constituição Federal.

QUESTÃO 06. Os estados da Federação atuarão prioritariamente no ensino


a) fundamental, somente.
b) médio e no superior.
c) fundamental e no médio.
d) médio, somente.
e) superior, somente.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema competência para ações de Educação na Constituição.
O examinador limitou-se a exigir conhecimento sobre a literalidade do dispositivo constitucional.
Vejamos o que diz o texto constitucional sobre as competências para prestação dos serviços de
ensino.
“Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de
colaboração seus sistemas de ensino. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos
Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria
educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades
educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 14, de 1996) § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação
infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 3º Os Estados e o Distrito
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 14, de 1996)”
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, D e E não constam do texto do Art. 211 da
CF, razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 07. No estado do Rio Grande do Norte, os direitos políticos do deputado estadual
A foram suspensos, o deputado estadual B foi condenado criminalmente em sentença
transitada em julgado e o deputado estadual C perdeu seus direitos políticos.
Nessa situação hipotética, segundo a Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, a
perda do mandato será decidida pela Mesa da Assembleia Legislativa em relação, apenas,
a) ao deputado A.
b) ao deputado B.
c) ao deputado C.
d) aos deputados A e C.

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e) aos deputados B e C.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do tema poder legislativo.
De acordo com artigo 40 da CE/RN, os casos em que o deputado perde o mandato são os
seguintes: “Art. 40. Perde o mandato o Deputado: I – que infringir qualquer das proibições
estabelecidas no artigo anterior; II – cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro
parlamentar; III – que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões
ordinárias da Assembleia Legislativa, salvo licença ou missão por esta autorizada; IV – que perder
ou tiver suspensos os direitos políticos; V – quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos
previstos na Constituição Federal ou nesta; VI – que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado.”
Logo, percebe-se que os 3 deputados (A, B e C) perderão seus mandatos.
Ocorre que tal perda será decidida pela Mesa da Assembleia Legislativa apenas nos casos dos
incisos I, II e VI do artigo 40, conforme determina § 2º do mesmo artigo. Vejamos: “§ 2º Nos casos
dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Assembleia Legislativa, por maioria
absoluta e votação nominal, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político
representado no Congresso Nacional ou na própria Assembleia, assegurada ampla defesa.”
Assim, apenas o deputado B terá a perda do mandato será decidida pela Mesa da Assembleia
Legislativa, posto que se enquadra no inciso VI do artigo 40 (“sofrer condenação criminal em
sentença transitada em julgado”). Os deputados A e C se enquadram no inciso IV do artigo 40
(perder ou ter suspensos os direitos políticos); portanto, não estão incluídos na determinação do §
2º.
Portanto, a alternativa correta é a letra B. Utilizando-se como base o mesmo dispositivo
constitucional, as alternativas A, C, D e E ficam automaticamente incorretas.

QUESTÃO 08. Segundo a Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, a alienação dos
bens dos municípios, a qualquer título, dependerá de
a) prévio decreto municipal autorizativo, sem necessidade de licitação.
b) prévio decreto municipal autorizativo, com necessidade de licitação.
c) prévia autorização legislativa, sem necessidade de licitação.
d) prévio decreto municipal, após obtenção de autorização legislativa, sem necessidade de
licitação.
e) prévia autorização legislativa, com necessidade de licitação.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata do tema organização do estado.
De acordo com art. 23 da CE/RN: “Art. 23. A alienação, a qualquer título, de quaisquer espécies de
bens dos Municípios, depende de prévia autorização legislativa e licitação.”
Portanto, para alienação dos bens dos municípios, é necessário autorização legislativa + licitação.

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Logo, a alternativa correta é a letra E. Utilizando-se como base o mesmo dispositivo constitucional,
as alternativas A, B, C e D ficam automaticamente incorretas.

QUESTÃO 09. Segundo a Lei Estadual nº 11.284/2022, todas as ações ou omissões


sistêmicas, caracterizadas por normas, práticas, critério e padrões formais e não formais de
diagnóstico e atendimento de natureza organizacional e institucional, pública e privada,
decorrentes de preconceitos, racismo ou estereótipos, que resultem em discriminação e
ausência de efetividade em prover e ofertar atividades e serviços qualificados às pessoas
em razão da sua raça, cor, ascendência, cultura, religião, origem racial ou étnico-racial, são
consideradas
a) racismo estrutural.
b) racismo religioso.
c) desigualdade étnico-racial.
d) racismo institucional.
e) discriminação étnico-racial.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema igualdade étnico-racial.
A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 1º, § 1º, VI, da Lei Estadual 11.284/2022: “§ 1º
Para fins desta Lei, considera-se: IV - racismo estrutural: todo o mecanismo de opressão enraizado
na sociedade e que coloca em situação de disparidade os indivíduos que a integram, mediante a
imposição de práticas econômicas, ideológicas, jurídicas, políticas, culturais, institucionais,
históricas e interpessoais que criam privilégios para determinados grupos sociais e discriminação e
desvantagens para outros em razão de sua raça ou etnia, impedindo que estes ascendam
socialmente ou ocupem locais de poder e representação na sociedade;”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 1º, § 1º, V, da Lei Estadual 11.284/2022: “§ 1º
Para fins desta Lei, considera-se: V - racismo religioso: toda a distinção, exclusão, restrição ou
preferência, incluindo-se qualquer manifestação individual, coletiva ou institucional de conteúdo
depreciativo, baseada em religião, concepção religiosa, credo, profissão de fé, culto, práticas ou
peculiaridades rituais ou litúrgicas e que provoque danos morais, materiais ou imateriais, atente
contra os símbolos e valores das religiões de matriz africana e ameríndia, indígenas, juremeiras ou
dos povos ciganos, e que fomente o ódio religioso ou menosprezo às religiões e seus adeptos;”
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 1º, § 1º, II, da Lei Estadual 11.284/2022: “§ 1º
Para fins desta Lei, considera-se: II - desigualdade étnico-racial: toda a situação injustificada de
diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades nas esferas pública e privada,
em virtude de raça, cor, descendência, procedência nacional ou étnica;”
A alternativa D está correta. A definição dada pelo enunciado é justamente a de “racismo
institucional”. De acordo com art. 1º, § 1º, III, da Lei Estadual 11.284/2022: “§ 1º Para fins desta Lei,
considera-se: III - racismo institucional: todas as ações ou omissões sistêmicas, caracterizadas por
normas, práticas, critérios e padrões formais e não formais de diagnóstico e atendimento de
natureza organizacional e institucional, pública e privada, resultantes de preconceitos, racismo ou
estereótipos, que resultem em discriminação e ausência de efetividade em prover e ofertar

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atividades e serviços qualificados às pessoas em função da sua raça, cor, ascendência, cultura,
religião, origem racial ou étnico-racial;”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 1º, § 1º, I, da Lei Estadual 11.284/2022: “§ 1º
Para fins desta Lei, considera-se: I - discriminação racial ou étnico-racial: toda a distinção, exclusão
ou restrição baseada em raça, cor, descendência, procedência nacional ou étnico-racial que tenha
por objetivo cercear o reconhecimento, o gozo ou o exercício em igualdade de condições, de direitos
humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em
quaisquer outros segmentos da vida pública ou privada;”

QUESTÃO 10. No recurso especial, o recorrente deve demonstrar a relevância das questões
de direito federal infraconstitucional discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que à
admissão do recurso seja examinada pelo tribunal, o qual somente pode dele não conhecer
com base nesse motivo pela manifestação de dois terços dos membros do órgão competente
para o Julgamento. Nos termos da Constituição Federal de 1988, haverá essa relevância nos
casos de ação
a) possessória, independentemente do valor.
b) de família, independentemente do valor.
c) tributária, a depender do valor.
d) penal.
e) de improbidade administrativa, a depender do valor.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema Recursos Especiais.
A questão cobrou a literalidade da constituição, ao exigir do candidato o conhecimento sobre o que
seria a relevância das questões de direito federal infraconstitucional para fins de interposição do
Recurso Especial perante o STJ.
Observe que a matéria foi recentemente alterada pela Emenda Constitucional 25 de 2022. Vejamos
o texto constitucional: “Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: (...) § 3º Haverá a
relevância de que trata o § 2º deste artigo nos seguintes casos: (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 125, de 2022) I - ações penais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de
2022) II - ações de improbidade administrativa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 125, de
2022) III - ações cujo valor da causa ultrapasse 500 (quinhentos) salários mínimos; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 125, de 2022) IV - ações que possam gerar inelegibilidade; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 125, de 2022) V - hipóteses em que o acórdão recorrido contrariar
jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 125, de 2022) VI - outras hipóteses previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
125, de 2022)“
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, C e E não constam do texto do Art. 105, § 3º,
da Constituição Federal, razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 11. No que diz respeito ao princípio da razoabilidade, assinale a opção correta.

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a) Não há relação entre o referido princípio e a necessidade de indicar os fundamentos dos
atos administrativos.
b) Conquanto relevantes para a aferição de validade dos atos administrativos, os princípios
da razoabilidade e da proporcionalidade não têm relação de conteúdo entre si.
c) A consideração dos fatos pelo administrador não é condição para o atendimento do
princípio da razoabilidade.
d) Apesar de seu amplo reconhecimento na doutrina jurídica, o princípio da razoabilidade
não tem fundamento normativo positivado.
e) Função importante do princípio da razoabilidade é permitir a verificação de que o ato
administrativo atende ao interesse público.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema do princípio da razoabilidade.
A alternativa A está incorreta, pois é a partir da exposição dos fundamentos dos atos administrativos
que se pode avaliar o atendimento do princípio da razoabilidade.
A alternativa B está incorreta, uma vez que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
possuem, sim, relação de conteúdo entre si, a ponto de serem considerados como postulados
fungíveis pelo próprio STF.
A alternativa C está incorreta, eis que a providência adotada pelo administrador deve se mostrar
adequada aos fatos que lhe dão suporte, assim como ao senso comum, sob pena de inobservância
do princípio da razoabilidade.
A alternativa D está incorreta, porquanto o princípio da razoabilidade encontra-se positivado em
mais de um diploma normativo, como é o caso do art. 2º, caput, da Lei 9.784/99, segundo o qual “A
Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.”
A alternativa E está correta, uma vez que, de fato, condutas irrazoáveis não atendem ao interesse
público, de modo que a verificação de atendimento do princípio da razoabilidade permite que se
afira se o ato satisfaz a finalidade coletiva.

QUESTÃO 12. Acerca dos atributos dos atos administrativos, julgue os itens que se seguem.
I. Uma das consequências da presunção de legitimidade dos atos administrativos é o dever
que seus destinatários têm de, em princípio, dar-lhes cumprimento.
II. Sem embargo da autoexecutoriedade dos atos administrativos, é necessária ordem
judicial no caso de ato que interfira em atividade comercial.
III. Devido à proteção constitucional dos direitos individuais, a administração pública não
pode praticar atos dos quais surja obrigação para um particular, sem a concordância deste.
IV. O direito não admite que a administração pública use a força para impor o cumprimento
de ato administrativo.
Assinale a opção correta.

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a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e IV estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Apenas os itens II e IV estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema dos atributos dos atos administrativos.
O item I está correto, uma vez que, considerando que os atos administrativos presumem-se
legítimos, isto é, presumem-se editados de acordo com a ordem jurídica, sem vícios de legalidade,
seus destinatários encontram-se, em princípio, obrigados a dar-lhes o devido cumprimento, ao
menos até que eventualmente seja pronunciada a invalidade dos mesmos.
O item II está incorreto, pois decorre do poder de polícia da Administração a prerrogativa de, sempre
com amparo na lei, interferir em atividades comerciais sem a necessidade de intervenção
jurisdicional, o que configura o conteúdo da autoexecutoriedade dos atos dessa natureza.
O item III está incorreto, eis que, em razão do atributo da imperatividade, é dado à Administração
constituir os particulares em obrigações, de forma unilateral, sem a necessidade de contar com
prévia anuência dos respectivos destinatários.
O item IV está incorreto, porquanto, à luz do atributo da executoriedade, a Administração pode, sim,
fazer uso moderado da força pública em ordem a compelir os particulares a agirem em dado sentido,
como é o caso, por exemplo, da dissolução de passeata violenta.

QUESTÃO 13. Em relação às sindicâncias, em matéria disciplinar, assinale a opção correta.


a) Dado seu caráter preliminar, as sindicâncias devem ser sigilosas.
b) A comissão de processo administrativo disciplinar deve ser a mesma da sindicância.
c) Uma vez arquivada, a sindicância pode ser reaberta a qualquer momento, mesmo sem
justa causa ou novos elementos, bastando, para tanto, decisão da autoridade competente.
d) Em regra, a fim de afastar qualquer dúvida sobre a ocorrência de ilícito, deve-se instaurar
processo administrativo disciplinar mesmo que a comissão de sindicância opine por
arquivamento dos autos.
e) A sindicância pode ser o procedimento adequado quando não houver prova suficiente de
ilícito administrativo disciplinar.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema das sindicâncias como instrumentos de apuração de infrações
administrativas.
A alternativa A está incorreta, uma vez que a regra geral consiste na publicidade dos atos e
procedimentos da Administração, de modo que não se pode afirmar, genericamente, que o sigilo
constitua regra a ser adotada em se tratando de sindicâncias.

11
108
A alternativa B está incorreta, pois, no caso de sindicância investigativa, que visa apenas a colher
elementos de autoria e materialidade do eventual ilícito cometido, inexiste obrigatoriedade de que
a composição da comissão de processo administrativo disciplinar seja a mesma daquela que
anteriormente conduziu a etapa investigativa.
A alternativa C está incorreta, porquanto faz-se necessário, sim, para fins de reabertura da
sindicância, que haja novos elementos capazes de justificar a eventual punição do investigado ou
a instauração de processo administrativo disciplinar.
A alternativa D está incorreta, pois, via de regra, no caso de a comissão de sindicância opinar pelo
arquivamento dos autos, dada a inexistência de elementos mínimos, não deverá ser instaurado o
processo administrativo disciplinar.
A alternativa E está correta, eis que a sindicância, realmente, pode constituir procedimento
investigativo preliminar, apto a proporcionar a obtenção de elementos probatórios mínimos,
capazes de subsidiar a instauração legítima de processo administrativo disciplinar.

QUESTÃO 14. Com base no disposto no Decreto nº 31.067/2021 do Estado do Rio Grande do
Norte, que disciplina as parcerias entre a Administração Pública Estadual e organizações da
sociedade civil, assinale a opção correta.
a) São proibidas parcerias da administração pública estadual com organizações religiosas.
b) Acordo de cooperação é o instrumento formal mediante o qual se firmam parcerias da
administração pública, havendo ou não transferência de recursos para organização da
sociedade civil.
c) Em qualquer caso, a vigência de acordo da administração pública estadual com
organização da sociedade civil será de cinco anos.
d) Caso haja previsão em edital, nos chamamentos públicos destinados a selecionar
organizações da sociedade civil para firmar parceria com a administração pública estadual,
poderá ser selecionada mais de uma proposta.
e) Não se aplicam os institutos da dispensa e da inexigibilidade aos acordos com
organizações da sociedade civil, para os quais o chamamento público é sempre obrigatório.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema terceiro setor.
A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 2º, I, ‘c’, do Decreto Estadual nº 31.067/2021:
“Art. 2º Para os fins do disposto neste Decreto, considera-se: I - organização da sociedade civil: c)
as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse público e de
cunho social, distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos;”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 2º, XI, do Decreto Estadual nº 31.067/2021: “Art.
2º Para os fins do disposto neste Decreto, considera-se: XI - acordo de cooperação: instrumento
por meio do qual são formalizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com
organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco
que não envolvam a transferência de recursos financeiros;”
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 12, caput e §§ 1º e 2º, do Decreto Estadual nº
31.067/2021: “Art. 12. O termo de fomento ou de colaboração ou o acordo de cooperação deverá

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108
conter as cláusulas essenciais previstas no art. 42 da Lei Federal nº 13.019, de 2014. § 1º A cláusula
de vigência de que trata o art. 42, VI, da Lei Federal nº 13.019, de 2014, deverá estabelecer prazo
correspondente ao tempo necessário para a execução integral do objeto da parceria, passível de
prorrogação, desde que o período total de vigência não exceda 5 (cinco) anos. § 2º Nos casos de
celebração de parcerias para execução de serviços e ou fornecimentos contínuos, o prazo de que
trata o § 1º deste artigo, poderá ser de até 10 (dez) anos, desde que haja previsão em edital e que
o gestor da parceria justifique que as condições sociais e econômicas permanecem vantajosas para
a Administração, observadas as seguintes diretrizes:”
A alternativa D está correta. De acordo com art. 5º, § 1º, do Decreto Estadual nº 31.067/2021: “Art.
5º O processamento e julgamento de chamamentos públicos necessários a selecionar organização
da sociedade civil para firmar parceria, por meio de termo de colaboração ou de fomento, serão
realizados por Comissão de Seleção instituída por ato da autoridade máxima do órgão ou entidade
da área responsável pela parceria, assegurada a participação de, pelo menos, um servidor
ocupante de cargo efetivo ou emprego permanente do quadro de pessoal da Administração Pública
Estadual. § 1º O chamamento público poderá selecionar mais de uma proposta, se houver previsão
no edital.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 13 do Decreto Estadual nº 31.067/2021: “Art.
13. A ausência de realização de chamamento público, por dispensa ou inexigibilidade, será
devidamente motivada pelo administrador público, que instruirá o procedimento com elementos que
demonstrem:”

QUESTÃO 15. À luz da Lei n.º 13.460/2017, que trata da participação, proteção e defesa dos
direitos dos usuários de serviços públicos, assinale a opção correta.
a) O atendimento por ordem de chegada é um dos direitos dos usuários de serviços públicos,
embora haja exceções em situações como a de atenção prioritária a pessoas com deficiência
e a pessoas idosas.
b) A incidência da referida lei afasta a das normas protetivas consumeristas.
c) Os usuários têm deveres em suas relações com administração pública, entre os quais está
o de acatar as orientações dos servidores.
d) Poderá ser recusado o recebimento de reclamação contra o funcionamento inadequado
de serviço público que não esteja acompanhada de identificação completa e detalhada do
usuário.
e) Não é preciso que a carta de serviços ao usuário, prevista na mencionada lei, esteja
disponível na Internet, devendo ela ser enviada, sem custos e de forma imediata, a qualquer
pessoa que a solicite a órgão ou ente público.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema da Lei 13.460/2017, que disciplina a participação, proteção e defesa dos
direitos de usuários de serviços públicos.
A alternativa A está correta, pois alinhada ao teor do art. 5º, III, do sobredito diploma legal, na linha
do qual “O usuário de serviço público tem direito à adequada prestação dos serviços, devendo os
agentes públicos e prestadores de serviços públicos observar as seguintes diretrizes: (...)III -
atendimento por ordem de chegada, ressalvados casos de urgência e aqueles em que houver

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108
possibilidade de agendamento, asseguradas as prioridades legais às pessoas com deficiência, aos
idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas acompanhadas por crianças de colo;”.
A alternativa B está incorreta, eis que agride a regra do art. 1º, §2º, II, da citada lei federal, que
assim estabelece: “A aplicação desta Lei não afasta a necessidade de cumprimento do disposto:
(...) II - na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, quando caracterizada relação de consumo.”
A alternativa C está incorreta, uma vez que, dentre os deveres atribuídos aos usuários dos serviços
públicos, não se encontra o de acatar orientações de servidores, assertiva essa que contraria a
própria noção do que vem a ser uma simples orientação, vale dizer, mero aconselhamento, e não
genuína imposição.
A alternativa D está incorreta, pois, embora a lei exija identificação daquele que apresenta uma
manifestação perante a Administração, a lei de regência estabelece, em seu art. 10, §1º, que “A
identificação do requerente não conterá exigências que inviabilizem sua manifestação”, de modo
que está errado afirmar a necessidade de uma suposta identificação detalhada.
A alternativa E está incorreta, na medida em que em franco desacordo à regra do art. 7º, §4º, da
referida lei federal, “A Carta de Serviços ao Usuário será objeto de atualização periódica e de
permanente divulgação mediante publicação em sítio eletrônico do órgão ou entidade na internet.”

QUESTÃO 16. Quanto à defesa da concorrência no Brasil, assinale a opção correta


a) Em virtude dos princípios da segurança jurídica e da legalidade, as condutas
anticoncorrenciais são previstas de forma taxativa na lei que estrutura o Sistema Brasileiro
de Defesa da Concorrência.
b) A caracterização das condutas anticoncorrenciais exige coordenação entre agentes
econômicos com poder de mercado.
c) No âmbito das condutas anticoncorrenciais, não se admitem presunções.
d) Em geral, uma conduta anticoncorrencial torna-se punível quando produz efeito negativo
sobre o mercado, embora haja casos em que a prova desse efeito é dispensável.
e) As condutas colusivas são puníveis exclusivamente na esfera administrativa de defesa da
concorrência.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema da defesa da concorrência no Brasil.
Cabe recurso, porquanto a letra D, indicada como gabarito, possui teor discutível.
A alternativa A está incorreta, pois o art. 36, §3º, da Lei 12.529/2011, que estrutura o Sistema
Brasileiro de Defesa da Concorrência, revela o caráter não exaustivo das condutas
anticoncorrenciais ali previstas, ao assim preceituar: “As seguintes condutas, além de outras, na
medida em que configurem hipótese prevista no caput deste artigo e seus incisos, caracterizam
infração da ordem econômica:”
A alternativa B está incorreta, uma vez que o agente econômico pode vir a praticar condutas
anticoncorrenciais de forma isolada, isto é, sem a participação de outros agentes.
A alternativa C está incorreta, eis que o art. 36, §2º, da citada lei federal contém expressa
presunção, ao assim estabelecer: “Presume-se posição dominante sempre que uma empresa ou

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108
grupo de empresas for capaz de alterar unilateral ou coordenadamente as condições de mercado
ou quando controlar 20% (vinte por cento) ou mais do mercado relevante, podendo este percentual
ser alterado pelo Cade para setores específicos da economia.”
A alternativa D está correta, mas cabe recurso, uma vez que, a teor do art. 36, caput, da referida lei
federal, “Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob
qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos,
ainda que não sejam alcançados”. Assim, basta que o ato possa vir a produzir os efeitos negativos
sobre o mercado, não sendo necessário que os efeitos sejam efetivamente produzidos.
A alternativa E está incorreta, uma vez que as condutas colusivas, isto é, derivadas de acordo entre
concorrentes, também podem ser objeto de punição na órbita judicial, e não apenas na
administrativa.

QUESTÃO 17. À luz do disposto na Lei n.º 13.709/2018 - Proteção de Dados Pessoais (LGPD),
assinale a opção correta.
a) O relatório de impacto na proteção de dados pessoais (RIPD) é exigível para qualquer
operação de tratamento de dados com fins lucrativos.
b) De acordo com o regime da LGPD, dados anonimizados são dados sensíveis.
c) Em todos os casos de tratamento de dados pessoais de crianças e adolescentes, é
necessário o consentimento específico de, ao menos, um dos pais ou do responsável legal.
d) Todas as empresas que efetuem tratamento de dados de consumidores devem indicar e
divulgar publicamente seu encarregado do tratamento de dados pessoais.
e) A LGPD é aplicável a pessoas jurídicas públicas e privadas e a pessoas jurídicas de outros
países, neste caso, por exemplo, se houverem coletado dados no Brasil.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. Porém, cabível recurso, pois há duas opções em tese corretas.
A questão aborda o tema da Lei n.º 13.709/2018, que vem a ser a Lei Geral de Proteção de Dados
Pessoais (LGPD).
A alternativa A está incorreta, uma vez que, da leitura do art. 38, caput, da LGPD “A autoridade
nacional poderá determinar ao controlador que elabore relatório de impacto à proteção de dados
pessoais, inclusive de dados sensíveis, referente a suas operações de tratamento de dados, nos
termos de regulamento, observados os segredos comercial e industrial”, de maneira que nem
sempre tal documento será exigível.
A alternativa B está incorreta, porquanto os dados sensíveis são dados pessoais, de maneira que,
em sendo anonimizados, perdem o caráter pessoal em vista da impossibilidade de identificação do
titular, e, por conseguinte, não podem ser tidos como sensíveis.
A alternativa C está correta, pois alinhada à norma do art. 14, §1º, da LGPD, segundo o qual “O
tratamento de dados pessoais de crianças deverá ser realizado com o consentimento específico e
em destaque dado por pelo menos um dos pais ou pelo responsável legal.”
A alternativa D está incorreta, mas pode ser considerada como correta, à luz do disposto no art. 41,
caput e §1º, da LGPD, em vista dos quais “O controlador deverá indicar encarregado pelo
tratamento de dados pessoais.”, assim como “A identidade e as informações de contato do

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108
encarregado deverão ser divulgadas publicamente, de forma clara e objetiva, preferencialmente no
sítio eletrônico do controlador.”
A alternativa E está incorreta, uma vez que a LGPD não tem aplicabilidade em relação a pessoas
jurídicas de outros países, e sim, tão somente, em relação às brasileiras.

QUESTÃO 18. Considerando a Lei estadual n.° 10.579/2019, que trata da vedação ao
nepotismo, e a Lei n.º 12.527/2011- Lei de Acesso à Informação (LAI), assinale a opção
correta.
a) Embora a LAI preveja diversos casos de restrição de acesso a determinadas informações,
não podem sofrer tal restrição as informações e os documentos que tratem de condutas
violadoras de direitos humanos perpetradas por agentes públicos.
b) A LAI aplica-se inteiramente às informações resultantes de tratados internacionais que
devam ser aplicados no Brasil.
c) As informações consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado e
classificadas como ultrassecretas não podem ser divulgadas em tempo algum.
d) A União, o Distrito Federal e todos os estados e municípios devem divulgar na Internet
informações de interesse coletivo ou geral que eles produzam ou custodiem.
e) A vedação da nomeação de cônjuges, companheiros e parentes na administração pública
do estado do Rio Grande do Norte abrange os servidores titulares de cargo efetivo provido
em razão de concurso público.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema da vedação ao nepotismo e da Lei 12.527/2011 (Lei de Acesso à
Informação – LAI).
A alternativa A está correta, eis que afinada com a regra do art. 21, parágrafo único, da LAI, de
acordo com o qual “As informações ou documentos que versem sobre condutas que impliquem
violação dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas
não poderão ser objeto de restrição de acesso.”
A alternativa B está incorreta, na medida em que contraria a regra do art. 36 da LAI, em vista do
qual “O tratamento de informação sigilosa resultante de tratados, acordos ou atos internacionais
atenderá às normas e recomendações constantes desses instrumentos.” Portanto, nesse caso,
devem ser aplicadas as disposições dos próprios tratados internacionais, e não da LAI, razão por
que está errado aduzir que esse último diploma aplique-se “inteiramente”.
A alternativa C está incorreta, pois mesmo as informações classificadas como ultrassecretas
possuem um prazo máximo de restrição, sendo que, à luz do §4º do art. 24 da LAI, “Transcorrido o
prazo de classificação ou consumado o evento que defina o seu termo final, a informação tornar-
se-á, automaticamente, de acesso público.”
A alternativa D está incorreta, pois nem todos os municípios têm o dever de divulgar na Internet
informações de interesse coletivo ou geral que eles produzam ou custodiem. A propósito, deve-se
aplicar a ressalva constante do §4º do art. 8º da LAI, no seguinte sentido: “Os Municípios com
população de até 10.000 (dez mil) habitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na
internet a que se refere o § 2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, em tempo real, de

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informações relativas à execução orçamentária e financeira, nos critérios e prazos previstos no art.
73-B da Lei Complementar nº 101, de 4 de maior de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).”
A alternativa E está incorreta, por afrontar a regra vazada no art. 1º, §1º, da Lei estadual n.°
10.579/2019, que assim enuncia: “Ficam excepcionadas, nas hipóteses deste artigo, as nomeações
ou designações de servidores ocupantes de cargos efetivos cujo provimento se dê por concurso
público.” Portanto, a norma excepciona da vedação ao nepotismo justamente o caso de servidores
titulares de cargo efetivo provido em razão de concurso público.

QUESTÃO 19. Considerando o disposto na Lei n.º 8.080/1990 (Lei Orgânica da Saúde), julgue
os itens a seguir.
I. A vigilância sanitária é uma das formas de prevenir e atenuar agravos à saúde decorrentes
de problemas ambientais.
II. A citada lei define como dever exclusivo do poder público a ação de prover a saúde dos
cidadãos brasileiros, inclusive por ações tendentes a reduzir doenças e outros agravos à
saúde.
III. Nos atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), as mulheres têm o direito de se fazer
acompanhar por qualquer pessoa de sua escolha, mediante notificação prévia.
IV. Sem prejuízo da competência dos três níveis da Federação para ações de saúde, a União
pode realizar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em casos especiais, se houver
risco de disseminação nacional.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e IV estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B
A questão aborda o tema da Lei 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde), mais conhecida como Lei do
SUS.
O item I está correto, pois afinado com o teor do art. 6º, §1º, da citada lei federal, que assim
preconiza: “§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar,
diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde,
abrangendo:”
O item II está incorreto, eis que, ao contrário do que foi sustentado na assertiva, não se trata de
dever exclusivo do poder público, o que fica claro pela leitura do art. 2º, §2º, do mencionado diploma
legal, in verbis: “O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da
sociedade.”
O item III está incorreto, uma vez que em desacordo ao que estabelece o art. 19-J, caput, da referida
Lei 8.080/90, na linha do qual “Em consultas, exames e procedimentos realizados em unidades de

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108
saúde públicas ou privadas, toda mulher tem o direito de fazer-se acompanhar por pessoa maior
de idade, durante todo o período do atendimento, independentemente de notificação prévia.”
Portanto, ao contrário do que foi sustentado na assertiva, não é necessária a alegada notificação
prévia.
O item IV está correto, porquanto devidamente amparado no que preceitua o art. 16, §1º, do citado
diploma, da leitura do qual extrai-se que “A União poderá executar ações de vigilância
epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência de agravos inusitados
à saúde, que possam escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
ou que representem risco de disseminação nacional.”
Do exposto, estão corretas apenas as assertivas I e IV.

QUESTÃO 20. Considerando o disposto na Lei Complementar n° 240/2002 a respeito da


Procuradoria-Geral do Estado do Rio Grande do Norte (PGE/RN) e de seus procuradores,
assinale a opção correta.
a) A PGE/RN pode atuar perante o Tribunal de Contas da União.
b) Na representação dos órgãos e entes estaduais em juízo, a PGE/RN tem autonomia para
celebrar, por decisão própria, quaisquer negócios processuais, como transações e termos
de compromisso.
c) Mediante concordância da Corregedoria-Geral da PGE/RN, procurador do estado em
estágio probatório poderá compor o Conselho Superior da instituição.
d) A Procuradoria das Licitações, Contratos e Convênios tem a competência especializada
de examinar apenas processos licitatórios da administração pública estadual, devendo-se
manifestar em todos eles.
e) Não se insere nas competências da PGE/RN representar a Fazenda Estadual perante o
tribunal de contas do estado, uma vez que essa função cabe ao Ministério Público de Contas.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata do tema Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Norte.
A alternativa A está correta. De acordo com art. 34, I, da Lei Complementar Estadual nº 240/2002:
“Art. 34. Ao Núcleo Especial junto aos Tribunais Superiores, com sede em Brasília/DF, compete: I
- representar os interesses judiciais e extrajudiciais do Estado perante os tribunais superiores,
inclusive no Tribunal de Contas da União, em Brasília/DF;”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 11, IV, da Lei Complementar Estadual nº
240/2002: “Art. 11. O Procurador-Geral do Estado dirige e representa a Procuradoria Geral do
Estado, incumbindo-lhe: IV - autorizar a desistência, transação, acordo e termo de compromisso
nos processos judiciais de interesse da Fazenda Pública estadual;”
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 18, § 2º, da Lei Complementar Estadual nº
240/2002: “§ 2º É vedada a participação de Procurador do Estado em estágio probatório como
membro do Conselho Superior da Procuradoria Geral do Estado.”
A alternativa D está incorreta. A Procuradoria das Licitações, Contratos e Convênios também
examina outros processos e exerce outras atividades determinadas pelo PGE. De acordo com art.
31, III e VI, da Lei Complementar Estadual nº 240/2002: “Art. 31. A Procuradoria das Licitações,

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Contratos e Convênios tem por finalidade examinar os processos da Administração Direta e Indireta
relacionados com os procedimentos licitatórios ou sua dispensa, inexigibilidade e respectivos
contratos e convênios, competindo-lhe especialmente: III - examinar e emitir parecer prévio nos
editais de concurso público; VI - exercer outras atividades determinadas pelo Procurador-Geral do
Estado.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 4º, III, da Lei Complementar Estadual nº 240/2002:
“Art. 4º. São funções institucionais da Procuradoria Geral do Estado, dentre outras: III - representar
a Fazenda Pública estadual junto ao Tribunal de Contas do Estado;”

QUESTÃO 21. De acordo com as disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito


Brasileiro (LINDB), assinale a opção correta.
a) A revogação de dispositivo do Código Civil atual restaura automaticamente norma contida
no anterior.
b) As correções do texto de lei já em vigor devem ser consideradas como lei nova.
c) A lei que vier a revogar parcialmente o Código Civil, em regra, passará a vigorar em todo
o país imediatamente após a sua publicação.
d) Se, antes da entrada em vigor da lei que vier a alterar o Código Civil, ocorrer nova
publicação de seu texto, destinada à sua correção, o prazo para o início de vigência da lei
não sofrerá alteração.
e) Aquele que não tiver acompanhado o processo legislativo da lei que vier a alterar o Código
Civil poderá se escusar de cumpri-la, sob o argumento de que não a conhece.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 2º, §3º, da LINDB: “Salvo disposição em contrário,
a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Trata-se do instituto da
“repristinação”, segundo o qual ocorreria a recuperação da vigência de uma lei revogada pela perda
de vigor da lei revogadora. Além disso, de acordo com a doutrina de Cristiano Chaves: “Partindo da
opção da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, é possível afirmar: (i) a proibição da
repristinação, significando que a revogação da lei revogadora não restaura os efeitos da lei
revogada; (ii) a possibilidade de efeitos repristinatórios quando houver expressa disposição nesse
sentido. Em outras palavras, quando revogada uma lei por outra, sobrevindo nova revogação dessa
segunda lei, não se restauram os efeitos daquela primeira, salvo expressa previsão em contrário.
Exemplificando: se a Lei A é revogada pela Lei B e, em seguida, vem a Lei C e revoga a Lei B, não
se restauram os efeitos da Lei A, salvo expressa previsão legal”.
A alternativa B está correta, conforme disposição expressa do art. 1º, §4º, da LINDB: “As correções
a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova”.
A alternativa C está incorreta, pois, em regra, passará a vigorar em todo o país 45 (quarenta e
cinco) dias após a sua publicação, conforme dispõe o caput do art. 1º da LINDB: “Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada”.
A alternativa D está incorreta, pois, nessa hipótese, o prazo sofrerá alteração e começará a correr
da nova publicação, consoante dispõe o art. 1º, §3º, da LINDB: “Se, antes de entrar a lei em vigor,

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ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos
anteriores começará a correr da nova publicação”.
A alternativa E está incorreta, pois, nos termos do art. 3º da LINDB: “Ninguém se escusa de cumprir
a lei, alegando que não a conhece”. Trata-se do princípio da obrigatoriedade das leis. De acordo
com Cristiano Chaves: “Na verdade, muito embora não seja real, concreto, o conhecimento geral
de todas as normas que compõem o ordenamento jurídico, impõe-se um dever geral de
conhecimento decorrente da necessidade de segurança e estabilidade social, garantindo a eficácia
global da ordem jurídica, até mesmo em face da complexidade e dificuldade técnica de viabilizar
conhecimento geral. Por isso, as normas contam com uma efetividade social, independentemente
de serem conhecidas, ou não, pela coletividade”.

QUESTÃO 22. A luz do disposto no Código Civil, assinale a opção correta acerca da
capacidade civil
a) Os pais podem, voluntariamente, emancipar filho(a) que tenha 16 anos de idade
incompletos.
b) Aquele que, por causa permanente, não consegue exprimir sua vontade é considerado
absolutamente incapaz.
c) São absolutamente incapazes os viciados em tóxicos.
d) A legislação civil permite ao menor de idade emancipar-se caso ele ingresse em curso de
ensino superior.
e) Os pródigos são considerados relativamente incapazes.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, pois a emancipação voluntária (outorgada pelos pais) somente pode
ser concedida a menores que já tenham, pelo menos, 16 anos de idade. Nesse sentido, o parágrafo
único do art. 5º do Código Civil dispõe que: “Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela
concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público,
independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor
tiver dezesseis anos completos”.
A alternativa B está incorreta, pois é considerado relativamente incapaz. Dispõe o art. 4º, III, do
Código Civil que: “Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade”.
A alternativa C está incorreta, pois os viciados em tóxicos são relativamente incapazes. De acordo
com o art. 4º, II, do Código Civil: “Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira
de os exercer: II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico”.
A alternativa D está incorreta, pois a hipótese de emancipação legal prevista no art. 5º, parágrafo
único, IV, do Código Civil exige a colação de grau em curso superior, assim, não é possível a
emancipação em caso de simples ingresso no curso superior. Conforme o dispositivo mencionado:
“Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática
de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: IV - pela
colação de grau em curso de ensino superior”.
A alternativa E está correta, nos termos do art. 4º, IV, do Código Civil: “São incapazes, relativamente
a certos atos ou à maneira de os exercer: IV - os pródigos”. De acordo com Cristiano Chaves: “o

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108
pródigo, conforme o entendimento da legislação brasileira, é a pessoa que, desordenadamente,
gasta os seus haveres, dilapidando o seu patrimônio, de modo a comprometer a sua subsistência”.
Ainda sobre o tema, o autor destaca que “a incapacidade do pródigo somente atinge a prática de
atos de natureza patrimonial, não gerando limitações aos atos de cunho existencial, como o
exercício do poder familiar, o direito ao voto e o testemunho em um processo”.

QUESTÃO 23. A empresa XYZ Ltda. propôs ação judicial contra a associação civil ABC
requerendo a condenação da ré ao pagamento de indenização por danos materiais. Em
primeira instância, o pedido foi julgado procedente. A decisão foi mantida em segunda
instância e transitou em julgado. Iniciou-se cumprimento de sentença e, em razão da
tentativa infrutífera de penhora dos bens do patrimônio da associação civil ABC, a empresa
XYZ Ltda. requereu a desconsideração da personalidade jurídica da ré.
Considerando a situação hipotética apresentada, o entendimento jurisprudencial do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), o Código Civil e a doutrina majoritária acerca do assunto,
assinale a opção correta
a) Ocorrida a desconsideração da personalidade jurídica de associação civil, o pagamento
do débito será arcado com o patrimônio de todos os associados.
b) Para a desconsideração da personalidade jurídica, exige-se a demonstração, pela empresa
XYZ Ltda., do desvio de finalidade e da confusão patrimonial.
c) O Código Civil adota a teoria menor da desconsideração da personalidade da pessoa
jurídica.
d) Em razão de a associação civil não ter fins econômicos, não é possível a desconsideração
da sua personalidade jurídica.
e) Na hipótese de desconsideração da personalidade jurídica, haverá a imputação de
responsabilidade patrimonial apenas aos associados que estão em posição de poder na
condução da pessoa jurídica.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta, pois, nessa hipótese, o pagamento do débito não será arcado com o
patrimônio de todos os associados. De acordo com o STJ, na desconsideração da personalidade
jurídica de associação civil, a responsabilidade patrimonial deve se limitar aos associados em
posições de poder na condução da entidade. Para o colegiado, não se pode estender essa
responsabilização ao conjunto dos associados, os quais têm pouca influência na eventual prática
de irregularidades. Nesse sentido segue trecho da ementa do REsp 1.812.929, no qual o STJ
decidiu que a desconsideração da personalidade jurídica de associação civil é possível, mas só
atinge dirigentes. Vejamos: “4. É admissível a desconsideração da personalidade jurídica de
associação civil, contudo a responsabilidade patrimonial deve ser limitada apenas aos associados
que estão em posições de poder na condução da entidade, pois seria irrazoável estender a
responsabilidade patrimonial a um enorme número de associados que pouco influenciaram na
prática dos atos associativos ilícitos. 5. No caso dos autos, a desconsideração da personalidade
jurídica da associação está atingindo apenas o patrimônio daqueles associados que exerceram
algum cargo diretivo e com poder de decisão dentro da entidade, bem como se reconheceu o abuso
da personalidade jurídica, porquanto o regime jurídico próprio das formas associativas sofreu
distorções e desvirtuamento de seu propósito. Infirmar tais conclusões demandaria o reexame de

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108
provas, o que é vedado nesta instância extraordinária, sob pena de incidência do óbice da Súmula
7/STJ. (REsp n. 1.812.929/DF, relator Ministro Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em
12/9/2023, DJe de 28/9/2023.)”
A alternativa B está incorreta, pois, de acordo com o art. 50 do Código Civil, é possível
desconsiderar a personalidade jurídica em caso de abuso, caracterizado pelo desvio de finalidade
ou pela confusão patrimonial. Dispõe o mencionado dispositivo legal que: “Art. 50. Em caso de
abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica
beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso”.
A alternativa C está incorreta, pois o Código Civil adota a teoria maior da desconsideração. Aduz
Cristiano Chaves que: “De acordo com o art. 50 do Código Civil, é possível desconsiderar a
personalidade jurídica, por ato judicial, em caso de abuso de direito caracterizado por (i) desvio de
finalidade ou (ii) confusão patrimonial, deixando antever uma opção explícita pela teoria maior
objetiva da desconsideração da personalidade jurídica, não perquirindo de elementos de natureza
subjetiva (não se discute o grau de intenção fraudulenta dos sócios)”. O autor acrescenta que
“malgrado o Código Civil, em seu art. 50, tenha optado pela teoria maior, noutros diplomas legais é
acolhida a teoria menor, permitindo a desconsideração, em determinadas hipóteses,
independentemente do abuso ou da fraude, como se vê do § 5º do art. 28 do Código de Defesa do
Consumidor e da Lei Ambiental, emprestando uma maior funcionalização à disregard doctrine,
diante de determinados casos concretos”.
A alternativa D está incorreta, pois, de acordo com o entendimento do STJ, é possível a
desconsideração da personalidade jurídica de associação civil. Segundo afirma o ministro Marco
Aurélio Bellizze, embora haja diferenças estruturais e funcionais entre sociedades empresárias e
associações, a desconsideração de associação civil é possível. Segue trecho do voto do relator:
“Sendo assim, aplicar a desconsideração da personalidade às associações do mesmo modo que
se adota para as sociedades empresárias não se mostra possível, uma vez que, para estas, a
disregard doctrine implica, via de regra, a responsabilização patrimonial de todos os sócios de
maneira indistinta. No entanto, para as associações civis deve-se levar em consideração a
pertinência que se estabelece com o grupo, o potencial maior número de associados e a natural
dissociação entre a posição de administração da pessoa jurídica e a simples posição de
pertencimento a esta, o que acaba por causar grandes embaraços para a incidência da
desconsideração de forma simplista”.
A alternativa E está correta, conforme a decisão da Terceira Turma do STJ no REsp 1.812.929,
segundo a qual a desconsideração da personalidade jurídica de associação civil é possível, mas só
atinge dirigentes. Segue trecho da ementa: “4. É admissível a desconsideração da personalidade
jurídica de associação civil, contudo a responsabilidade patrimonial deve ser limitada apenas aos
associados que estão em posições de poder na condução da entidade, pois seria irrazoável
estender a responsabilidade patrimonial a um enorme número de associados que pouco
influenciaram na prática dos atos associativos ilícitos. 5. No caso dos autos, a desconsideração da
personalidade jurídica da associação está atingindo apenas o patrimônio daqueles associados que
exerceram algum cargo diretivo e com poder de decisão dentro da entidade, bem como se
reconheceu o abuso da personalidade jurídica, porquanto o regime jurídico próprio das formas
associativas sofreu distorções e desvirtuamento de seu propósito. Infirmar tais conclusões
demandaria o reexame de provas, o que é vedado nesta instância extraordinária, sob pena de

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108
incidência do óbice da Súmula 7/STJ. (REsp n. 1.812.929/DF, relator Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, julgado em 12/9/2023, DJe de 28/9/2023.)”

QUESTÃO 24. Pedro comprou um carro usado de seu vizinho, com a intenção de presentear
seu filho João, que completara a maioridade civil. Pedro ficou satisfeito com o veículo,
inclusive porque verificou que a ele havia sido acoplado um rastreador móvel, o qual seria
relevante, na opinião de Pedo, para a segurança de João. Foi celebrado o contrato de compra
e venda do automóvel, contudo, ao receber o bem, Pedro verificou que o rastreador fora
retirado do veículo. Ao questionar o vendedor sobre a retirada do equipamento, Pedro foi
informado de que a aquisição do equipamento não havia sido convencionada.
Tendo como referência essa situação hipotética, assinale a opção correta com base no
entendimento do STJ.
a) O rastreador é um bem acessório e deve acompanhar o veículo, bem principal,
independentemente de previsão contratual nesse sentido.
b) Por ser o rastreador considerado pertença, não se presume a sua inclusão na negociação
do veículo.
c) Por ser o rastreador considerado um bem naturalmente divisível, não se presume a sua
inclusão na negociação do veículo.
d) O rastreador constitui parte integrante do veículo e deve acompanhá-lo na negociação da
venda.
e) O rastreador é considerado uma benfeitoria necessária e, por essa razão, presume-se a
sua inclusão na negociação do veículo.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A solução do questionamento apresentado exige uma análise conjunta dos arts. 93 e 94 do Código
Civil e do REsp n. 1.667.227/RS.
Depreende-se da análise do REsp n. 1.667.227/RS que a Terceira Turma do STJ determinou a
restituição, para o devedor fiduciário, de equipamento de monitoração que havia sido acoplado a
caminhão apreendido por falta de pagamento do contrato de financiamento. Segundo o colegiado,
o equipamento é considerado uma pertença e, portanto, pode ser retirado do caminhão sem causar
prejuízos ao bem.
De acordo com o voto do ministro relator Marco Aurélio Bellizze, o equipamento de rastreamento,
nesse caso, deve ser qualificado como pertença, por ser um bem autonomamente considerado,
que não compõe o principal, “apenas acrescendo-o, com a específica finalidade de lhe servir,
aformosear ou conferir maior ou melhor uso”, de acordo com o Código Civil.
Nesse sentido, segue trecho da ementa do REsp n. 1.667.227/RS: RECURSO ESPECIAL. AÇÃO
DE BUSCA E APREENSÃO DE CAMINHÃO, DADO EM GARANTIA FIDUCIÁRIA EM CONTRATO
DE EMPRÉSTIMO. PROCEDÊNCIA, DECORRENTE DO INADIMPLEMENTO. PEDIDO DE
RESTITUIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE MONITORAMENTO ACOPLADO AO CAMINHÃO.
PERTENÇA. RESTITUIÇÃO AO DEVEDOR FIDUCIÁRIO. NECESSIDADE. RECURSO ESPECIAL
PROVIDO. 1. Ainda que se aplique aos bens acessórios a máxima de direito, segundo a qual "o
acessório segue o principal", o Código Civil conferiu tratamento distinto e específico às pertenças,
as quais, embora tidas como bens acessórios, pois, destinadas, de modo duradouro, ao uso, ao

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108
serviço ou ao aformoseamento de um bem principal, sem dele fazer parte integrante, não seguem
a sorte deste, salvo se houver expressa manifestação de vontade nesse sentido, se a lei assim
dispuser ou se, a partir das circunstâncias do caso, tal solução for a indicada. 2. O equipamento de
monitoramento acoplado ao caminhão consubstancia uma pertença, a qual atende, de modo
duradouro, à finalidade econômico-social do referido veículo, destinando-se a promover a sua
localização e, assim, reduzir os riscos de perecimento produzidos por eventuais furtos e roubos, a
que, comumente, estão sujeitos os veículos utilizados para o transporte de mercadorias, caso dos
autos. Trata-se, indiscutivelmente, de "coisa ajudante" que atende ao uso do bem principal.
Enquanto concebido como pertença, a destinação fática do equipamento de monitoramento em
servir o caminhão não lhe suprime a individualidade e autonomia # o que permite, facilmente, a sua
retirada #, tampouco exaure os direitos sobre ela incidentes, como o direito de propriedade, outros
direitos reais ou o de posse. 2.1 O inadimplemento do contrato de empréstimo para aquisição de
caminhão dado em garantia, a despeito de importar na consolidação da propriedade do mencionado
veículo nas mãos do credor fiduciante, não conduz ao perdimento da pertença em favor deste. O
equipamento de monitoramento, independentemente do destino do caminhão, permanece com a
propriedade de seu titular, o devedor fiduciário, ou em sua posse, a depender do título que ostente,
salvo se houver expressa manifestação de vontade nesse sentido, se a lei assim dispuser ou se, a
partir das circunstâncias do caso, tal solução for a indicada, exceções de que, no caso dos autos,
não se cogita. 2.3 O contrato de financiamento de veículo, garantido por alienação fiduciária, ao
descrever o veículo, objeto da avença, não faz nenhuma referência à existência do aludido
equipamento e, por consectário, não poderia tecer consideração alguma quanto ao seu destino.
Por sua vez, o auto de busca e apreensão, ao descrever o veículo, aponta a existência do
equipamento de monitoramento, o que, considerada a circunstância anterior, é suficiente para se
chegar a compreensão de que foi o devedor fiduciário o responsável por sua colocação no
caminhão por ele financiado. 3. Recurso especial provido. (REsp n. 1.667.227/RS, relator Ministro
Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, julgado em 26/6/2018, DJe de 29/6/2018.)
Além disso, ao tratar especificamente das pertenças, o Código Civil dispõe que: Art. 93. São
pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao
uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito
ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação
de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Após a introdução do tema, passamos à análise das alternativas.
A alternativa A está incorreta, pois o equipamento de rastreamento, no caso hipotético, deve ser
qualificado como pertença, de modo que não está abrangido nos negócios jurídicos que dizem
respeito ao bem principal, nos termos dos arts. 93 e 94 do Código Civil.
A alternativa B está correta, pois o equipamento de rastreamento, nesse caso, deve ser qualificado
como pertença, por consistir em um bem autonomamente considerado, que não compõe o principal,
apenas acrescendo-o, com a específica finalidade de conferir maior ou melhor uso. Além disso, de
acordo com o art. 94 do Código Civil: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou
das circunstâncias do caso”.
A alternativa C está incorreta, pois a ausência da presunção acerca da inclusão do rastreador na
compra e venda do veículo decorre da qualificação do rastreador como pertença. Além da
incidência do art. 94 do Código Civil: “Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal
não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou
das circunstâncias do caso”.

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A alternativa D está incorreta, pois o equipamento de rastreamento, no caso hipotético, deve ser
qualificado como pertença, de modo que não está abrangido nos negócios jurídicos que dizem
respeito ao bem principal. Sobre o tema, cumpre destacar que a legislação civil cuida das pertenças,
das partes integrantes e dos bens acessórios com autonomia, especificando regras próprias a partir
de sua destinação. Consoante Marcelo Junqueira Calixto: “Temos então que o Código determina a
ocorrência de três situações jurídicas, uma para as partes integrantes, outra para as pertenças e
outra para os bens acessórios. As primeiras (partes integrantes) estão irremediavelmente ligadas
ao bem, não sendo objeto de relações jurídicas próprias, salvo a exceção do art. 95. As segundas
(pertenças) podem ser destacadas do bem principal, podendo, portanto, ser objeto de relações
jurídicas próprias, sendo que, como regra, não seguem a sorte do bem principal. Os bens
acessórios, entendidos como aqueles que não se enquadram no conceito de partes integrantes
nem no de pertença (exemplo é o fruto percebido e não empregado na destinação econômica do
principal), podem ser objeto de negócios jurídicos autônomos, mas, como regra, seguem a sorte do
bem principal. Isto é decorrência do citado princípio da gravitação jurídica que, embora não esteja
mais expresso, decorre do sistema mantido pelo novo Código”.
A alternativa E está incorreta, pois o equipamento de rastreamento, no caso hipotético, deve ser
qualificado como pertença, de modo que não está abrangido nos negócios jurídicos que dizem
respeito ao bem principal.

QUESTÃO 25. João propôs ação declaratória de inexigibilidade de débito, já prescrito, contra
Beta Recuperação de Créditos Ltda., sob a alegação de que a dívida existente com a
requerida fora adimplida por meio de cessão de crédito, não tendo havido, contudo, anuência
da sua parte, o que ensejaria a invalidade do ato de cessão. Argumentou também que,
mesmo prescrito, o débito continuava sendo cobrado extrajudicialmente pela requerida,
mediante mensagens enviadas.
Considerando a situação hipotética apresentada, o disposto no Código Civil e o
entendimento jurisprudencial do STJ, assinale a opção correta.
a) A perda da pretensão de exigir o cumprimento da prestação por Beta Recuperação de
Créditos Ltda. implica a impossibilidade de o débito ser exigido tanto judicialmente quanto
extrajudicialmente.
b) A prescrição torna a pretensão inexigível judicialmente, no entanto permanece a
possibilidade de cobrança extrajudicial do débito.
c) Em decorrência da prescrição, houve a perda do direito de Beta Recuperação de Créditos
Ltda.
d) Para que a cessão de créditos seja válida, é indispensável a anuência de João.
e) É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de crédito se esta não for celebrada
mediante instrumento público, sendo vedada a transmissão do crédito via instrumento
particular.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A solução do caso hipotético apresentado exige a análise do REsp 2.088.100, cuja ementa segue
transcrita: "DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE
DE DÉBITO PRESCRITO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO. INSTITUTO DE DIREITO MATERIAL.
DEFINIÇÃO. PLANO DA EFICÁCIA. PRINCÍPIO DA INDIFERENÇA DAS VIAS. PRESCRIÇÃO

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108
QUE NÃO ATINGE O DIREITO SUBJETIVO. COBRANÇA EXTRAJUDICIAL DE DÍVIDA
PRESCRITA. IMPOSSIBILIDADE. MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO ESTADUAL. 1. Ação de
conhecimento, por meio da qual se pretende o reconhecimento da prescrição, bem como a
declaração judicial de inexigibilidade do débito, ajuizada em 4/8/2021, da qual foi extraído o
presente recurso especial, interposto em 26/9/2022 e concluso ao gabinete em 3/8/2023. 2. O
propósito recursal consiste em decidir se o reconhecimento da prescrição impede a cobrança
extrajudicial do débito. 3. Inovando em relação à ordem jurídica anterior, o art. 189 do Código Civil
de 2002 estabelece, expressamente, que o alvo da prescrição é a pretensão, instituto de direito
material, compreendido como o poder de exigir um comportamento positivo ou negativo da outra
parte da relação jurídica. 4. A pretensão não se confunde com o direito subjetivo, categoria estática,
que ganha contornos de dinamicidade com o surgimento da pretensão. Como consequência, é
possível a existência de direito subjetivo sem pretensão ou com pretensão paralisada. 5. A
pretensão se submete ao princípio da indiferença das vias, podendo ser exercida tanto judicial,
quanto extrajudicialmente. Ao cobrar extrajudicialmente o devedor, o credor está, efetivamente,
exercendo sua pretensão, ainda que fora do processo. 6. Se a pretensão é o poder de exigir o
cumprimento da prestação, uma vez paralisada em razão da prescrição, não será mais possível
exigir o referido comportamento do devedor, ou seja, não será mais possível cobrar a dívida. Logo,
o reconhecimento da prescrição da pretensão impede tanto a cobrança judicial quanto a cobrança
extrajudicial do débito. 7. Hipótese em que as instâncias ordinárias consignaram ser incontroversa
a prescrição da pretensão do credor, devendo-se concluir pela impossibilidade de cobrança do
débito, judicial ou extrajudicialmente, impondo-se a manutenção do acórdão recorrido. 8. Recurso
especial conhecido e desprovido. (REsp n. 2.088.100/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira
Turma, julgado em 17/10/2023, DJe de 23/10/2023.)
Passando à análise das alternativas.
A alternativa A está correta, pois, de acordo com o entendimento do STJ no REsp 2.088.100, “o
reconhecimento da prescrição da pretensão impede tanto a cobrança judicial quanto a cobrança
extrajudicial do débito”.
A alternativa B está incorreta, pois a prescrição torna a pretensão inexigível judicialmente, bem
como impede a cobrança extrajudicial do débito, conforme o entendimento do STJ no REsp
2.088.100.
A alternativa C está incorreta, para o STJ “a pretensão não se confunde com o direito subjetivo,
categoria estática, que ganha contornos de dinamicidade com o surgimento da pretensão. Como
consequência, é possível a existência de direito subjetivo sem pretensão ou com pretensão
paralisada” (REsp 2.088.100).
A alternativa D está incorreta, pois a legislação civil não exige o consentimento expresso do devedor
(João) para a cessão de crédito. Nos termos do art. 290 do Código Civil: “A cessão do crédito não
tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o
devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita”.
A alternativa E está incorreta. Inicialmente cumpre destacar que apenas a 2ª parte da alternativa
está incorreta, uma vez que é possível a transmissão do crédito via instrumento particular. De
acordo com o art. 288 do Código Civil: “É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um
crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento particular revestido das
solenidades do § 1º do art. 654”. Nesse sentido, dispõe o § 1º do art. 654 do Código Civil que: “O
instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do
outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos
poderes conferidos”.

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QUESTÃO 26. ABC Alimentação S.A., por intermédio de seus sócios acionistas e diretores,
realizou, por instrumento público, contrato preliminar de compra e venda com a empresa
Fomento Mercantil Ltda. Entre as cláusulas do referido instrumento, havia a previsão de que
a compradora – ABC Alimentação S.A. – assumiria todo o passivo tributário e trabalhista da
empresa Fomento Mercantil Ltda. Posteriormente, ao celebrar o contrato definitivo, por
instrumento particular, e com a anuência dos contratantes, a referida cláusula foi alterada
em sentido diametralmente oposto, passando a prever expressamente que os débitos
tributários e trabalhistas seriam de responsabilidade do alienante.
Em relação à situação hipotética apresentada, julgue os itens a seguir, com base nas
disposições do Código Civil e no entendimento jurisprudencial do STJ.
I. Concluído o contrato preliminar, qualquer contratante pode exigir o cumprimento do
contrato definitivo, ainda que haja previsão de cláusula de arrependimento no referido
contrato.
II. Deve prevalecer, no caso, o contrato preliminar, e qualquer contratante pode exigir o
cumprimento da obrigação nos moldes do que fora inicialmente pactuado.
III. A liberdade contratual pode desconstituir obrigações anteriormente assumidas, devendo
prevalecer aquilo que foi convencionado no contrato definitivo.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas o item III está certo.
d) Apenas os itens I e II estão certos.
e) Apenas os itens I e III estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
O item I está incorreto, nos termos do art. 463 do Código Civil: “Concluído o contrato preliminar,
com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de
arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando
prazo à outra para que o efetive”.
O item II está incorreto, pois, no caso hipotético narrado, em razão da alteração da cláusula em
sentido diametralmente oposto, não se pode exigir o cumprimento da obrigação nos moldes do que
fora inicialmente pactuado. De acordo com o entendimento do STJ no REsp n. 2.054.411/DF,
“impossível, dessa forma, conferir maior eficácia jurídica ao contrato preliminar que ao definitivo,
sobretudo quando as partes, nessa nova avença, pactuaram obrigações diametralmente opostas e
desautorizam, expressamente, os termos da proposta original.”
O item III está correto, de acordo com o entendimento do STJ no REsp n. 2.054.411/DF: "DIREITO
CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.
CONTRATO CELEBRADO COM DISPOSIÇÃO CONTRÁRIA AO QUE ESTIPULADO EM AJUSTE
PRÉVIO. AUTONOMIA DA VONTADE DAS PARTES. DERROGAÇÃO/REVOGAÇÃO DO
ACORDO ANTERIOR. 1. O contrato preliminar confere, em benefício de qualquer das partes, a
prerrogativa de exigir da outra a celebração do negócio definitivo com observância do que

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108
inicialmente pactuado. 2. Nada obsta, porém, que, na oportunidade da celebração do contrato
definitivo, as partes estabeleçam, de comum acordo, deveres e obrigações diversos e até mesmo
contrários àqueles previstos no pacto inicial. 3. A liberdade contratual confere aos negociantes
amplos poderes para revogar, modificar ou substituir ajustes anteriores. Não importa se esses
ajustes foram incorporados em contrato preliminar ou definitivo, a autonomia da vontade da partes
pode, em qualquer caso, desconstituir obrigações anteriormente assumidas. 4. Impossível, dessa
forma, conferir maior eficácia jurídica ao contrato preliminar que ao definitivo, sobretudo quando as
partes, nessa nova avença, pactuaram obrigações diametralmente opostas e desautorizam,
expressamente, os termos da proposta original. 5. Recurso especial não provido." (REsp n.
2.054.411/DF, relator Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, julgado em 3/10/2023, DJe de
6/10/2023.)
Portanto, a alternativa C está correta, pois apenas o item III está certo.

QUESTÃO 27. Raimundo, residente e domiciliado em Caicó/RN, realizou contrato de compra


e venda de um boi, no qual se comprometia a pagar a Baltazar, residente e domiciliado em
Pau dos Ferros/RN, o valor de R$ 2.000,00, em vinte e quatro parcelas mensais. Inicialmente,
foi acordado entre as partes que o pagamento seria efetuado no domicílio do devedor, ou
seja, Caicó/RN. Contudo, Raimundo, que constantemente viajava a Pau dos Ferros/RN,
passou a efetuar o pagamento no domicílio do credor. Após o pagamento da vigésima
parcela, Raimundo decidiu voltar a pagar o valor em Caicó/RN, o que não foi aceito por
Baltazar.
Acerca da situação hipotética apresentada, assinale a opção correta com base no Código
Civil e no entendimento doutrinário sobre o tema
a) Raimundo está correto, pois o recebimento do pagamento em local diverso do acordado
configura aceitação tácita da mudança do local do pagamento, aplicando-se ao credor o
instituto conhecido como dever de mitigar o próprio prejuízo.
b) Raimundo está correto, em razão da aplicação do princípio da obrigatoriedade dos
contratos.
c) Em relação ao lugar do pagamento, a obrigação de Raimundo é classificada como
portável.
d) Baltazar está correto, em razão do instituto da supressio.
e) Na hipótese de Baltazar ser sujeito vulnerável nessa relação jurídica, ele possuiria o direito
de escolher o lugar do pagamento.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Inicialmente cumpre destacar que a 1ª parte da alternativa está certa,
na medida em que, de fato, Raimundo está correto, pois o recebimento do pagamento em local
diverso do acordado configura aceitação tácita da mudança do local do pagamento. Porém, a 2ª
parte da alternativa está incorreta, pois a situação hipotética trata do instituto da “supressio”. Aduz
Cristiano Chaves que: “O Código Civil, embora não expressamente, admite um típico exemplo de
supressio no art. 330, ao tratar do pagamento, reiteradamente, realizado em local diverso daquele
fixado no contrato”. Dispõe o art. 330 do Código Civil que: “O pagamento reiteradamente feito em
outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”.

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A alternativa B está incorreta, pois Raimundo está certo, em razão da aplicação do instituto da
“supressio”, nos termos do art. 330 do Código Civil: “O pagamento reiteradamente feito em outro
local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”.
A alternativa C está incorreta. Em relação ao lugar do pagamento, a obrigação de Raimundo é
classificada como quesível, pois, de acordo com o enunciado, inicialmente foi acordado entre as
partes que o pagamento seria efetuado no domicílio do devedor. Dispõe o art. 327 do Código Civil
que: “Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes
convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das
circunstâncias”. Para Cristiano Chaves: “Neste caso, temos a chamada ‘dívida quesível’ – quérable
em francês –, ou dívida de ‘ir buscar’, cabendo ao credor procurar o devedor para obter o
adimplemento”. Por outro lado, ainda conforme o autor: “convencionado que o pagamento será
realizado no domicílio do credor, a dívida será portável – portable em francês. Vigorando o princípio
da liberdade de eleição (art. 78 do CC), fixa-se domicílio contratual através da autonomia privada
dos contratantes”.
A alternativa D está correta. A “supressio” ocorre “quando o titular de um direito deixa de exercê-lo,
durante certo lapso de tempo, criando para a outra parte uma confiança razoável de que aquele
direito não seria mais exercido”, consoante as palavras de Marcelo Dickstein. Nesse contexto, o art.
330 do Código Civil dispõe que: “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir
renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”. Nesse sentido, aduz Cristiano Chaves
que: “O Código Civil, embora não expressamente, admite um típico exemplo de supressio no art.
330, ao tratar do pagamento, reiteradamente, realizado em local diverso daquele fixado no
contrato”. Por todo o exposto, conclui-se que Baltazar está correto, em razão do instituto da
supressio.
A alternativa E está incorreta, pois o domicílio contratual é fixado mediante a autonomia privada dos
contratantes, de acordo com o princípio da liberdade de eleição previsto no art. 78 do CC: “Nos
contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os
direitos e obrigações deles resultantes”.

QUESTÃO 28. José, proprietário de uma vaca, vendeu-a a Joaquim. O contrato de compra e
venda foi celebrado em 2023 e José deveria receber de Joaquim a quantia de R$ 3.000,00 no
momento da entrega do semovente, convencionada para dois meses após a celebração do
contrato. No intervalo de tempo entre a celebração do contrato e a entrega do semovente,
para surpresa de Joaquim, a vaca pariu dois bezerros.
Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Civil,
a) deverá ser feito um sorteio para definir quem ficará com bezerros.
b) um bezerro pertence a José e o outro, a Joaquim.
c) o contrato será considerado nulo.
d) os bezerros pertencem a José.
e) os bezerros pertencem a Joaquim.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.

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A alternativa D está correta, nos termos do art. 237 do Código Civil: “Até a tradição pertence ao
devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no
preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação”.
De acordo com Cristiano Chaves: “Se o devedor sofre o ônus, deve também ser agraciado com o
bônus. Qualquer melhoramento que vier a ocorrer em relação à coisa deverá ser computado no
pagamento, podendo o devedor exigir o incremento correspondente no preço. Mas não se pode
aceitar que a obrigação fuja aos limites mínimos de vinculação, podendo o credor entender que não
terá como arcar com o aumento de valor, dando-se a relação por encerrada e devolvendo-se as
partes ao estado anterior”.
Portanto, os bezerros nascidos no intervalo de tempo entre a celebração do contrato e a entrega
do semovente, pertencem a José (devedor).
As alternativas A, B, C, e E estão incorretas, pelo fundamento exposto na alternativa D.

QUESTÃO 29. Ana conduzia seu veículo em uma via de mão dupla quando foi surpreendida
por um outro carro, que trafegava, em alta velocidade, na contramão da direção da via. Pela
necessidade das circunstâncias e por não haver meio de evitar colisão frontal, Ana realizou
uma manobra em decorrência da qual o veículo veio a atingir Pedro, que estava na calçada.
Pedro sofreu lesões corporais de natureza leve.
Nessa situação hipotética, de acordo com as disposições do Código Civil, Ana
a) praticou o ato no exercício regular de um direito.
b) praticou ato ilícito e deverá indenizar Pedro.
c) agiu em estado de necessidade e não deverá indenizar Pedro, pois o ato praticado é lícito.
d) agiu em legítima defesa e não deverá indenizar Pedro.
e) agiu em estado de necessidade e praticou ato lícito, porém deverá indenizar Pedro.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A solução do questionamento apresentado exige uma análise conjunta dos arts. 188, II, e 929,
ambos do Código Civil.
O estado de necessidade está previsto no art. 188, II, do diploma civilista: “Art. 188. Não constituem
atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover
perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as
circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável
para a remoção do perigo”.
Depreende-se da análise do enunciado que Ana realizou a manobra em estado de necessidade, de
acordo com as circunstâncias do caso e por não existir outro meio de evitar colisão frontal. Assim,
praticou ato lícito, conforme o dispositivo acima mencionado.
Ademais, no caso hipotético, subsiste o dever de Ana indenizar Pedro, tendo em vista Pedro, que
estava na calçada e sofreu lesões corporais de natureza leve, não foi culpado do perigo. No caso
hipotético, o perigo de colisão frontal foi causado por outro carro que trafegava, em alta velocidade,
na contramão da direção da via. Dispõe o art. 929 do Código Civil: “Se a pessoa lesada, ou o dono
da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à
indenização do prejuízo que sofreram”.

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Sobre o tema, afirma Cristiano Chaves que: “No estado de necessidade, quem age sob o manto de
tal excludente, embora pratique um ato lícito, deverá reparar os danos causados se a pessoa lesada
ou o dono da coisa não forem culpados do perigo. Portanto, a absolvição, no juízo criminal, fundada
em estado de necessidade, não significa, no âmbito cível, a ausência do dever de reparar (digamos
que alguém, de forma absurda, deixa seu carro parado no meio da estrada, depois de uma curva e
com isso obriga o motorista prudente, que vem em sentido contrário, a avançar para a contramão,
causando mortes. Nessa hipótese, a absolvição criminal do motorista que avançou para a
contramão não significa que ele não deva reparar os danos) […] Em todos os casos citados há, no
entanto, direito de regresso. Quem, agindo em estado de necessidade, causa danos a outrem,
poderá, depois de ressarci-los, voltar-se contra quem causou o perigo (o motorista que, desviando
de carro na contramão, atinge um carro estacionado deverá reparar esse dano, mas poderá, em
regresso, cobrar do condutor do veículo na contramão, causador do perigo)”.
A alternativa A está incorreta, pois Ana praticou o ato em estado de necessidade.
A alternativa B está incorreta, pois Ana praticou ato lícito, nos termos do art. 188, II, do Código Civil:
“Art. 188. Não constituem atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão
a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo
somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites
do indispensável para a remoção do perigo”.
A alternativa C está incorreta, pois o ato praticado em estado de necessidade, embora lícito, obriga
a indenizar, nos termos do art. 929 do Código Civil: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no
caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do
prejuízo que sofreram”.
A alternativa D está incorreta, pois Ana praticou o ato em estado de necessidade.
A alternativa E está correta, nos termos dos arts. 188, II, e 929, ambos do Código Civil: "Art. 188.
Não constituem atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa,
a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do
indispensável para a remoção do perigo. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso
do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do
prejuízo que sofreram."
Além disso, de acordo com Cristiano Chaves: “O legislador optou por proteger a vítima,
considerando que pelo princípio da reparação integral sejam os danos patrimoniais ou
extrapatrimoniais – é inarredável o direito da vítima à reparação, mesmo que amparado o agente
pela excludente da ilicitude. Assim, se alguém, agindo em estado de necessidade, causar danos à
pessoa ou à coisa, deve repará-los (art. 929). Se o motorista, dirigindo com prudência, vê, após
uma curva, um veículo ultrapassando na contramão, e instintivamente gira a direção para a
esquerda, subindo na calçada e atropelando alguém, estará obrigado a reparar os danos que a
pessoa atropelada sofreu. A vítima, assim, será indenizada, ainda que lícito o comportamento
daquele que a atropelou. Pode, porém, o motorista do veículo, após indenizar a vítima (atropelado),
intentar ação de regresso contra o condutor do veículo na contramão (causador do perigo), de
acordo com a previsão do art. 930 do Código Civil e respaldo na jurisprudência”.

QUESTÃO 30. André está sendo acusado, no juízo criminal, de conduzir veículo sob o efeito
de bebida alcoólica e, em razão disso, ter causado lesões corporais em Maria. A respeito da
obrigação de André de indenizar Maria na esfera cível, de acordo com as disposições do
Código Civil, assinale a opção correta.

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a) Eventual absolvição de André no juízo criminal constituirá óbice a sua condenação no
juízo cível se a sentença for fundada na inexistência do fato ou na negativa de sua autoria.
b) Caso André seja condenado na esfera criminal e a respectiva sentença seja fundada em
excludente de ilicitude, tal sentença criminal vinculará o juízo cível, inviabilizando-se
qualquer pretensão indenizatória de Maria no âmbito cível.
c) Eventual condenação de André no juízo criminal prescindirá da necessidade de
quantificação do dano no procedimento cível, em razão do efeito automático da sentença
criminal no juízo cível.
d) Vigora no ordenamento jurídico a regra de dependência entre as instâncias cível e
criminal.
e) Caso André seja absolvido por insuficiência de provas no juízo criminal, ele ficará isento
de qualquer responsabilidade civil.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta, nos termos do art. 935 do Código Civil: “A responsabilidade civil é
independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre
quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”.
A alternativa B está incorreta, pois a sentença criminal fundada em excludente de ilicitude não
inviabiliza qualquer pretensão indenizatória de Maria no âmbito cível. Dispõe o art. 67 do Código de
Processo Penal que: “Art. 67. Não impedirão igualmente a propositura da ação civil: I - o despacho
de arquivamento do inquérito ou das peças de informação; II - a decisão que julgar extinta a
punibilidade; III - a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime”.
Além disso, de acordo com Cristiano Chaves: “Diferentemente do inexorável efeito preclusivo da
decisão condenatória transitada em julgado, os efeitos da sentença penal absolutória oscilarão no
juízo cível. Confirmando a relativa autonomia entre as jurisdições, será a absolvição veemente no
juízo cível se reconhecer, de modo categórico, que o fato não aconteceu, ou que, embora tenha
acontecido, o réu não foi o seu autor (art. 935, CC e art. 66, CPP). Todavia, as demais hipóteses
de absolvição, quaisquer que sejam, não vinculam o juízo cível, facultando-se à vítima o acesso a
ação civil ex delicto.”
A alternativa C está incorreta, pois será necessária a quantificação do dano no procedimento cível.
Conforme Cristiano Chaves: “Saliente-se a indispensabilidade da prévia liquidação para que se
possa fazer valer a condenação embutida na sentença penal. Aduz o parágrafo único do artigo 63
do Código de Processo Penal que, transitada em julgado a sentença condenatória, a execução
poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do artigo 387, sem prejuízo
da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. Em verdade, trata-se de ação de
liquidação (pedido deduzido diante de uma autoridade judiciária civil em face do responsável, com
vista à definição do valor devido)”.
A alternativa D está incorreta, pois no ordenamento jurídico vigora a regra da relativa independência
entre as instâncias cível e criminal. Segundo Cristiano Chaves, o art. 935 do Código Civil consiste
em “importante dispositivo verbera uma relativa independência entre os dois sistemas de
responsabilidade, nos casos em que se apresenta um fato penalmente típico, com eficácia
indenizatória. Com efeito, uma das possíveis eficácias de uma condenação criminal (seja a pena
privativa de liberdade, restritiva de direitos ou de multa) será a obrigação de indenizar”.

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A alternativa E está incorreta, nos termos do art. 935 do Código Civil: “A responsabilidade civil é
independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre
quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal”. Afirma
Cristiano Chaves que: “A absolvição criminal, como visto, poderá vincular a decisão civil, se
reconhecer que o fato inexistiu ou que o réu é inocente. Fora essas duas hipóteses, mencionadas
pelo art. 935 do Código Civil – e reafirmadas pelo Código de Processo Penal –, não há projeção,
na esfera civil, das decisões absolutórias penais”.

QUESTÃO 31. Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar,
ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Considerando o teor do
dispositivo do Código de Processo Civil (CPC) transcrito anteriormente e o entendimento do
STJ a respeito da matéria, assinale a opção correta.
a) Viola o princípio da não surpresa a prolação de acórdão que, embora em consonância com
os limites da lide, realiza tipificação jurídica da pretensão no ordenamento jurídico posto,
ainda que as partes não a tenham invocado (iura novit curia) e independentemente da oitiva
delas.
b) A palavra "fundamento", presente no art. 10 do CPC, relaciona-se ao fundamento legal, e
não à circunstância de fato qualificada pelo direito em que se baseia a pretensão ou a defesa,
ou que possa ter influência no julgamento, o que impõe ao juiz o dever de informar às partes
os dispositivos legais passíveis de aplicação para o exame da causa.
c) É aplicável o princípio da não surpresa nas hipóteses relacionadas à aferição de prazo
processual para fins de tempestividade de recurso, ainda que a parte recorrida possua meios
de prever e contrapor o argumento decisório utilizado.
d) Durante julgamento no tribunal, se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente
à decisão recorrida ou a existência de questão apreciável de ofício ainda não examinada que
devam ser consideradas no julgamento do recurso, as partes serão intimadas para que se
manifestem no prazo de 5 dias, visto que é vedado ao julgador decidir com base em
fundamentos jurídicos não submetidos ao contraditório.
e) Viola o art. 10 do CPC e, consequentemente, o princípio da não surpresa o ato de o tribunal
conferir classificação jurídica aos fatos controvertidos que sejam contrários à pretensão da
parte, com aplicação da lei aos fatos narrados nos autos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do princípio da não surpresa no âmbito do processo civil.
A alternativa A está incorreta. De acordo com o STJ, não há ofensa ao princípio da não surpresa
quando o magistrado, diante dos fatos narrados pelas partes, realiza a tipificação jurídica e aplica
a lei adequada ao caso, mesmo que as partes não a tenham invocado, pois se presume que a
legislação é do conhecimento de todos. Para fundamentar essa afirmação, é possível citar os
seguintes precedentes:
STJ, EDcl nos Embargos de Divergência no REsp 1.213.143, 2023: “Diante da ausência de
dimensão absoluta do princípio da não surpresa, equivocada a interpretação que conclua pela sua
aplicação automática e irrestrita. Não ofende o art. 10 do CPC/2015 o provimento jurisdicional que
dá classificação jurídica à questão controvertida apreciada em sede de embargos de divergência”.

33
108
STJ, REsp 1.781.459, 2020: "A aplicação do princípio da não surpresa não impõe, portanto, ao
julgador que informe previamente às partes quais os dispositivos legais passíveis de aplicação para
o exame da causa. O conhecimento geral da lei é presunção jure et de jure”.
A alternativa B está incorreta. Na verdade, o art. 10 do CPC, ao utilizar a expressão “fundamento”,
está se referindo ao fundamento jurídico, que é a circunstância de fato qualificada pelo direito, e
que não se confunde com o fundamento legal, que é o dispositivo de lei aplicável à matéria discutida
em juízo. A aplicação do art. 10 não exige que o julgador realize, com antecedência, uma
comunicação destinada às partes acerca dos dispositivos legais aplicáveis à lide que está sendo
debatida, justamente pelo fato de que o conhecimento da lei é uma presunção absoluta. Essa
fundamentação pode ser encontrada nos EDcl no REsp 1.280.825, de 2017.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o entendimento do STJ, a aferição da tempestividade
do recurso não exige a aplicação do princípio da não surpresa, porque a verificação da observância
do prazo recursal não configura uma questão nova, já que os prazos e as suas formas de contagem
estão devidamente estabelecidos na legislação.
Em caso concreto julgado pela Corte, foi denegado o Agravo em REsp interposto para questionar
a decisão de não conhecimento de um REsp em razão da sua intempestividade, afastando-se o
argumento do recorrente de que seria necessária a prévia intimação dele para se manifestar acerca
da intempestividade do recurso (AREsp 1.778.081, de 2022).
A alternativa D está correta. Ao contrário das demais alternativas, que se fundamentaram na
jurisprudência do STJ, essa trouxe a literalidade do art. 933 do CPC, que estabelece o seguinte:
“Se o relator constatar a ocorrência de fato superveniente à decisão recorrida ou a existência de
questão apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser considerados no julgamento do
recurso, intimará as partes para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias”. Trata-se de uma
hipótese concreta de aplicação do princípio da não surpresa, pois garante que as partes se
manifestem antecipadamente sobre a questão fática constatada pelo relator do processo no
Tribunal.
A alternativa E está incorreta. Assim como já comentado na alternativa A, a atuação do magistrado
no sentido de atribuir a tipificação jurídica adequada aos fatos narrados pelas partes não está sujeita
à observância do art. 10 do CPC, tendo em vista que se está realizando apenas a aplicação da lei
ao caso concreto.

QUESTÃO 32. À luz do entendimento jurisprudencial dos tribunais superiores a respeito de


competência, assinale a opção correta.
a) Compete à justiça comum o julgamento de ação ajuizada por servidor celetista contra o
poder público, em que se pleiteia parcela de natureza administrativa, em que pese a natureza
celetista do vínculo empregatício.
b) Ainda que a União ingresse no feito na condição de assistente simples, remanesce a
competência do tribunal de justiça local para julgamento de recurso de embargos de
declaração interpostos por aquele ente público em face de acórdão proferido pelo tribunal
de justiça estadual.
c) Ainda que haja litisconsórcio passivo com pessoa jurídica de direito público, compete ao
juízo universal falimentar processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra
a massa falida.

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d) A competência para julgamento de ação de indenização por danos morais decorrentes de
ofensas proferidas em rede social na Internet é do foro do domicílio do réu, em razão da
ampla divulgação do ato ilícito.
e) Nas hipóteses em que seja adotado o regime celetista de contratação de pessoal, compete
à justiça do trabalho processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de
seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade de concurso público em face da
administração pública, direta ou indireta.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata das regras de competência aplicáveis no âmbito do processo civil.
A alternativa A está correta, pois corresponde ao Tema 1.143 do STF: “A Justiça Comum é
competente para julgar ação ajuizada por servidor celetista contra o Poder Público, em que se
pleiteia parcela de natureza administrativa”. Portanto, se um servidor celetista ajuizar uma ação
pleiteando algum benefício concedido a ele pela legislação local, mas não previsto na CLT, a
competência para o julgamento da ação será da Justiça Comum (Federal ou Estadual, a depender
do caso).
Isso demonstra que nem todas as demandas advindas de um contrato de trabalho são julgadas
pela Justiça do Trabalho.
A alternativa B está incorreta. Na verdade, o ingresso da União no processo na condição de
assistente simples é suficiente para atrair a competência da Justiça Federal para o processamento
da demanda, como prevê o art. 109, I, da CF.
Essa regra se aplica também para o julgamento dos embargos de declaração opostos contra uma
decisão de um Tribunal de Justiça. Portanto, tendo ocorrido o ingresso da União como assistente
simples nesse momento processual, os embargos deverão ser julgados pelo Tribunal Regional
Federal competente, como decidiu o STJ no EREsp 1.265.625.
Todavia, é necessário ressalvar que essa regra não se aplica às intervenções anômalas (ou
anódinas) da União, regidas pelo art. 5º da Lei 9.469/97. Nessas hipóteses, a União está intervindo
sem possuir interesse jurídico na demanda, razão pela qual não ocorre o deslocamento da
competência.
A alternativa C está incorreta. Essa é uma das hipóteses nas quais o juízo competente para a
apreciação do pedido não será o juízo falimentar, mas, sim, o juízo cível com competência para
julgar ações contra a Fazenda Pública, como já decidiu o STJ no REsp 1.643.856. Vale ressaltar,
ainda, que a própria Lei 11.101/05, em seu art. 6º, §1º, estabelece que a ação que demandar
quantia ilíquida não é de competência do juízo universal da falência, logo, ela deve ser ajuizada de
acordo com as regras gerais de competência, pois está fora das atribuições do juízo falimentar.
A alternativa D está incorreta. A assertiva está em descompasso com a recente decisão proferida
pelo STJ no REsp 2.032.427: “A competência para julgamento de ação de indenização por danos
morais, decorrente de ofensas proferidas em rede social, é do foro do domicílio da vítima, em razão
da ampla divulgação do ato ilícito”.
Sabe-se que, em regra, o CPC estabelece que as ações de reparação de danos devem ser
propostas no lugar do ato ou fato (art. 53, IV, “a”). Então, em caso de ofensas proferidas por meio
da internet, seria possível argumentar que o local do ato ou fato foi o local em que o ofensor estava
quando as proferiu, mas o STJ adotou solução diferente e entendeu que, nessas hipóteses, o local

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do ato ou fato deve ser compreendido como sendo o domicílio da vítima, pois é nessa localidade
que a ofensa gera maior repercussão social.
A alternativa E está incorreta, pois contraria o Tema 992 do STF: “Compete à Justiça comum
processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de
pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas
hipóteses em que adotado o regime celetista de contratação de pessoal”.
A título de complementação, ressaltamos que o STF modulou os efeitos da sua tese, com o intuito
de ressalvar os processos com sentenças de mérito proferidas antes de 06 de junho de 2018, que
poderão continuar tramitando na Justiça do Trabalho até o seu trânsito em julgado, sem remessa
dos autos para a Justiça Comum. Todavia, essa modulação de efeitos é a exceção e não faz com
que a assertiva se torne correta.

QUESTÃO 33. A respeito da concessão de medidas cautelares contra atos do poder público,
das tutelas provisórias previstas no CPC e da execução contra a fazenda pública, assinale a
opção correta.
a) A execução provisória de obrigação de fazer em face da fazenda pública atrai o regime
constitucional dos precatórios, porquanto a ausência de prestação positiva se converte em
perdas e danos.
b) Eventuais danos decorrentes da execução de tutela antecipada suscitam
responsabilidade processual que verifique a culpa lato sensu do agente, devendo tais danos
ser reparados após apuração em procedimento de liquidação levado a efeito em autos
apartados.
c) É cabível, contra o poder público, medida liminar que esgote, no todo ou em qualquer
parte, o objeto da ação, ainda que a execução da medida resulte em resultado prático que
inviabilize o retorno ao status quo ante.
d) É necessário o pronunciamento judicial para que seja imposta a obrigação de indenizar o
dano causado pela execução de tutela antecipada posteriormente revogada.
e) Não atendido o prazo legal de 30 dias úteis para a formulação do pedido principal em tutela
cautelar requerida em caráter antecedente, a medida concedida perderá sua eficácia e o
procedimento de tutela antecedente será extinto sem exame do mérito.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata da concessão de liminares no âmbito do CPC e, também, da execução contra a
Fazenda Pública.
A alternativa A está incorreta. A execução das obrigações de fazer contra a Fazenda Pública não
atrai a incidência do regime de precatórios. O CPC é claro ao estabelecer que as especificidades
do cumprimento de sentença e da execução de título extrajudicial envolvendo a Fazenda Pública
somente se aplicam às obrigações de pagar quantia certa (arts. 534 e 910), de modo que as demais
espécies de obrigações se sujeitam ao mesmo regime de execução aplicável aos particulares.
Inclusive, isso está exposto no Tema 45 do STF: “A execução provisória de obrigação de fazer em
face da Fazenda Pública não atrai o regime constitucional dos precatórios”.
A alternativa B está incorreta. Existem dois grandes erros nessa assertiva, e o primeiro deles está
na expressão “culpa lato sensu”, pois a responsabilização decorrente da execução das tutelas de

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urgência é objetiva e independe de qualquer análise de culpa na conduta da parte (art. 302, caput,
CPC). Ainda, o segundo erro está na afirmação de que a indenização deve ser liquidada em autos
apartados, pois, na verdade, o parágrafo único do art. 302 do CPC estabelece que, sempre que
possível, essa liquidação deve ocorrer nos mesmos autos em que a medida tiver sido concedida.
A alternativa C está incorreta, pois contraria o art. 1º, §3º, da Lei 8.437/92: “Não será cabível medida
liminar que esgote, no todo ou em qualquer parte, o objeto da ação”. Trata-se de uma prerrogativa
específica da Fazenda Pública em juízo, pois essa limitação não existe em favor dos particulares.
A alternativa D está incorreta. Na verdade, não se exige qualquer pronunciamento judicial para que
surja o dever de indenização decorrente da execução da tutela provisória posteriormente revogada
(STJ, REsp 1.770.124). Portanto, basta a ocorrência de uma das hipóteses do art. 302 do CPC para
que a parte responda pelos prejuízos causados ao réu em decorrência da efetivação da tutela de
urgência, de modo que a responsabilização é ex lege, ou seja, é uma decorrência automática do
disposto no CPC.
A alternativa E está correta. Uma vez efetivada a tutela cautelar concedida em caráter antecedente,
a parte autora possui o prazo de 30 dias para formular o pedido principal nos mesmos autos, sob
pena de perda da eficácia dessa medida e da consequente extinção do processo sem análise do
mérito (arts. 308 e 309 do CPC), pois se trata de uma hipótese específica de abandono da causa
por parte do autor (art. 485, III, CPC).
Portanto, pelo fato de o processo ser extinto sem análise do mérito, é possível que, posteriormente,
o autor formule novamente o pedido, tendo em vista que não haverá a formação de coisa julgada
material.

QUESTÃO 34. No que se refere ao pagamento de requisição de pequeno valor e de precatório


pela fazenda pública, assinale a opção correta com base na jurisprudência dos tribunais
superiores.
a) Embora as normas que regulamentam o procedimento de execução das obrigações de
pequeno valor versem sobre atos necessários para que a fazenda pública cumpra o julgado
exequendo, o STF reconhece a natureza eminentemente material dessas normas.
b) Ainda que não demonstradas a quebra da ordem de preferência de pagamento dos
precatórios e a inexistência de alocação orçamentária do valor necessário à satisfação do
débito, admite-se sequestro de verbas públicas para pagamento de crédito a portador de
moléstia grave.
c) Sociedade de economia mista prestadora de serviço público em regime não concorrencial
está sujeita ao regime de precatórios, não podendo sofrer constrição judicial de seus bens,
rendas e serviços, em respeito aos princípios da legalidade orçamentária e da separação
funcional dos Poderes.
d) A lei disciplinadora da submissão de crédito ao sistema de execução via precatório possui
natureza processual, sendo, por essa razão, aplicável à situação jurídica constituída antes
de sua entrada em vigor.
e) A jurisprudência do STF confere ampla autonomia ao estado-membro na definição do
valor referencial das obrigações de pequeno valor, não permitindo, contudo, a fixação de
valores inferiores aos valores referenciais previstos no Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias.
Comentários

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A alternativa correta é a letra C.
A questão trata dos precatórios e dos RPVs na jurisprudência do STF e do STJ.
A alternativa A está incorreta. Na verdade, as normas que regulamentam o procedimento das
execuções das obrigações de pequeno valor contra a Fazenda Pública têm natureza processual
(STF, AgRg no RE 632.550). A consequência prática disso é que uma eventual modificação dessas
normas terá também o condão de alcançar as ações já em curso no momento em que a alteração
legal for publicada.
A alternativa B está incorreta. O tema está tratado no art. 100, §6º, da CF, que prevê o seguinte:
“As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder
Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exequenda determinar o
pagamento integral e autorizar, a requerimento do credor e exclusivamente para os casos de
preterimento de seu direito de precedência ou de não alocação orçamentária do valor necessário à
satisfação do seu débito, o sequestro da quantia respectiva”.
Portanto, percebe-se que o sequestro dos valores somente é possível em casos de preterimento
do direito de precedência ou de não alocação orçamentária em valor suficiente. Trata-se de uma
medida excepcional que apenas será cabível nessas restritas hipóteses, que são taxativas (STF,
RE 840.435).
A alternativa C está correta. Em regra, as sociedades de economia e as empresas públicas mista
não fazem jus ao regime de precatórios, tendo em vista que elas são entidades de direito privado
e, portanto, não se inserem no conceito de “Fazenda Pública”.
Todavia, nas hipóteses em que sejam prestadoras de serviço público de natureza não
concorrencial, elas devem ser incluídas no conceito de Fazenda Pública, de modo que passam a
se valer do regime de precatórios. O STF aplica esse entendimento, por exemplo, às companhias
estaduais de saneamento básico, desde que o seu capital social seja majoritariamente público e o
serviço seja prestado sem intuito lucrativo e em regime de exclusividade (AgRg no RE 627.242).
A alternativa D está incorreta. Na verdade, essa legislação tem natureza jurídica material e
processual, razão pela qual ela não pode ser aplicada às situações jurídicas consolidadas antes da
sua entrada em vigor. Isso já foi decidido no Tema 792 do STF: “Lei disciplinadora da submissão
de crédito ao sistema de execução via precatório possui natureza material e processual, sendo
inaplicável à situação jurídica constituída em data que a anteceda”.
A alternativa E está incorreta. De fato, os entes subnacionais têm ampla autonomia para definirem
os valores referenciais das suas obrigações de pequeno valor, e, nessa parte, a assertiva está
correta. Todavia, o erro está em afirmar que não é possível a fixação de valores inferiores àqueles
expostos no ADCT, pois, na verdade, o STF admite essa fixação (ADI 2.868). Inclusive, vale lembrar
que os valores do ADCT são de 40 salários-mínimos para os Estados-membros (incluído o DF) e
30 salários-mínimos para os Municípios. Então, é perfeitamente possível que a legislação local
desses entes estabeleça um valor referencial menor para o reconhecimento das obrigações de
pequeno valor que serão pagas por meio de RPV.

QUESTÃO 35. À luz do disposto no CPC e da jurisprudência dos tribunais superiores a


respeito da ação rescisória e da coisa julgada, assinale a opção correta.
a) A decisão de mérito transitada em julgado é rescindível quando for fundada em erro de
fato que represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter-se pronunciado.

38
108
b) A ausência de intimação da decisão que implicou o provimento parcial do recurso
interposto pela parte contrária não é suficiente para o manejo de ação rescisória.
c) Como efeito ope legis, a propositura da ação rescisória, em regra, suspende eventual
cumprimento da sentença rescindenda.
d) Os honorários advocatícios sucumbenciais devem ser arbitrados sobre a base de cálculo
extraída da ação que originou a decisão que se pretenda rescindir.
e) Considera-se documento novo apto a aparelhar a ação rescisória aquele que, embora já
existente à época da decisão rescindenda, era ignorado pelo autor ou do qual não pôde fazer
uso, capaz de assegurar, por si só, a procedência do pedido.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata das disposições relativas à ação rescisória no CPC e na jurisprudência do STF e
do STJ.
A alternativa A está incorreta. Ela reproduz parte do art. 966, §1º, do CPC, alterando apenas o seu
final: “Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando considerar
inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os casos, que o fato não
represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado”. Portanto, a ação
rescisória só pode ser proposta sob o argumento de erro de fato (art. 966, VIII, CPC) nas hipóteses
em que esse fato não seja um ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se pronunciado,
pois, se for, o pleito do autor consistirá em uma tentativa de reexame do mérito por meio da ação
rescisória, que é um objetivo ao qual ela não se presta.
A alternativa B está incorreta, pois contraria a jurisprudência predominante no âmbito do STJ. De
acordo com a Corte: “A ausência de intimação da decisão que implicou o provimento parcial do
recurso interposto pela parte contrária é sempre prejudicial ao recorrido, sendo cabível o manejo
de ação rescisória” (AR 6.463, 2023).
A alternativa C está incorreta. Na verdade, a regra é que a propositura da ação rescisória não
suspenda o cumprimento da decisão rescindenda, como prevê o art. 969 do CPC: “A propositura
da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda, ressalvada a concessão de
tutela provisória”.
A alternativa D está incorreta. Na ação rescisória, os honorários advocatícios devem ser calculados
sobre os parâmetros da própria ação rescisória, e não sobre a base de cálculo extraída da ação
originária (STJ, REsp 2.068.654).
A alternativa E está correta. O “documento novo” utilizado como fundamento para a propositura da
ação rescisória (art. 966, VII, CPC) não é apenas aquele documento que surgiu posteriormente à
decisão, mas, também, o documento que já existia na época em que a decisão rescindenda foi
proferida, mas cuja existência o autor ignorava, bem como o documento do qual ele não pôde fazer
uso na época apropriada (STJ, AR 5.196, 2022). É necessário destacar que o cabimento da ação
rescisória, nesse caso, exige que o documento seja suficiente para assegurar, por si só, a
procedência do pedido.

QUESTÃO 36. Acerca do pedido de suspensão da eficácia das decisões proferidas contra o
poder público, assinale a opção correta.

39
108
a) As pessoas jurídicas de direito privado têm legitimidade para formular pedido de
suspensão de segurança quando prestadoras de serviço público ou no exercício de função
delegada pelo poder público, desde que na defesa do interesse público primário,
correspondente aos interesses da coletividade como um todo.
b) Flagrante ilegitimidade não é requisito para o pedido de suspensão de execução de liminar
nas ações movidas contra o poder público ou seus agentes.
c) Não provoca grave lesão à ordem e à economia públicas eventual decisão liminar que
interfira na gestão, na organização e no custeio de políticas públicas.
d) A interposição de agravo de instrumento contra decisão também objeto de pedido de
suspensão implica a perda do objeto desse incidente processual, devido à ausência de
interesse processual.
e) Não configura grave lesão à ordem pública eventual interferência do Poder Judiciário no
juízo de conveniência e oportunidade do administrador.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata da suspensão de liminar e de sentença (ou suspensão de segurança).
A alternativa A está correta. Em regra, a suspensão de liminar somente pode ser utilizada pela
Fazenda Pública e pelo Ministério Público. Todavia, o STJ admite a legitimidade ativa das
concessionárias de serviços públicos para a realização desse pedido, desde que seja em defesa
do interesse público primário: “A pessoa jurídica de direito privado delegatária de serviço público
somente tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de suspensão de segurança na hipótese
em que estiver atuando na defesa de interesse público primário relacionado com os termos da
própria concessão e prestação do serviço público” (STJ, Corte Especial, AgInt na SLS 3.169, 2023).
A alternativa B está incorreta. Essa assertiva traz uma parte do art. 4º da Lei 8.437/92, que prevê:
“Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso,
suspender, em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder
Público ou seus agentes, a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito
público interessada, em caso de manifesto interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para
evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas”. A partir da leitura desse
artigo, percebe-se que a flagrante ilegitimidade é, sim, um dos requisitos da suspensão de
segurança, razão pela qual a alternativa está incorreta.
A alternativa C está incorreta. O fato de a decisão liminar interferir na gestão, na organização ou no
custeio de políticas públicas é uma circunstância que poderá resultar em grave lesão à ordem e à
economia públicas, razão pela qual se tornará cabível o pedido de suspensão de liminar (STJ, AgInt
na SS 3.246, 2020).
A alternativa D está incorreta. A suspensão de segurança e o agravo de instrumento são institutos
de natureza jurídica diversa, de modo que a utilização de um deles não condiciona e nem prejudica
a utilização do outro (art. 4º, §6º, Lei 8.437/92). Por essa razão, é possível, inclusive, a interposição
concomitante do agravo de instrumento e do pedido de suspensão de segurança.
A alternativa E está incorreta. Na verdade, a intervenção do Judiciário no juízo de conveniência e
oportunidade do Executivo é passível de gerar grave lesão à ordem pública, por subverter a lógica
da separação de Poderes (STJ, AgInt na SS 3.246, 2020).

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108
QUESTÃO 37. No que se refere aos recursos, assinale a opção correta conforme as
disposições do CPC e a jurisprudência do STJ.
a) A majoração de honorários em grau recursal ocorre em caso de provimento total ou parcial
do recurso, ainda que mínima a alteração do resultado do julgamento e limitada a
consectários da condenação.
b) A oposição de embargos de declaração interrompe o prazo para a interposição de agravo
em recurso especial.
c) A aplicação da técnica do julgamento ampliado não deve ser observada no julgamento
não unânime dos embargos de declaração interpostos contra acórdão de apelação unânime,
ainda que surja divergência no julgamento dos embargos capaz de alterar o resultado do
julgado.
d) A preclusão consumativa pela interposição de recurso enseja a inadmissibilidade do
segundo recurso interposto pela mesma parte e contra o mesmo julgado, ainda que a
insurgência posterior seja a adequada para impugnar a decisão e tenha sido interposta antes
de decorrido o prazo recursal.
e) Exige-se o trânsito em julgado para a aplicação do paradigma firmado em sede de recurso
repetitivo ou de repercussão geral, considerado o plano da eficácia das decisões judiciais.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata de regras gerais relativas aos recursos de acordo com o CPC e com a jurisprudência
do STJ.
A alternativa A está incorreta, pois contraria a tese firmada pelo STJ no Tema 1.059: “A majoração
dos honorários de sucumbência prevista no art. 85, §11, do CPC pressupõe que o recurso tenha
sido integralmente desprovido ou não conhecido pelo tribunal, monocraticamente ou pelo órgão
colegiado competente. Não se aplica o art. 85, §11, do CPC em caso de provimento total ou parcial
do recurso, ainda que mínima a alteração do resultado do julgamento ou limitada a consectários da
condenação”.
A alternativa B está incorreta. Na verdade, o STJ tem entendimento consolidado em sentido
contrário, afirmando que: “os embargos de declaração, quando opostos contra decisão de
inadmissibilidade do recurso especial na origem, não interrompem, em regra, o prazo para a
interposição do agravo, único recurso cabível, salvo quando essa decisão for tão genérica que
impossibilite ao recorrente aferir os motivos pelos quais teve seu recurso obstado, inviabilizando-o
totalmente de interpor o agravo” (EAREsp 2.039.129).
Portanto, considerando que, contra a decisão de inadmissão do recurso especial, somente cabe o
agravo interno ou o agravo em recurso especial, o STJ entende que os embargos de declaração
não têm, em regra, o condão de interromper o prazo para tais recursos.
A alternativa C está incorreta. Mesmo que a apelação tenha sido julgada à unanimidade, a técnica
de julgamento ampliado (art. 942, CPC) deve ser aplicada no julgamento não unânime dos
embargos de declaração no caso em que a divergência suscitada puder alterar o resultado inicial
(AREsp 2.214.392, 2023).
A alternativa D está correta. O fato de a parte já ter interposto um recurso contra a decisão é
suficiente para gerar a preclusão consumativa do segundo recurso eventualmente interposto, ainda
que esse segundo recurso seja o adequado para atacar a decisão e seja interposto dentro do prazo
(STJ, REsp 2.075.284, 2023).

41
108
Por exemplo, se a parte impugnar uma decisão por meio de apelação e, ainda dentro do prazo
recursal, perceber que o recurso correto era o agravo de instrumento e protocolá-lo, ambos os
recursos não serão conhecidos (o primeiro não será conhecido por ser inadequado, e o segundo
não será conhecido em razão da preclusão consumativa).
A alternativa E está incorreta. Uma vez exarada uma tese no âmbito da repercussão geral (STF) ou
dos recursos repetitivos (STJ), ela pode ser aplicada de imediato, independentemente do trânsito
em julgado do processo. Assim já decidiu o STJ: “Não é necessário aguardar o trânsito em julgado
para a aplicação do paradigma firmado em sede de recurso repetitivo ou de repercussão geral”
(AgInt no REsp 2.060.149, 2023).

QUESTÃO 38. Assinale a opção correta a respeito da execução, do cumprimento de sentença


e dos precatórios.
a) No cumprimento de sentença em procedimento comum, admite-se a determinação judicial
à fazenda pública da execução invertida.
b) O rol dos débitos de natureza alimentar elencados no texto constitucional não é taxativo,
pois a definição da natureza do débito se vincula à destinação precípua de subsistência do
credor e de sua família.
c) É prescindível a intimação do réu revel na fase de cumprimento de sentença.
d) Na execução de dívida de natureza não alimentar, não se admite a penhora de salário,
ainda que este exceda o montante de 50 salários-mínimos.
e) Na impugnação parcial ao cumprimento de sentença, é direito da parte exequente
prosseguir com os atos executórios sobre a parte incontroversa da dívida, salvo nos atos
constritivos, como a realização de penhora.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do cumprimento de sentença e do regime de precatórios.
A alternativa A está incorreta. A execução invertida consiste em uma modificação do rito tradicional
do CPC, no qual o executado oferta espontaneamente ao exequente o valor que entende ser
devido. A Fazenda Pública pode adotar essa técnica, mas isso não pode ser imposto pelo
magistrado, trata-se de uma faculdade do ente público, que deve ser espontânea (AREsp
2.0140.491, 2023).
A alternativa B está correta. De acordo com o STJ, o rol de débitos alimentares que está exposto
na CF (art. 100, §1º) não é taxativo, mas meramente exemplificativo. Desse modo, outras verbas
podem ser classificadas como alimentares e, assim, ingressar na fila preferencial de pagamento
dos precatórios, desde que seja possível demonstrar que elas são destinadas à subsistência do
credor e de sua família (RMS 72.481, 2023).
A alternativa C está incorreta. O fato de o réu ter sido revel na fase de conhecimento não é motivo
suficiente para que ele não seja intimado na fase de cumprimento de sentença. Essa intimação
pode ser feita por carta com aviso de recebimento, por edital (se ele já tiver sido citado por edital
na fase de conhecimento) ou até mesmo pelo advogado constituído nos autos, se ele possuir um.
Essas regras estão no art. 513, §2º, do CPC.
A alternativa D está incorreta. O CPC autoriza expressamente a penhora de salário para o
pagamento de dívidas não alimentares, desde que o salário exceda o montante de 50 salários-

42
108
mínimos (art. 833, §2º, CPC). Se, por outro lado, a dívida possuir natureza alimentar, a penhora de
salário será possível ainda que este não exceda o valor de 50 salários-mínimos mensais.
A alternativa E está incorreta. Sobre a parte incontroversa da dívida, é perfeitamente possível o
prosseguimento do cumprimento de sentença, que seguirá as regras do cumprimento definitivo (art.
523, caput, CPC), sendo possível, inclusive, o levantamento de eventual depósito realizado pelo
réu a título de parcela incontroversa (art. 526, §1º, CPC).
E, sobre a parte não incontroversa da dívida, também é possível a continuidade da execução com
a prática de atos executivos, inclusive os atos de expropriação. Caso o magistrado entenda ser
adequado, poderá deferir efeito suspensivo à impugnação apresentada pelo executado, mas,
mesmo nessa hipótese, o exequente pode obter o prosseguimento da execução se prestar caução
suficiente e idônea nos próprios autos (art. 525, §§6º, 7º, 8º e 10, CPC).
Logo, percebe-se que não há qualquer vedação abstrata e genérica acerca da realização da
penhora, o que torna a assertiva errada.

QUESTÃO 39. A respeito de aspectos atinentes à ação rescisória, julgue os itens seguintes,
considerando a jurisprudência do STF.
I – Não se admite o manejo de ação rescisória em face de decisão transitada em julgado que
não seja de mérito.
II – Não cabe ação rescisória por violação à norma jurídica se a norma em que tiver se
baseado a decisão rescindenda for de interpretação controvertida no âmbito dos tribunais,
exceto se esse debate a respeito daquela norma for de ordem constitucional.
III – Sobrevindo pronunciamento do STF, sob o regime de repercussão geral, em sentido
contrário a decisão transitada em julgado no âmbito dos juizados especiais da justiça
comum estadual, será admitida a desconstituição dos efeitos da coisa julgada por meio de
simples petição, a ser apresentada em prazo equivalente ao da ação rescisória.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B, pois apenas o item III está certo.
A questão trata da ação rescisória na jurisprudência do STF.
O item I está incorreto. Em regra, a ação rescisória é, sim, destinada exclusivamente às decisões
de mérito. Todavia, o CPC admite a utilização da ação rescisória contra a decisão transitada em
julgado que impeça a nova propositura da demanda ou a admissibilidade do recurso
correspondente, mesmo que não seja de mérito (art. 966, §2º). O STF, no AgRg na AR 2.520,
concordou com a previsão do CPC e afirmou que a ação rescisória contra decisão que não seja de
mérito somente é cabível nessas duas hipóteses específicas.

43
108
O item II está incorreto. O fundamento para considerar essa assertiva errada é a Súmula 343 do
STF: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda
se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais”. Perceba que o
examinador criou uma exceção não prevista na Súmula, tampouco na jurisprudência do STF, pois
o fato de o debate envolver uma norma constitucional não é suficiente para afastar esse
entendimento sobre o não cabimento da ação rescisória.
O item III está correto. Antes de mais nada, é necessário lembrar que não existe a possibilidade de
utilização da ação rescisória no âmbito dos Juizados Especiais (art. 59, Lei 9.099/95). E, de acordo
com o STF, a vedação ao cabimento de ação rescisória nos Juizados Especiais não é motivo
suficiente para impedir a desconstituição de uma sentença que esteja em desconformidade com
um pronunciamento posterior da Corte, de modo que bastará a interposição de uma simples petição
para gerar o mesmo efeito (RE 586.068, 2023).
No mesmo precedente acima citado, o STF afirmou que uma decisão proferida pelo seu Plenário,
tanto em sede de controle difuso quanto de controle concentrado, pode ser utilizada como
fundamento para a alegação de inexigibilidade de um título executivo judicial fundado em aplicação
ou interpretação da lei tida, naquela decisão, como incompatível com a Constituição Federal. Se o
pronunciamento da Corte for anterior ao trânsito em julgado do título executivo judicial, caberá a
impugnação ao cumprimento de sentença para alegar a inexigibilidade; mas, se for posterior,
caberá a ação rescisória (e, no caso dos Juizados, caberá a simples petição, no mesmo prazo da
ação rescisória).

QUESTÃO 40. A respeito da suspensão da eficácia de decisões contrárias ao poder público,


assinale a opção correta, considerando a jurisprudência do STF.
a) O manejo de suspensão de segurança comporta a análise do mérito do processo originário
no qual tenha sido deferida liminar contra a administração pública.
b) Uma vez deferida a suspensão de segurança pelo presidente do STF, é possível estender
seus efeitos a liminares ou sentenças supervenientes cujos objetos sejam idênticos ao do
primeiro comando suspensivo.
c) A formalização de suspensão de segurança pelo poder público está condicionada ao
exaurimento da via recursal.
d) A suspensão de segurança deferida pelo presidente do STF deve vigorar até a publicação
da decisão de mérito na ação principal, independentemente do seu trânsito em julgado.
e) É cabível o deferimento de suspensão de segurança ainda que, para tanto, se exija
cognição ampla de todos os elementos de fato e de direito da causa.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata da suspensão de segurança na jurisprudência do STF.
A alternativa A está incorreta. A análise do pedido de suspensão de segurança deve levar em conta
apenas os seus requisitos de admissibilidade, como a existência de grave lesão à ordem, à saúde,
à segurança e à economia públicas. Não há uma análise de mérito do processo originário, pelo fato
de a suspensão de segurança não ter natureza jurídica de recurso (STF, AgRg na SS 5.305).
A alternativa B está correta. A possibilidade de suspensão de liminares e sentenças supervenientes
que tenham idêntico objeto está expressa no art. 4º, §8º, da Lei 8.437/92: “As liminares cujo objeto

44
108
seja idêntico poderão ser suspensas em uma única decisão, podendo o Presidente do Tribunal
estender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples aditamento do
pedido original”. Isso se aplica também para as suspensões de segurança concedidas pelo
Presidente do STF (AgR na Extensão de STA 800).
A alternativa C está incorreta. A interposição da suspensão de liminar, por parte do legitimado ativo,
não exige o exaurimento da via recursal, sendo certo que o seu processamento independe da
interposição de eventual agravo de instrumento contra a decisão (STF, SL 129). Percebe-se,
portanto, que a suspensão de liminar é autônoma em relação aos recursos previstos na legislação.
A alternativa D está incorreta. A sua redação contraria a Súmula 626 do STF, que estabelece o
seguinte: “A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da
decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da
segurança ou, havendo recurso, até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que
o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente, com o da impetração”. Portanto, o termo
final da vigência da suspensão de segurança não é a publicação da decisão de mérito na ação
principal.
A alternativa E está incorreta. Considerando que a suspensão de segurança não é destinada a
debater o mérito da decisão, ela não pode ser utilizada nas hipóteses em que, para a sua
concessão, exija-se a cognição ampla de todos os elementos de fato e de direito da causa (STF,
AgRg na SS 4.126). Nesses casos, o legitimado ativo deve fazer uso dos recursos previstos na
legislação processual para combater o mérito da decisão.

QUESTÃO 41. De acordo com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA) nº 1/1986, dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental (EIA) e
respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA) o licenciamento de atividade modificadora
do meio ambiente que envolva:
a) extração de combustíveis fósseis, a exemplo de petróleo, carvão e xisto.
b) construção de estradas de rodagem com uma faixa de rolamento.
c) construção de usina de geração de eletricidade, apenas nos casos em que a fonte de
energia seja secundária.
d) exploração de madeira ou de lenha, seja para uso pessoal, seja para fins econômicos.
e) utilização de carvão vegetal em quantidade superior a cinco toneladas por dia.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda sobre a necessidade de elaboração de estudo de impacto ambiental (EIA) e
respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA) o licenciamento de atividade modificadora do meio
ambiente com a exploração de determinadas atividades.
Ainda, a questão requereu conhecimento acerca do artigo 2º da Resolução do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) nº 1/1986 e seus incisos.
A alternativa A está correta. A alternativa é a literalidade do art. 2º, VIII, Resolução 01/86 do
CONAMA.
Para que seja realizada a atividade de extração de combustível fóssil sendo estes o petróleo , xisto
e o carvão, Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de

45
108
impacto ambiental - RIMA. Vejamos: "Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão
estadual competente, e da Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA157 em caráter supletivo,
o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente, tais como: (...)VIII - Extração de
combustível fóssil (petróleo , xisto, carvão);".
A alternativa B está incorreta. O que torna essa alternativa incorreta é a parte final, pois para as
estradas de rodagem devem contar com duas ou mais faixas de rolamento, nos termos do art. 1º, I
da Resolução 01/86 do CONAMA.
A alternativa C está incorreta. A fonte pode ser primária, desde que superior a 10 MW, conforme
determina o art.2º,XI.
A alternativa D está incorreta. Quando se tratar de exploração de madeira ou de lenha, seja para
uso pessoal, não se faz necessário o EIA-RIMA.
A alternativa E está incorreta. A quantidade correta é de dez toneladas e não de cinco tonelada,
conforme assim determina o art. 2º, XVI, da Resolução 01/86 do CONAMA: "Qualquer atividade
que utilizar carvão vegetal, derivados ou produtos similares,em quantidade superior a dez toneladas
por dia. (nova redação dada pela Resolução n° 11/86)

QUESTÃO 42. Conforme disposto na Lei nº 9.985/2000, no Sistema Nacional de Unidades de


Conservação da Natureza (SNUC), a manutenção dos ecossistemas livres de alterações
causadas por interferência humana, em que se admite apenas o uso indireto dos seus
atributos naturais, é denominada:
a) proteção integral;
b) preservação;
c) conservação in situ;
d) conservação da natureza;
e) uso sustentável.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A Lei n. 9.985/2000 regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal e
o

institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza.


A alternativa A está correta, pois a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas
por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais constitui
proteção integral prevista na Lei. Vejamos: "Art. 2o Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...) VI - proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por
interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais;"
A alternativa B está incorreta, pois a conforme art. 2 , V, Lei n. 9.985/2000, a preservação consiste
o o

no conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das
espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a
simplificação dos sistemas naturais.
A alternativa C está incorreta, pois conforme art. 2 , VII, Lei n. 9.985/2000, a conservação in situ é
o o

a conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações

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108
viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas,
nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características.
A alternativa D está incorreta, pois conforme art. 2 , II, Lei n. 9.985/2000, pois a. conservação da
o o

natureza consiste no manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a


manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que
possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu
potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a
sobrevivência dos seres vivos em geral,
A alternativa E está incorreta, pois conforme art. 2 , XI, da Lei n. 9.985/2000, o uso sustentável é
o o

exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e


dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma
socialmente justa e economicamente viável;
Nesse sentido, as alternativas B, C, D e E estão incorretas.

QUESTÃO 43. De acordo com a Lei Complementar Estadual n° 272/2004, que dispõe sobre a
Política do Meio Ambiente no estado do Rio Grande do Norte, assinale a opção em que é
apresentado corretamente o órgão central do Sistema Estadual do Meio Ambiente (SISEMA).
a) Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONEMA).
b) Instituto de Defesa do Meio Ambiente (IDEMA).
c) Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza (SEUC).
d) Fundo Estadual de Preservação do Meio Ambiente (FEPEMA).
e) Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH).
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata do tema Política do Meio Ambiente no estado do Rio Grande do Norte.
A alternativa A está incorreta. O CONEMA é órgão superior. De acordo com art. 6º, I, da Lei
Complementar Estadual nº 272/2004: “Art. 6º Os Órgãos e as Entidades da Administração Pública
do Estado e dos Municípios que, de alguma forma, atuam na proteção e na melhoria da qualidade
ambiental, constituem o Sistema Estadual do Meio Ambiente (SISEMA), assim discriminados: I -
órgão superior: Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONEMA), de natureza consultiva,
normativa, deliberativa e recursal, com função de assessoramento ao Governador do Estado na
formulação da Política Estadual do Meio Ambiente;”
A alternativa B está incorreta. O IDEMA é entidade executora. De acordo com art. 6º, III, da Lei
Complementar Estadual nº 272/2004: “Art. 6º Os Órgãos e as Entidades da Administração Pública
do Estado e dos Municípios que, de alguma forma, atuam na proteção e na melhoria da qualidade
ambiental, constituem o Sistema Estadual do Meio Ambiente (SISEMA), assim discriminados: III -
entidade executora: Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do
Norte (IDEMA), autarquia vinculada à Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças
(SEPLAN), com atribuições de executar, coordenar e supervisionar a Política Estadual do Meio
Ambiente;”
A alternativa C está incorreta. O SEUC é instrumento da política estadual do meio ambiente. De
acordo com art. 11, VI, da Lei Complementar Estadual nº 272/2004: “Art. 11. São Instrumentos da

47
108
Política Estadual do Meio Ambiente: VI - o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da
Natureza (SEUC);”
A alternativa D está incorreta. O FEPEMA é um fundo de recursos, e não um órgão. De acordo com
art. 7º, IV, da Lei Complementar Estadual nº 272/2004: “Art. 7º Compete ao Conselho Estadual do
Meio Ambiente (CONEMA): IV - estabelecer diretrizes e critérios para a utilização dos recursos do
Fundo Estadual de Preservação do Meio Ambiente (FEPEMA), além de fiscalizar a correta
aplicação de tais recursos;”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 6º, II, da Lei Complementar Estadual nº 272/2004:
“Art. 6º Os Órgãos e as Entidades da Administração Pública do Estado e dos Municípios que, de
alguma forma, atuam na proteção e na melhoria da qualidade ambiental, constituem o Sistema
Estadual do Meio Ambiente (SISEMA), assim discriminados: II - Órgão Central: Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos - SEMARH, órgão integrante de Administração
Direta, com a finalidade de planejar, elaborar e avaliar a Política Estadual de Meio Ambiente;”

QUESTÃO 44. Segundo a Lei Estadual n° 6.908/1996, são instrumentos da Política Estadual
de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte:
I - Plano Estadual de Recursos Hídricos;
II - outorga do direito de uso dos recursos hídricos e licenciamento de obras hídricas;
III - cobrança pelo uso da água;
IV - planejamento, desenvolvimento e gestão da utilização dos recursos hídricos.
Estão certos apenas os itens
a) I e III.
b) I e IV.
c) II e IV.
d) I, II e III.
e) II, III e IV.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio Grande do Norte.
O Item I está correto. De fato, se trata de um instrumento da PERH. De acordo com art. 4º, I, da Lei
Estadual n° 6.908/1996: “Art. 4º. São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos: I – o
Plano Estadual de Recursos Hídricos;”
O Item II está correto. De fato, se trata de um instrumento da PERH. De acordo com art. 4º, III, da
Lei Estadual n° 6.908/1996: “Art. 4º. São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos:
III – a outorga do direito de uso dos recursos hídricos e o licenciamento de obras hídricas;”
O Item III está correto. De fato, se trata de um instrumento da PERH. De acordo com art. 4º, IV, da
Lei Estadual n° 6.908/1996: “Art. 4º. São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos:
IV – a cobrança pelo uso da água.”
O item IV está incorreto. Na verdade, “planejamento, desenvolvimento e gestão da utilização dos
recursos hídricos” é princípio – e não instrumento – da PERH. De acordo com art. 2º, IV, da Lei

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Estadual n° 6.908/1996: “Art. 2º. A Política Estadual de Recursos Hídricos atenderá aos seguintes
princípios: IV – o planejamento, o desenvolvimento e a gestão da utilização dos recursos hídricos
do Estado do Rio Grande do Norte serão sempre concordantes com o desenvolvimento sustentável;
Logo, a alternativa correta é a letra D. Automaticamente, as alternativas A, B, C e E ficam incorretas.

QUESTÃO 45. Julgue os itens seguintes, à luz da Lei Estadual n° 8.485/2004, no que se refere
à Política Estadual de Saneamento Básico do Estado do Rio Grande do Norte.
I - O Plano Estadual de Saneamento Básico será aprovado por lei, devendo ser revisto e
atualizado a cada 5 anos.
II - O Plano Estadual de Saneamento Básico será elaborado exclusivamente pela Companhia
de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), que, no prazo de 30 dias, deverá
submetê-lo à aprovação da Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos (SERHID).
III - A Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte compõe a estrutura
organizacional do Sistema Integrado de Gestão do Saneamento Básico.
IV - No Sistema Integrado de Gestão do Saneamento Básico, a CAERN atuará como entidade
executora imediata e a SERHID, como órgão supervisor.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e IV estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema Política Estadual de Saneamento Básico do Estado do Rio Grande do
Norte.
O item I está incorreto. De acordo com art. 5º da Lei Estadual n° 8.485/2004: “Art. 5º O Plano
Estadual de Saneamento Básico será aprovado por lei, revisto e atualizado a cada 04 (quatro)
anos.”
O item II está incorreto. De acordo com art. 4º, caput, da Lei Estadual n° 8.485/2004: “Art. 4º O
Plano Estadual de Saneamento Básico será elaborado e atualizado pela Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN) e pela Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos
(SERHID), com observância dos princípios norteadores da Política Estadual de Saneamento Básico
e indicação das fontes de custeio e mecanismos institucionais suficientes à sua implementação,
especialmente, voltada para:”
O item III está correto. De acordo com art. 13, IV, da Lei Estadual n° 8.485/2004: “Art. 13. Para
condução da Política Estadual de Saneamento Básico, fica instituído o Sistema Integrado de Gestão
do Saneamento Básico, com a seguinte estrutura organizacional: IV – Assembleia Legislativa;”
O item IV está correto. De acordo com art. 13, II, da Lei Estadual n° 8.485/2004: “Art. 13. Para
condução da Política Estadual de Saneamento Básico, fica instituído o Sistema Integrado de Gestão

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108
do Saneamento Básico, com a seguinte estrutura organizacional: II – a Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), como entidade executora imediata, competindo-lhe
realizar os atos operacionais imprescindíveis aos estudos, projetos, implantações, ampliações,
melhorias, operação e manutenção dos sistemas de abastecimento de água e esgotamento
sanitário, bem como à gestão autossustentável dos respectivos serviços públicos, na forma desta
Lei e das Concessões Municipais, aplicando-os, no que couber, ao reuso de águas;”
Logo, a alternativa correta é a letra D. Automaticamente, as alternativas A, B, C e E ficam incorretas.

QUESTÃO 46. Segundo a Lei nº 11.284/2006, que dispõe sobre a gestão de florestas públicas
para a produção sustentável, a concessão florestal:
a) ocorrerá por delegação gratuita ou onerosa.
b) exige licitação e deverá ser feita necessariamente por meio de consórcio público.
c) exclui a prática de exploração de produtos em unidade de manejo.
d) é permitida para a prática de atividade de restauração florestal.
e) poderá ser concedida a pessoa física ou jurídica.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata da concessão florestal, estabelecida na Lei 11.284/06.
Toda a questão pode ser respondida apenas por meio da literalidade do art. 3º, VII, da Lei
11.284/06, que estabelece o seguinte: “concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder
concedente, do direito de praticar atividades de manejo florestal sustentável, de restauração
florestal e de exploração de produtos e serviços em unidade de manejo, conforme especificado no
objeto do contrato de concessão, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que
atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”.
A alternativa A está incorreta. Como visto acima, a concessão florestal é feita por meio de uma
delegação onerosa. Não há previsão de delegação gratuita.
A alternativa B está incorreta. Não há a exigência de que a concessão seja feita por meio de
consórcio público, pois o dispositivo estabelece “em consórcio ou não”.
A alternativa C está incorreta. É perfeitamente possível que a concessão seja estabelecida para a
atividade de exploração de produtos em unidade de manejo, como se vê do dispositivo acima.
A alternativa D está correta, pois, de fato, a restauração florestal é uma das atividades que podem
ser praticadas por meio da concessão florestal.
A alternativa E está incorreta. A concessão florestal somente pode ser realizada para uma pessoa
jurídica, de modo que as pessoas físicas estão impedidas de recebê-la.

QUESTÃO 47. Conforme dispõe a Lei nº. 12.651/2012 (Código Florestal), a caracterização de
área urbana consolidada depende necessariamente da implantação de
a) abastecimento de água potável.
b) sistema viário.

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c) sistema de distribuição de iluminação pública.
d) drenagem de águas pluviais.
e) esgotamento sanitário.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata do tema de sistema viário.
Pela nova norma instituída de acordo com a Lei nº. 14.285/2021, área urbana consolidada deve
estar incluída no perímetro urbano ou em zona urbana pelo plano diretor ou por lei municipal
específica; dispor de sistema viário implantado; estar organizada em quadras e lotes
predominantemente edificados; e apresentar uso predominantemente urbano, caracterizado pela
existência de edificações residenciais, comerciais, industriais, institucionais, mistas ou direcionadas
à prestação de serviços.
Conforme literalidade do art. 3, XXVI, “b” do Código Florestal, XXVI, a área urbana consolidada
atende os seguintes critérios: “dispor de sistema viário implantado”.
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, C, D e E não se adequam ao instrumento previsto
para a situação, razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 48. De acordo com o Decreto nº 6.040/2007, que dispõe sobre a Política Nacional
de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, são
características necessárias para que um grupo seja classificado como povo/comunidade
tradicional.
I. forma própria de organização social;
II. existência de linguagem ou comunicação própria;
III. autorreconhecimento como grupo culturalmente diferenciado;
IV. validação pelo poder público da condição de grupo culturalmente diferenciado, por meio
da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades
Tradicionais (CNPCT);
V ocupação de território e uso de recursos naturais como condição para sua produção
cultural, social, religiosa e ancestral, apenas.:
a) apenas os itens I e III estão certos;
b) apenas os itens II e V estão certos;
c) apenas os itens I, II, IV estão certos;
d) apenas os itens III, IV, V estão certos;
e) todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão cobra o conhecimento da literalidade do disposto no referido Decreto.
De acordo com o Decreto os Povos e Comunidades Tradicionais consistem em grupos
culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de
organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua

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108
reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações
e práticas gerados e transmitidos pela tradição.
Portanto, apenas os itens I e II estão corretos, vejamos: "Art. 3o Para os fins deste Decreto e do
seu Anexo compreende-se por: I - Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente
diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social,
que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural,
social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e
transmitidos pela tradição; II - Territórios Tradicionais: os espaços necessários a reprodução
cultural, social e econômica dos povos e comunidades tradicionais, sejam eles utilizados de forma
permanente ou temporária, observado, no que diz respeito aos povos indígenas e quilombolas,
respectivamente, o que dispõem os arts. 231 da Constituição e 68 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias e demais regulamentações; e III - Desenvolvimento Sustentável: o uso
equilibrado dos recursos naturais, voltado para a melhoria da qualidade de vida da presente
geração, garantindo as mesmas possibilidades para as gerações futuras."
Os itens III, IV e V estão incorretos por falta de previsão legal.
Nesse sentido, as alternativas B, C, D e E estão incorretas.

QUESTÃO 49. No que diz respeito à conduta de matar, perseguir, caçar. apanhar, utilizar
espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença
ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida, caracterizada pela
Lei nº 9.605/1998 como crime ambiental contra a fauna, julgue os itens seguintes.
I. Caso o agente empregue método ou instrumento capaz de provocar destruição em massa
dos espécimes, a pena aplicada ao crime descrito será aumentada até o triplo.
II. A conduta criminosa descrita não se aplica aos atos de pesca.
III. A pena aplicada ao crime é aumentada de metade se o crime decorrer do exercício de
caça profissional.
IV. No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de
extinção, o juiz, considerando as circunstâncias da prática do crime, poderá deixar de aplicar
a pena.
Estão certos apenas os itens
a) I e III
b) I e IV
c) II e IV
d) I, II e III
e) II, III e IV.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema crimes ambientais.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.

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A alternativa C está correta. Os itens apresentados se referem ao artigo 29 da Lei nº 9.605/1998,
que tipifica a conduta de “Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre,
nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade
competente, ou em desacordo com a obtida.”
O item I está incorreto, uma vez que o artigo artigo 29, §4º, VI, da Lei nº 9.605/1998, estabelece
que a pena será aumentada de metade se o crime é praticado: “VI - com emprego de métodos ou
instrumentos capazes de provocar destruição em massa.”
O item II está correto em razão do artigo 29, §6º da Lei nº 9.605/1998 que prevê: “§ 6º As
disposições deste artigo não se aplicam aos atos de pesca.”.
O item III está errado, pois o aumento é até o triplo, nos termos do artigo 29, §5º da Lei nº
9.605/1998: “§ 5º A pena é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça
profissional.”.
Por fim, o item IV se coaduna com o §2º do artigo 29 da Lei nº 9.605/1998: “No caso de guarda
doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando
as circunstâncias, deixar de aplicar a pena.”
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.

QUESTÃO 50. De acordo com a Lei Complementar nº 140/2011, no que se refere à


competência comum entre a União, estados, o Distrito Federal e municípios para o exercício
de ações administrativas relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, do meio
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas,
desde que o ente destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado e de
conselho de meio ambiente, o ente federativo poderá delegar a execução dessas ações
administrativas a ele atribuídas mediante
a) termo de fomento.
b) convênio.
c) termo de colaboração.
d) termo de cooperação técnica.
e) acordo de cooperação.
Comentários
A alternativa correta é a letra B, pois, conforme literalidade do art. 5º da LC 140/2011, quando o
ente delegado disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas, o
instrumento previsto é o convênio: “O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a
execução de ações administrativas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente
destinatário da delegação disponha de órgão ambiental capacitado a executar as ações
administrativas a serem delegadas e de conselho de meio ambiente.”
A questão aborda o tema dos instrumentos de cooperação institucional.
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, C, D e E não se adequam ao instrumento previsto
para a situação, razão pela qual estão incorretas.

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QUESTÃO 51. No que se refere à proteção do trabalho da mulher e a convenções e acordos
coletivos de trabalho, julgue os itens seguintes, à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal (STF).
I. É constitucional a instituição, por acordo coletivo ou convenção coletiva, de contribuições
assistenciais a serem impostas a todos os empregados da categoria, ainda que não
sindicalizados, desde que assegurado o direito de oposição.
II. É inconstitucional, por violação do princípio da igualdade, o dispositivo da Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT) que previa exclusivamente as trabalhadoras mulheres a
obrigatoriedade de intervalo de 15 minutos antes do início de jornada extraordinária de
trabalho.
III. São constitucionais as convenções e os acordos coletivos que, ao considerarem a
adequação setorial negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas,
independentemente da explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que
respeitados os direitos absolutamente indisponíveis.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema trabalho da mulher.
O Item I está correto. De acordo com Tema 935 de repercussão geral do STF: “É constitucional a
instituição, por acordo ou convenção coletivos, de contribuições assistenciais a serem impostas a
todos os empregados da categoria, ainda que não sindicalizados, desde que assegurado o direito
de oposição”.
O Item II está incorreto. De acordo com Tema 528 de repercussão geral do STF: “O art. 384 da
CLT, em relação ao período anterior à edição da Lei n. 13.467/2017, foi recepcionado pela
Constituição Federal de 1988, aplicando-se a todas as mulheres trabalhadoras.”
Veja o que determina o artigo revogado: “Art. 384, CLT. Art. 384 - Em caso de prorrogação do
horário normal, será obrigatório um descanso de 15 (quinze) minutos no mínimo, antes do início do
período extraordinário do trabalho. (Revogado pela Lei nº 13.467, de 2017)”
O Item III está correto. De acordo com Tema 1046 de repercussão geral do STF: “São
constitucionais os acordos e as convenções coletivos que, ao considerarem a adequação setorial
negociada, pactuam limitações ou afastamentos de direitos trabalhistas, independentemente da
explicitação especificada de vantagens compensatórias, desde que respeitados os direitos
absolutamente indisponíveis.”
Portanto, a alternativa C está correta. Automaticamente, as alternativas A, B, D e E ficam incorretas.

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108
QUESTÃO 52. A respeito das características e alterações do contrato individual trabalho, da
responsabilidade solidária do grupo econômico, das atividades insalubres ou perigosas e
das convenções e acordos coletivos de trabalho, assinale a opção correta.
a) A empresa que estiver sob a direção de uma ou mais empresas será responsável
subsidiariamente pelas obrigações decorrentes das relações de emprego estabelecidas
entre empregado e empregador dessas empresas, por aplicação da teoria do empregador
único.
b) Considera-se atividade ou operação perigosa aquela que, por sua natureza ou método de
trabalho, implique risco acentuado em virtude de exposição eventual ou permanente do
trabalhador de qualquer atividade profissional a colisões, atropelamentos ou outras
espécies de acidentes ou violências.
c) A supressão ou redução de direitos relativos ao valor nominal do décimo terceiro salário,
à remuneração do trabalho noturno superior à do diurno e ao repouso semanal remunerado
constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho.
d) É considerado intermitente o contrato de trabalho no qual se estabelece a execução do
trabalho com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade e inexiste
relação de subordinação entre empregado e empregador, sendo esse tipo de contrato
inaplicável a aeronautas e empregados domésticos.
e) A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho pode decorrer tacitamente da
relação individual de trabalho, sendo juridicamente possível a realização de alteração entre
regime presencial e de teletrabalho independentemente de aditivo contratual, respeitado o
prazo mínimo de transição de 30 dias entre um e outro regime.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema contrato individual de trabalho.
A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 2º, § 2º, da CLT: “§ 2º Sempre que uma ou mais
empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção,
controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia,
integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da
relação de emprego.”
A alternativa B está incorreta. De acordo com art. 193, III, da CLT: “Art. 193. São consideradas
atividades ou operações perigosas, na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco
acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a: III – colisões, atropelamentos ou
outras espécies de acidentes ou violências nas atividades profissionais dos agentes das
autoridades de trânsito.”
A alternativa C está correta. De acordo com art. 611-B, incisos V, VI e IX, da CLT: “Art. 611-B, CLT.
Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho, exclusivamente,
a supressão ou a redução dos seguintes direitos: (...) V - valor nominal do décimo terceiro salário;
VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; (...) IX - repouso semanal remunerado;”
A alternativa D está incorreta. De acordo com art. 443, § 3º, da CLT: “§ 3º Considera-se como
intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é
contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade,

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108
determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e
do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 75-C, caput e §§ 1º e 2º, da CLT: “Art. 75-C. A
prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do instrumento
de contrato individual de trabalho. § 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e
de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual. § 2º
Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do
empregador, garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em
aditivo contratual.”

QUESTÃO 53. De acordo com o entendimento jurisprudencial do Tribunal Superior do


Trabalho (TST), a majoração do valor do repouso semanal remunerado decorrente da
integração das horas extras habituais prestadas a partir de 20/3/2023
a) apenas não repercute no cálculo das férias e do aviso prévio, sob pena de caracterização
de bis in idem.
b) repercute no cálculo, efetuado pelo empregador, das demais parcelas que tenham como
base de cálculo o salário, não se cogitando de bis in idem por sua incidência no cálculo das
férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS.
c) não repercute no cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS,
sob pena de caracterização de bis in idem.
d) repercute no cálculo, efetuado pelo empregador, das demais parcelas cuja base de cálculo
seja o salário, inclusive as gorjetas, não se cogitando de bis in idem apenas no caso de
incidência no cálculo das férias e da gratificação natalina.
e) apenas não repercute no cálculo das férias e da gratificação natalina, sob pena de
caracterização de bis in idem
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do tema remuneração.
De acordo com a nova redação da OJ 394 da SDI-I do TST: “REPOUSO SEMANAL
REMUNERADO. INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS. REPERCUSSÃO NO CÁLCULO DAS
FÉRIAS, DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO, AVISO PRÉVIO E DEPÓSITOS DO FGTS. I. A
majoração do valor do repouso semanal remunerado decorrente da integração das horas extras
habituais deve repercutir no cálculo, efetuado pelo empregador, das demais parcelas que têm como
base de cálculo o salário, não se cogitando de bis in idem por sua incidência no cálculo das férias,
da gratificação natalina, do aviso prévio e do FGTS. II. O item I será aplicado às horas extras
trabalhadas a partir de 20.03.2023.”
Portanto, a B está correta, posto que traz exatamente o texto da referida Súmula. As alternativas A,
C, D e E ficam, pois, automaticamente incorretas.

QUESTÃO 54. A respeito do abono de férias e do pagamento das férias fora do prazo previsto
na legislação trabalhista, julgue os itens seguintes, à luz do entendimento do STF e dos
dispositivos da CLT.

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I - É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional,
quando, ainda que gozadas em época própria, o empregador tenha descumprido o prazo do
pagamento das férias do empregado.
II - A CLT prevê a cominação de multa pelo não pagamento das ferias e, se for o caso, do
abono de férias no prazo de até 2 dias antes do início do respectivo período.
III - O abono de férias deverá ser requerido até 15 dias antes do término do período aquisitivo.
Assinale a opção correta
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema férias.
O Item I está incorreto. Sobre o pagamento em dobro das férias, o art. 137 da CLT assim dispõe:
“Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o
empregador pagará em dobro a respectiva remuneração”.
Em 2014, o TST sumulou o seguinte entendimento acerca do art. 137: “Súmula 450 TST - É devido
o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art.
137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o
prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal.”
Ocorre que, em 2022, no julgamento da ADPF 501, o STF anulou a mencionada súmula do TST:
“Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente a arguição de descumprimento de preceito
fundamental para: (a) declarar a inconstitucionalidade da Súmula 450 do Tribunal Superior do
Trabalho; e (b) invalidar decisões judiciais não transitadas em julgado que, amparadas no texto
sumular, tenham aplicado a sanção de pagamento em dobro com base no art. 137 da CLT. (...)”
O Item II está correto. De acordo com art. 153 da CLT: “As infrações ao disposto neste Capítulo
serão punidas com multas de valor igual a 160 BTN por empregado em situação irregular.”
O Item III está correto. De acordo com art. 143, § 1º, da CLT: “O abono de férias deverá ser
requerido até 15 (quinze) dias antes do término do período aquisitivo.”
Portanto, a alternativa D está correta. Automaticamente, as alternativas A, B, C e E ficam incorretas.

QUESTÃO 55. Carolina, logo após ter sido dispensada sem justa causa, ajuizou ação
trabalhista, pleiteando pagamento de adicional de horas extras e terço de férias não pagos
durante a relação de emprego. Na data da audiência, Carolina não compareceu, e o processo
foi arquivado pelo juízo. Após um ano, Carolina ajuizou nova reclamação, reproduzindo os
pedidos anteriores, com inclusão de pleito de pagamento de adicional noturno.
Considerando essa situação hipotética, julgue os itens seguintes, com base na legislação
processual trabalhista e no entendimento jurisprudencial consolidado do STF e do TST.

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I - O ajuizamento da primeira reclamação não acarretou a interrupção da prescrição em
relação aos pedidos nela formulados, haja vista o arquivamento dessa reclamação.
II - O ajuizamento da primeira reclamação não acarretou interrupção da prescrição em
relação ao pedido de pagamento de adicional noturno, uma vez que tal pedido não constava
da primeira ação ajuizada.
III - Caso não seja beneficiária da justiça gratuita, Carolina será condenada ao pagamento
das custas processuais pelo arquivamento da reclamação trabalhista, exceto se comprovar,
no prazo de trinta dias, que seu não comparecimento à audiência ocorreu por motivo
legalmente justificável.
IV - Caso seja beneficiária da justiça gratuita, Carolina não será condenada ao pagamento
das custas processuais pelo arquivamento da reclamação trabalhista, visto que tal exigência
legal é inconstitucional por vulnerar o livre acesso a jurisdição.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I esta certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
d) Apenas os itens II, III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do tema reclamação trabalhista.
O Item I está incorreto. De acordo com Súmula 268 do TST: “PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO.
AÇÃO TRABALHISTA ARQUIVADA (nova redação) - A ação trabalhista, ainda que arquivada,
interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos.”
A contrario sensu, utilizando por base o mesmo entendimento sumular acima, o Item II está correto.
O Item III está incorreto. De acordo com art. 844, § 2º, da CLT, o prazo é de 15 dias. Vejamos: “2º
Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das custas calculadas
na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da justiça gratuita, salvo se
comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência ocorreu por motivo legalmente justificável.”
Utilizando por base o mesmo dispositivo legal, o Item IV também está incorreto.
Portanto, a alternativa correta é a letra B. As alternativas A, C, D e E ficam automaticamente
incorretas.

QUESTÃO 56. Acerca de temas afetos ao direito processual do trabalho, julgue os itens a
seguir.
I - É admissível a obtenção de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento
dirigido ao tribunal, ao relator ou ao presidente ou vice-presidente do tribunal recorrido, por
aplicação subsidiária ao processo do trabalho de norma do Código de Processo Civil.
II - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de
segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória.

58
108
III - No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da sentença,
cabe mandado de segurança diante da inexistência de recurso próprio.
IV - A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via do
mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e IV estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata do tema recursos em processo do trabalho.
O Item I está correto. De acordo com Súmula 414, I, do TST: “MANDADO DE SEGURANÇA.
TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em decorrência
do CPC de 2015): I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via
do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção
de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do
trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.”
O Item II está correto. De acordo com Súmula 414, III, do TST: “MANDADO DE SEGURANÇA.
TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em decorrência
do CPC de 2015): III – A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do
mandado de segurança que impugnava a concessão ou o indeferimento da tutela provisória.”
O Item III está correto. De acordo com Súmula 414, II, do TST: “MANDADO DE SEGURANÇA.
TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em decorrência
do CPC de 2015): II – No caso de a tutela provisória haver sido concedida ou indeferida antes da
sentença, cabe mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio.”
O Item IV está correto. De acordo com Súmula 414, I, do TST: “MANDADO DE SEGURANÇA.
TUTELA PROVISÓRIA CONCEDIDA ANTES OU NA SENTENÇA (nova redação em decorrência
do CPC de 2015): I – A tutela provisória concedida na sentença não comporta impugnação pela via
do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. É admissível a obtenção
de efeito suspensivo ao recurso ordinário mediante requerimento dirigido ao tribunal, ao relator ou
ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, por aplicação subsidiária ao processo do
trabalho do artigo 1.029, § 5º, do CPC de 2015.”
Portanto, a alternativa correta é a letra E. As alternativas A, B, C e D ficam automaticamente
incorretas.

QUESTÃO 57. Constitui privilégio da fazenda pública estadual, nos processos perante a
justiça do trabalho,

59
108
I - a presunção absoluta de validade dos recibos de quitação ou pedidos de demissão de
seus empregados, desde que homologados ou submetidos à assistência sindical.
II - o prazo em dobro para recurso.
III - a dispensa de depósito para interposição de recurso.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema prerrogativas da fazenda pública na justiça do trabalho.
O Item I está incorreto. De acordo com art. 1º, I, do DL 779/69: “Art. 1º Nos processos perante a
Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que
não explorem atividade econômica: I - a presunção relativa de validade dos recibos de quitação ou
pedidos de demissão de seus empregados ainda que não homologados nem submetidos à
assistência mencionada nos parágrafos 1º, 2º e 3º do artigo 477 da Consolidação das Leis do
Trabalho;”
O Item II está correto. De acordo com art. 1º, III, do DL 779/69: “Art. 1º Nos processos perante a
Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que
não explorem atividade econômica: III - o prazo em dobro para recurso;”
O Item III está correto. De acordo com art. 1º, IV, do DL 779/69: “Art. 1º Nos processos perante a
Justiça do Trabalho, constituem privilégio da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das autarquias ou fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que
não explorem atividade econômica: IV - a dispensa de depósito para interposição de recurso;”
Portanto, a alternativa correta é a letra D. As alternativas A, B, C e E ficam automaticamente
incorretas.

QUESTÃO 58. Leila empregada da Universidade Beta, ajuizou reclamação trabalhista


requerendo decisão liminar para redução de sua jornada e, ao final, pagamento de horas
extras e de seus reflexos salarias sob o fundamento de que, embora cumprisse jornada de 8
horas diárias e 44 horas semanais, exercia na empresa funções típicas de jornalista, cuja
carga horária legal diária não deve exceder 5 horas. O juízo de primeira instância negou o
pedido liminar, sob o fundamento de que o ramo de atividade da empregadora não se
enquadra no setor econômico do jornalismo.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta no que se refere ao regime
recursal trabalhista.

60
108
a) Leila não poderá interpor recurso da decisão interlocutória, porque, na justiça do trabalho,
decisões dessa espécie somente ensejam recurso imediato em caso de decisão contraria a
entendimento sumulado do TST, o que não é o caso.
b) Leila não poderá interpor recurso da decisão interlocutória, porque, na justiça do trabalho,
decisões dessa espécie somente ensejam recurso imediato se o juiz acolher exceção de
competência territorial, com a remessa dos autos para tribunal regional distinto daquele a
que se vincula o juízo excepcionado.
c) Leila não poderá interpor recurso imediato da decisão interlocutória, porque, apesar de
ter sido contrária à orientação jurisprudencial do TST, a decisão não foi proferida em
segunda instância.
d) Leila poderá interpor recurso imediato da decisão interlocutória ao tribunal regional do
trabalho competente, desde que a decisão tenha sido comprovadamente contrária ao
entendimento majoritário do tribunal onde tramita a reclamação
e) Leila poderá interpor recurso imediato da decisão interlocutória ao tribunal regional do
trabalho competente, porque a decisão contraria orientação jurisprudencial do TST.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata do tema recursos em processo do trabalho.
De acordo com Súmula 214 do TST: “DECISÃO INTERLOCUTÓRIA. IRRECORRIBILIDADE (nova
redação): Na Justiça do Trabalho, nos termos do art. 893, § 1º, da CLT, as decisões interlocutórias
não ensejam recurso imediato, salvo nas hipóteses de decisão: a) de Tribunal Regional do Trabalho
contrária à Súmula ou Orientação Jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho; b) suscetível
de impugnação mediante recurso para o mesmo Tribunal; c) que acolhe exceção de incompetência
territorial, com a remessa dos autos para Tribunal Regional distinto daquele a que se vincula o juízo
excepcionado, consoante o disposto no art. 799, § 2º, da CLT.”
Ademais, veja o que determina a OJ 407 do TST-SDI-1: “O jornalista que exerce funções típicas de
sua profissão, independentemente do ramo de atividade do empregador, tem direito à jornada
reduzida prevista no art. 303 da CLT.”
A título de esclarecimento, o art. 303 da CLT, mencionado pela OJ 407, determina que a jornada
será de, no máximo, 5 horas. A seguir: “Art. 303 - A duração normal do trabalho dos empregados
compreendidos nesta Seção não deverá exceder de 5 (cinco) horas, tanto de dia como à noite.”
Na situação narrada pelo enunciado, de fato, houve desobediência à OJ 407 do TST. No entanto,
como se trata de uma decisão de primeira instância, o caso não se enquadra nas exceções trazidas
pela Súmula 214 do TST.
Logo, segue-se a regra geral e não há recurso imediato da decisão interlocutória proposta por Leila.
Portanto, a alternativa correta é a letra C.
As alternativas A e B estão incorretas, pois além destas, há também outras situações em que as
decisões interlocutórias ensejam recurso imediato, conforme Súmula 214 do TST, acima transcrita.
As alternativas D e E estão incorretas, pois falam ser possível interpor recurso imediato da decisão
interlocutória no caso narrado.

61
108
QUESTÃO 59. O recurso de revista possibilita ao TST exercer seu papel de uniformizar a
jurisprudência nacional no âmbito trabalhista, bem como de restabelecer a norma nacional
violada. Tal via recursal não se presta a reapreciar o conjunto fático-probatório, uma vez que
a análise de fatos e provas se exaure em sede ordinária.
Acerca do recurso de revista, assinale a opção correta.
a) Não cabe recurso de revista de decisão que tenha sido proferida em grau de recurso
ordinário, em dissídio individual, por tribunal regional do trabalho (TRT) e que dê
interpretação divergente de outro TRT, em seu pleno ou turma, a regulamento empresarial
de observância obrigatória em área territorial que exceda a jurisdição do tribunal regional
prolator da decisão recorrida.
b) Cabe recurso de revista, perante o Pleno do TST, das decisões proferidas em grau de
recurso ordinário, em dissidio individual ou coletivo, pelos tribunais regionais do trabalho.
c) Cabe recurso de revista, perante o Pleno do TST, de decisões proferidas em grau de
recurso ordinário, em dissídio individual, pelos tribunais regionais do trabalho, somente
quando derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver
dado a Seção de Dissídios Individuais do TST, ou contrariarem súmula de jurisprudência
uniforme dessa corte.
d) Não cabe recurso de revista de decisão que tenha sido proferida em grau de recurso
ordinário, em dissídio individual, por tribunal regional do trabalho e que contrarie súmula
vinculante do STF.
e) Cabe recurso de revista de decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em dissídio
individual, pelos tribunais regionais do trabalho (TRT), quando derem ao mesmo dispositivo
de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro TRT, em seu pleno ou
turma.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata do tema recursos em direito processual do trabalho.
A alternativa A está incorreta. É, sim, cabível, de acordo com art. 896, alínea “b”, da CLT: “Art. 896
- Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas
em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho,
quando: b) derem ao mesmo dispositivo de lei estadual, Convenção Coletiva de Trabalho, Acordo
Coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória em área
territorial que exceda a jurisdição do Tribunal Regional prolator da decisão recorrida, interpretação
divergente, na forma da alínea a;”
As alternativas B e C estão incorretas, pois o recurso de revista irá para a Turma do TST, e não
para o Pleno, de acordo com art. 896, caput, da CLT: “Art. 896 - Cabe Recurso de Revista para
Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de recurso ordinário, em
dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando:”
A alternativa D está incorreta. É, sim, cabível, de acordo com art. 896, alínea “a”, da CLT: “Art. 896
- Cabe Recurso de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas
em grau de recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho,
quando: a) derem ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado
outro Tribunal Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais

62
108
do Tribunal Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte
ou súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal;”
A alternativa E está correta. De acordo com art. 896, alínea “a”, da CLT: “Art. 896 - Cabe Recurso
de Revista para Turma do Tribunal Superior do Trabalho das decisões proferidas em grau de
recurso ordinário, em dissídio individual, pelos Tribunais Regionais do Trabalho, quando: a) derem
ao mesmo dispositivo de lei federal interpretação diversa da que lhe houver dado outro Tribunal
Regional do Trabalho, no seu Pleno ou Turma, ou a Seção de Dissídios Individuais do Tribunal
Superior do Trabalho, ou contrariarem súmula de jurisprudência uniforme dessa Corte ou súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal;”

QUESTÃO 60. Carlos deixou de promover o pagamento de imposto estadual durante os


meses de fevereiro a dezembro de 2018. O órgão fazendário competente apurou a dívida em
relação a todos os meses em um único procedimento administrativo, inscrevendo o crédito
em dívida ativa. Considerando a situação hipotética apresentada e o atual entendimento
jurisprudencial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acerca dos princípios penais, assinale
a opção correta.
a) Não incide o princípio da insignificância no caso apresentado, pois a atipicidade material
da conduta nos crimes tributários em razão do valor da dívida só é admitida na hipótese de
impostos federais.
b) Apesar da reiteração da conduta por vários meses, admite-se a incidência do princípio da
insignificância ao caso desde que o valor apurado da dívida seja de, no máximo, RS 10 mil.
c) Admite-se a incidência do princípio da insignificância aos crimes tributários estaduais,
porém, na hipótese apresentada, ele deve ser afastado, uma vez que a reiteração da conduta
por vários meses demonstra a expressividade da lesão.
d) A despeito da permanência da conduta por diversos meses, admite-se a incidência do
princípio da insignificância ao caso, desde que o valor apurado da dívida seja inferior a R$
20 mil, pois houve apenas uma autuação administrativa.
e) Não incide o princípio da insignificância no caso apresentado, uma vez que a reiteração
da conduta por diversos meses justifica a intervenção penal.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata sobre Crimes Tributários.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa D. Destaca-se que não há
vedação da aplicação do princípio da insignificância aos tributos dos demais entes federativos, pois
o STJ apenas traz restrição quanto ao valor.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa D está correta. O caso narrado exige uma análise em duas partes. A primeira se refere
a ocorrência ou não de reiteração criminosa, a qual, se existente, impediria a aplicação do princípio
da insignificância. Todavia, considerando que houve uma única atuação fiscal, a reiteração resta
descaracterizada. Assim se posicionou o STJ no HC 564.208/SP: “É certo que a reiteração
criminosa obsta a aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários. Na hipótese,
todavia, o entendimento adotado pela Corte de origem destoa da jurisprudência do Superior

63
108
Tribunal de Justiça, fixada no sentido de que tal condição somente se caracteriza ante a
multiplicidade de procedimentos administrativos, ações penais ou inquéritos policiais em curso. No
caso, fora considerada apenas uma autuação fiscal. Portanto, não está demonstrada a
habitualidade delitiva.”
A segunda parte e refere ao valor sonegado e o princípio da insignificância. Quanto ao tema, o
montante de 20 mil reais é considerado insignificante para os tributos federais: “Incide o princípio
da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário
verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da
Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério
da Fazenda. 2. O fato da União, por razões políticas ou administrativas, optar por autorizar o pedido
de arquivamento das execuções fiscais que não ultrapassam o referido patamar não permite, por
si só, que a mesma liberalidade seja estendida aos demais entes federados, o que somente poderia
ocorrer caso estes também legislassem no mesmo sentido, tendo em vista que são dotados de
autonomia. (AgRg-HC 549.428)”.
Quanto aos demais entes federativos, é necessário considerar as normas e determinações locais.
A alternativa, todavia, não trouxe tais especificidades, de modo que é possível a aplicação da
bagatela, considerando o valor de 20 mil reais, para alguns entes federados, conforme decidido
pelo STJ no já citado HC 564.208/SP: “Ainda que a incidência do princípio da insignificância aos
crimes tributários federais e de descaminho, quando o débito tributário verificado não ultrapassar o
limite de R$ 20.000,00, tenha aplicação somente aos tributos de competência da União, à luz das
Portarias n. 75/2012 e n. 130/2012 do Ministério da Fazenda, parece-me encontrar amparo legal a
tese da defesa quanto à possibilidade de aplicação do mesmo raciocínio ao tributo estadual,
especialmente porque no Estado de São Paulo vige a Lei Estadual n. 14.272/2010, que prevê
hipótese de inexigibilidade de execução fiscal para débitos que não ultrapassem 600 (seiscentas)
Unidades Fiscais do Estado de São Paulo - UFESPs, podendo-se admitir a utilização de tal
parâmetro para fins de insignificância.”
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

QUESTÃO 61. Marcos subtraiu para si, mediante grave ameaça, bens pertencentes a João.
Depois de oferecida a denúncia e antes do seu recebimento. Marcos procurou a vítima e, de
forma voluntária, restituiu-lhe os pertences subtraídos. Nesse caso hipotético, de acordo
com o Código Penal (CP).
a) não incide nenhuma causa de diminuição de pena, haja vista a natureza do delito
praticado.
b) incide causa de diminuição de pena, haja vista a desistência voluntária do agente.
c) a conduta de Marcos deverá ser considerada atípica, haja vista a devolução dos bens à
vítima.
d) incide causa de diminuição de pena, haja vista o arrependimento posterior do agente.
e) incide causa de diminuição de pena, haja vista o arrependimento eficaz do agente.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata sobre arrependimento posterior.

64
108
A alternativa A está correta. O art. 16 do CP preconiza o instituto do arrependimento posterior,
causa de diminuição da pena que incide nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, quando reparado o dano ou restituído a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa.
O caso em análise, contudo, não permite a aplicação da causa de diminuição em comento, posto
que o fato foi praticado mediante grave ameaça à pessoa.
A alternativa B está incorreta. Não há configuração da desistência voluntária no caso apresentado,
pois esta ocorre quando o agente voluntariamente desiste de prosseguir na execução, conforme
estabelece o art. 15 do CP, nesses casos, o agente responderá tão somente pelos atos já
praticados: “o agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados”.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa E está incorreta. Não há configuração do arrependimento eficaz no caso apresentado,
pois este ocorre quando o agente impede que o resultado se produza, conforme preconizado pelo
art. 15 do CP, nesses casos, o agente responderá tão somente pelos atos já praticados: “o agente
que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza,
só responde pelos atos já praticados”.

QUESTÃO 62. Considerando-se os efeitos da condenação no direito penal, é correto afirmar


que a perda do cargo público em razão de condenação criminal
a) é efeito automático da condenação, e a mudança de cargo durante a ação penal é
irrelevante, uma vez que a penalidade pode recair sobre o cargo ocupado pelo réu no
momento da decisão.
b) não exige motivação declarada na sentença, e a mudança de cargo durante a ação penal
é irrelevante, uma vez que a penalidade pode recair sobre o cargo ocupado pelo réu no
momento da decisão.
c) é efeito automático da condenação, e a mudança de cargo durante a ação penal é
relevante, uma vez que a penalidade não pode recair sobre o cargo ocupado pelo réu no
momento da decisão.
d) exige motivação declarada na sentença, e a mudança de cargo durante a ação penal é
irrelevante, uma vez que a penalidade, em nenhuma hipótese, pode recair sobre o cargo
ocupado pelo réu no momento da decisão.
e) exige motivação declarada na sentença, e a mudança de cargo durante a ação penal é
relevante, uma vez que a penalidade não pode recair sobre o cargo ocupado pelo réu no
momento da decisão, salvo se o novo cargo guardar correlação com o cargo anterior.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata sobre efeitos da condenação.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.

65
108
A alternativa E está correta. A perda do cargo, função pública ou mandato eletivo é um efeito
secundário da condenação, aplicando-se a funcionários públicos que cometem crime contra a
Administração Pública (arts. 312 a 326 do CP) ou outros com abuso de poder ou violação de dever
para com a Administração.
Nos termos do art. 92, parágrafo único, do Código Penal, este efeito não é automático, devendo ser
motivadamente declarado na sentença. Em regra, a pena de perdimento deve ser restrita ao cargo
público ocupado ou função pública exercida no momento do delito. Porém, salienta-se que se o
magistrado de origem considerar, motivadamente, que o novo cargo guarda correlação com as
atribuições do anterior, ou seja, naquele em que foram praticados os crimes, mostra-se devida a
perda da nova função, uma vez que tal ato visa anular a possibilidade de reiteração de ilícitos da
mesma natureza, o que não ocorreu no caso” (REsp 1.452.935/PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca, 5a Turma, julgado em 14.03.2017, DJe 17.03.2017).

QUESTÃO 63. Antônio foi denunciado e condenado à pena de 1 ano e 6 meses de detenção
pela prática de um único delito, não sujeito ao regime da imprescritibilidade. Na data do fato
delituoso, Antônio tinha 20 anos de idade e era réu primário. A condenação transitou em
julgado para a acusação em 9/12/2021 e, para ambas as partes (acusação e defesa), em
24/1/2023. Nessa situação hipotética, de acordo com o CP e a atual jurisprudência do STF, a
prescrição da pretensão executória
a) consumou-se em 8/12/2023.
b) será consumada em 8/12/2025.
c) será consumada em 23/1/2027.
d) será consumada em 23/1/2025.
e) será consumada em 23/7/2024.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata sobre prescrição.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa D está correta. De acordo com o art. 109, V, do CP, a pena igual a um ano e inferior a
dois prescreve em quatro anos. Contudo, esse prazo é reduzido à metade se o agente era, ao
tempo do crime, menor de 21 anos (art 115 do CP).
Conforme o art. 112, I, do CP, o termo inicial da prescrição da pretensão executória se inicia do dia
em que transita em julgado a sentença condenatória para a acusação. No entanto, no julgamento
do ARE 848.107, o STF declarou a não recepção do trecho final desse artigo, exigindo assim, para
início da prescrição da pretensão executória, que a sentença condenatória tenha transitado em
julgado para ambas as partes, em obediência ao princípio da presunção de inocência. Assim, no
caso em análise, a prescrição irá ocorrer em dois anos, contados a partir de 24/1/2023, culminando
na consumação da prescrição em 23/1/2025.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

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108
QUESTÃO 64. Marcos e três comparsas sequestraram uma pessoa de 55 anos de idade, com
a finalidade de obterem vantagem como condição ou preço do resgate. Após três dias do
cometimento do crime. Marcos se arrependeu e indicou a localização do cativeiro à polícia,
permitindo que a vítima fosse libertada com vida. Considerando o crime praticado na
situação hipotética apresentada, assinale a opção correta.
a) Eventual lesão corporal de natureza leve causada à vítima seria um fato que qualificaria o
crime.
b) A adequação típica da conduta independe do prazo de duração do sequestro.
c) Eventual deficiência da vítima seria um fator que qualificaria o crime.
d) A idade da vítima, no caso, não é fator que qualifica o crime.
e) Marcos não tem direito à redução da pena pela colaboração efetiva com a polícia, pois ela
foi feita após 24 horas do cometimento do crime.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata sobre sequestro.
A alternativa A está incorreta. Conforme previsto no artigo 148, §2º, do CP, exige a ocorrência de
maus tratos ou que, em a detenção gere grave sofrimento físico ou moral. Logo, a lesão leve não é
suficiente para qualificar a conduta.
A alternativa B está incorreta. O tempo que a vítima é privada de liberdade é essencial para a
tipificação do sequestro. Neste sentido, Nucci afirma que: “a privação da liberdade de alguém,
mediante sequestro ou cárcere privado, exige permanência, isto é, deve perdurar no tempo por
lapso razoável. (...) Uma conduta instantânea de impedir que alguém faça alguma coisa que a lei
lhe autoriza concretizar, segurando-a por alguns minutos, configura o delito de constrangimento
ilegal.” (in Manual de direito penal / Guilherme de Souza Nucci)
A alternativa C está incorreta. Os parágrafos 1º e 2º do artigo 148 trazem qualificadoras do referido
tipo penal, não estabelecendo a deficiência da vítima como um elemento qualificador.
A alternativa D está correta. Conforme previsto no artigo 148,1º,I, do CP, a qualificadora referente
à idade da vítima exige que esta possua ao menos 60 anos: “se a vítima é ascendente,
descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;”
A alternativa E está incorreta. A Lei 12.850/13, a qual traz, nos artigos 3-A e seguintes regras sobre
a colaboração premiada, não exige que esta ocorra após 24 horas do fato. Em verdade, o artigo 4
da referida lei traz os resultados exigidos, dentre estes, a localização da vítima (art. 4,V, da Lei
12.850/13).

QUESTÃO 65. Maria foi condenada à pena de 5 anos de detenção pela prática de crime
culposo, e Joana foi condenada à pena de reclusão de 3 anos, em razão da prática de crime
doloso, tendo sido sua pena agravada pela reincidência. Os crimes praticados não
envolveram violência ou grave ameaça à pessoa e, em relação a Maria e Joana, todas as
circunstâncias judiciais foram consideradas favoráveis nas sentenças.
Considerando a situação hipotética apresentada e as disposições do CP, assinale a opção
correta.

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a) Admite-se a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos para Maria
e Joana, desde que, em relação a Joana, a reincidência não se tenha operado pela prática do
mesmo crime.
b) Admite-se a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos para
Joana, ainda que ela seja reincidente na prática do mesmo crime.
c) Admite-se a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos para
Maria, sendo vedada a substituição para Joana, em razão da reincidência.
d) É vedada a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos para
Joana, em razão da prática de crime doloso
e) É vedada a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos para Maria,
em razão da quantidade de pena aplicada.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata sobre a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos.
A alternativa A está correta. A substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos
está prevista no artigo 44 do CP, o qual estabelece que a substituição ocorrerá quando a pena
privativa de liberdade aplicada não for “superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo”
(art. 44,I, do, CP). Sendo assim, considerando que Maria cometeu um crime culposo, sua pena
poderá ser substituída. A pena de joana, ademais, também está dentro do parâmetro temporal para
a substituição, pois inferior a 4 anos, todavia, Joana é reincidente, fator que veda, como regra, a
substituição, nos termos do artigo 44, II, do CP.
Todavia, o §3º do artigo 44 do CP traz a possibilidade do apenado reincidente se beneficiar da
substituição, para tanto, a medida deve ser socialmente recomendável e a reincidência não ter se
operado em virtude da prática do mesmo crime. Sendo assim, é possível que Joana se beneficie
do referido instituto.
Destaca-se, por fim, que o STJ, em virada jurisprudencial, interpreta o referido §3º de forma literal,
ou seja, apenas a reincidência no mesmo crime se torna óbice à substituição (AREsp
1.716.664/SP).
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.

QUESTÃO 66. Em relação aos crimes contra a administração pública, assinale a opção
correta à luz da jurisprudência dos tribunais superiores.
a) Funcionário público que exige tributo indevido comete o delito de excesso de exação,
punível em sua forma dolosa ou culposa.
b) Não é admitida a aplicação do princípio da insignificância no caso de contrabando de
cigarros.

68
108
c) Comete o crime de peculato servidor público que recebe a remuneração pelo cargo que
ocupa sem que tenha executado, como contraprestação, o serviço inerente ao cargo, em
razão do abandono de suas funções.
d) A causa de aumento de pena prevista para os crimes contra a administração pública
praticados por ocupantes de cargos em comissão não se aplica aos dirigentes de autarquias.
e) Comete o crime de corrupção passiva médico do SUS que cobra de paciente pela
utilização de máquina particular em procedimento custeado pelo SUS.
Comentários
A alternativa correta é a letra D e B.
A questão apresenta duas alternativas corretas, logo, merece anulação. A questão trata sobre
Crimes contra a Administração Pública.
A alternativa A está incorreta. O STJ, no Recurso Especial nº 1.943.262/SC, decidiu que o excesso
na cobrança de tributos, seja por não ser devido o tributo, ou por valor acima do correto, ou, ainda,
por meio vexatório ou gravoso, ou sem autorização legal, exige, nos termos do artigo 316 do CP, o
elemento subjetivo do dolo, ou seja, “a vontade do agente de exigir tributo ou contribuição que sabe
ou deveria saber indevido, ou, ainda, de empregar meio vexatório ou gravoso na cobrança de tributo
ou contribuição devidos.”.
A alternativa B está correta. Via de regra, o princípio da insignificância não se aplica aos crimes
contra a administração pública, assim, o STJ editou a súmula 599: “O princípio da insignificância é
inaplicável aos crimes contra a administração pública”, tal posicionamento se mantém no caso de
contrabando: “inaplicável o princípio da insignificância ao crime de contrabando. (AgRg no REsp
1.744.739/RS, j. 02/10/2018)”.
Todavia, a depender da quantidade da mercadoria, o STJ tem relativizado tal posicionamento, tanto
que, no julgamento do Tema 1143, assentou-se: “O princípio da insignificância é aplicável ao crime
de contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não ultrapassar 1.000 (mil) maços,
seja pela diminuta reprovabilidade da conduta, seja pela necessidade de se dar efetividade à
repressão ao contrabando de vulto, excetuada a hipótese de reiteração da conduta, circunstância
apta a indicar maior reprovabilidade e periculosidade social da ação.”
Desta maneira, em razão do não esclarecimento em relação à quantidade, a alternativa se torna
dúbia, levando o candidato a erro.
A alternativa C está incorreta. A jurisprudência do STJ entende que, em tais casos, não se tipifica
o peculato: “Nos termos da jurisprudência deste STJ, não é típico o ato do servidor que se apropria
de valores que já lhe pertenceriam, em razão do cargo por ele ocupado. Assim, a conduta da parte
ora agravante poderia ter repercussões disciplinares ou mesmo no âmbito da improbidade
administrativa, mas não se ajusta ao delito de peculato, porque seus vencimentos efetivamente lhe
pertenciam. (AREsp n. 2.073.825/RS)”.
A alternativa D está correta. Conforme entendimento do plenário do STF: “A causa de aumento
prevista no § 2º do art. 327 do Código Penal não pode ser aplicada aos dirigentes de autarquias
(ex: a maioria dos Detrans) porque esse dispositivo menciona apenas órgãos, sociedades de
economia mista, empresas públicas e fundações. (Inq 2606/MT)”.
A alternativa E está incorreta. Para o STJ, em tais casos, não haverá tipificação da corrupção
passiva (artigo 317 do CP), visto que houve, tão somente, ressarcimento de despesas por parte do
médico: “Para tipificação do art. 317 do Código Penal - corrupção passiva -, deve ser demonstrada

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108
a solicitação ou recebimento de vantagem indevida pelo agente público, não configurada quando
há mero ressarcimento ou reembolso de despesa. (HC 541.447/SP)”.

QUESTÃO 67. Com relação aos crimes ambientais, assinale a opção correta
a) O valor da prestação pecuniária aplicada como pena restritiva de direitos é pago à vítima
e não pode ser deduzido de eventual reparação civil a que for condenado o infrator.
b) Não é possível a aplicação da pena de prestação de serviços à comunidade a pessoa
jurídica que pratica crime ambiental em razão da natureza da pena.
c) É circunstância que agrava a pena, quando não constitui ou qualifica o crime, ter o agente
cometido a infração em sábado, domingo, feriado ou em época de seca.
d) Por ausência de previsão legal, é vedada a liquidação forçada de pessoa jurídica
preponderantemente utilizada para o fim de ocultar prática de crimes ambientais.
e) A suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena
privativa de liberdade não superior a três anos.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata sobre crimes ambientais.
A alternativa A está incorreta. A alternativa vai de encontro ao disposto no artigo 12 da Lei 9.605/98,
o qual dispõe que é possível a dedução do valor da prestação pecuniária em razão de eventual
reparação civil: “A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade
pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo
nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de
eventual reparação civil a que for condenado o infrator.”
A alternativa B está incorreta. É possível aplicação da pena de prestação de serviço à comunidade
em face de pessoa jurídica. Nestes termos, o artigo 23 da Lei 9.605/98 prevê: Art. 23. A prestação
de serviços à comunidade pela pessoa jurídica consistirá em: “I - custeio de programas e de projetos
ambientais; II - execução de obras de recuperação de áreas degradadas; III - manutenção de
espaços públicos; IV - contribuições a entidades ambientais ou culturais públicas.”
A alternativa C está incorreta. O artigo 15, II, da Lei 9.605/98 traz as causas agravantes genéricas,
todavia, dentre elas, não se encontra crimes cometidos durante o sábado.
A alternativa D está incorreta. O art. 24 da Lei 9.605/98 permite a liquidação forçada: “A pessoa
jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a
prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será
considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.”
A alternativa E está correta. O art. 16 da Lei 9.605/98 permite a suspensão condicional da pena nos
casos de condenação à pena privativa de liberdade não superior a três anos: “Nos crimes previstos
nesta Lei, a suspensão condicional da pena pode ser aplicada nos casos de condenação a pena
privativa de liberdade não superior a três anos.”

QUESTÃO 68. Considerando o disposto na Lei nº 13.869/2019, assinale a opção correta no


que se refere a abuso de autoridade.

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108
a) Agente público sem vínculo estatutário com a administração pública não se sujeita ao
regime da referida lei.
b) Não se admite o ajuizamento de ação penal privada nos casos de crimes de abuso de
autoridade.
c) A condenação pode estabelecer a perda do cargo público como um de seus efeitos, desde
que haja reincidência em crime de abuso de autoridade e o efeito seja motivado na sentença.
d) Em razão de sua imunidade parlamentar, os membros do Poder Legislativo não podem
ser sujeitos ativos de crimes de abuso de autoridade, salvo se investidos em funções das
respectivas mesas diretoras.
e) Não faz coisa julgada em âmbito cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato
praticado em estado de necessidade.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata sobre crimes da lei de abuso de autoridade.
A alternativa A está incorreta. A afirmativa se equivoca, uma vez que o artigo 2º caput e parágrafo
único da Lei 13.869/19 traz um conceito amplo de agente público: “Art. 2º É sujeito ativo do crime
de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da administração direta, indireta
ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
e de Território, compreendendo, mas não se limitando a:(...) Parágrafo único. Reputa-se agente
público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem
remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade abrangidos pelo
caput deste artigo.”
A alternativa B está incorreta. O artigo 3º, §§ 1º e 2º, da Lei 13.869/19 estabelecem que: “§ 1º Será
admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. § 2º A ação privada subsidiária
será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar o prazo para
oferecimento da denúncia.”
A alternativa C está correta. O art. 4º, III, da Lei nº 13.869/2019 dispõe que é efeito da condenação
por crime de abuso de autoridade a perda do cargo, do mandato ou da função pública. No entanto,
o parágrafo único do mencionado artigo estabelece que a incidência deste efeito está condicionado
à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser
declarados motivadamente na sentença.
A alternativa D está incorreta. A afirmativa se equivoca, uma vez que o artigo 2º,II, da Lei 13.869/19
prevê que membros do Poder Legislativo podem ser sujeito ativo do crime de abuso de autoridade:
“Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não,
da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: II -
membros do Poder Legislativo;”
A alternativa E está incorreta.O artigo 8º da Lei 13.869/19 estabelecem que: “Art. 8º Faz coisa
julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer

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108
ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de
dever legal ou no exercício regular de direito.”

QUESTÃO 69. Com base no Código de Processo Penal (CPP), assinale a opção correta em
relação ao inquérito policial e à ação penal.
a) Em razão da natureza inquisitória do procedimento investigatório criminal, o ofendido não
poderá requerer a realização de diligências durante o inquérito.
b) Depois de ordenado o arquivamento do inquérito policial pela autoridade judiciária por
falta de base para a denúncia, a autoridade policial não poderá proceder a novas pesquisas
se de outras provas tiver notícia.
c) A representação do ofendido, como condição para oferecimento da denúncia, é retratável
até o recebimento desta.
d) Não se admite a oferta de acordo de não persecução penal ao investigado reincidente,
ainda que insignificante a infração penal pretérita.
e) Ordenado o arquivamento do inquérito policial, o Ministério Público comunicará esse fato
à vítima e encaminhará os autos à instância de revisão ministerial, para homologação.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata sobre Inquérito Penal e Ação Penal.
A alternativa A está incorreta. O artigo 14 do CPP estabelece que o ofendido poderá requerer
diligências à autoridade policial: “Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.”.
A alternativa B está incorreta. Em contraposição ao afirmado, é possível a continuação das
investigações, à luz do artigo 18 do CPP: “Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito
pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder
a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.”
A alternativa C está incorreta. Conforme o artigo 25 do CPP, a retratabilidade da representação se
encerra com o oferecimento desta: “Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida
a denúncia.”
A alternativa D está correta. O artigo 28-A,§2º, II, do CPP estabelece que não será cabível o ANPP:
“II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta
criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;”.
A insignificância das infrações pretéritas, para parte da doutrina, se refere apenas às condutas
criminais habituais, reiteradas ou profissional, e não ao reincidente. Sendo assim, por essa análise,
a alternativa está correta.
A alternativa E está incorreta. Incialmente, cumpre destacar que a alternativa traz a literalidade do
artigo 28 do CPP, segundo o qual: “Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao
investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial
para fins de homologação, na forma da lei.”.
Todavia, este dispositivo estava suspenso até o recente julgamento das ADI’s nº 6.298; 6.300 e
6.305, no qual o STF atribuiu interpretação conforme à constituição ao caput do art. 28 do CPP,

72
108
para assentar que, ao se manifestar pelo arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público deverá submeterá sua
manifestação também ao juiz competente, restando assim fixado: “ao se manifestar pelo
arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o
órgão do Ministério Público submeterá sua manifestação ao juiz competente e comunicará à vítima,
ao investigado e à autoridade policial, podendo encaminhar os autos para o Procurador-Geral ou
para a instância de revisão ministerial, quando houver, para fins de homologação, na forma da lei”.
Portanto, embora traga a literalidade do dispositivo legal, a questão não acompanhou a
interpretação conforme deste estabelecida pelo STF.

QUESTÃO 70. Considerando o entendimento jurisprudencial do STF a respeito de direito


financeiro na Constituição Federal de 1988, assinale a opção correta.
a) É vedado aos estados legislar a respeito de direito financeiro. porquanto o texto
constitucional atribui à União a competência privativa para legislar sobre a matéria.
b) As normas gerais relativas a finanças públicas, emissão e resgate de títulos da dívida
pública, fiscalização financeira da administração pública e concessão de garantia pelas
entidades públicas devem ser veiculadas em uma única lei complementar de caráter
nacional.
c) A sustentabilidade da dívida pública, que ganhou expresso status constitucional
recentemente, deve ser tomada como parâmetro por todos os entes federados na condução
da política fiscal.
d) As disponibilidades de caixa dos estados-membros, dos órgãos ou das entidades que os
integram e das empresas por eles controladas deverão ser depositadas em instituições
financeiras oficiais, ressalvadas as autorizações veiculadas nas legislações estaduais.
e) Os dados contábeis, orçamentários e fiscais dos entes federados revelam informações
estratégicas que somente podem ser tornadas públicas após o fim da respectiva execução
orçamentária.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema do posicionamento jurisprudencial do STF sobre as normas de direito
financeiro.
A alternativa A está incorreta. O entendimento do STF, em interpretação ao art. 24, I, da CF, que
atribui competência concorrente à União, Estados e DF, é o de que os Estados são competentes
para legislar sobre direito financeiro. “Embora os Estados possuam competência concorrente para
legislar sobre direito financeiro (art. 24, I, da CF), estão os mesmos obrigados a exercê-la de forma
compatível com o próprio texto constitucional e com a legislação nacional editada pela União a título
de legislar sobre normas gerais de Direito Financeiro (art. 24, inciso I e § 1º, c/c art. 163, I, e 169,
caput, da CF), em especial a Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei Complementar 101/2001, limitação
que também alcança o exercício da autonomia e poder de auto organização do ente político (art.
25 da CF). (ADI 6129 MC, Relator(a): MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE
MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 11-09-2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-284 DIVULG
18-12-2019 PUBLIC 19-12-2019 REPUBLICAÇÃO: DJe-071 DIVULG 24-03-2020 PUBLIC 25-03-
2020)”

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108
A alternativa B está incorreta. O STF decidiu que as matérias versadas na alternativa, que estão
elencadas no art. 163 da CF, podem ser tratadas por mais de uma lei complementar. “IV - Por
abranger assuntos de natureza diversa, pode-se regulamentar o art. 163 da Constituição por meio
de mais de uma lei complementar. (ADI 2238 MC, Relator(a): ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno,
julgado em 09-08-2007, DJe-172 DIVULG 11-09-2008 PUBLIC 12-09-2008)”
A alternativa C está correta. É a literalidade da Constituição Federal. “Art. 164-A. A União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios devem conduzir suas políticas fiscais de forma a manter
a dívida pública em níveis sustentáveis, na forma da lei complementar referida no inciso VIII do
caput do art. 163 desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de 2021)”
A alternativa D está incorreta. O STF entende que a ressalva para depósito em instituição não oficial
deve ser veiculada em lei nacional. “As disponibilidades financeiras de Estados, Distrito Federal e
Municípios, bem como as dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele
controladas, devem ser depositadas em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos
previstos em lei. Tal lei exceptiva há que ser a lei ordinária federal, de caráter nacional. Existência,
na Lei Complementar federal nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), de previsão segundo a
qual as disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas conforme estabelece
o § 3º do art. 164 da Constituição (art. 43, caput). Ofensa, ademais, ao princípio da moralidade
previsto no artigo 37, caput da Carta Política. Medida cautelar deferida. (ADI 2600 MC, Relator(a):
ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, julgado em 24-04-2002, DJ 25-10-2002 PP-00024 EMENT VOL-
02088-01 PP-00197)”
A alternativa E está incorreta. A Constituição determina que os entes disponibilizarão os dados
conforme periodicidade estabelecida pelo órgão central de contabilidade da União. “Art. 163-A. A
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas informações e dados
contábeis, orçamentários e fiscais, conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos pelo
órgão central de contabilidade da União, de forma a garantir a rastreabilidade, a comparabilidade e
a publicidade dos dados coletados, os quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo
acesso público.”

QUESTÃO 71. Com base na classificação das receitas públicas constante na Lei nº
4.320/1964, assinale a opção que apresenta, respectivamente, um exemplo de receita
corrente e um exemplo de receita de capital:
a) receita de serviços e operações de crédito.
b) receita tributária e receita industrial.
c) alienação de bens e receita agropecuária.
d) transferências de capital e receitas tributárias.
e) receita patrimonial e receita tributária.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema classificação legal das receitas públicas.
A alternativa A está correta, pois na classificação das receitas esquematizada no parágrafo quarto
do art. 11 da Lei nº 4.320, receita de serviço é receita corrente e operação de crédito é receita de
capital.

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108
A alternativa B está incorreta, pois na classificação das receitas esquematizada no parágrafo quarto
do art. 11 da Lei nº 4.320, receita industrial é receita corrente.
A alternativa C está incorreta, pois na classificação das receitas esquematizada no parágrafo quarto
do art. 11 da Lei nº 4.320, alienação de bens é receita de capital e receita agropecuária é receita
corrente.
A alternativa D está incorreta, pois na classificação das receitas esquematizada no parágrafo quarto
do art. 11 da Lei nº 4.320, transferência de capital é receita de capital e receita tributária é receita
corrente.
A alternativa E está incorreta, pois na classificação das receitas esquematizada no parágrafo quarto
do art. 11 da Lei nº 4.320, receita tributária é receita corrente.

QUESTÃO 72. Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 e na Lei de


Responsabilidade Fiscal (LRF), bem como o entendimento jurisprudencial do STF, assinale
a opção correta a respeito de aspectos atinentes às transferências voluntárias de recursos
entre os entes federados.
a) Os recursos oriundos das transferências voluntárias realizadas pela União em favor dos
estados podem ser utilizados para o pagamento de despesas com pessoal inativo e
pensionistas.
b) Não contraria a LRF a realização de transferência voluntária de recursos da União para
determinado estado, com vistas à realização de ações no âmbito da saúde, ainda que o
estado tenha descumprido os limites constitucionais mínimos de aplicação de recursos em
despesas com saúde.
c) As transferências voluntárias entre os entes federados somente contemplam a entrega de
receitas de capital e estão condicionadas à dotação orçamentária específica a cargo do ente
transferidor.
d) Segundo a jurisprudência do STF, é legítimo à União inscrever, em cadastro de
inadimplentes, estado cuja assembleia legislativa possua débitos de tributos federais, bem
como suspender-lhe transferências voluntárias.
e) A realização de transferências de caráter voluntário não exige do ente federado
beneficiário previsão orçamentária de contrapartida.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema classificação legal das receitas públicas.
A alternativa A está incorreta. Conforme a Constituição Federal, é vedada a realização de
transferências voluntárias para pagamento de despesas com pessoal. “Art. 167. São vedados: X -
a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de
receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de
despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.”
A alternativa B está correta. Conforme a LRF, mesmo que o Estado esteja suspenso de receber
transferências voluntárias, poderá receber transferências destinadas à saúde. “Art. 25 (...) § 3 Para
o

fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta Lei
Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.”

75
108
A alternativa C está incorreta. Conforme a LRF, é possível a transferência voluntária de recursos
correntes. “Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a
entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação,
auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os
destinados ao Sistema Único de Saúde.”
A alternativa D está incorreta. Conforme decisão do STF “O Poder Executivo não pode ser
responsabilizado pela irregularidade fiscal de outros poderes e órgãos autônomos estaduais, uma
vez que não pode promover limitação de valores financeiros sob responsabilidade dos Poderes
Legislativo, Judiciário ou do Ministério Público, sob pena de violação ao princípio da separação dos
Poderes (ADI 2238-MC). (Pet 7204 TP-AgR, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Primeira Turma,
julgado em 20-04-2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-117 DIVULG 11-05-2020 PUBLIC 12-
05-2020)”
A alternativa E está incorreta. A LRF exige do ente beneficiário a previsão de contrapartida. “Art. 25
(...) § 1 São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei
o

de diretrizes orçamentárias: IV - comprovação, por parte do beneficiário, de: d) previsão


orçamentária de contrapartida.”

QUESTÃO 73. A respeito da dívida pública, julgue os itens seguintes à luz da IRF
I. A dívida pública fundada é representada pelos títulos emitidos pela União, incluídos os do
Banco Central do Brasil, pelos estados e pelos municípios.
II. Para fins de cômputo dos limites da dívida pública, os precatórios judiciais que não forem
pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos integrarão a dívida
consolidada.
III. Ante a impossibilidade de financiamento recíproco da dívida pública entre entes
federados, é vedado aos estados e municípios comprar títulos da dívida da União como
aplicação de suas disponibilidades de caixa.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema da dívida pública.
O item I está incorreto, pois contraria o a conceituação exposta na LRF. “Art. 29. Para os efeitos
desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições: I - dívida pública consolidada ou
fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da
Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de
operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses”

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108
O item II está correto, pois vai ao encontro do quanto disciplinado na LRF. “Art. 30 (...) § 7 Oso

precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos
integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.”
O item III está incorreto, pois é permitido a Estados e Municípios comprarem títulos da dívida da
União, conforme a LRF. “Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da
Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal
dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de
novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente. § 2 O disposto no
o

caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos da dívida da União como aplicação de
suas disponibilidades.”
A alternativa A está incorreta, uma vez que o item I está incorreto.
A alternativa B está correta, uma vez que apenas o item II está correto.
A alternativa C está incorreta, pois os itens I e III estão incorretos.
A alternativa D está incorreta, uma vez que todos o item III está incorreto.
A alternativa E está incorreta, pois os itens I e III estão incorretos.

QUESTÃO 74. Com base na Constituição Federal de 1988 e na jurisprudência do STF,


assinale a opção correta a respeito da programação financeira e da execução orçamentária.
a) As emendas parlamentares impositivas têm caráter absoluto, não sendo admitidas
exceções ao cumprimento das programações financeiras nelas previstas.
b) As normas relativas ao processo legislativo das leis orçamentárias são mandatórias para
a União, sendo facultada a observância dessas normas pelas Constituições estaduais.
c) As emendas parlamentares impositivas, seja individuais, seja de bancadas, podem ser
convertidas em restos a pagar, caso não tenham sido completamente executadas no
exercício financeiro em que foram aprovadas.
d) A apresentação de quaisquer emendas ao projeto de lei orçamentária constitui
prerrogativa constitucional dos parlamentares, sendo o único requisito a indicação da fonte
de recursos.
e) As emendas do relator do projeto de lei orçamentária anual, assim com as emendas
individuais ou de bancada dos parlamentares, são de caráter impositivo, circunstância que
preserva a prerrogativa do Poder Executivo na condução do orçamento.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema classificação legal das receitas públicas.
A alternativa A está incorreta. Conforme a Constituição, as emendas parlamentares impositivas
poderão deixar de serem executadas em casos de impedimentos de ordem técnica. “Art. 166 (...) §
11. É obrigatória a execução orçamentária e financeira das programações oriundas de emendas
individuais, em montante correspondente ao limite a que se refere o § 9º deste artigo, conforme os
critérios para a execução equitativa da programação definidos na lei complementar prevista no § 9º
do art. 165 desta Constituição, observado o disposto no § 9º-A deste artigo. (...) § 12. A garantia de
execução de que trata o § 11 deste artigo aplica-se também às programações incluídas por todas
as emendas de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal, no

77
108
montante de até 1% (um por cento) da receita corrente líquida realizada no exercício anterior. (...)
§ 13. As programações orçamentárias previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo não serão de execução
obrigatória nos casos dos impedimentos de ordem técnica.”
A alternativa B está incorreta. O STF já decidiu que as normas relativas ao processo legislativo das
leis orçamentárias são de reprodução obrigatória. “As normas da CF/1988 sobre o processo
legislativo das leis orçamentárias são de reprodução obrigatória pelo constituinte estadual.
Aplicabilidade do princípio da simetria na espécie. (ADI n. 6308 MC-Ref, Relator o Ministro Roberto
Barroso, Tribunal Pleno, julgado em 29.6.2020, DJe 13.8.2020)”
A alternativa C está correta. Conforme a Constituição, as despesas empenhadas, mas não pagas
no exercício financeiro, decorrentes de emendas impositivas, poderão ser inscritas como restos a
pagar. “Art. 166 (...) §17. Os restos a pagar provenientes das programações orçamentárias
previstas nos §§ 11 e 12 deste artigo poderão ser considerados para fins de cumprimento da
execução financeira até o limite de 1% (um por cento) da receita corrente líquida do exercício
anterior ao do encaminhamento do projeto de lei orçamentária, para as programações das emendas
individuais, e até o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), para as programações das emendas
de iniciativa de bancada de parlamentares de Estado ou do Distrito Federal.
A alternativa D está incorreta. Conforme a Constituição, além da indicação da fonte de recursos, as
emendas devem ser compatíveis com o PPA e a LDO e serem relacionadas com a correção de
erros ou omissões ou com os dispositivos do texto do projeto de lei. “Art. 166 (...) § 3º As emendas
ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser
aprovadas caso: I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
orçamentárias; II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de
anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: a) dotações para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida; c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Municípios e Distrito
Federal; ou III - sejam relacionadas: a) com a correção de erros ou omissões; ou b) com os
dispositivos do texto do projeto de lei.
A alternativa E está incorreta. As emendas do relator não têm previsão constitucional e, portanto,
não poderão ser impositivas, conforme entendimento do STF. “7. As emendas do relator, além de
não possuírem previsão constitucional, operam com base na lógica da ocultação dos efetivos
requerentes da despesa, mediante a utilização de rubrica orçamentária única (RP 9), por meio da
qual todas as despesas nela previstas são atribuídas, indiscriminadamente, à pessoa do Relator-
Geral do orçamento, que atua como figura interposta entre parlamentares incógnitos e o orçamento
público federal. 8. Também o destino final dos recursos alocados sob a rubrica RP 9 (emendas do
relator) acha-se recoberto por um manto de névoas. (...) (ADPF 850, Relator(a): ROSA WEBER,
Tribunal Pleno, julgado em 19-12-2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-s/n DIVULG 27-04-
2023 PUBLIC 28-04-2023)”

QUESTÃO 75. O governador de um estado da Federação, no último ano de seu mandato,


preparou um pacote de propostas com vistas a reestruturar as contas públicas e a estimular
o crescimento econômico do estado. A proposta A previa a realização, no primeiro semestre
do último ano do mandato, de operação de crédito, observados os limites legais, junto a uma
instituição financeira privada, para o pagamento de despesas com pessoal ativo. A proposta
B estabelecia, também para o primeiro semestre do último ano do mandato, a realização de
operação de crédito por antecipação de receita, observado o limite das despesas de capital.
A proposta C determinava, para o segundo semestre do último ano do mandato, aumento
linear da remuneração dos servidores públicos estaduais de todas as categorias.

78
108
Com relação à viabilidade das propostas citadas na situação hipotética anterior, conforme o
entendimento jurisprudencial do STF e o disposto na Constituição Federal de 1988 e na LRF,
assinale a opção correta.
a) Somente a proposta A é viável.
b) Somente as propostas A e B são viáveis.
c) Somente a proposta B é viável.
d) Somente as propostas B e C são viáveis.
e) Somente a proposta C é viável.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema operações de crédito.
A proposta A é viável. Conforme decidido pelo STF, a vedação para concessão de empréstimo para
pagamento de despesas com pessoal somente é aplicável às instituições financeiras estatais, não
às privadas. “4. A vedação estabelecida no art. 167, X, da CF diz respeito apenas a instituições
financeiras estatais. A proibição não alcança as contratações realizadas com instituições financeiras
privadas. (ADI 5683, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 22/04/2022,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-096 DIVULG 18-05-2022 PUBLIC 19-05-2022)”
A proposta B é inviável, pois, conforme a LRF, a operação de crédito por antecipação de receita
orçamentária é proibida no último ano de mandado do Chefe do Poder Executivo. “Art. 38. A
operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante
o exercício financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes: IV -
estará proibida: b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.”
A proposta C é inviável, pois se trata de despesa nula, conforme a LRF. “Art. 21. É nulo de pleno
direito: IV - a aprovação, a edição ou a sanção, por Chefe do Poder Executivo, por Presidente e
demais membros da Mesa ou órgão decisório equivalente do Poder Legislativo, por Presidente de
Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados, de norma
legal contendo plano de alteração, reajuste e reestruturação de carreiras do setor público, ou a
edição de ato, por esses agentes, para nomeação de aprovados em concurso público, quando: a)
resultar em aumento da despesa com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do
mandato do titular do Poder Executivo”.
A alternativa A está correta, pois somente a proposta A é viável.
A alternativa B está incorreta, pois a proposta B é inviável.
A alternativa C está incorreta, pois a proposta B é inviável.
A alternativa D está incorreta, pois as propostas B e C são inviáveis.
A alternativa E está incorreta, pois a proposta C é inviável.

QUESTÃO 76. A respeito de precatórios, julgue os itens seguintes com base na Constituição
Federal de 1988 e no entendimento jurisprudencial do STF.
I. É exemplificativo o rol de hipóteses previstas no texto constitucional que autoriza o
sequestro de verbas públicas para pagamento de precatório.

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108
II. A cessão de precatório de natureza alimentar altera a natureza deste último em desfavor
do cessionário, que, por sua vez, passará a constar na categoria não preferencial de
pagamento dos precatórios.
III. Em caso de colapso financeiro de estado, a União poderá, em juízo exclusivamente
discricionário e conforme disciplina legal, assumir o pagamento dos precatórios daquele
estado, refinanciando diretamente seus débitos.
IV. Incidem juros de mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos
e a da expedição do precatório.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e IV estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema dos precatórios, à luz da jurisprudência do STF
O item I está incorreto, pois o rol é taxativo, conforme tese fixada pelo STF no Tema de
Repercussão Geral nº 598: “O deferimento de sequestro de rendas públicas para pagamento de
precatório deve se restringir às hipóteses enumeradas taxativamente na Constituição Federal de
1988.”
O item II está incorreto, pois a cessão de precatório alimentar não altera a natureza deste, conforme
tese fixada pelo STF no Tema de Repercussão Geral nº 361: “A cessão de crédito alimentício não
implica a alteração da natureza.”
O item III está correto, pois reflete dispositivo constitucional. “Art. 100. (...) § 16. A seu critério
exclusivo e na forma de lei, a União poderá assumir débitos, oriundos de precatórios, de Estados,
Distrito Federal e Municípios, refinanciando-os diretamente.”
O item IV está correto, pois reflete a tese fixada pelo STF no Tema de Repercussão Geral nº 96:
“Incidem os juros da mora no período compreendido entre a data da realização dos cálculos e a da
requisição ou do precatório.”
A alternativa A está incorreta, pois os itens I e II estão errados.
A alternativa B está incorreta, pois o item I está errado.
A alternativa C está incorreta, pois o item II está errado.
A alternativa D está correta, pois os itens III e IV estão certos.
A alternativa E está incorreta, pois os itens I e II estão errados.

QUESTÃO 77. De acordo com a Lei nº 4.320/1964, assinale a opção que apresenta, na ordem
correta, a cronologia da despesa pública:
a) ordem de pagamento, empenho e liquidação.

80
108
b) liquidação, empenho e ordem de pagamento.
c) empenho, liquidação e ordem de pagamento.
d) empenho, ordem de pagamento e liquidação.
e) liquidação, ordem de pagamento e empenho.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, pois é a ordem estabelecida pela Lei nº 4.320/1964. “Art. 58. O
empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação
de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Art. 63. A liquidação da despesa
consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos
comprobatórios do respectivo crédito. Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando
ordenado após sua regular liquidação.”
A questão aborda o tema das fases da despesa pública.
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, D e E não revelam a sequência estabelecida
pela Lei nº 4.320/1964, razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 78. No que se refere as operações de crédito, julgue os itens subsecutivos,


considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 e na LRF, bem como o
entendimento jurisprudencial do STF.
I. O estado federado que pretenda contratar operação de crédito externo deverá formalizar o
correspondente pedido perante o Ministério da Fazenda, devendo o pleito estar
acompanhado, obrigatoriamente, de autorização específica do Senado Federal
II. Contraria a regra de ouro prevista no texto constitucional a contratação de operações de
crédito para o custeio de despesas correntes.
III. Em caso de calamidade financeira, se determinado estado descumprir o limite da dívida
consolidada ao final de um quadrimestre, o prazo previsto na LRF para que tal ente federado
elimine o excesso da dívida poderá ser suspenso.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema operações de crédito.
O item I está correto, pois revela requisito específico estabelecido na LRF. “Art. 32. O Ministério da
Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de
crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou
indiretamente. § 1 O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus
o

órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social

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108
da operação e o atendimento das seguintes condições: IV - autorização específica do Senado
Federal, quando se tratar de operação de crédito externo”.
O item II está incorreto, pois contraria jurisprudência do STF que permite a contratação de operação
de crédito para custeio de despesa corrente. “2. A vedação do art. 167, III, da CF não impede a
contratação de operações de crédito para o custeio de despesas correntes. Proíbe-se, somente, a
contratação que exceda o montante das despesas de capital. Aliás, a mera autorização legislativa
não afronta essa regra constitucional, mas apenas a contratação em si, se não respeitar os limites
estabelecidos. (ADI 5683, Relator(a): ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 22-04-
2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-096 DIVULG 18-05-2022 PUBLIC 19-05-2022)”
O item III está incorreto, pois, conforme LRF, haverá suspensão em caso de calamidade pública,
não em caso de calamidade financeira. “Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação
ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o
término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento)
no primeiro. (...) Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso
Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na hipótese dos Estados e
Municípios, enquanto perdurar a situação: I - serão suspensas a contagem dos prazos e as
disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70”.
A alternativa A está correta, pois apenas o item I está certo.
A alternativa B está incorreta, pois o item II está errado.
A alternativa C está incorreta, pois o item III está errado.
A alternativa D está incorreta, pois os itens II e III estão errados.
A alternativa E está incorreta, pois os itens II e III estão errados.

QUESTÃO 79. Considerando o disposto na Constituição Federal de 1988 e na LRF, assinale


a opção correta a respeito das leis orçamentárias.
a) A lei de diretrizes orçamentárias (LDO) deve dispor acerca de normas relativas ao controle
de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos.
b) A lei que instituir o plano plurianual (PPA) deverá ser acompanhada de demonstrativo
regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas decorrente de isenções, anistias,
remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia
c) O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei de diretrizes
orçamentárias (LDO).
d) A lei de diretrizes orçamentárias (LDO) compreenderá o orçamento fiscal e o orçamento
de investimento das empresas em que os entes federados, direta ou indiretamente,
detenham a maioria do capital social com direito a voto.
e) A lei orçamentária anual (LOA) não poderá conter crédito com finalidade imprecisa ou com
dotação ilimitada nem previsões de despesas para exercícios seguintes.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema leis orçamentárias.

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108
A alternativa A está correta, pois reflete corretamente dispositivo da LRF. “Art. 4 A lei de diretrizes
o

orçamentárias atenderá o disposto no § 2 do art. 165 da Constituição e: I - disporá também sobre:


o

e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados
com recursos dos orçamentos”.
A alternativa B está incorreta, pois, conforme a Constituição, é o projeto de LOA que deve ser
acompanhada do demonstrativo. “Art. 165 (...)§ 6º O projeto de lei orçamentária será acompanhado
de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia.”
A alternativa C está incorreta, pois, conforme a LRF, o refinanciamento constará separadamente
na LOA. “Art. 5 O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano
o

plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar: § 2 O o

refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de crédito


adicional.”
A alternativa D está incorreta, pois, conforme a Constituição, a LOA compreenderá o orçamento
fiscal e de investimentos. “Art. 165 (...) § 5º A lei orçamentária anual compreenderá: I - o orçamento
fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da administração direta e
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público; II - o orçamento de
investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital
social com direito a voto;”
A alternativa E está incorreta, pois, conforme a Constituição, a LOA pode conter previsões de
despesas para exercícios seguintes. “Art. 165 (...) § 14. A lei orçamentária anual poderá conter
previsões de despesas para exercícios seguintes, com a especificação dos investimentos
plurianuais e daqueles em andamento.”

QUESTÃO 80. No que diz respeito ao Sistema Tributário Nacional, assinale a opção correta
de acordo com a Constituição Federal de 1988 (CF) e o entendimento jurisprudencial do STF.
a) Cabe a lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários.
b) Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária,
especificamente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais, e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades
econômicas do contribuinte; desse modo, de acordo com o entendimento do STF, é
constitucional lei que estabeleça alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter
vivos de bens imóveis (ITBI) com base no valor venal do imóvel.
c) O STF decidiu ser constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, ainda que haja integral
identidade entre uma base e outra.
d) Lei complementar não pode definir tratamento tributário diferenciado e favorecido para
microempresas e empresas de pequeno porte, sob pena de violar o princípio da livre
concorrência e da igualdade tributária, conforme entendimento consolidado no âmbito do
STF.
e) A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão instituir taxas em razão
do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos

83
108
específicos e divisíveis, todavia, de acordo com o entendimento do STF, taxa cobrada
exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis viola a CF.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda os princípios gerais do sistema tributário nacional e o entendimento do STF sobre
o tema.
A alternativa A está correta, pois reflete corretamente dispositivo da Constituição. “Art. 146. Cabe à
lei complementar: III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente
sobre: b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;”.
A alternativa B está incorreta, pois a parte final da alternativa contraria a Súmula 656 do STF: “É
inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter
vivos de bens imóveis - ITBI com base no valor venal do imóvel.”
A alternativa C está incorreta, pois não pode haver integral identidade de base de cálculo, conforme
Súmula Vinculante 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.”
A alternativa D está incorreta, pois a lei complementar pode definir tratamento tributário
diferenciado, conforme a Constituição Federal. “Art. 146. Cabe à lei complementar: III - estabelecer
normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: d) definição de tratamento
diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive
regimes especiais ou simplificados no caso dos impostos previstos nos arts. 155, II, e 156-A, das
contribuições sociais previstas no art. 195, I e V, e § 12 e da contribuição a que se refere o art. 239.”
A alternativa E está incorreta, pois a parte final da alternativa contraria a Súmula Vinculante 19: “A
taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou
destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da Constituição
Federal.”

QUESTÃO 81. Uma sociedade de economia mista de determinado estado, prestadora de


serviços com fins lucrativos, ajuizou ação declaratória de imunidade tributária perante a
justiça estadual, requerendo o reconhecimento judicial da mutação constitucional quanto à
aplicação da alínea "a" do inciso VI do art. 150 da CF, que versa acerca da imunidade
recíproca entre os entes da Federação, ao vedar a instituição de "impostos sobre patrimônio,
renda ou serviços uns dos outros". A referida sociedade de economia mista sustentou que
é prestadora de serviço público essencial e que efetua cobrança de tarifas de seus usuários,
mas que isso não impede o reconhecimento da imunidade, uma vez que, embora reparta
esporadicamente lucros entre seus acionistas, sua atividade é exercida em regime de
monopólio estatal, de modo que entendia fazer jus ao reconhecimento da imunidade
recíproca.
Nessa situação hipotética, conforme o entendimento jurisprudencial do STF, a sociedade de
economia mista em questão
a) faz jus à imunidade recíproca, uma vez que a cobrança de tarifas dos usuários não é fator
impeditivo ao reconhecimento da imunidade, mesmo que a sociedade tenha fins lucrativos
e haja repartição esporádica de lucros entre seus acionistas privados.

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108
b) faz jus ao reconhecimento da imunidade recíproca, uma vez que exerce sua atividade em
regime de monopólio, o que, por si só, assegura o reconhecimento da imunidade no caso.
c) não faz jus à imunidade recíproca, por não estar abrangida pelas exceções estabelecidas
expressamente na CF, as quais incluem, por exemplo, as autarquias e fundações instituídas
e mantidas pelo poder público.
d) não faz jus à imunidade recíproca, por exigir tarifa de seus usuários e por ter fins
lucrativos, o que viola a CF, não podendo haver conflito interno entre normas
constitucionais.
e) não faz jus à imunidade recíproca, porque, embora o intuito lucrativo e a cobrança de tarifa
do usuário não sejam fatores impeditivos ao reconhecimento da imunidade, a política de
distribuição de lucros entre acionistas privados, mesmo que em caráter esporádico, lhe
retira a imunidade tributária.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema da extensão da imunidade tributária recíproca às entidades de direito
privado integrantes da Administração Indireta, conforme entendimento do STF: “3. A jurisprudência
desta Corte exige três requisitos para a extensão de prerrogativas da Fazenda Pública a sociedades
de economia mista e empresas públicas: (i) a prestação de um serviço público, (ii) sem intuito de
lucro e (iii) em regime de exclusividade (i.e., sem concorrência). (ACO 3307 AgR, Relator(a):
ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, julgado em 06-12-2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-
022 DIVULG 04-02-2022 PUBLIC 07-02-2022)”
A alternativa A está incorreta, pois a sociedade de economia mista não faz jus à imunidade
recíproca pois distribui lucro aos seus acionistas.
A alternativa B está incorreta, pois além de exercer a atividade em regime de monopólio, não pode
haver intuito de lucro.
A alternativa C está incorreta, pois a imunidade recíproca pode ser estendida às pessoas jurídicas
de direito privado integrantes da Administração Indireta.
A alternativa D está incorreta, pois não é o fato de exigir tarifa dos usuários que impossibilita a
extensão da imunidade recíproca, mas o intuito de lucro.
A alternativa E está correta, pois reflete corretamente o entendimento do STF sobre o tema.

QUESTÃO 82. No que se refere a benefícios fiscais relativos ao imposto sobre circulação de
mercadorias e serviços (ICMS), assinale a opção correta, considerando o entendimento do
STJ.
a) Para que se possam excluir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL os benefícios fiscais
relacionados ao ICMS – tais como redução de base de cálculo, redução de alíquota, isenção,
diferimento, entre outros –, não deve ser exigida a demonstração de concessão como
estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos.
b) Os benefícios ou incentivos fiscais de ICMS não geram aumento de patrimônio nem
produzem receita, na medida em que se opera, por via transversa, a simples redução da
carga tributária, razão pela qual o contribuinte tem o direito de excluir, livremente, os créditos
presumidos e demais benefícios relacionados ao ICMS da base de cálculo do IRPJ e da CSLL,

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108
independentemente de sua destinação, podendo até mesmo o crédito concedido ser
totalmente convertido em lucro aos sócios.
c) É possível excluir os benefícios ou incentivos fiscais relacionados ao ICMS da base de
cálculo do IRPJ e da CSLL, sem qualquer limitação, uma vez que isso, além de ser direito
subjetivo do contribuinte, outorgado por lei, visa ao fomento do desenvolvimento econômico
e social de determinada região, pelo fortalecimento de determinado setor do mercado, que
necessite do amparo estatal.
d) Para a exclusão dos benefícios fiscais relacionados ao ICMS – tais como redução de base
de cálculo, redução de alíquota, isenção, diferimento, entre outros – da base de cálculo do
IRPJ e da CSLL, deve ser exigida a demonstração de concessão como estímulo à
implantação ou expansão de empreendimentos econômicos.
e) Em nenhuma hipótese é possível excluir os benefícios ou incentivos fiscais relacionados
ao ICMS da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, haja vista a necessidade de ser preservado
incólume o pacto federativo.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda a tese fixada pelo STJ no Tema Repetitivo nº 1182.
A alternativa A está correta, pois reflete o item 2 da tese fixada: “Para a exclusão dos benefícios
fiscais relacionados ao ICMS, - tais como redução de base de cálculo, redução de alíquota, isenção,
diferimento, entre outros - da base de cálculo do IRPJ e da CSLL não deve ser exigida a
demonstração de concessão como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos
econômicos.”
A alternativa B está incorreta, pois os dispositivos da Lei nº 12.973/2014 determinam duas
destinações, não sendo, portanto, de livre destinação. “Art. 30. As subvenções para investimento,
inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou
expansão de empreendimentos econômicos e as doações feitas pelo poder público não serão
computadas na determinação do lucro real, desde que seja registrada em reserva de lucros a que
se refere o art. 195-A da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que somente poderá ser utilizada
para: I - absorção de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas as
demais Reservas de Lucros, com exceção da Reserva Legal; ou II - aumento do capital social.”
A alternativa C está incorreta, pois há limitações para excluir os benefícios ou incentivos fiscais
relacionados ao ICMS da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, conforme item 1 da tese firmada:
“Impossível excluir os benefícios fiscais relacionados ao ICMS, - tais como redução de base de
cálculo, redução de alíquota, isenção, diferimento, entre outros - da base de cálculo do IRPJ e da
CSLL, salvo quando atendidos os requisitos previstos em lei (art. 10, da Lei Complementar n.
160/2017 e art. 30, da Lei n. 12.973/2014), não se lhes aplicando o entendimento firmado no ERESP
1.517.492/PR que excluiu o crédito presumido de ICMS das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL.”
A alternativa D está incorreta, pois não deve ser exigida a demonstração de concessão como
estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, conforme comentário à
alternativa A.
A alternativa E está incorreta, pois é possível excluir os benefícios fiscais relacionados ao ICMS da
base de cálculo do IRPJ e da CSLL quando atendidos requisitos previstos em lei, conforme item
comentário à alternativa C.

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108
QUESTÃO 83. Certo individuo residente em Natal RN adquiriu, mediante importação, um
novo veículo, pelo valor de dois milhões de dólares. Antes de o veículo ingressar no estado
de destino (RN), a autoridade aduaneira estabeleceu, para a base de cálculo do imposto
sobre a importação, o montante de quinze milhões de reais.
Considerando a situação hipotética precedente, assinale a opção correta à luz da Lei nº
6.967/1996 do estado do Rio Grande do Norte.
a) O valor fixado pela autoridade aduaneira para a base de cálculo do imposto sobre
importação, nos termos da lei aplicável, substituirá o valor declarado, para efeito de cálculo
do ICMS devido.
b) A base de cálculo do IPVA será o valor venal constante na nota fiscal, convertido em
moeda nacional pela mesma taxa de câmbio vigente na data do ingresso efetivo da
mercadoria no país, não podendo ser inferior ao do concessionário privativo da respectiva
marca ou, se não houver, ao preço de mercado.
c) Por se tratar de veículo importado, a base de cálculo do IPVA será a soma do valor do
veiculo importado, convertido em moeda nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada no
cálculo do imposto de importação, com o valor do IPI e de quaisquer outras despesas
aduaneiras, somente.
d) Por se tratar de veículo importado, a base de cálculo do IPVA será a soma do valor do
veículo importado, convertido em moeda nacional pela mesma taxa de câmbio vigente na
data do desembaraço aduaneiro, com o valor do imposto de importação, do IPI, do IOF, do
ICMS e de quaisquer outras despesas aduaneiras.
e) A base de cálculo do IPVA será o valor venal constante na nota fiscal, podendo ser inferior
ao do concessionário privativo da respectiva marca ou, se não houver, ao preço de mercado.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema legislação local do IPVA.
A alternativa A está incorreta, pois, nos termos da Lei Estadual nº 6.967/1996, o valor fixado pela
autoridade aduaneira substituirá o valor declarado para efeito de cálculo do IPVA devido e não do
ICMS. “Art. 3º (...) §2 . O valor fixado pela autoridade aduaneira para base de cálculo do imposto
o

sobre importação, nos termos da lei aplicável, substituirá o valor declarado.”


A alternativa B está incorreta, pois se refere à base de cálculo do IPVA para veículo novo não
importado, nos termos da Lei Estadual nº 6.967/1996. “Art. 3º A base de cálculo do imposto é: I -
para veículo novo, o valor venal constante na nota fiscal, não podendo ser inferior ao do
concessionário privativo da respectiva marca, ou se não houver, ao preço de mercado”.
A alternativa C está incorreta, pois além das parcelas constantes da alternativa, devem ser somados
o IOF e o ICMS, conforme Lei Estadual nº 6.967/1996. “Art. 3º (...) IV - nas operações de importação
de veículo novo ou usado realizadas diretamente por consumidor final, a soma das seguintes
parcelas: a) o valor do veículo constante do documento de importação, observado o disposto nos
§§ 2 e 3 , deste artigo; b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados; d)
o o

imposto sobre operações de câmbio; e) imposto sobre operações relativas a circulação de


mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal de
comunicação; f) quaisquer outras despesas aduaneiras.”
A alternativa D está correta, pois revela as parcelas constantes da base de cálculo de IPVA para
veículos importados, conforme comentário à alternativa C.

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A alternativa E está incorreta, pois além de se referir à base de cálculo do IPVA para veículo novo
não importado, nos termos da Lei Estadual nº 6.967/1996, o valor não poderia ser inferior ao do
concessionário privativo da marca, conforme comentário à alternativa B.

QUESTÃO 84. Com relação ao imposto sobre transmissão causa mortis e doação de
quaisquer bens e direitos (ITCD) nos termos da Lei nº 5.887/1989 do estado do Rio Grande
do Norte, assinale a opção correta.
a) Nas cessões, o contribuinte do ITCD é o cedente, sendo solidariamente responsáveis pelo
imposto as empresas, instituições financeiras e todo aquele a quem caiba a
responsabilidade do registro ou a prática de ato que implique a transmissão de bens e
créditos e respectivos direitos e ações.
b) Nas doações, o contribuinte do ITCD é o adquirente dos bens, direitos e créditos, sendo
os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, inclusive seus substitutos,
solidariamente responsáveis pelos tributos devidos sobre os atos que praticarem ou perante
os quais forem praticados em razão do seu ofício.
c) Nas doações, o contribuinte do ITCD é o adquirente dos bens, direitos e créditos, sendo o
doador solidariamente responsável pelo imposto na falta de seu pagamento devido, sem
prejuízo de eventual ação de regresso em desfavor do donatário.
d) Nas transmissões por morte, o contribuinte do ITCD é o herdeiro ou legatário, e, com
relação aos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão, são
responsáveis o sucessor a qualquer título e o cônjuge, limitada essa responsabilidade ao
montante do quinhão, do legado ou da meação.
e) Nas transmissões por morte, o contribuinte do ITCD é o herdeiro ou legatário, e, com
relação aos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha, é responsável o espólio.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema legislação local do ITCD.
A alternativa A está incorreta, pois conforme a Lei Estadual nº 5.887/1989, nas cessões o
contribuinte do imposto é o cessionário. “Art. 11 - O contribuinte do imposto é: (...) III - nas cessões:
o cessionário.”
A alternativa B está correta, pois revela a disciplina da Lei Estadual nº 5.887/1989 quanto a
contribuintes e responsáveis. “Art. 11 - O contribuinte do imposto é: I - nas doações: o adquirente
dos bens, direitos e créditos; (...) Art. 12 - São solidariamente responsáveis pelo imposto devido
pelo contribuinte: I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, inclusive substitutos,
pelos tributos devidos sobre os atos que praticarem ou perante os quais forem praticados em razão
do seu ofício;”
A alternativa C está incorreta, pois não há solidariedade do doador nos termos da Lei Estadual nº
5.887/1989. “Art. 12 - São solidariamente responsáveis pelo imposto devido pelo contribuinte: I - os
tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, inclusive substitutos, pelos tributos devidos
sobre os atos que praticarem ou perante os quais forem praticados em razão do seu ofício; II - as
empresas, instituições financeiras e todo aquele a quem caiba a responsabilidade do registro ou a
prática de ato que implique na transmissão de bens e créditos e respectivos direitos e ações.”

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A alternativa D está incorreta, pois o responsável é o espólio pelos tributos devidos pelo de cujus
até a data da abertura da sucessão, conforme Lei Estadual nº 5.887/1989. “Art. 12 (...) § 3º - Com
relação aos tributos devidos pelo “de cujus” até a data da abertura da sucessão, é responsável o
espólio.”
A alternativa E está incorreta, pois até a data da partilha, são responsáveis o sucessor a qualquer
título e o cônjuge, conforme Lei Estadual nº 5.887/1989. “Art. 12 (...) § 2º - Relativamente aos
tributos devidos pelo “de cujus” até a data da partilha ou adjudicação, respondem, respectivamente,
o sucessor a qualquer título e o cônjuge, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão,
do legado ou da meação.”

QUESTÃO 85. Determinada empresa com sede em Lajes – RN foi acusada de sonegar R$ 3
mil de ICMS, valor que não fora executado pelo fisco a tempo e modo. Durante o trâmite da
ação penal, foi impetrado habeas corpus em que se requereu o trancamento da ação, com a
aplicação do princípio da insignificância.
A partir dessa situação hipotética, e considerando que decreto estadual do Rio Grande do
Norte autoriza a PGE/RN a apresentar pedido de desistência das execuções fiscais já
ajuizadas cujo valor do crédito tributário ou não tributário exequendo seja equivalente ou
inferior a R$ 5 mil, assinale a opção correta à luz do entendimento do STJ.
a) O princípio da insignificância pode incidir tanto nos crimes tributários federais quanto nos
estaduais, independentemente de norma local reguladora que preveja a inexigibilidade da
execução fiscal para débitos considerados insignificantes, aplicando-se, na sua ausência, o
limite estabelecido na lei federal.
b) O princípio da insignificância incide apenas nos crimes tributários federais, não se
aplicando aos crimes tributários estaduais, mesmo que exista norma local que estabeleça
limite mínimo para a execução fiscal.
c) O princípio da insignificância não incide nos crimes tributários, uma vez que a parte lesada
é a coletividade, de modo que não há espaço para trancamento da ação penal no caso.
d) O princípio da insignificância, além de incidir nos crimes tributários federais, pode incidir
nos crimes tributários estaduais, desde que exista norma local reguladora que preveja a
inexigibilidade da execução fiscal para débitos considerados insignificantes.
e) O princípio da insignificância pode incidir nos crimes tributários, devendo servir de baliza
para sua aplicação o limite mínimo estabelecido em legislação federal, podendo, por essa
razão, ser determinado o trancamento da ação penal.
Comentários
A alternativa correta é a letra D, pois revela o entendimento do STJ em seu compilado
Jurisprudência em Teses, edição 219. “6) É possível aplicar o parâmetro estabelecido no Tema n.
157/STJ, para fins de incidência do princípio da insignificância no patamar estabelecido pela União
aos tributos dos demais entes federados, quando existir lei local no mesmo sentido da lei federal.
(...) Tese Firmada no Tema n. 157/STJ: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários
federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$
20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações
efetivadas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda.”
A questão aborda o tema princípio da insignificância nos crimes contra a ordem tributária à luz do
entendimento do STJ.

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As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, C e E não revelam o entendimento do STJ,
razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 86. Acerca da internalização dos convênios do Conselho Nacional de Política


Fazendária (CONFAZ) na ordem jurídica dos estados, à luz do entendimento do STF, é correto
afirmar que os convênios firmados no âmbito do CONFAZ que autorizem os estados a
isentarem do ICMS determinadas operações passam a ter força normativa
a) somente depois de expressamente ratificados pelo ente estadual, por meio de decreto
legislativo, não cabendo ratificação tácita.
b) somente depois de expressamente ratificados pelo ente estadual, por meio de lei ordinária
aprovada por 3/5 dos membros da casa legislativa, mesmo que já exista previsão legal no
ordenamento jurídico estadual nesse sentido, a fim de ser respeitado o princípio da
separação dos Poderes.
c) somente depois de expressamente ratificados pelo ente estadual, por meio de lei
complementar aprovada pela maioria absoluta dos membros da casa legislativa, podendo
haver ratificação tácita, caso a assembleia legislativa não ratifique o convênio no prazo legal,
a fim de se preservar o equilíbrio fiscal entre os entes signatários.
d) somente depois de expressamente ratificados pelo ente estadual, por meio de decreto
legislativo, podendo haver ratificação tácita, caso exista previsão legal no ordenamento
jurídico estadual nesse sentido, restando à administração pública aplicá-la por força do
princípio da legalidade.
e) imediata, a partir da competente comunicação do seu teor a assembleia legislativa.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema ratificação de convênio do CONFAZ à luz do entendimento do STF.
A alternativa A está incorreta, pois o STF admite a ratificação tácita do convênio pelo Legislativo
estadual. “4. Ratificação tácita do convênio pelo Legislativo estadual. Necessidade de reexame de
conteúdo fático-probatório e análise de legislação local. (RE 580788 AgR, Relator(a): GILMAR
MENDES, Segunda Turma, julgado em 02-09-2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-181 DIVULG
17-09-2014 PUBLIC 18-09-2014).”
A alternativa B está incorreta, pois o STF não exige maioria qualificada para ratificação do convênio,
apenas lei específica. “3. A exigência de submissão do convênio à Câmara Legislativa do Distrito
Federal evidencia observância não apenas ao princípio da legalidade tributária, quando é exigida
lei específica, mas também à transparência fiscal que, por sua vez, é pressuposto para o exercício
de controle fiscal-orçamentário dos incentivos fiscais de ICMS. (ADI 5929, Relator(a): EDSON
FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 14-02-2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG
05-03-2020 PUBLIC 06-03-2020).”
A alternativa C está incorreta, pois o STF exige lei específica, mas não complementar, ou decreto
legislativo. “3. A exigência de submissão do convênio à Câmara Legislativa do Distrito Federal
evidencia observância não apenas ao princípio da legalidade tributária, quando é exigida lei
específica, mas também à transparência fiscal que, por sua vez, é pressuposto para o exercício de
controle fiscal-orçamentário dos incentivos fiscais de ICMS. (ADI 5929, Relator(a): EDSON
FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 14-02-2020, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-047 DIVULG
05-03-2020 PUBLIC 06-03-2020).”

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A alternativa D está correta, pois revela o entendimento do STF noticiado no informativo 570.
“PROMULGAÇÃO DE DECRETO LEGISLATIVO. ATENDIMENTO AO PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE ESTRITA EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA. (RE 539130, Relator(a): ELLEN GRACIE,
Segunda Turma, julgado em 04-12-2009, DJe-022 DIVULG 04-02-2010 PUBLIC 05-02-2010
EMENT VOL-02388-05 PP-00900 RTJ VOL-00213-01 PP-00682 RDDT n. 175, 2010, p. 179-185
RT v. 99, n. 895, 2010, p. 177-185 LEXSTF v. 32, n. 374, 2010, p. 227-241)”. Ademais, a questão
da previsão de ratificação tácita também encontra guarida na jurisprudência do STF, conforme
comentários à alternativa A.
A alternativa E está incorreta, pois o STF entende pela necessidade de aprovação do convênio pelo
Legislativo Estadual, conforme comentários à alternativa D.

QUESTÃO 87. A sociedade empresária Alfa Ltda. foi executada por falta de pagamento de
impostos estaduais no ano de 2022. Durante o curso da execução fiscal, depois de diversas
tentativas de citação, o aviso de recebimento foi devolvido sem cumprimento, a despeito de
a comunicação postal ter sido encaminhada para o endereço cadastral da sociedade. Com
isso, a procuradoria-geral do estado solicitou o redirecionamento da execução fiscal contra
os sócios.
A respeito da situação hipotética precedente, assinale a opção correta conforme o Código
Tributário Nacional (CTN) e o entendimento do STJ.
a) Em se tratando de execução fiscal, a desconsideração da personalidade jurídica, com a
responsabilidade pessoal do sócio-gerente, é consequência jurídica lógica na natureza do
débito cobrado, não havendo possibilidade de serem opostas contra o fisco regras de direito
privado para proteção do Sócio.
b) Caso a sociedade empresária Alfa Ltda. tenha deixado de funcionar no seu domicílio fiscal,
mesmo que não tenha comunicado isso aos órgãos competentes, o sócio-gerente não
responderá pela execução fiscal, uma vez que a referida falta de comunicação seria mera
irregularidade sanável.
c) Caso a sociedade empresária Alfa Ltda. tenha deixado de funcionar no seu domicílio fiscal,
mesmo que não tenha comunicado isso aos órgãos competentes, o sócio-gerente não
responderá pela execução fiscal, uma vez que, pelo princípio da responsabilidade limitada,
os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade.
d) A responsabilidade pessoal do sócio-gerente no caso decorre da aplicação do dispositivo
do CTN que prevê que são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a
obrigações tributárias da sociedade os diretores, gerentes ou representantes de pessoas
jurídicas de direito privado, sendo irrelevante, para o redirecionamento da execução fiscal,
a comunicação, ou sua falta, acerca de eventual alteração do domicílio da sociedade aos
órgãos competentes.
e) Caso a sociedade empresária Alfa Ltda. tenha deixado de funcionar no seu domicílio fiscal
e não tenha comunicado isso aos órgãos competentes, será legitimo o redirecionamento da
execução fiscal para a pessoa do Sócio-gerente.
Comentários
A alternativa correta é a letra E, pois revela o entendimento da Súmula 435 do STJ. “Presume-se
dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem

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108
comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o
sócio-gerente.”
A questão aborda o tema do redirecionamento da execução.
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, C e D contrariam o teor da Súmula 435 do
STJ, razão pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 88. De acordo com o art. 116, parágrafo único, do CTN (chamada de norma de
combate à evasão fiscal), a autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou
negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador
do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os
procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Com relação a tal norma, assinale a
opção correta à luz do entendimento do STF.
a) A norma de combate à evasão fiscal permite à autoridade fiscal tributar fato gerador não
ocorrido e previsto em lei, além de autorizar o agente fiscal a preencher eventuais lacunas
legais com a interpretação analógica, permitida pelo CTN.
b) A norma de combate à evasão fiscal autoriza a tributação com base na intenção do que
poderia estar sendo supostamente encoberto por uma forma jurídica, totalmente legal, mas
que estaria ensejando pagamento de imposto menor, tributando mesmo que não haja lei para
caracterizar tal fato gerador.
c) A norma de combate à evasão fiscal proíbe o contribuinte de buscar, por vias legitimas e
comportamentos coerentes com a ordem jurídica, economia fiscal, realizando suas
atividades de forma menos onerosa e, assim, deixando de pagar tributos quando não
configurado fato gerador cuja ocorrência tenha sido licitamente evitada.
d) A norma de combate à evasão fiscal não representa ofensa aos princípios da legalidade,
da legalidade estrita em direito tributário e da separação dos Poderes, sendo, todavia, viável
ao contribuinte optar pelo caminho da elisão fiscal, em que há diminuição lícita dos valores
tributários devidos, pois o contribuinte evita relação jurídica que faria originar obrigação
tributária, o que não ocorre na evasão fiscal, em que o contribuinte atua de forma a ocultar
fato gerador materializado para omitir-se do pagamento da obrigação tributária devida.
e) A norma de combate à evasão fiscal foi considerada inconstitucional pelo STF, por violar
o princípio da separação dos Poderes, considerando-se que o ordenamento jurídico
brasileiro adota o sistema inglês, de jurisdição una ou do controle judicial, de maneira que
todos os litígios, seja administrativos, seja de interesses exclusivamente privados, devem
ser resolvidos pelo Poder Judiciário, que é o único capaz de produzir decisões definitivas
com força de coisa julgada.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema evasão e elisão fiscal.
A alternativa A está incorreta, pois, conforme decidido na ADI 2446, “Não se verifica, no presente
caso, a possibilidade de a autoridade fiscal usurpar competência legislativa, realizando tributação
por analogia ou fora das hipóteses legalmente previstas, mediante interpretação econômica.”
A alternativa B está incorreta, pois o fato gerador deve estar previsto em lei, conforme decidido na
ADI 2446, “Faz-se necessária, assim, a configuração de fato gerador que, por óbvio, além de estar

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108
devidamente previsto em lei, já tenha efetivamente se materializado, fazendo surgir a obrigação
tributária. Assim, a desconsideração autorizada pelo dispositivo está limitada aos atos ou negócios
jurídicos praticados com intenção de dissimulação ou ocultação desse fato gerador.”
A alternativa C está incorreta, pois contraria frontalmente trecho do acórdão prolatado na ADI 2446.
“A norma não proíbe o contribuinte de buscar, pelas vias legítimas e comportamentos coerentes
com a ordem jurídica, economia fiscal, realizando suas atividades de forma menos onerosa, e,
assim, deixando de pagar tributos quando não configurado fato gerador cuja ocorrência tenha sido
licitamente evitada.”
A alternativa D está correta, pois revela o entendimento do STF veiculado no Informativo 1050
“EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI COMPLEMENTAR N. 104/2001.
INCLUSÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO AO ART. 116 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL:
NORMA GERAL ANTIELISIVA. ALEGAÇÕES DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE,
DA LEGALIDADE ESTRITA EM DIREITO TRIBUTÁRIO E DA SEPARAÇÃO DOS PODERES NÃO
CONFIGURADAS. AÇÃO DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE. (ADI 2446, Relator(a): CÁRMEN
LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 11-04-2022, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-079 DIVULG 26-
04-2022 PUBLIC 27-04-2022)”
A alternativa E está incorreta, pois a norma foi declarada constitucional, conforme comentário à
alternativa D.

QUESTÃO 89. Com base no Decreto Estadual n° 31.825/2022, que dispõe acerca do ICMS no
estado do Rio Grande do Norte, assinale a opção correta.
a) É relevante para a caracterização da incidência do ICMS a natureza jurídica da operação
relativa à circulação de mercadoria e prestação relativa ao serviço de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação.
b) O ICMS incide sobre operações com fonogramas e videofonogramas musicais produzidos
no Brasil e que contenham obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros, ou obras
em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos
digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de
leitura a laser.
c) O ICMS não incide sobre serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado
no exterior.
d) Ficam isentas do ICMS as saídas internas e interestaduais de veículos automotores novos
quando adquiridos por pessoas com deficiência física, visual, mental severa ou profunda,
síndrome de Down ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu representante legal, e
o benefício correspondente deverá ser transferido ao adquirente do veículo, mediante
redução no seu preço.
e) A isenção do ICMS concedida por força do referido decreto dispensa o contribuinte do
cumprimento das obrigações acessórias, uma vez que se trata de dispensa legal (ex lege)
do pagamento do imposto.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata do tema do ICMS no estado do Rio Grande do Norte.

93
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A alternativa A está incorreta. De acordo com art. 2º, § 5º, I, do Decreto Estadual n° 31.825/2022:
“§ 5º É irrelevante para a caracterização da incidência: I - a natureza jurídica da operação relativa
à circulação de mercadoria e prestação relativa ao serviço de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação;”
A alternativa B está incorreta. Não há incidência. De acordo com art. 5º, VI, do Decreto Estadual n°
31.825/2022: “Art. 5º O imposto não incide sobre as seguintes operações ou prestações: VI -
fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou
literomusicais de autores brasileiros ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem
como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação
industrial de mídias ópticas de leitura a laser;”
A alternativa C está incorreta. De acordo com art. 2º, § 1º, II, do Decreto Estadual n° 31.825/2022:
“§ 1º O imposto incide também sobre: II - o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha
iniciado no exterior;”
A alternativa D está correta. De acordo com art. 16, caput e § 1º, do Anexo I do Decreto Estadual
n° 31.825/2022: “Art. 16. Ficam isentas do ICMS as saídas internas e interestaduais de veículo
automotor novo quando adquirido por pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental
severas ou profundas, síndrome de Down ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu
representante legal. § 1º O benefício correspondente deverá ser transferido ao adquirente do
veículo, mediante redução no seu preço.”
A alternativa E está incorreta. De acordo com art. 7º, parágrafo único, do Decreto Estadual n°
31.825/2022: “Parágrafo único. A isenção não dispensa o contribuinte do cumprimento das
obrigações acessórias.”

QUESTÃO 90. No estado X, foi publicada lei que permite à administração tributária estadual
apreender mercadorias do contribuinte devedor do ICMS, para garantir o pagamento do
imposto.
No que se refere à permissão prevista na lei mencionada nessa situação hipotética, assinale
a opção correta conforme a jurisprudência sumulada do STF.
a) A apreensão de mercadoria mostra-se cabível, uma vez que o devedor deve submeter-se
à fiscalização, de acordo com o disposto no CTN, e, sendo a atividade administrativa
plenamente vinculada, devem ser assegurados o controle e o cumprimento da norma jurídica
pela administração tributária.
b) A apreensão de mercadoria para assegurar o pagamento do imposto devido é
inadmissível, por ser meio que tem como propósito coagir o contribuinte ao cumprimento
da sua obrigação tributária.
c) A apreensão de mercadorias, por consistir em simples ato impeditivo e temporário de sua
circulação irregular, mostra-se cabível, a fim de assegurar a arrecadação para financiamento
da atividade estatal e garantir o bem-estar da coletividade.
d) A apreensão de mercadoria só se mostrará viável se o contribuinte estiver inadimplente
e, quando devidamente intimado pela autoridade fiscalizadora, deixar de efetuar o
pagamento dos débitos em atraso, no prazo de 30 dias.
e) A apreensão de mercadoria para assegurar o pagamento do imposto devido mostra-se
relevante para garantir a isonomia de tratamento entre contribuintes adimplentes e

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inadimplentes, sob pena de violação ao princípio da livre concorrência e de fomento da
concorrência desleal.
Comentários
A alternativa correta é a letra B, pois representa a inteligência da Súmula 323 do STF: “É
inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos.”
A questão aborda o tema medidas coercitivas para o pagamento de tributos.
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, C, D e E violam o entendimento do STF, razão
pela qual estão incorretas.

QUESTÃO 91. A respeito da seguridade social, assinale a opção correta, considerando o


disposto na Constituição Federal de 1988 (CF).
a) É assegurado o reajustamento dos benefícios previdenciários para preservar-lhes, em
caráter permanente, o valor nominal, conforme critérios definidos em lei, o que, entretanto,
não assegura a irredutibilidade do valor dos benefícios.
b) A universalidade da cobertura e do atendimento no âmbito da previdência social será
limitada aos segurados filiados ao regime geral de previdência social (RGPS) e a seus
dependentes, em razão do caráter contributivo do referido regime e da natureza obrigatória
da filiação a ele.
c) O acesso das populações rurais aos benefícios e serviços de previdência social é limitado
à idade avançada, em razão do caráter não contributivo da filiação do segurado especial.
d) Nenhum benefício pago pela previdência social poderá ser inferior ao salário-mínimo
vigente.
e) A precedência da fonte de custeio para a criação, majoração ou extensão de um benefício
ou serviço não se aplica à assistência social e à saúde, uma vez que a universalidade da
cobertura e do atendimento abrange apenas a previdência social.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata de princípios e objetivos da seguridade social.
A alternativa A está incorreta, pois a sua redação contraria o princípio da preservação do valor real
dos benefícios previdenciários, que está exposto no art. 201, §4º, da CF: “É assegurado o
reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
critérios definidos em lei”.
É importante relembrar que, dentro da seguridade social, a preservação do valor real é uma garantia
aplicável exclusivamente ao subsistema da previdência social. Por outro lado, a saúde e a
assistência social contam apenas com a garantia de preservação do valor nominal das prestações.
A alternativa B está correta. O princípio da universalidade da cobertura e do atendimento, que é um
dos objetivos da seguridade social, preconiza que as prestações da seguridade social sejam
destinadas a todos que delas necessitarem. Todavia, esse princípio deve ser interpretado de
maneira diferente no subsistema da previdência social, justamente em razão da sua natureza
contributiva.

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108
Nos subsistemas da saúde e da assistência social, existe uma universalidade ampla, pois não há a
exigência de contribuições prévias para que a pessoa faça jus às prestações fornecidas. Por outro
lado, no subsistema da previdência social, a universalidade é mitigada pela exigência da
contributividade, de modo que, em regra, a concessão das prestações previdenciárias exige a
prévia filiação e o recolhimento de contribuições destinadas ao custeio do sistema.
A alternativa C está incorreta. Com a promulgação da CF/88, foi trazida a previsão expressa do
princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
(art. 194, parágrafo único, II, CF), de modo que, em regra, os trabalhadores rurais farão jus aos
mesmos benefícios conferidos aos trabalhadores urbanos.
Ainda, outro erro da alternativa está em afirmar que o segurado especial não tem uma filiação
contributiva com a previdência social, pois ele está obrigado a contribuir com uma alíquota incidente
sobre o resultado da comercialização da sua produção (art. 195, §8º, CF), logo, a sua filiação,
apesar de peculiar, é contributiva.
A alternativa D está incorreta, pois a garantia de benefícios não inferiores ao salário-mínimo
somente se aplica aos benefícios substitutivos da remuneração do segurado (art. 201, §2º, CF), a
exemplo das aposentadorias e do salário-maternidade. Por outro lado, os benefícios que não
substituem a remuneração do segurado, como o salário-família e o auxílio-acidente, podem ter valor
inferior ao salário-mínimo.
A alternativa E está incorreta, pois o princípio da precedência da fonte de custeio se aplica a toda
a seguridade social, como prevê o art. 195, §5º, da CF: “Nenhum benefício ou serviço da seguridade
social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total”.
Portanto, o seu espectro de abrangência alcança os subsistemas da saúde, da assistência social e
da previdência social.

QUESTÃO 92. Considerando o disposto na CF, assinale a opção correta acerca das regras
do regime geral de previdência social (RGPS).
a) O RGPS é um sistema de capitalização, de caráter contributivo e facultativo, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial.
b) O desemprego involuntário é objeto de proteção e cobertura pelo RGPS.
c) As regras do RGPS aplicam-se exclusivamente aos trabalhadores da iniciativa privada,
não sendo cabível a observância no regime próprio de previdência social (RPPS), ainda que
de forma subsidiária, de requisitos e critérios fixados para o RGPS.
d) A Constituição Federal assegura a contagem de tempo de contribuição fictício para efeito
de concessão dos benefícios previdenciários, desde que enquadrados nos casos
expressamente nela previstos.
e) É vedada a filiação ao RGPS, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante
de regime próprio de previdência.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata de temas gerais relativos ao RGPS.
A alternativa A está incorreta, pois o RGPS, na verdade, é um sistema de repartição simples, de
caráter contributivo e obrigatório.

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108
A expressão “repartição simples” significa dizer que as contribuições pagas por um segurado não
são destinadas exclusivamente ao custeio das prestações futuramente concedidas a ele, mas, sim,
são destinadas ao custeio de todo o sistema. Os sistemas de repartição simples se contrapõem aos
sistemas de capitalização, que abrangem os regimes de previdência complementar.
Por sua vez, a filiação obrigatória ao RGPS significa que o mero exercício de atividade remunerada
já é suficiente para que o trabalhador seja considerado segurado obrigatório do sistema,
independentemente da sua manifestação de vontade.
A alternativa B está incorreta. Apesar de o art. 201, III, da CF, estabelecer o desemprego
involuntário como uma contingência a ser coberta pelo RGPS, o art. 9º, §1º, da Lei 8.213/91, é claro
ao afirmar que o RGPS não prevê a cobertura do desemprego involuntário.
Portanto, o seguro-desemprego é um benefício que não está abarcado pelo RGPS.
A alternativa C está incorreta, pois as regras do RGPS, naquilo que for cabível, são aplicáveis de
maneira subsidiária ao RPPS, como prevê o art. 40, §12, da CF: “Além do disposto neste artigo,
serão observados, em regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e critérios
fixados para o Regime Geral de Previdência Social”.
A alternativa D está incorreta. Na verdade, a Constituição veda expressamente a contagem do
tempo de contribuição fictício, tanto no RGPS quanto no RPPS (art. 40, §10, e art. 201, §14, ambos
da CF).
A alternativa E está correta, pois reproduz a literalidade do art. 201, §5º, da CF. A categoria do
segurado facultativo é, em regra, destinada àqueles que não exercem qualquer atividade
remunerada, o que não abrange os servidores vinculados a algum RPPS.

QUESTÃO 93. Em relação aos beneficiários do RGPS, assinale a opção correta.


a) Não se admite, em qualquer hipótese, que a prova de união estável e de dependência
econômica seja feita exclusivamente por prova testemunhal.
b) Os beneficiários do RGPS classificam-se como segurados dependentes e designados.
c) Exclui-se definitivamente da condição de dependente aquele que for condenado
criminalmente por sentença transitada em julgado pela prática de homicídio doloso contra o
segurado do qual era dependente.
d) A inscrição do dependente é feita por indicação do segurado quando da filiação ao RGPS.
e) É permitida a inscrição post mortem de segurado contribuinte individual e de segurado
facultativo, desde que haja o pagamento das contribuições em atraso acrescido de
pagamento de juros e correção monetária, nos termos da lei.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão trata das regras relativas aos beneficiários do RGPS.
A alternativa A está incorreta, pois a dependência econômica e a união estável podem ser
comprovadas por meio de prova exclusivamente testemunhal nas hipóteses de caso fortuito e de
força maior. Isso está previsto no art. 16, §5º, da Lei 8.213/91: “As provas de união estável e de
dependência econômica exigem início de prova material contemporânea dos fatos, produzido em
período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à

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108
prisão do segurado, não admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de
motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento”.
A alternativa B está incorreta. Na verdade, os beneficiários do RGPS são apenas os segurados e
os seus dependentes, conforme prevê o art. 10 da Lei 8.213/91: “Os beneficiários do Regime Geral
de Previdência Social classificam-se como segurados e dependentes, nos termos das Seções I e II
deste capítulo”. Portanto, não existe a categoria dos “designados”.
A alternativa C está correta, pois reproduz a literalidade do art. 16, §7º, da Lei 8.213/91: “Será
excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido condenado criminalmente por
sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor ou partícipe de homicídio doloso, ou de
tentativa desse crime, cometido contra a pessoa do segurado, ressalvados os absolutamente
incapazes e os inimputáveis”.
Destacamos que a exclusão da condição de dependente somente irá ocorrer em caso de homicídio
doloso (tentado ou consumado), e desde que o segurado não seja absolutamente incapaz ou
inimputável. De todo modo, a assertiva permanece correta.
A alternativa D está incorreta, tendo em vista que a inscrição do dependente, na verdade, é
realizada no momento do requerimento do benefício a que estiver habilitado (art. 17, §1º, Lei
8.213/91).
Excepcionalmente, no caso do dependente inválido ou com deficiência intelectual, mental ou grave,
a inscrição pode ocorrer antes do óbito do segurado, para os fins do requerimento da pensão por
morte. Isso está previsto no art. 23, 5º, da EC 103/19: “Para o dependente inválido ou com
deficiência intelectual, mental ou grave, sua condição pode ser reconhecida previamente ao óbito
do segurado, por meio de avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e
interdisciplinar, observada revisão periódica na forma da legislação”.
A alternativa E está incorreta. A legislação é expressa ao proibir a inscrição post mortem do
contribuinte individual e do segurado facultativo (art. 17, §7º, Lei 8.213/91).
Por outro lado, existe autorização para a inscrição post mortem do segurado especial, conforme o
art. 18, §5º, do Decreto 3.048/99: “Presentes os pressupostos da filiação, admite-se a inscrição post
mortem do segurado especial”.

QUESTÃO 94. Acerca das regras de prescrição e decadência no âmbito do RGPS, julgue os
itens seguintes.
I – É de 5 anos o prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para
a revisão do ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do
ato de deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício.
II – O direito da previdência social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos
favoráveis para os seus beneficiários decai em 10 anos, contados da data em que os atos
foram praticados, salvo em caso de comprovada má-fé.
III – O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão
do ato de concessão de benefício é contado a partir da data do deferimento do pedido na via
administrativa.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas o item I está certo.

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108
c) Apenas o item II está certo.
d) Apenas o item III está certo.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, pois somente o item II está certo.
A questão trata de prescrição e decadência no RGPS.
O item I está incorreto, pois o prazo de decadência para a revisão do ato de concessão de benefício
previdenciário é de 10 anos, conforme prevê o art. 103 da Lei 8.213/91. Ainda, na ADI 6.096, o STF
considerou inconstitucional a fixação de um prazo decadencial para a revisão dos atos de
indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício, por considerar que o mero decurso de um
lapso temporal não pode vedar o acesso a um direito social garantido pela própria Constituição
Federal.
Portanto, atualmente, somente o ato de concessão do benefício está sujeito a um prazo decadencial
para a sua revisão, e esse prazo é de 10 anos.
O item II está correto. A assertiva reproduz a literalidade do art. 103-A da Lei 8.213/91: “O direito
da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé”.
O item III está incorreto. Na verdade, o termo inicial do prazo decadencial para a revisão do ato de
concessão do benefício é o dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação
(art. 103, Lei 8.213/91).

QUESTÃO 95. No que se refere às disposições gerais acerca dos benefícios do RGPS, julgue
os itens que se seguem.
I – Não se poderá conceder aposentadoria por invalidez ou auxílio por incapacidade
temporária ao segurado que no momento de filiação ao RGPS, já era portador de doença
preexistente, ainda que a incapacidade sobrevenha por motivo de progressão ou
agravamento da doença.
II – A comprovação da efetiva exposição do segurado a agentes nocivos será feita mediante
formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), emitido
pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de condições ambientais do
trabalho, expedido por médico de trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho, nos
termos da legislação trabalhista.
III – O salário-maternidade é devido à segurada da previdência social, durante 120 dias, com
início no período entre 28 dias antes do parto e a data de ocorrência deste, não sendo
possível a concessão para as hipóteses de guarda judicial.
IV – Para a concessão de pensão previdenciária por morte, aplica-se a lei vigente na data do
óbito do segurado.
Assinale a opção correta
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e III estão certos.

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108
c) Apenas os itens II e IV estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, pois apenas os itens II e IV estão certos.
A questão trata dos benefícios em espécie no RGPS.
O item I está incorreto. Em regra, se o segurado se filiar ao RGPS já portador de uma doença
preexistente, ele não terá direito aos benefícios de aposentadoria por incapacidade permanente
(antiga aposentadoria por invalidez) e auxílio por incapacidade temporária em razão dessa doença,
como preveem os arts. 42, §1º e 59, §1º, ambos da Lei 8.213/91.
Todavia, se a incapacidade do segurado resultar de uma progressão ou de um agravamento da
doença, ocorridos quando ele já estava filiado à Previdência Social, haverá o direito aos benefícios
por incapacidade.
O item II está correto. Essa assertiva tem relação com a aposentadoria especial, que exige a efetiva
exposição do segurado a agentes prejudiciais à saúde para a sua concessão. O tema está
disciplinado pelo art. 58, §1º, da Lei 8.213/91: “A comprovação da efetiva exposição do segurado
aos agentes nocivos será feita mediante formulário, na forma estabelecida pelo Instituto Nacional
do Seguro Social - INSS, emitido pela empresa ou seu preposto, com base em laudo técnico de
condições ambientais do trabalho expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do
trabalho nos termos da legislação trabalhista”.
Portanto, de acordo com a legislação, a comprovação dessa exposição pode ser feita por meio do
LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho), que dará o embasamento para se
considerar como especial o tempo cumprido naquela atividade.
O item III está incorreto. A primeira parte da assertiva está correta, pois reproduz o art. 71 da Lei
8.213/91: “O salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e
vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de ocorrência
deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à
maternidade”.
Todavia, a parte final está incorreta, tendo em vista que, apesar de a guarda judicial, em regra, não
gerar o direito à concessão do salário-maternidade, deve ser feita a ressalva da guarda judicial para
fins de adoção, que está expressamente prevista na legislação como uma das hipóteses de
concessão desse benefício (art. 71-A, Lei 8.213/91).
O item IV está correto, pois traz o texto da Súmula 340 do STJ. Esse entendimento sumulado se
baseia no princípio do tempus regit actum, pois, se o fato gerador da pensão por morte é o óbito do
segurado, o benefício deve ser regido pela lei que estava em vigor no momento em que o óbito
ocorreu, sendo certo que ele não será afetado por alterações legislativas posteriores.
Por exemplo, se um segurado houver falecido no dia 10/11/2019, a superveniência da EC 103/19
(promulgada em 13/11/2019) não terá o condão de alterar o benefício da pensão por morte devido
aos dependentes dele, pois o fato gerador do benefício ocorreu antes da alteração legislativa.

QUESTÃO 96. Considerando a Emenda Constitucional (EC) nº 103/2019, assinale a opção


correta, no que se refere ao regime próprio de previdência social (RPPS).

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108
a) Ao agente público ocupante exclusivamente de cargo em comissão declarado em lei de
livre nomeação e exoneração, de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o
RGPS, ressalvado o ocupante de mandato eletivo.
b) O RPPS dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário,
mediante contribuição do respectivo ente federativo e de servidores ativos e aposentados,
sendo facultada a contribuição de pensionistas, observados critérios que preservem o
equilíbrio financeiro e atuarial.
c) As regras para cálculo de proventos de aposentadoria no âmbito dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, assim como o reajustamento dos benefícios previdenciários,
serão disciplinados de acordo com as regras estabelecidas no RGPS.
d) Um ente federativo pode, de acordo com critérios estabelecidos em lei, conceder abono
de permanência para o servidor titular de cargo efetivo que tenha completado as exigências
para a aposentadoria voluntária e opte por permanecer em atividade até completar a idade
para aposentadoria compulsória.
e) É permitida a existência de mais de um RPPS e de mais de um órgão ou entidade gestora
desse regime em cada ente federativo, para contemplar os membros do Poder Judiciário, do
Ministério Público e das Defensorias Públicas.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata das regras expostas na Constituição Federal acerca dos RPPS.
A alternativa A está incorreta. Desde a EC 20/98, a CF já previa que os servidores ocupantes de
cargos em comissão de livre nomeação e exoneração, bem como os temporários e os empregados
públicos, deveriam ser vinculados ao RGPS. E, com o advento da EC 103/19, foi acrescentado a
esse rol o ocupante de mandato eletivo (art. 40, §13, CF), de modo que o RPPS resta reservado
exclusivamente aos servidores públicos efetivos.
A alternativa B está incorreta. Essa assertiva está quase integralmente correta, pois, de fato, o
RPPS deve ter caráter contributivo e solidário, contando com contribuição do respectivo ente
federativo e dos servidores ativos e aposentados vinculados a ele. Todavia, o erro da questão está
em afirmar que a contribuição dos pensionistas é facultativa, pois, na verdade, ela é obrigatória.
Isso está exposto no caput do art. 40 da CF: “O regime próprio de previdência social dos servidores
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial”.
A título de curiosidade, destacamos que a contribuição dos aposentados e dos pensionistas foi
expressamente permitida pela EC 41/03.
A alternativa C está incorreta. Desde o advento da EC 103/19, os entes federativos ganharam
autonomia para estabelecerem as regras de cálculo dos proventos de aposentadoria devidos pelos
seus RPPS, como passou a prever o art. 40, §3º, da CF: “As regras para cálculo de proventos de
aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo”.
Portanto, as regras de cálculo existentes para o RGPS não devem ser aplicadas nos RPPS, pois
isso iria ferir a autonomia que a EC 103/19 garantiu aos entes federativos nessa matéria.
A alternativa D está correta. Essa assertiva reproduz a literalidade do art. 40, §19, da CF:
“Observados critérios a serem estabelecidos em lei do respectivo ente federativo, o servidor titular
de cargo efetivo que tenha completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que opte

101
108
por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de permanência equivalente, no máximo,
ao valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compulsória”.
Destacamos que, até o advento da EC 103/19, a CF era taxativa ao estabelecer o direito ao abono
de permanência ao servidor. Todavia, com a publicação da referida Emenda, a instituição do abono
de permanência passou a ser uma faculdade do ente federativo, que, se assim o desejar, poderá
optar por prever tal benefício na legislação do seu RPPS.
A alternativa E está incorreta. É absolutamente vedada a existência de mais de um RPPS ou de
mais de um órgão ou entidade gestora em cada ente federativo (art. 40, §20, CF). Essa proibição
de instituição de múltiplos RPPS dentro do mesmo ente federativo visa garantir a isonomia entre os
servidores públicos daquele ente, de modo a assegurar que, em regra, todos sejam submetidos ao
mesmo regime previdenciário.

QUESTÃO 97. Em relação à previdência complementar, assinale a opção correta.


a) A CF atribuiu à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a competência
para instituir, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime de previdência
complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo.
b) A EC nº 103/2019 facultou aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios a instituição
do regime de previdência complementar.
c) O regime de previdência complementar oferecerá plano de benefícios em diversas
modalidades de contribuição, conforme critérios a serem definidos pela lei instituidora do
respectivo ente federativo.
d) A efetivação do regime de previdência complementar no âmbito da União, dos estados e
do Distrito Federal ocorrerá exclusivamente por intermédio de entidade fechada de
previdência complementar, ao passo que, nos municípios, a efetivação também poderá
ocorrer por meio de entidade aberta de previdência complementar.
e) A instituição do regime de previdência complementar em determinado estado resulta na
filiação obrigatória dos servidores públicos ocupantes de cargo efetivo nesse estado.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão trata das regras de previdência complementar.
A alternativa A está correta, pois, com as alterações promovidas pela EC 103/19, foi expressamente
inserida na CF a determinação para a instituição do regime de previdência complementar por meio
de lei de iniciativa do Poder Executivo de cada ente federativo (art. 40, §14, CF).
A alternativa B está incorreta. Antes do advento da EC 103/19, a criação desse regime era, de fato,
facultativa; mas, com a publicação dessa Emenda, essa faculdade foi transformada em uma
obrigatoriedade, de modo que todos os entes federativos devem instituir o seu respectivo regime
de previdência complementar. De acordo com o art. 9º, §6º, da EC 103/19, o prazo para essa
instituição é de 2 anos, contados da data em que a Emenda entrou em vigor.
A alternativa C está incorreta. Na verdade, não existe liberdade para a definição das modalidades
de planos de benefícios no regime de previdência complementar dos servidores públicos, pois a CF
autorizou somente a modalidade contribuição definida: “Art. 40. [...] § 15. O regime de previdência
complementar de que trata o § 14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade

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contribuição definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por intermédio de entidade
fechada de previdência complementar ou de entidade aberta de previdência complementar”.
A principal característica dos planos de contribuição definida está no fato de que o valor do benefício
não é garantido de antemão, pois ele é permanentemente ajustado ao saldo de conta mantido em
favor do participante, considerando o resultado líquido da sua aplicação.
A alternativa D está incorreta. Pelo texto permanente da CF, o regime de previdência complementar
pode ser efetivado por intermédio de uma entidade fechada ou de uma entidade aberta (art. 40,
§15). Todavia, a utilização das entidades abertas de previdência complementar exige a prévia
publicação de uma lei complementar que discipline como se dará a relação entre os entes
federativos e as referidas entidades (art. 202, §4º, CF).
Considerando que essa lei complementar ainda não existe, não é possível, por ora, que as
entidades abertas administrem planos de previdência complementar patrocinados pelos entes
federativos, como dispõe a norma transitória do art. 33 da EC 103/19.
Por fim, ao contrário do que afirma a alternativa, essa sistemática vigora para todos os entes
federativos. Não há tratamento diferenciado em relação aos Municípios.
A alternativa E está incorreta. Uma das principais características da previdência complementar é o
seu caráter facultativo (art. 202, CF). Isso vale tanto para a previdência complementar privada
quanto para a previdência complementar dos servidores públicos.
É necessário destacar que os regimes de previdência complementar, ao contrário do RGPS e do
RPPS, visam manter o padrão de vida do segurado durante a sua aposentadoria mediante o
pagamento de contribuições adicionais ao longo da sua vida laboral, razão pela qual a adesão é
facultativa e depende de manifestação expressa de vontade do segurado.

QUESTÃO 98. De acordo com a Lei nº 8213/1991, assinale a opção correta acerca da
contagem recíproca do tempo de contribuição.
a) É vedada a contagem recíproca de tempo de contribuição do RGPS por RPPS sem a
emissão da Certidão de Tempo de Contribuição (CTC) correspondente, ainda que o tempo
de contribuição referente ao RGPS tenha sido prestado pelo servidor público ao próprio ente
instituidor.
b) A Certidão de Tempo de Contribuição (CTC) poderá ser emitida por RPPS ao servidor
ocupante de cargo efetivo em exercício.
c) É permitida a contagem recíproca de tempo de serviço público e de atividade privada,
quando concomitantes, mas o tempo de serviço utilizado não será contado por um sistema
para concessão de aposentadoria pelo outro.
d) É vedada a emissão de Certidão de Tempo de Contribuição (CTC) com o registro exclusivo
de tempo de serviço, sem a comprovação de contribuição efetiva, exceto para o segurado
empregado, empregado doméstico e segurado especial que tenham exercido atividade rural
de subsistência em regime de economia familiar.
e) É permitida a desaverbação de tempo em RPPS para fins de contagem recíproca perante
o RGPS quando o tempo averbado tiver gerado a concessão de vantagens remuneratórias
ao servidor público em atividade.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.

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A questão trata das regras que envolvem a contagem recíproca de tempo de contribuição e a
emissão da respectiva CTC (Certidão de Tempo de Contribuição).
A alternativa A está correta, pois reproduz a literalidade do art. 96, VII, da Lei 8.213/91, criado em
2019: “é vedada a contagem recíproca de tempo de contribuição do RGPS por regime próprio de
previdência social sem a emissão da CTC correspondente, ainda que o tempo de contribuição
referente ao RGPS tenha sido prestado pelo servidor público ao próprio ente instituidor”.
Essa vedação legal reforça a premissa básica de que a CTC é indispensável para que o segurado
consiga obter a contagem recíproca do tempo de contribuição em um outro regime previdenciário.
A alternativa B está incorreta. A Lei 8.213/91 é expressa ao estabelecer que a CTC somente pode
ser emitida por um RPPS a um ex-servidor (art. 96, VI, Lei 8.213/91), de modo que, para conseguir
obter a certidão, é necessário que o servidor já esteja desvinculado daquele regime de previdência
social.
A alternativa C está incorreta. É absolutamente vedada a contagem concomitante do tempo de
serviço público e de atividade privada (art. 96, Lei 8.213/91), tendo em vista que isso configuraria
uma forma de contagem de tempo ficto, pois permitiria que, por exemplo, um determinado
trabalhador vinculado concomitantemente ao RGPS e ao RPPS trabalhasse por 10 anos e
conseguisse uma contagem de 20 anos de tempo de contribuição.
Por outro lado, quando as atividades não forem concomitantes, será perfeitamente possível fazer a
contagem e a soma dos dois períodos. Por exemplo, se um segurado tiver laborado como segurado
empregado entre 2020 e 2023 e, então, assumir o cargo de Procurador no Estado do Rio Grande
do Norte a partir de 2024, ele conseguirá obter a contagem daquele período pretérito no RPPS em
que está ingressando, desde que obtenha a CTC.
A alternativa D está incorreta. A assertiva está quase integralmente correta, pois traz uma regra
exposta no art. 96, V, da Lei 8.213/91. Todavia, o erro está na inclusão do segurado especial nesse
rol, tendo em vista que essa previsão legal é destinada exclusivamente aos segurados que gozam
da presunção de recolhimento das contribuições previdenciárias (princípio da automaticidade das
prestações), o que atualmente abrange os segurados empregado, empregado doméstico,
trabalhador avulso e contribuinte individual que presta serviço a empresas.
A alternativa E está incorreta. A desaverbação de tempo em RPPS somente é permitida se ela não
tiver gerado a concessão de nenhuma vantagem remuneratória ao servidor público em atividade
(art. 96, VIII, Lei 8.213/91). Portanto, o tempo que já foi, de alguma maneira, utilizado pelo RPPS
para a concessão de algum benefício ao servidor não pode ser posteriormente desaverbado e
levado a outro regime previdenciário.

QUESTÃO 99. De acordo com a EC nº 103/2019, assinale a opção correta a respeito das
alterações promovidas no RPPS.
a) Os proventos de aposentadoria devidos ao servidor público e as pensões por morte
devidas aos seus dependentes serão calculados e reajustados de acordo com a legislação
em vigor à época em que foram atendidos os requisitos nela estabelecidos para a concessão
desses benefícios.
b) Uma vez que não foi editada lei federal que discipline os benefícios do RPPS da União, o
servidor público federal poderá se aposentar voluntariamente, desde que observe, entre
outros requisitos, a idade mínima de 60 anos de idade, se homem, e de 63 anos de idade, se
mulher.

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108
c) O rol de benefícios dos regimes próprios de previdência social fica limitado às
aposentadorias, à pensão por morte e ao auxílio por incapacidade temporária.
d) Os estados, o Distrito Federal e os municípios poderão estabelecer alíquota inferior à da
contribuição dos servidores da União, não sendo admitido, todavia, que ela seja inferior às
alíquotas aplicáveis ao RGPS.
e) Os recursos de RPPS não poderão ser aplicados na concessão de empréstimos a seus
segurados, inclusive na modalidade de consignados.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda diversas mudanças promovidas pela última Reforma da Previdência, que foi
estabelecida pela EC 103/19.
A alternativa A está incorreta. Essa assertiva foi redigida com base no art. 3º, §1º, da EC 103/19, e
está quase integralmente correta. Todavia, o erro está na generalização dada pelo examinador,
pois esse regramento, de acordo com a referida Emenda, é aplicável exclusivamente aos servidores
públicos federais e aos segurados do RGPS, de modo que os servidores dos demais entes
federativos não estão abrangidos por ele, tendo em vista que cada ente pode estabelecer, por meio
da legislação local, as suas próprias regras de cálculo e de reajuste dos benefícios previdenciários
por ele concedidos (art. 40, §3º, CF), logo, é possível que uma lei local discipline um regramento
distinto daquele estabelecido no art. 3º, §1º, da EC 103/19.
A alternativa B está incorreta. O erro da alternativa está na idade da aposentadoria voluntária da
servidora pública federal. A idade mínima para a aposentadoria voluntária dos servidores públicos
federais está prevista no próprio art. 40, §1º, III, da CF, que exige 65 anos de idade para os homens
e 62 anos de idade para as mulheres.
A alternativa C está incorreta. Enquanto não sobrevier uma lei complementar para definir as normas
gerais de organização e funcionamento dos RPPS, esses regimes somente poderão conceder os
benefícios de aposentadoria e de pensão por morte (art. 9º, §2º, EC 103/19).
Por outro lado, os demais benefícios eventualmente devidos aos servidores, como o auxílio por
incapacidade temporária e o salário-maternidade, deverão ser custeados diretamente pelo
respectivo ente federativo.
A alternativa D está correta. A questão cobra uma exceção estabelecida no art. 9º, §4º, da EC
103/19: “Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão estabelecer alíquota inferior à
da contribuição dos servidores da União, exceto se demonstrado que o respectivo regime próprio
de previdência social não possui déficit atuarial a ser equacionado, hipótese em que a alíquota não
poderá ser inferior às alíquotas aplicáveis ao Regime Geral de Previdência Social”.
Pela redação do dispositivo, percebemos que, em regra, os entes subnacionais não podem fixar
contribuições dos seus servidores que sejam inferiores à alíquota estabelecida pela União para os
seus servidores. Todavia, como exceção, se o ente conseguir demonstrar que não possui nenhum
déficit atuarial, ele poderá estabelecer alíquotas inferiores às vigentes no RPPS da União, desde
que elas não sejam inferiores àquelas aplicáveis no RGPS.
Apesar de ter cobrado a exceção, a afirmativa está correta, pois é possível, sim, a fixação de
alíquotas inferiores às dos servidores da União, ainda que seja uma hipótese excepcional.
A alternativa E está incorreta. A EC 103/19 estabeleceu expressamente a possibilidade de que
esses recursos sejam utilizados para a concessão de empréstimos consignados aos segurados do
regime: “Art. 9º. [...] §7º Os recursos de regime próprio de previdência social poderão ser aplicados

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na concessão de empréstimos a seus segurados, na modalidade de consignados, observada
regulamentação específica estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional”.

QUESTÃO 100. A respeito do direito à conversão, em tempo comum, do prestado sob


condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física de servidor, julgue os
itens seguintes, à luz da EC nº 103/2019 e da jurisprudência dos tribunais superiores.
I – A referida conversão de tempo não é possível no âmbito do RPPS, pois é vedada a
contagem de tempo ficto para fins de aposentadoria.
II – Antes da edição da EC n.º 103/2019, o direito à conversão de tempo especial em comum
deveria obedecer a lei complementar que viesse a regulamentar a matéria, mas, diante da
omissão legislativa em fazê-lo, a pretensão do servidor ficou, na prática, inviabilizada.
III – Apenas após a vigência da EC n.º 103/2019 é que o direito à conversão de tempo especial
em comum foi viabilizado aos servidores, passando a serem aplicadas as regras vigentes
para o RGPS.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas o item I está certo.
c) Apenas o item II está certo.
d) Apenas o item III está certo.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A, pois nenhum item está certo. A questão trata da conversão de
tempo especial em tempo comum, no âmbito do RPPS, antes e depois da EC 103/19.
O item I está incorreto. A conversão de tempo especial em comum no âmbito do RPPS foi tratada
pelo STF no seguinte tema de Repercussão Geral:
Tema 942, STF: Até a edição da Emenda Constitucional nº 103/2019, o direito à conversão, em
tempo comum, do prestado sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade
física de servidor público decorre da previsão de adoção de requisitos e critérios diferenciados para
a jubilação daquele enquadrado na hipótese prevista no então vigente inciso III do § 4º do art. 40
da Constituição da República, devendo ser aplicadas as normas do regime geral de previdência
social relativas à aposentadoria especial contidas na Lei 8.213/1991 para viabilizar sua
concretização enquanto não sobrevier lei complementar disciplinadora da matéria. Após a vigência
da EC n.º 103/2019, o direito à conversão em tempo comum, do prestado sob condições especiais
pelos servidores obedecerá à legislação complementar dos entes federados, nos termos da
competência conferida pelo art. 40, § 4º-C, da Constituição da República.
Em suma, deve ser reconhecido o direito à conversão de tempo especial em comum dentro do
RPPS, desde que o referido período tenha sido laborado antes do advento da EC 103/19, publicada
em 13/11/2019. Isso porque a Emenda em questão vedou essa conversão tanto no RPPS quanto
no RGPS (art. 10, §3º, e art. 25, §2º), mas essa vedação não atinge os períodos já cumpridos
anteriormente.
O item II está incorreto. De fato, essa conversão, antes do advento da EC 103/19, dependia da
edição de uma lei complementar específica que regulamentasse a aposentadoria especial do

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servidor público, mas, como essa norma nunca foi editada, o STF determinou a aplicação, aos
servidores públicos, das regras vigentes no âmbito do RGPS acerca da aposentadoria especial
(Súmula Vinculante 33). Portanto, esse pleito não estava inviabilizado pela omissão legislativa, pois
era aplicável o regramento infraconstitucional destinado ao RGPS.
O item III está incorreto. Na verdade, é justamente o contrário: antes da EC 103/19, essa conversão
era possível aos servidores públicos em razão da Súmula Vinculante 33 e, também, do Tema 942
do STF; todavia, após a EC 103/19, essa conversão foi expressamente vedada.
Todavia, é importante ressaltar que a Emenda garantiu expressamente o direito à conversão dos
tempos cumpridos em momento anterior à sua entrada em vigor (art. 25, §2º)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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