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Direito Administrativo - teoria

CASO PRÁTICO N.º 1


Configure a seguinte hipótese:
Suponha que António requereu à Câmara Municipal de Braga uma licença para explorar uma
discoteca em pleno centro histórico da cidade, tendo a mesma sido concedida, embora com grande
contestação por parte de um grupo moradores de um prédio contíguo que invoca a violação das
disposições do Decreto-Lei n.º 278/2007, de 1 de agosto (Regulamento Geral do Ruído). Sendo António
velho amigo do Presidente da Câmara Municipal, aquele Decreto-Lei foi revogado por deliberação da
Câmara Municipal, o que motivou de imediato que o grupo de moradores recorresse aos tribunais
administrativos alegando manifestas ilegalidades. Tendo conhecimento da situação pelos telejornais, o
Ministro da Administração Interna profere um despacho com o seguinte teor: “Determino, de imediato, a
condenação do Presidente da Câmara Municipal pelo crime de abuso de poder, nos termos do Código
Penal”.
Considerando o princípio da separação de poderes e expondo o conceito de função
administrativa, aprecie as atuações descritas.

O Princípio da Separação de Poderes é um princípio constitucional (artigo 2º CRP) inerente


ao princípio do estado direito democrático e implica que os poderes estejam organicamente
distribuídos, de maneira que essa distribuição seja adequada ao exercício da função de cada órgão
e que haja um controlo recíproco e mútuo entre os vários órgãos (inter-complementariedade e
controlo entre cada um deles).

Desta forma o poder está dividido por três funções: função político-legislativa; função
jurisdicional e função administrativa.

O poder político-legislativo compreende a definição dos interesses coletivos da sociedade e


os atos típicos são atos que definem quais são as grandes opções e interesses coletivos a
prosseguir.

A função jurisdicional é a aplicação do direito ao caso concreto, resolvendo um conflito de


forma a assegurar a paz jurídica.

A função administrativa é a pratica de atos jurídicos que concretizam a satisfação das


necessidades coletivas definidas pelo poder político-legislativo.

Neste caso concreto, a primeira atuação jurídica é o requerimento de uma licença e a


concessão da mesma pela Administração. A concessão de uma licença está dentro da função
administrativa, portanto é um ato administrativo, conciliando a prossecução de interesse público e
satisfação de interesse particular. A função da AP é encontrar um equilíbrio através de uma

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ponderação que a Administração faz entre legitimas espectativas dos cidadãos e a prossecução do
interesse público.

Em segundo lugar, a revogação de um Decreto-Lei por parte de Presidente da Camâra


Municipal. No entanto, este não pode revogar um decreto-lei porque é ato normativo emanado
pelo Governo, ao abrigo da sua função legislativa. Nunca o poder administrativo pode revogar um
ato do poder legislativo (um DL só poderia ser revogado por outro ato de poder legislativo), desta
forma, existe uma usurpação de poderes, o que implica a nulidade desse Ato (cf. artigo 161º/2
CPA). Assim, existe a violação do princípio da separação de poderes.

A última atuação jurídica do caso em concreto é o despacho do Minitro da Admnistração


Interna de condenação do ato do Presidente da Câmara Municipal, uma vez que o ato de
condenar alguém criminalmente é da exclusiva competência dos tribunais, porque são eles que
possuem função jurisdicional. Logo, não recai sobre a função administrativa pelo que há uma
usurpação de poderes, o que implica a nulidade desse ato.

CASO PRÁTICO N.º 2


Suponha que o Diretor-Geral do Património Cultural emitiu uma circular impondo que os museus e
monumentos nacionais limitassem as entradas a visitantes e investigadores. Nessa sequência, o Diretor do
Palácio Nacional de Mafra, monumento nacional integrado na Direção-Geral do Património Cultural,
delegou na Bibliotecária a competência para autorizar as visitas e consultas ao acervo da Biblioteca
Monástico Real do Palácio Nacional de Mafra. Motivada por razões de racionalização na distribuição de
serviço, a Bibliotecária delegou na sua Adjunta a competência para autorizar a consulta da coleção de
incunábulos (obras impressas até 1500).

PCP: Estado
Ministro da Cultura – Direção-Geral/Diretor-Geral do património cultural – Diretor do
Palácio de Mafra – Bibliotecária – Adjunta

1. Caracterize os elementos subjetivos da organização administrativa destacados no texto.

Os elementos subjetivos da organização administrativa são a pessoa coletiva pública, o


órgão administrativo e o serviço administrativo.
A pessoa coletiva pública é criada por iniciativa publica, mediante ato normativo,
normalmente um ato legislativo e, com objetivo de prosseguir interesses públicos, sempre dotada
de poderes e deveres públicos em nome próprio pelo que tem personalidade jurídica. O órgão
administrativo é um centro de imputação de poderes que manifestam a vontade imputável à
pessoa coletiva pública e, não têm personalidade jurídica. Os serviços administrativos são uma

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massa de recursos humanos e materiais, criados no seio da própria pessoa coletiva pública com o
fim de desempenharem a prossecução das suas funções sob direção dos órgãos administrativos.
Analisemos o caso concreto, o Diretor-geral, como por norma lhe são delegadas
competências pela ministra da cultura, é considerado um órgão administrativo. No enatnto, a
direção geral é um serviço do ministério da cultura que tem missões sob direção dos órgãos, neste
caso o diretor- geral (órgão administrativo que por sua vez está sujeito às ordens da ministra da
cultura). O diretor do palácio de Mafra é um órgão gestor já que inicialmente era um
funcionário/agente da administração que tem apenas missões, mas como recebeu uma delegação
por parte do Diretor-Geral transform-se num órgão administrativo. No caso da bibliotecária e da
adjunta como há delegação de competências a esses agentes, que no fundo incorporam os
serviços administrativos, transforma-se esses agentes em órgãos administrativos, pois deixamos
de estar apenas no âmbito das missões e passa a possuir competências.

2. Suponha que a Adjunta, não concordando com a decisão da Bibliotecária, uma vez que está mais
habituada a trabalhar com o núcleo de partituras musicais de João José Baldi, pretende recusar-se a
exercer tal competência. Poderá fazê-lo?

As competências são poderes funcionais para a realização dos fins (conjunto de interesses
públicos postos por lei) das pessoas coletivas públicas. Estas têm sempre duas caraterísticas: a
funcionalidade dado que é a lei que define a competência atribuída ao órgão administrativo para
que se prossiga o interesse público e a legalidade, isto é, a competência é de ordem pública pelo
que a lei confere, delimita ou retira. Esta caraterística da legalidade mostra que a competência
não é prossumida, está sempre presente na lei; é imodificável, ninguém altera o conteúdo ou a
repartição presente na lei; e é inalienável e irrenunciável, ou seja, os órgãos administrativos não
podem renunciar aos seus poderes, nem transferi-los, salvo se a lei o permitir, por exemplo,
através da delegação de poderes.
A adjunta ao recusar a competência que lhe foi delegada equipara-se uma renúncia da
competência que lhe foi atribuída pela delegação de competências. Portanto, nos termos do
art.36.º/2 do CPA, esse ato é nulo, pois as competências são irrenunciáveis.

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CASO PRÁTICO N.º 3
Por decisão emitida ao abrigo de uma delegação de competências, o Diretor do Departamento de
Licenciamento das Atividades Privadas da Câmara Municipal de Lisboa intimou Bento para «proceder à
substituição do equipamento necessário ao preparo e venda de castanhas em via pública, sob pena de lhe
ser retirado o cartão de vendedor ambulante». Neste contexto, Bento, pretendendo recorrer desse ato
junto do TAF de Lisboa, invoca o seguinte:
a. O ato de delegação de competências é nulo, uma vez que não se conhece que tenha existido
qualquer lei de habilitação para o efeito;
b. O ato que o intima padece do vício de incompetência, já que o ato de delegação de competência
do Presidente da Câmara nunca foi publicado em Diário da República;
c. O ato praticado ao abrigo de delegação padece de um vício grave porque a delegação já tinha
sido revogada e, pior do que isso, o Diretor não faz qualquer menção ao facto de exercer uma competência
ao abrigo de uma delegação de competências;
d. Não quer recorrer hierarquicamente ao Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, uma vez que
o ato praticado pelo delegado tem o mesmo valor que teria se fosse praticado pelo delegante.
QUID IURIS?

PRESIDENTE DA CÂMARA »»» (ato de delegação)»»» DIRETOR »» (intima) »» BENTO

A delegação de poderes é o ato pelo qual um órgão da AP, competente em determinada


matéria, permite, de acordo com a lei, a transferência dessas competências para outro órgão,
regulados nos artigos 44.º a 50.º CPA. Este instituto jurídico permite concretizar o princípio da
desconcentração previsto no artigo 267.º/2 CRP, onde se defende que as competências não
devem estar concentradas no órgão superior, mas distribuídas por vários órgãos dentro da mesma
pessoa coletiva pública. Esta desconcenttração é uma desconcentração derivada porque a própria
lei já tem a distribuição, esta vem complementar, sendo um complemento.
Neste caso estamos perante uma figura legalmente admitida no art. 44.º/1 CPA, delegação
interorgânica ou intersujetiva.
Ao que se refere ao argumento a) sobre o ato de transferência de competência ser um ato
nulo, temos de averiguar os requesitos de validade para o ato de delegação. Estes requesitos são
3: a lei de habilitação; existência de no mínimo de 2 órgãos, nomeadamente o delegado e o
delegante; e o ato de delegação propriamente dito.
Aqui está em causa a lei de habilitação porque temos 2 órgãos (o PCM e o Diretor,
respetivamente, delegante e delegado) e o ato de delegação propriamente dito.
A lei de habilitação é uma disposição normativa que tem de existir porque senão sigifica
que o órgão está a renunciar à competência. Assim, se não houver lei de habilitação, esta
delegação é inválida – nulidade pelo art. 36.º/2 CPA.

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O art. 44.º/3 CPA possui uma disposição genérica, ou seja, todo o ato de administração
corrente que assegura o funcionamento do órgão pode ser delegado. Neste caso não se aplica
porque a intimação não é matéria de administração de ordem ordinária. No entanto, o art.
38.º/3/K do Regime Jurídico das Autarquias Locais identifica as condições da validade da licença
pelo que é a lei de habilitação desta matéria.
Este argumento não procede porque todos os requesitos estão cumpridos: 2 órgãos, ato de
delegação propriamente dito e a lei de habilitação.
Em relação ao argumento B) de Bentro onde afirma que o ato ao abrigo da delegação é
inválido porque o ato de delegação é inválido devido à relação instrumental já que este inquina
todos os atos subsequentes.
Neste sentido, temos de averiguar os requesitos de eficácia do ato de delgação, isto é, este
tem de ser publicado para ser eficaz se não produz efeitos jurídicos, o que significa que no fundo o
diretor não tem competência já que não se transferiu a competência para este por não obedeceu
aos requesitos de eficácia (susceptibilidade de produzir efeitos jurídicos). Esta consequência
traduziria-se numa incompetência relativa, na anulabilidade do ato porque são órgãos diferentres,
mas dentro da mesma pessoa coletiva, art. 163.º CPA.
Como estamos a falar de um ato da autarquia local não é exigivel a publicação em Diário da
República, basta ser apresentado no boletim oficial da autarquia local, art. 158.º e 159.º CPA.
O simples argumento por não for publicado no Diário da República não procederá, a não
ser que não tenha sido publicado no boletim oficial da autarquia local.
O argumento c) que declara que o segunto ato é inválido porque a lei de habilitação foi
revogada e, ainda, pior é que este exerce de acordo com a delegação, mas não se refere a ela.
O art. 49.º e 50.º do CPA determina quais os poderes do delegante como a revogação da
decisão praticada pelo delegado e da cessação da delegação, respetivamente. Na alíne a do art.
50.º é possível admitir que o diretor não tem competência, não tem suporte para agir. A
devogação da delegação precede a uma incompetência do “delegado”, o que representa uma
incompetência relativa, art. 163.º CPA.
Contudo, o facto de o diretor não fazer menção à delegação de comeptência, sendo um
dos requesitos do ato ao abrigo do ato de delegação, art. 48.º/1, não tem outra consequência a
não ser a irregulariedade, isto é, pelo art. 48.º/2 CPA é obrigatório, mas se não houver em nada
prejudica os direitos dos interessados, não existe ilegalidade.

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Neste sentido Bento não tem razão porque a não referênciaprovoca uma mera
irregulariedade, ao contrário da consequência provocada por um ato de delegação feito após a
revogação que é a invalidade, logo não é pior.
Já o argumento d) diz que os atos praticados pelos delegado têm o mesmo valor que o
delegante, o que é verdade.
No entanto, não prejudica que o delegante não tenha/conserve alguns poderes. Por
exemplo, art. 49.º/2 CPA que permite revogar/anular/substituir o ato praticado pelo delegado.
Assim, o argumento não procede porque Bento poderia recorrer ao Presidente da Camâra
Municiapl já que este conserva alguns podereres. O recurso hierárquico presente no art. 193.º faz
parte da relação de hierarquia. Mesmo que não exista invalidade nada impede que não recorra ao
superior hierarquico.

CASO PRÁTICO N.º 4


Por decisão emitida ao abrigo de uma delegação de competências, o Diretor do
Suponha que o Reitor da Universidade do Minho, por despacho n.º X/2016, publicado em Diário da
República a 12 de junho de 2016, delegou nos presidentes de Escola um rol significativo de competências,
destacando-se, entre elas, a competência para aprovar a constituição de júris dos concursos para
professores associados.
1. Nesse contexto, e considerando que em 2017 foi eleito um novo Reitor da UM, diga se o
Presidente da Escola de Direito, ao abrigo daquela delegação, poderia nomear o júri para o concurso de
professor associado para o grupo de ciências jurídico-públicas.

Reitor »» (delegação a 12/06/2016) »» Presidente das unidades orgânicas


A delegação de poderes é o ato pelo qual um órgão da AP, competente em determinada
matéria, permite, de acordo com a lei, a transferência dessas competências para outro órgão,
regulados nos artigos 44.º a 50.º CPA. Este instituto jurídico permite concretizar o princípio da
desconcentração previsto no artigo 267.º/2 CRP, onde se defende que as competências não
devem estar concentradas no órgão superior, mas distribuídas por vários órgãos dentro da mesma
pessoa coletiva pública. Esta desconcenttração é uma desconcentração derivada porque a própria
lei já tem a distribuição, esta vem complementar, sendo um complemento.
Neste caso estamos perante uma figura legalmente admitida no art. 44.º/1 CPA, delegação
interorgânica ou intersujetiva.
A delgação feita no dia 12/06/2016, não permite que no dia de hoje, 04/11/2021, a sua
validade, pois a delegação de competências assenta na confiança, logo a cessação pode ser por

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caducidade pela eleição do reitor, art. 50.º/b. Esta eleição decorreu em outubro de 2021 pelo que
a lei de habilitação caducou nesse mesmo dia.
Assim, o presidente da Escola de Direito não poderia praticar esse ato sob pena de
incompetência relativa, art. 163.º CPA.

2. Em situação diversa da anterior, suponha que o Reitor avoca a competência e, não obstante a
ter transmitido, pretende ser ele mesmo a aprovar a constituição do júri para o referido concurso.
Poderia fazê-lo?

Reitor »» (delegação a 12/06/2016) »» Presidente


Tal como referido no número anterior, a delegação de poderes é o ato pelo qual um órgão da
AP, competente em determinada matéria, permite, de acordo com a lei, a transferência dessas
competências para outro órgão, regulados nos artigos 44.º a 50.º CPA.
Neste caso estamos perante uma figura legalmente admitida no art. 44.º/1 CPA, delegação
interorgânica ou intersujetiva.
Hoje, 04/11/2021, o reitor pretende ser ele a escolher o jurí e como o delegante continua com
poderes nomeadamente a avocação, art. 49.º/2 CPA, este pode chamar a si esta competência,
retirando-a aos presidentes das unidades orgânicas.

CASO PRÁTICO N.º5- caso de exame em 2021

Considere a seguinte hipótese: A Ministra da Saúde delegou na Secretária-Geral do Ministério da


Saúde a competência para autorizar despesas com aquisição de bens até ao montante de 500.000€. Por sua
vez, a Secretária-Geral subdelegou tal competência na Diretora dos Serviços de Gestão, tendo esta dado
ordem ao chefe da Divisão de Gestão de Recursos para proceder à aquisição por ajuste direto de 10 novos
computadores. Suponha que o Chefe da Divisão de Gestão de Recursos o consulta, expondo as seguintes
preocupações:
a. Desconhece que a Diretora dos Serviços de Gestão tenha competência para autorizar a compra
pública, uma vez que a mesma é do Membro do Governo com atribuições na área da saúde.
b. Se existiu um ato de delegação de competências, ele deveria conhecê-lo.
c. Por receio de cometer uma ilegalidade, prefere não cumprir a ordem que lhe foi dada.
QUID IURIS?
Ministra »» (Delega)»» secretária geral do Ministério»» (subdelega)»» Diretor de Serviços
A delegação de poderes é o ato pelo qual um órgão da AP, competente em determinada
matéria, permite, de acordo com a lei, a transferência dessas competências para outro órgão,
regulados nos artigos 44.º a 50.º CPA. Este instituto jurídico permite concretizar o princípio da
desconcentração previsto no artigo 267.º/2 CRP, onde se defende que as competências não

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devem estar concentradas no órgão superior, mas distribuídas por vários órgãos dentro da mesma
pessoa coletiva pública. Esta desconcenttração é uma desconcentração derivada porque a própria
lei já tem a distribuição, esta vem complementar, sendo um complemento.
Neste caso estamos perante uma figura legalmente admitida no art. 44.º/1 CPA, delegação
interorgânica ou intersujetiva.
A preocupação A sobre o facto de a Diretora não tem competência porque é da Ministra. Em
relação a esta, temos que afirma que a competência como poder funcional para a realização dos
fins da pessoa coletiva conferida por lei não se presume; é imodificável, inalienáveil e
irrenunciável a menos que a lei permita a delegação.
Assim, suscita a questão da validade da delgação, desta forma tem de existir uma lei de
habilitação, 2 órgãos e ato de delegação propriamente dito.
Neste caso existe ato de delegação, existe 2 órgãos (Ministra e Secretária Geral,
respetivamente delgante e delegado), estando em causa a lei de habilitação.
Pelo art. 44.º/3 onde se consagra uma lei de habilitação genérica permite a delegação caso a
compra fosse considerada um ato de administração ordinária. Senão a lei orgânica do governo,
art. 9.º/3 permite a delegação da ministra na secretária.
No que se refere à subdelegação, esta está presente no art. 46.º/1, onde é uma lei de
habilitação genérica, salvo indicação em contrário, se nada dizer, à partida, é permitida a
subdelegação e as cadeias de subdelegação.
Logo para efeitos de validade temos a lei de habilitaçã, pelo que todos os requesitos estão
preenchidos.

A preocupação B ligada à eficácia devido à publicidade da delagação está presente no art.


158.º e 159.º CPA. Como está em causa um ministério e este pertence ao governo, a publicação é
obrigatória em Diário da República. Se não for publicada a delegação é ineficaz (não produz efeitos
jurídicos) e todos os subdelegados são incompetentes.

Por outro lado, a preocupação C está relaciona com uma questão de hierarquia já que está
em causa uma ordem dada pelo Direitor de Serviços ao Chefe de Divisão.

Diretor de Serviços »» (ordena)»»» chefe de divisão

A hierarquia é um modelo de organização administrativa vertical, constituído por dois ou


mais órgãos e agentes com atribuições comuns, ligados por um vínculo jurídico que confere ao
superior o poder de direcção e impõe ao subalterno o dever de obediência.

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A ordem é um isntrumento típico da hierarquia, relação interorgânica que pressupõe um
poder de direção do órgão superior hierarquico e uma obrigação de obediciência por parte do
órgão subalterno. No poder de direção do superior está contida a ordem como instrumento de
comando individual e concreto para se atuar em determinado sentido sem dar espaço de escolha
dos meios e da forma.
A ordem não é infinita, tem de ser feita pelo legítimo superior em razão do serviço, no
horário de trabalho e em matéria sobre forma legal determinada. Quando não há dever legal de
obediência, este cessa por serem considerados atos nulos – dever de obediência limitado, art.
162.º CPA, e/ou se a ordem se traduzir num crime, art. 271.º/3 CRP.
Há dever legal de obediência, mas o subalterno pode acionar o mecanismo que o obriga a
cumprir, mas desresponsabiliza-o como a Respeitosa Representação por eventuais ilegalidades,
art. 271.º/2 CRP.

CASO PRÁTICO N.º6

Suponha que o Secretário de Estado Adjunto e da Saúde emitiu um despacho dirigido ao Conselho
de Administração da Administração Central do Sistema de Saúde, (ACSS), I.P., com o seguinte conteúdo:
a. Tendo em conta o Plano de Vacinação COVID-19 apresentado, o Conselho de Administração da
ACSS, I.P., deve fazer um levantamento geográfico, de modo a identificar as zonas prioritárias para a
contratação de novos profissionais de saúde;
b. Para o cumprimento do disposto anterior, recomenda-se que acione os mecanismos de
articulação e coordenação necessários, designadamente com as Administrações Regionais de Saúde, I.P.;
c. Deve emitir uma circular informativa de modo a dissipar as dúvidas que têm surgido em relação
ao exercício das funções de enfermeiro-especialista.
1. Aprecie a validade do despacho.

Secretário de Estado Adjunto e da Saúde »»» ACSS, IP

O Secretário de Estado Ajunta e da Saúde é um membro do governo, portanto rege-se pela


lei orgânica do governo (art. 1.º/1 LOG). O Governo é um órgão político e um órgão administrativo
de carácter permanente e direto, sendo o principal órgão da administração central do Estado e da
AP.
Este deve coadjuvar o Ministério da Saúde e o seu Ministro pelo art. 3.º/15 LOG pelo que
estamos perante uma Administração Estadual Direta Central.
As competências do Secretário de Estado podem ser encontras tanto na CRP como na LOG.
No entanto, nenhuma delas atribui competências a estes, a não ser competências relativas à

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prática dos atos necessários ao funcionamento do respetivo Ministério quando são delegados.
Assim, o art. 11.º LOG determina que o secretário de Estado não dispõe de competências próprias.
Desta forma, o Secretário de Estado só poderia emitir este despacho, ter competência para
tal, através da delegação de poderes.
A delegação de poderes é o ato pelo qual um órgão da AP, competente em determinada
matéria, permite, de acordo com a lei, a transferência dessas competências para outro órgão,
regulados nos artigos 44.º a 50.º CPA. Este instituto jurídico permite concretizar o princípio da
desconcentração previsto no artigo 267.º/2 CRP, onde se defende que as competências não
devem estar concentradas no órgão superior, mas distribuídas por vários órgãos dentro da mesma
pessoa coletiva pública. Esta desconcenttração é uma desconcentração derivada porque a própria
lei já tem a distribuição, esta vem complementar, sendo um complemento.
Para averiguar a validade do despacho temos de averiguar a validade desta delegação de
poderes que tem de obedecer a 3 requesitos: a lei de habilitação; existência de no mínimo de 2
órgãos, nomeadamente o delegado e o delegante; e o ato de delegação propriamente dito.
Aqui está em causa a lei de habilitação porque temos 2 órgãos (o Secretário de Estado
Adjunto e da Saúde e a ACSS, I.P., delegante e delegado) e o ato de delegação propriamente dito.
A lei de habilitação é uma disposição normativa que tem de existir porque senão sigifica
que o órgão está a renunciar à competência. Assim, se não houver lei de habilitação, esta
delegação é inválida – nulidade pelo art. 36.º/2 CPA.
O art. 44.º/3 CPA possui uma disposição genérica, ou seja, todo o ato de administração
corrente que assegura o funcionamento do órgão pode ser delegado. Neste caso não se aplica
porque a intimação não é matéria de administração de ordem ordinária. No entanto, o art. 9.º/3
LOG contém uma lei de habilitação específica para delegação de poderes.
O governo sobre a ACSS que é um instituto Público pelo que só tem poderes de tutela e
superintendência (art. 27.º/3/a LOG), por ser uma administração estadual indireta.
A tutela é um conjunto de poderes de intervenção de uma pessoa coletiva pública na
gestão de outra pessoa colétiva pública, a fim de assegurar a legalidade e/ou o mérito da sua
atuação. Os seus instrumentos típicos são: inquéritos, fiscalização e sindicância.
Já a superintendência é um poder conferido a uma pessoa coletiva de fins múltiplos de
inteferir em outra pessoa coletiva para dirigir, definir e controlar a sua ação. Os seus instrumentos
típicos são as diretivas (orientações genéricas que definem imperativamente os objectivos a
cumprir pelos seus destinatários, mas deixam liberdade de decisão quanto aos meios a utilizar e às

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formas a adoptar) e as recomendações (opiniões ou conselhos acompanhados de um convite para
agir num certo sentido). Desta forma, podemos a valiar o despacho quanto ao seu conteúdo.
No que diz respeito ao conteúdo da alínea a), estamos perante um diretiva evidenciada
pela forma verbal “deve”. Esta define o objetivo “fazer um levantamento geográfico”, mas deixa
liberdade de forma e meios. Esta como forma típica da relação de superintendência é valida.
A alíne b) é uma recomendação evidenciada pela forma verbal “recomenda”, mostrando
uma opinião/um convite. Esta é um instrumento típico desta relação pelo que é válida.
Por fim, a alínea c) demonstra uma ordem já que fixa um objetivo e estabelece uma forma
e os meios “deve”, carácter vinculativo, não deixa margem quanto às formas e meios. Neste caso,
o objetivo é “dissipar as dúvidas que têm surgido em relação ao exercício das funções de
enfermeiro-especialista” e a forma e meios são “emitir uma circular informativa”. Esta é
instrumento típico da relação hierárquica, logo o despacho é inválido porque o secretário
extravassou os poderes da relação de superintendência e tutela.
Quanto ao conteúdo do despacho este é inválido porque não tinha competência,
sobretudo na alínea C. Senda esta um incompetência absoluta, dado que estão em causa duas
pessoas coletivas distintas (art. 161.º/2/b CPA).

2. Imagine que a Ministra da Saúde, tendo tido conhecimento do conteúdo do despacho,


pretende ordenar ao Secretário de Estado que o revogue. Poderá fazê-lo?
Minitra »» ordena »» Secretário
A ordem é um instrumento típico da relação hierarquica que é uma relação interorgânica
pelo que têm de ser emanadas pelo legítimo superior hierarquico, dadas em objeto de serviço e
sob a forma legal prevista em lei. Desta resultam o poder de direção para o superior e o dever de
subordinação para o subalterno. As ordens são para se cumprir.
Entre o Ministro e o Secretário de Estado não há uma relação hierárquica, mas só uma
relação de supremacia política, logo não pode ordenar uma ação ao secretário. No entanto, como
estamos perante uma delegação de poderes, o delegante conserva em si alguns poderes que
estão consagrados no artigo. 49.º/2 CPA, sendo um deles a capacidade de revogar a decisão
tomada pelo delegado.
Assim, a Ministra da Saúde não tem competência para ordenar o Secretário de Estado, mas
tem, no âmbito da delegação de poderes, a competência para revogar o ato do Secretário.

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CASO PRÁTICO N.º7

Aos vinte e nove dias do mês de setembro de dois mil e dezanove, pelas dez horas, reuniu
ordinariamente, em Alfândega da Fé, o Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados. Da ordem do
dia constava o seguinte assunto: “Análise do Ofício da Delegação da Ordem dos Advogados de Braga
reportado ao site www.balcaounicobraga.com”.
Tendo em conta que, efetuadas buscas no sentido de se apurar quem é a responsável do site,
apurouse que o endereço e contactos de telefone e fax são do escritório da Senhora Dra. Kelly, e
considerando que:
1. Do conteúdo do site consta: “O Balcão Único conta com a experiência e aconselhamento da
Ordem dos Advogados, proporcionando assim parcerias com entidades públicas para lhe prestar um
melhor serviço”; “Para mais informações: Ordem dos Advogados”; “Pode contar com a nossa experiência e
um variado leque de parcerias públicas”; “Pode efetuar constituição, transformação, fusão e cisão de
sociedades, com máximo rigor e máxima segurança”.
2. A Ordem dos Advogados jamais deu, ou se predispôs a dar qualquer aconselhamento no âmbito
dos serviços do Balcão, e muito menos proporciona ou potencia qualquer parceria com entidades públicas
no âmbito da atividade do referido Balcão.
3. O referido conteúdo, para além de configurar ato ilícito de publicidade ao abrigo do disposto no
artigo 94.º n.º 4 do Estatuto da Ordem dos Advogados, viola o princípio da verdade da publicidade
enunciado no artigo 6.º e concretizado nos artigos 10.º e 11.º, todos do Código da Publicidade.
Foi deliberado o seguinte:
1. Dar conhecimento do Ofício da Delegação da Ordem dos Advogados Braga e da presente
deliberação ao Conselho de Deontologia para efeitos de instauração de procedimento disciplinar.
2. Ao abrigo do disposto no artigo 37.º do Código da Publicidade, denunciar o facto à Direção Geral
do Consumidor para efeitos de instauração de processo de contraordenação.
Pronuncie-se a respeito da validade das deliberações tomadas tendo em conta que:
a. Não houve convocação de todos os membros do Conselho, mas no dia da reunião todos
compareceram e nenhum se opôs à realização da reunião;
b. A Dra. Kelly manteve um relacionamento extraconjugal com o presidente do Conselho que não
terminou nada bem, encontrando-se de relações cortadas.
c. Em primeira votação, as deliberações foram tomadas por maioria simples.
d. As deliberações não constam da ata elaborada.

O Conselho Distrital do Porto da Ordem dos Advogados é um órgão colegial que tem o seu
regime jurídico no art. 20.º e ss do CPA. Um órgão colegial é um órgão composto por mais do que
um titular, em regra, em número ímpar (3 ou mais), sendo que a lei determina regras próprias
relativas à sua composição e funcionamento, à convocação de reuniões, ao quorum, à deliberação
e votação e à acta.

Ana Paula Pinto (A973200) 12


As suas reuniões podem ser ordinárias ou extraordinárias quando têm data determinada
ou quando é urgente e o presidente tem a necessidade de convocar, art. 23.º e 24.º CPA. Neste
caso, ordinária, ou seja, reunião que tem data determinada, art. 24.º CPA.
Na alíne a) está em causa a questão de convocação dos membros do Conselho. Pelos
artigos 25.º/2; 23.º/2 e 24.º-A, a notificação da convocação da reunião deve ser dirigida a todos e
qualquer membro do órgão da reunião, constando a data, a hora e a ordem do dia.
Não tendo lugar a convocação violam-se as regras dos órgãos colegiais, art. 28.º/1/1ª
parte, existindo, portanto, uma ilegalidade. Esta ilegalidade considera-se sanada com o
preenchimento de dois requesitos do art. 28.º/1/2ª parte: todos comparecem e nenhum suscita a
oposição logo no início da reunião.
Neste caso, considera-se, assim, que a ilegalidade está sanada e que a reunião poderá
realizar-se.
Em relação à alínea b) está em causa um possível impedimento do presidente do órgão,
dado que é possível existir um conflito de intereses que implica a não participação numa
determinada situação em concreto e individualmente. Se o membro estava impedido (agente
impedido) e mesmo assim participou, a reunião e as suas deliberações serão um ato anulável pelo
art. 76.º/1.
Como está em causa o hipotético impedimento do presidente do órgão, este tem de ser
substituído através da suplência do presidente prevista no art. 22.º/1 e 2. Caso contrário, seria
inválida, um ato anulável, art. 76.º/1.
O art. 69.º/1 apresenta os casos taxativos que representam um impedimento para que um
dos mebros não possa participar na reunião. Nas alíneas a) e b) do mesmo artigo encontramso os
impedimentos relacionados com as relações familiares.
Em concreto, a dra Kelly não é conjugue nem parente, não vive em economia comum,
muito menos configura as relações previstas no art. 69.º/1/b.
Assim não se aplica o art. 69.º CPA pelo que o presidente não estava impedido, não há
invalidade ou ilegalidade das deliberações, nem o presidente tinha de ser substituído.
Na alínea c) está em causa a questão da validade das deliberações quanto à maioria que
seria exigível, uma vez que estas foram aprovadas por uma maioria simples.
Normalmente, quórum de funcionamento é igual ao quórum de deliberação, salvo
disposição em contrário, ou seja, o número de membros necessários para que o órgão funcione é
igual ao número para deliberar, art. 29.º/1 e art. 32.º.

Ana Paula Pinto (A973200) 13


Nada é dito em conntrário, aplicamos a regra geral presente nos art. 29.º e art. 32.º, sendo
exigida maioria absoluta, metade mais um.

Neste caso, as primeiras vootações foram a “maioria simples”, maioria relativa, que não é
maioria absoluta. Contudo, o art. 32.º/2, afirma que, por regra, a primeira votação tem de ter
maioria absoluta, se não tiver há uma segunda votação que também deve ter maioria absulta. Se
esta também não for possível existe uma terceira votação a ser feita numa outra reunião, num
outro dia onde só se exige maioria relativa. Nada diz sobre a segunda convocatória pelo que não
ser aplica o art. 29-º/3, não ocorreu uma segunda reunião.

Neste sentido, aqui há violação das regras da maioria exigível para as deliberações, elas são
nulas pelo art. 161.º/2/h.

Por fim, em relação à alínea d) está em causa a ata, art. 34.º CPA, que é um documento
que contém um resumo de tudo o que ocorreu e que seja relevante para o conhecimento e a
apreciação da legalidade faz deliberações tomadas para que estas produzam efeitos jurídicos, isto
é, eficazes. Assim, estas têm de ser aprovadas, art. 34.º/6.

CASO PRÁTICO N.º8

O Conselho da Escola de Ciências Jurídicas da Universidade Clássica Portuense, órgão colegial ativo
composto por cinco membros, reuniu inesperadamente na passada semana para deliberar sobre assuntos
urgentes. Imagine que um dos seus membros, seriamente preocupado com o teor de deliberações que
foram aprovadas naquela reunião, solicita-lhe parecer sobre a eventual invalidade daquelas deliberações,
tendo-o informado do seguinte:
a. “Não houve convocação nem convocatória e a ordem do dia incluía muitos assuntos. A reunião
foi inesperada, mas todos compareceram à hora prevista.”
b. “Os professores estavam todos muito exaltados e o professor Joaquim, presidente do órgão, teve
de acalmar os ânimos!”.
c. “Foi deliberada a adjudicação do fornecimento de 10 computadores à empresa da mulher do
professor Joaquim. Eu queria abster-me, mas…. (…) Acho que ficou mal o professor Joaquim ser o primeiro
a votar a favor”.
d. “Foi votada a não renovação do contrato do colega Alfredino, que anda muito perturbado. Foi
comentado pelos membros do Conselho que ele não é um bom pedagogo, para além de ser fanático
político assumido. Todos votaram pela não renovação… eu vi! (…). Mas ele vai impugnar a deliberação,
tenho a certeza, ainda por cima, não foi fundamentada”.

Ana Paula Pinto (A973200) 14


e. “Também deliberámos sobre a contratação de dois novos assistentes, por conveniência urgente
do serviço. Quatro votaram a favor. Mas isso nem sequer estava na ordem do dia!”
f. “Eu já assinei a minuta da ata, quem de dera voltar atrás… (…). Se fosse hoje, ter-me-ia abstido
sempre (…) Oxalá o presidente possa impugnar as deliberações”.
QUID IURIS?

O órgão é um centro autónomo institucionalizado de emanação de uma vontade que é


imputada à pessoa coletiva pública.
O Conselho da Escola de Ciências Jurídicas da Universidade Clássica Portuense é um órgão
colegial que tem o seu regime jurídico no art. 20.º e ss do CPA. Um órgão colegial é um órgão
composto por mais do que um titular, em regra, em número ímpar (3 ou mais), sendo que a lei
determina regras próprias relativas à sua composição e funcionamento, à convocação de reuniões,
ao quorum, à deliberação e votação e à ata.
As suas reuniões podem ser ordinárias ou extraordinárias quando têm data determinada
ou quando é urgente e o presidente tem a necessidade de convocar, art. 23.º e 24.º CPA. Neste
caso, ordinária, ou seja, reunião extraordinária, art. 24.º CPA, já que é “inesperadamente”.
Na alínea a) está em causa as regras atenentes à convocação para a reunião
extraordinária, art. 24.º/3 e 4 (necessidade de notificar e convocar todos e qualquer membro do
órgão da reunião, constando a data, a hora e a ordem do dia). Se não houver a notificação, aplica-
se o art. 28.º/1ª parte pelo que padece de ilegalidade que se pode ser sanada pelo preenchimento
de dois requesitos do art. 28.º/1/2ª parte: todos comparecem e nenhum suscita a oposição logo
no início da reunião. Como o enunciado nada diz sobre a oposição, à partida aplica-se o art.
28.º/2ª parte que sana a ilegalidade que se converte em irregulariedade.
Na alínea b) como refere que “todos muito exaltados” siignifica que havia tumulto pelo
que o ato será nulo pelo art. 161.º/2/h CPA.
Na alínea c) estão presente 3 questões. Em primeiro lugar, o impedimento do presidente
pela possibilidade de existir um conflito de interesses, o que implica que o sujeito não participe na
discussão e na deliberação pelo art. 69.º. Desta forma, deveria de haver suplência do presidente,
art. 22.º.
Neste caso, há causa de impedimento pelo art. 69.º/1/b já que a empresa pertence à
mulher do presidente, por terem entre si uma relação familiar. Assim deveria ocorrer a suplência
do Presidente, art. 22.º, senão pelo art. 76.º CPA a deliberação é anulável.
Em segundo lugar, está em causa a possibilidade de abstenção por parte dos titulares do
órgão. Contudo, o art. 30.º só proibição a abstenção quando um órgão tem/exece a função

Ana Paula Pinto (A973200) 15


consultiva tanto a órgãos consultivos como órgãos deliberativos, o que não se aplica ao caso em
concreto, assim, se queria podia abster-se.
Por fim, está em causa o momento em que o presidente votou. À luz do artigo 31.º/1, in
fine, o presidente deveria ser o úlimo a votar. Portanto, aqui a deliberação é anulável pelo artigo
163.º CPA (regime regra)
No que diz respeito à alínea d) está em causa a deliberação sobre uma pessoa e o um juízo
de valor sobre a mesma. Desta forma, pelo artigo 31.º/2, apesar de existir duas formas de
votação: uma nominal e outra o escrutínio secreto, aqui deveria ser secreto o que não foi porque
“eu vi”. Desta maneira, a decisão deveria ser fundamentada pelo presidente do Conselho como
determina o art. 31.º/3. No entanto, como a votação não foi por escrutínio secreto, seria anulável,
art. 163.
Na alínea e) está presente a questão do quórum de deliberação que por ser constituído por
5 membros, para ter uma maioria absulota 3 teriam de votar. Neste caso em concreto, votaram 4,
logo supera a maioria absulota, cumprindo o art. 32.º/1 e art. 29.º.
Nesta também está presente a questão da ordem do dia. À luz do art. 26.º/1, a regra é que
só se pode deliberar assuntos da ordem. Porém o número 2 apresenta uma exceção relativa às
reuniões ordinárias. Neste caso como é uma reunião extraordinária não se aplica a exceção, não
se pode deliberar um assunto que não está na ordem do dia.
Por úlltimo, na alínea f) também põe em causa a abstenção tal como foi referido em cima,
ele pode se abster não se aplica o art. 30.º
Por outro lado, está em causa a assinatura da minuta que é um rascunho da ata, servindo
de documento de base para a ata que será aprovada na reunião seguinte. No entanto, a assinatura
não significa a validade das deliberações que estão na ata, art. 34.º/6, ou seja, o facto de assinar a
minuta faz com que as deliberações ganhem eficácia temporária. No entanto, na ata pode estar o
voto de vencido, art. 35.º, ficando isento de responsabilidade mesmo depois de assinar a minuta.
Por fim, o presidente pode impugnar as deliberações, art. 21.º/4.

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CASO PRÁTICO Nº9

Configure a seguinte hipótese:


A Comunidade Intermunicipal do Douro (CIMDOURO) promoveu a discussão pública da proposta de
alteração ao Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território do Alto Douro Vinhateiro (PIOTADV),
instrumento de gestão da paisagem Património Mundial, que prevê iniciativas intermunicipais de
valorização do património natural e cultural e enquadra os processos de revisão dos planos diretores
municipais dos municípios abrangidos.
Sabendo que, nos termos legais, é obrigatório o acompanhamento e parecer da Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional competente, diga que consequências decorrem do seguinte:
a. Foi emitido um parecer desfavorável em relação à proposta de PIOTADV pela CCDR-Centro.
As CCDR’s, comissões de coordenação e desenvolvimento regional, são serviços periféricos
da administração direta do Estado, dotadas de autonomia administrativa e financeira na sua
circunscrição territorial, segundo o art. 1.º do DL nº228/2012.
Esta faz parte da organização administrativa estadual porque possui missões para
prosseguir as atribuições da pessoa coletiva pública, Estado; administração direta, uma vez que o
poder de direção pertence ao Governo, respetivamente ao Ministro responsável; periférica
porque concretiza a descentralização territorial e especializada dado que é diferente dos serviços
centralizados no governo, encontra-se em determinada circunscrição territorial.
Pelo art. 2.º/3/f deste decreto-lei, cabe à CCDR garantir, acompanhar e avaliar os IGT’s
(instrumentos de gestão territorial) tal como é o PIOTADV. No entanto, pelo art. 2.º/4, todos os
instrumentos que visam proteger, conservar, divulgar, promover e valorizar a “Paisagem Cultural
Evolutiva e Viva do Alto Douro Vinhateiro” é uma missão específica própria para a CCDR Norte.
Assim, do ponto de vista material dos IGT’s, quem é competente é a CCDR Norte, pelo
artigo anteriormente referido e do ponto de vista territorial, a CIM Douro e os seus municípios
estão sob alçada da CCDR Norte de acordo com o Anexo I da CCDR e anexo II RJAL, portanto é a
CCDR Norte quem tem competência e missões.
Neste caso, quem atuou foi a CCDR Centro, mas deveria ter sido a CCDR Norte pelo que
esta era incompetente. Portanto, estamos perante uma incompetência relativa, dois serviços da
mesma pessoa coletiva pública, art. 163.º CPA.

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b. Sabendo do sucedido, a Ministra da Modernização do Estado decide destituir o presidente da
CCDR-Centro.
Tal como referido na alíne anterior, a CCDR é um serviço da administração direta, estando
dentro do poder hierárquico do Governo, logo o membro do governo tem poder de direção sobre
qualquer CCDR, art. 1.º do DL nº228/2012.
As competências da Ministra da Modernização do Estado estão presentes na Lei orgânica
do Governo, em especial no art. 21.º. Contudo esta não tem competência sobre as CCDR’s.
A Ministra competente é a ministra da Coesão territorial, art. 30.º/3 que afirma que afirma
que esta exerce a direção sobre a CCDR, embora em cooordenação com outros ministros,
nomeadamenre a Ministra da Modernização do Estado.
Nesta alínea cabe, também, identificar as formas de nomeação e destituição: dos
presidentes e vice-presidentes das CCDR´s, que se encontra regulado no DL 27/2020.
Pelo art. 3.º-B do mesmo, refere-se que a eleição é feita de forma indireta através dos
presidentes das Câmaras Municipais, colégio indireto de representantes locais. Já os mandatos
pelo art. 3.º-I/2/d apenas cessam por resolução e deliberação do governo na figura do Conselho
de Ministros de forma justificada. Este é um processo contraditório, dado que é um colégio
representativo que elege e é o governo que demite.
Neste caso, como estamos perante imcompetência entre ministros, a ministra da
modernização do Estado não tem competência, estamos perante uma incompetência absoluta,
art. 161.º/2/b CPA.

CASO PRÁTICO N.º 10


Em março de 2004, o Teatro Nacional D. Maria II foi transformado em sociedade anónima de
capitais públicos, passando a ser gerido por administração própria e sujeito à superintendência e tutela dos
Ministérios das Finanças e da Cultura. Em 2007, foi transformado em entidade pública empresarial, dotada
de autonomia administrativa, financeira e patrimonial.
1. Em que se distingue a natureza jurídica do Teatro Nacional D. Maria II (TNDMII) em 2004 e a
partir de 2007 e em que tipo de Administração Pública se insere? O
2004: Empresa Pública S.A.
2007: Entidade Pública Empresarial E.P.E.
Tanto uma empresa pública, SA como uma entidade pública empresarial, EPE fazem parte
da Administração estadual indireta. Administração estadual porque é criada para prosseguir as
atribuiçãoes do Estado e indireta, por possuir personalidade jurídica própria e nome próprio, mas

Ana Paula Pinto (A973200) 18


que difere do Estado, aplicando-se o regime jurídico do setor público empresarial e empresas
públicas do DL nº133/2013, duravante RJEP.
No entanto, uma empres Pública, S.A. é diferente de uma entidade pública empresarial,
E.P.E. A primeira é uma pessoa coletiva pública de direito privado; a segunda pessoa coletiva
pública de direito privado.
Antes demais, o art. 56.º mostra que entidades públicas empresariais em sentido muito
amplo englobam EPE (em sentido estrito – art. 5.º/2 e 56.º), SA e Empresa Participada.
Na SA, segundo o art. 5.º e 9.º, o Estado exerce uma influência dominante por ter uma das
seguintes caraterísticas: participação superior à maioria do capital; maioria do direito de voto;
possibilidade de designar ou destituir a maioria dos membros; dispor de participações qualificadas
ou direitos especiais.
Porém, é necessário ter em atenção que SA é diferente de Empresa Participada porque na
primeira tem influência dominante e na segunda não tem, apenas tem uma participação
continuada, art. 7.º.
EPE só é constituída pelo Estado que é o único que participa, enquanto que SA e Empresas
Participadas são sociedades comerciais constituídas por outras entidades que forma a entidade.
Assim, em 2004, perante o TNDMII o Estado detinha influência dominante (art. 5.º/1 e art.
9.º), contudo em 2007 o Estado passa a ser o único constituinte da entidade pública, ou seja,
detém exclusivamente a entidade (art. 56.º e ss, com destaque para o art. 58.º e 59.º).
Inicialmente, enquanto SA revestia a forma comercial (art. 5.º e 9.º); responsabilidade
limitada (autonomia de gestão); criada por ação legislativa (: art. 10.º/1 e art. 12.º); endo o direito
privado o mais aplicado (art. 14.º - “regem-se pelo direito privado”); poderes de autoriedade por
estar vinculados ao direito público, em especial ao direito administartivo (art. 22.º); limite à
administração (art. 25.º/4); com controlo financeiro pelo tribunal de Contas (art. 26.º); e com
“função acionista” (art. 39.º).
Com o título de EPE é o Estado que detém em exclusivo a entidade (art. 56.º capital
exclusivo do Estado); criado através de decreto-lei (art. 57.º); não estão sujeitas às regras de
contabilidade pública, mas sim de contabilidade comercial; com autonomia (art. 58.º) e poderes
de autoriedade para praticar atos de regulamentos e atos administrativos (art. 38.º/2); sendo
sujeitos a poderes mais fortes de controlo de tutela e superintendência pela Ministra da Cultura
(art. 23.º/5/c LOG).

Ana Paula Pinto (A973200) 19


2. Tendo em conta o que respondeu anteriormente, diga se é possível, e em que termos, a
Secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural dirigir instruções ao Conselho de Administração do
TNDMII.
Em geral, o secretário não tem competência própria, a menos as competências delegadas
pelo seu Ministro no âmbito do seu gabinete (LOG – art. 11.º/1).
Assim, o secretário só poderia dirigie instruções ao Conselho de Administração do TNDMII
através de um ato de delegação.
Um ato de delegação tem 3 requesitos materiais: lei de habilitação; existência de dois
órgãos (delegante, Ministro, e delegado, a secretária) e o ato de delegação propriamnte dito.
O CPA no artigo 44.º/3 e 4 contém uma lei de habilitação genérica, contudo esta não
encaixa nesta situação. Assim, a lei de habilitação encontra-se no artigo 9.º/3 LOG.
Como o secretário deu uma instrução esta é válida porque as instruções, recomendação ou
diretivas são parte do poder de superintendência que o Ministro tem sobre o TNDMII. Para além
de ao abrigo da função acionista, art. 38.º RJEP, é permitido dar orientações e objetivos.

3. Suponha que o Governo pretende transformar o Teatro Nacional D. Maria II, em 2022, em
Instituto Público, I.P. Quais os limites a que está obrigado?
2007: E.P.E.
2022: IP
Tranformação
Não haveria alteração no que diz respeito à organização administrativa, continuando a
fazer parte da administração estadual indireta. Contudo, haveria alterações no que diz respeito ao
regime jurídico que passaria a ser regulado pela Lei Quadro dos Institutos Públicos (LQIP).
Um IP é diferente de EPE, sendo a principal diferença é que o escupo comercial da EPE e o
escupo institucional (serviços e fundos e serviço de outra pcp) do IP, art. 3.º/1 RJEP e art. 48.º
LQIP. Neste caso aplica-se a LQIP não é uma exeção consagrada no artigo 48.º.
Um dos limites para o TNDMII é a designação (art. 51.º), assim, a designação Teatro, IP não
teria qualquer problema. Para além de este ter de obedecer a 2 requesitos: finalidade de interesse
social e dotado de um património cujos rendimentos constituem parte considerável das suas
receitas.
Pelo artigo 4.º LQIP, um IP é uma pessoa coletiva de direito público, dotadas de órgãos
(conselho diretivo, fiscal único e consultivo – art. 17.º) e património próprio, tendo autonomia
administrativa e financeira (art. 35.º e ss), sendo que pode apenas ter autonomia administrativa.

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Pelo art. 7.º este está sujeito à tutela e superintendência do membro do governo com tais
poderes, ministro da tutela. Este só poderá ser criado através de ato legislativo: decreto-lei ou lei
(art. 9.º/1), tendo como limites materiais os que estão no art. 8.º/1 e limites negativos do art.
8.º/2 e os seus bem defenidos no art. 8.º/3.
Ao transformar aplicariam-se as regras do CPA.

CASO PRÁTICO N.º 11


Suponha que as Associações de Estudantes das Universidades A e B pretendem recorrer ao
Ministro do Ensino Superior para que este revogue os regulamentos académicos das Universidades C e D,
uma vez que consideram que tal regulamento contém disposições tremendamente desiguais,
nomeadamente no que se refere a bonificações das médias finais de curso até a um máximo de 2 valores.
QUID IURIS?
A universalidade é um IP de regime especial (art. 48.º), pelo qu se encontra na
administração estadual indireta, isto é, prossegue os fins da pessoa coletiva Estado, mas tem
nome, órgãos, património e personalidade jurídica própria (art. 9.º). No entanto, há uma corrente,
a maioria, que defende que deve administração autónoma, mas com tutela mais forte do que as
autarquias locais.
Portanto, o Ministro tem poderes de tutela por ser o membro do governo responsável
pelas as universidades, mas têm de ser balançada a tutela administrativa com a autonommia que a
CRP confere – art. 9.º/f CRP.
O regime da tutela administrativa, o art. 11.º Regime Jurídico das Instituições do Ensino
Superior e art. 72.º/2 CRP mostram que o ministro não pode revogar. Embora o ministtro tenha
tutela para promulgar (confirmar) os estatutos; os regulamentos académicos são elaborados e
criados pelos órgãos autónomos, nomeadamente o reitor pelo que o ministro não pode interferir.
Desta forma, o regulamento cabe na autonomia pedagógica das instituições do ensino
superior.

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CASO PRÁTICO N.º 12
Configure a seguinte hipótese:
F recebeu como presente de anos um cadela de raça Yorkshire Terrier. Tendo sido informada por
um seu primo de que é obrigatório, nos termos legais, proceder ao seu registo e licenciamento, F requereu
ao Presidente da Junta de Freguesia de Gualtar o registo e licenciamento da sua cadela, mas o mesmo
declarou-se incompetente nos seguintes termos:
“Com a entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 82/2019, de 27 de junho, que cria o Sistema de
Informação de Animais de Companhia, a Direção Geral de Alimentação e Veterinária é, nos termos do
artigo 8.º do referido diploma, a entidade competente pelo SIAC, cabendo-lhe assegurar o seu
funcionamento e tratamento dos dados. E, ademais, no âmbito das competências conferidas aos órgãos
locais, nunca o Presidente de Junta seria competente para o licenciamento de canídeos, antes a Junta de
Freguesia”.
Sabendo que, nos termos do artigo 3.º, alínea e) do DL n.º 82/2019, entende-se por «Registo» o
conjunto de informação coligida no SIAC com os elementos relativos ao número do transponder, elementos
de resenha do animal, identificação do titular do animal e respetivos dados de contacto, do médico
veterinário que procede à marcação do animal, bem como outras particularidades ou características e as
medidas sanitárias preventivas oficiais ou informações relevantes que tenham sido associadas ao animal:

1. Pronuncie-se sobre os argumentos apresentados pelo Presidente da Junta de Freguesia de


Gualtar.
Os órgãos aqui em causa são órgãos que pertencem à administração autónoma de base
territorial que são Pessoas Coletivas Públicas distintas do Estado, que prosseguem interesses
públicos próprios das pessoas residentes nessa circunscrição territorial, não prosseguindo
atribuições do Estado.
As Autarquias Locais têm existência obrigatória pela CRP (art. 265.º e ss), sendo que estão
previstas 3 tipos: regiões administrativas (nunca colocadas em marcha após o referendo
desfavorável e mesmo com legislação aprovada); os Municipios e as Freguesias. Para além desta
existência institucional, existe uma existência material consagrada a partir do artigo 6.º da CRP,
que obriga a que estas tenham autonomia local, pressupondo uma liberdade e direito de Decisão
não subordinado a nenhuma outra pessoa coletiva pública, prosseguir atribuições próprias e com
responsabilidade.
Para que, assim, se assegure o Pprincípio da autonomia local: AL tem que ter órgãos,
património e financas e competências próprias.
Neste caso em concreto está em causa a freguesia que é uma pessoa coletiva pública da
autarquia local que prossegue interesses públicos próprios da população residente na

Ana Paula Pinto (A973200) 22


circunscrição paroquial em articulação com o município. Esta é constituída por 3 órgãos: 2 órgãos
celegiais, AF e Jf com competências de apreciação e fiscalização, e um órgão singular, PJF.
A AF é eleita por sufrágio direto e universal dos cidadãos elitores residentes com número
variável em função do número de eleitores recenseados, art. 4.º e 5.º LFAL.
Cada freguesia e cada município correspondem a uma pesssoa coletiva pública distinta
(pelo conceito de autonomia local), por isso de padecer de algum vício, estamos perante uma
incompetência absoluta sancionada pela nulidade.
As freguesias de acordo com RJAL no art 7.º/2, estas prosseguem interesses públicos das
próprias, dispondo de órgãos próprios, cada um com competências próprias.
Neste caso, a autarquia local da freguesia de Gualtar corresponde a uma pessoa coletiva
pública distinta das demais, com atribuições presentes no artigo 7.º RJAL.
É da competência material da JF o licenciamento e registo dos canídeos e gatídeos. Esta
questão em nada tem a ver com o SIAC que foi criado para combater abandono de animais e o
obrigatório chique eletrónico. Se, por acaso, o DL que cria o SIAC comprimir esta competência aos
órgãos das AL, afrontaria o princípio da Autonomia Local.
Portanto, a JF é competente, porém esta pode delegar ao PJF as competências a contrario
das mencionadas no art. 17.º RJAL, isto é, podem ser delegadas todas as competências, exceto as
alineas elencadas onde não se inclui a alínea nn que corresponde ao registo e licenciamento
destes animais.
Assim, se a JF obedecer a todos os requisitos da delegação de poderes, de forma válida e
eficaz, isto é, ter dois órgãos (JF, delegante, e PJF, delegado); o ato de delegação propriamente
dito e uma Lei Habilitante que permita a delegação, porque a competência é imodificável,
irrenunciável e inalienável, utilizando o art. 17.º/1 RJAL, esta poderia delegar.
Assim, o argumento do PJF não tem procedente.

2. A sua resposta à questão anterior seria a mesma se em causa estivesse a captura de canídeo?
A captura de canídeos não é da competência da JF, nem da AF nem do PJF, uma vez que
esta é da competência do Município, pessoa coletiva pública distinta da freguesia, que prossegue
os fins da população residente na área concelhia em articulação com a freguesia. Este é
constituída por 3 órgãos: 2 órgãos celegiais, AM e CM com competências de apreciação e
fiscalização, e um órgão singular, PCM.
Neste caso, a autarquia local do município de Braga com competência originária é a
Câmara Municipal pelo artigo 33.º/1/ii RJAL.

Ana Paula Pinto (A973200) 23


Esta tem, também, a possibilidade de delegação no PCM pelo art. 34.º onde não consta
esta alínea. Por sua vez o PCM pode subdelegar nos vereadores.

3. Suponha que a Junta de Freguesia de Gualtar veio a aprovar um novo Regulamento e Tabelas de
Taxas/licenças, onde consta precisamente a alteração da taxa de registo de canídeos e gatídeos.
3.1. Pronuncie-se sobre a validade desta atuação.
Tal como referido em supra, a JF é um órgão colegial executivo da freguesia com
competências próprias.
Pelo art. 16.º/1/h cabe a esta elaborar uma proposta de regulamento externo como é o
caso da alteração das taxas (art. 9.º/1/d/f RJAL), contudo terá de ser aprovado pela AF.
Portanto, é da competência originária e exclusiva da AF, cabendo à JF penas formular uma
proposta de regulamento externo, não há lei de habilitação que permita a delegação. Assim,
estamos perante uma incompetência relativa, sancionada com a anulabilidade (art. 163.º CPA).

3.2. Imagine que, tendo tido conhecimento do sucedido, a Ministra da Tutela pretende revogar
aquele Regulamento. Poderia fazê-lo?
Como tanto os municípios como as freguesias incorporam a administração autónoma de
base territorial, isto é, as autarquias locais (com poder regulamentar próprio e Autonomia
Normativa), o exercício de tutela do Estado exerce sobre a forma de tutela de legalidade inspetiva,
podendo elaborar: inspeções, inquirições e fiscalização, art. 242.º CRP e art. 2.º e 3.º da Lei da
Tutela Administrativa, Lei nº27/96.
Assim, quer a CRP, quer a Lei, a Tutela do Estado sobre AL é apenas de legalidade e sob a
forma inspetiva e não de forma revogatória pelo que não era possivel a Ministra da Tutela revogar
regulamento.
Caso contrário, a Ministra da Tutela estaria a extravasar os poderes de tutela que podem
ser observados.

Ana Paula Pinto (A973200) 24


CASO PRÁTICO N.º 13
Suponha que António foi notificado por carta registada, tendo recebido más notícias: que o
Presidente da Assembleia Municipal lhe aplicou uma coima, uma vez que António, muito nervoso, havia
tido um comportamento inexplicável durante toda a reunião daquele órgão, lugar onde António resolvera
queixar-se das injustiças da vida. Neste sentido, António questiona-se sobre a validade das decisões, uma
vez que considera que nem no primeiro caso nem no segundo os órgãos autárquicos são competentes para
praticar tais atos.
QUID IURIS?
Os órgãos aqui em causa são órgãos que pertencem à administração autónoma de base
territorial que são Pessoas Coletivas Públicas distintas do Estado, que prosseguem interesses
públicos próprios das pessoas residentes nessa circunscrição territorial, não prosseguindo
atribuições do Estado.
As Autarquias Locais têm existência obrigatória pela CRP (art. 265.º e ss), sendo que estão
previstas 3 tipos: regiões administrativas (nunca colocadas em marcha após o referendo
desfavorável e mesmo com legislação aprovada); os Municipios e as Freguesias. Para além desta
existência institucional, existe uma existência material consagrada a partir do artigo 6.º da CRP,
que obriga a que estas tenham autonomia local, pressupondo uma liberdade e direito de Decisão
não subordinado a nenhuma outra pessoa coletiva pública, prosseguir atribuições próprias e com
responsabilidade.
Neste caso em concreto está em causa o município que é uma pessoa coletiva pública da
autarquia local que prossegue interesses públicos próprios da população residente na
circunscrição concelhia em articulação coma freguesia. Este é constituída por 3 órgãos: 2 órgãos
celegiais, AM e CM com competências de apreciação e fiscalização, e um órgão singular, PCM.
Aqui se coloca em causa a AM e a competência do PCM para aplicar a coima a A.
Inicialmente, tem se de verificar se A poderia assistir ou participar na reunião da CM.
Assim, pelo art. 44.º e ss RJAL, em especial o art. 19.º/4 e 5; o PCM não poderia aplicar coima a A,
só poderia dar conhecimento da sua intromissão ao Tribunal da Comarca da circunscrição porque
é este que tem competência para tal.
Portanto, estamos perante uma usurpação de poderes sancionada com a nulidade (art.
161.º/2 CPA).

Ana Paula Pinto (A973200) 25


CASO PRÁTICO N.º 14
1. Considerando as seguintes hipóteses, pronuncie-se sobre a validade e eficácia das respetivas
deliberações:
a. A Câmara Municipal do Porto, invocando um ato de delegação da respetiva Assembleia
Municipal, deliberou numa reunião extraordinária, mesmo sem que o assunto constasse da ordem do dia,
criar um novo Imposto Municipal de Proteção Civil, sendo que a deliberação foi aprovada com 2 votos a
favor, incluindo do Presidente, 2 votos contra e 4 abstenções.
b. A Câmara Municipal do Porto, invocando um ato de delegação da respetiva Assembleia
Municipal, deliberou aumentar a taxa municipal turística. Sendo que o assunto não constava da ordem do
dia, os 7 membros presentes na reunião mensal de outubro, concordaram deliberar sobre a matéria. A
deliberação foi aprovada com 3 votos a favor, incluindo do Presidente, 3 votos contra e 1 abstenção.

Sobre a deliberação A, podemos afirmar, quanto às atribuições que a criação de impostos


é da reserva relativa da AR, art. 165.º/i CRP. Assim, nem a CM podia invocar sequer uma
delegação desta natureza porque CM não tinha competências para tal, estando assim perante
uma inconstitucionalidade e usurpação de poderes.
Quanto ao funcionamento dos órgãos da autonomia local, verificamos que são órgãos
colegiais regulamentados no CPA, mas por serem órgãos colegiais autárquicos têm um regime
especial, RJAL.
Quanto aos membros da CM está consagrado no art. 57.º LFAL, sendo que a CM Porto tem
13 membros, um prsidente e 12 vereadores.
Quanto ao quórum, número minínimo legal de membros com direito de voto presente para
o órgão funcionar e deliberar sabemos pelo art. 54.º RJAL que é a regra do CPA, se exige maioria
absoluta, portanto mais do que 7, o que acontece.
Quanto ao objeto das deliberações, só são objeto os assuntos da Ordem do Dia – art. 50.º.
Quanto à maioria de aprovação, basta a mairia relativa, art. 54.º RJAL, “pluralidade de
votos”. Em caso empate, art. 54.º/2 in Fine RJAL, o PCM tem Voto de qualidade, ou seja, vale por 2
e não contam as abstenções que são permitidas por não se tratar de uma deliberação da função
consultiva.
Quanto a eficácia, o art. 56.º/1 RJAL obriga a publicação no edital e no boletim da AL, se
não for obrigado à publicação em Diário da República.
Sobre a deliberação B, quanto à matéria AM é competente para lançar taxas e impostos
pelo art. 25.º/1/b RJAL. Porém, não existe uma lei habilitante que permita a delegação de
competências pela AM à CM, por isso a delgação é sempre inválida, pois falta um dos requisitos.

Ana Paula Pinto (A973200) 26


Como a competência não se presume, é irrenuncável, imodificável e irrenunciável, estamos
perante uma incompetência relatva sancionada com a anulabilidade (art. 163.º CPA).
Quanto ao Funcionamento do órgão colegial da AL, a partir do art. 48.º e ss, determina que
o quórum é a partir da maioria absoluta, como dito supra, cumprir-se. Sendo, uma reunião
ordinária só se deve deliberar sobre os Assuntos da Ordem do Dia, havendo a exceção onde a ser
uma reunião ordinária, 2/3 dos membros devem votar na deliberação se considerarem um
assunto urgente que não possa esperar até à próxima reunião ordinária, isto é, 9 membros, o que
não se cumpre. Por não se cumprir a maioria para a deliberação esta é sancionada com a nulidade
(art. 161.º/2/h CPA). Para a maioria de Aprovação é necessário mairia relativa, neste caso temos 3
votos a favor e 3 contra, havendo um empate que é desempatado pelo voto do PCM que tem voto
de qualidade.
Quanto à eficácia, estas deliberações deveriam constar no edital e no boletim (art. 56.º/1
RJAL).

2. Tendo Bernardo, comerciante, que assistiu à reunião da alínea b), recorrido para a Ministra da
Modernização do Estado e Administração Pública, esta encontra-se a ponderar determinar a perda de
mandato do Presidente da Câmara do Porto. Poderá fazê-lo?
Antes de mais é necessário perceber se B podia ter assistido a Reuniao da CM, pelo art.
49.º/1 e 2 RJAL, apesar do CPA dizer que as reuniões não são públicas, as reuniões dos órgãos
deliberativos são públicas.
No entanto, a CM é um órgão executivo, pelo que B só podia ter assistido à eunião da CM
se ainda não se tivesse realizado a reunião pública mensal, porém nunca poderia interfir na
mesma.
Sendo que a Ministra da Modernização do Estado é competente e exerce a tutela de
legalidade sob a forma inspetiva (art. 2.º e 3.º Lei da Tutela Administrativa) sobre as AL pelo art.
21.º/1 LOG.
Contudo, a perda de mandato significa uma tutela sancionatória, que é da competência
dos tribunais administrativos, pelo art. 7.º e 8.º da Lei da Tutela. Assim, neste caso, era o tribunal
administrativo do Porto que poderia perder o mandato.

Ana Paula Pinto (A973200) 27


CASO PRÁTICO N.º 15
Câmara Municipal de Braga deliberou, com 3 votos a favor, 3 votos contra e 1 abstenção, declarar
prescrito a favor do município um conjunto de jazigos e sepulturas perpétuas instalados no cemitério
municipal.
1. Aprecie a validade e eficácia da deliberação.
A CM de Braga é um órgão autárquico pelo que pertence à Administração Autónoma de
base populacional e territorial, isto é, uma pessoa coletiva pública que visa prosseguir as
atribuições próprias das populações residentes nessa circunscrição. O Estado não as cria, têm
existência constitucional obrigatória, órgãos representativos eleitos, autonomia local que obriga a
existência de autonomia de decisão, responsabilidade, autonomia patrimonial, financeira e
administrativa.
A CM é órgão executivo e colegial do municipio que possui tem 3 órgãos (2 colegial e um
singular) pelo art. 57.º/2 e art. 6.º RJAL. Sendo composto pelo presidente e pelos vereadores de
número variável de acordo com o número de cidadãos eleitores na área concelhia.
Neste caso cabe analisar a validade e eficácia, isto é, as regras próprias do funcionamento
dos órgãos colegiais autárquicos defenidas com o regime especial.
Portanto, o quórum que é a maioria do número legal de membros exigida para que este
funcione (art. 54.º RJAL). Sendo que este Município tem mais de 1000 tem 11 membros (1 PCM e
10 vereadores). Metade são 6, estando presente 7 significa que as regras são cumpridas.
Nas deliberações são necessária maioria relativa (art.54.º/2), para tal não contam a
abstenção, o que dá em empate. Neste caso, se um dos votos fosse do Presidente que tem voto
de qualidade, art. 54.º/2, a decisão seria a do PCM.
No que concerne à publicação, art. 56.º, esta tem de ser no boletim e no edital do
município.
Todos os requesitos de validade e eficácia parecem estar cumpridos.
Já a nível material, ou seja, as competências para o caso em concreto estão no art.
33.º/1/kk, sendo matéria sob a qual a CM, podendo delegar no PCM (art. 34.º/1) que pode sub-
delegar, art. 39.º.

2. Suponha que Amândio, tendo requerido a concessão de um terreno, no cemitério municipal,


para sepultura perpétua, viu o seu pedido indeferido pelo Diretor do Departamento de Conservação e
Equipamentos Municipais. Entendendo que o Diretor não tem competência para tal, pretende recorrer ao
Presidente da Câmara para que ordene a revogação daquela decisão. Pronuncie-se sobre a situação em
causa.

Ana Paula Pinto (A973200) 28


Diretor é competente?
A competência originária está no art. 35.º/2/p RJAL, ou seja, é da competência da CM,
portanto o diretor só poderia indeferir através de uma delegação de poderes, senão seria renuncia
de competência, condenado pela nulidade, art. 36.º CPA.
A delegação de poderes é o ato pelo qual um órgão da AP, competente em determinada
matéria, permite, de acordo com a lei, a transferência dessas competências para outro órgão,
regulados nos artigos 44.º a 50.º CPA, obedecendo a 3 requesitos: a lei de habilitação; existência
de no mínimo de 2 órgãos (o delegado, CM, e o delegante, Direitor); e o ato de delegação
propriamente dito. A lei de habilitação não é a lei genérica do art. 44.º/3 CPA, mas sim o art.
38.º/1 RJAL, assim este tem competência.
Ao recorrer ao Presidente para ordenar, apesar de existe hierarquia entre presidente e
diretor, a delegação de poderes não compreende ordens – art. 49.º/1 CPA, apenas “diretivas e
instruções”.
No entanto, o PCM, por ele mesmo, art. 49.º/2 CPA, pode revogar como delegante uma vez
que conserva alguns poderes. Assim, poderia recorrer, mas nunca ordenar.
!!! Não existe relação entre vereador e PCM tal como Ministros e Secretários, há uma quase-
hierarquia – supervisão.

CASO PRÁTICO N.º 16


Pronuncie-se sobre a validade de cada uma das seguintes decisões, considerando as
competências dos órgãos em causa:
a. O Vereador da Mobilidade aplicou uma coima a António em resultado de uma infração relativa a
estacionamento abusivo numa zona de estacionamento periférica da cidade.
CM: órgão municipal
Competência atribuída por lei aos municípios
DL nº107/2018 – art. 2.º e 3.º
Competência é do PCM com possibilidade de subdelegação a qualquer membro, os vereadores

b. O Presidente da Junta de Freguesia recusou o pedido de António para a emissão de um atestado


de residência.
Art. 16.º/1/rr – competência originária
Art. 17.º/1 – não é exceção pode delegar

c. Ao abrigo de uma delegação de poderes, o primeiro-secretário da Comissão Executiva


Metropolitana do Porto propôs a declaração de utilidade pública para efeitos de expropriação do imóvel X.
Ana Paula Pinto (A973200) 29
areas metropolitanas: pcp, associações de entidades públicas
RJAL: art. 68.º + 73.º + 76.º/1/w – competência originária; 76.º/2 – delegação
1º Secretário: membro da comissão (órgão da AM)

d. Ao abrigo de uma delegação de poderes, o Secretariado Executivo Intermunicipal da Beira Baixa


deliberou, em reunião ordinária, aprovar o Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território.
RJAL: art. 82.º, 83.º e 90.º
Não há possibilidade de delegação – incompetência relativa

CASO PRÁTICO N.º 17


Configure a seguinte hipótese:
A Ministra da Justiça ordenou uma sindicância à Ordem dos Advogados, por suspeitas de
irregularidades. Por sua vez, o Bastonário, inconformado, deu uma entrevista a um reputado canal de
televisão, invocando o seguinte: “A Senhora Ministra não tem poderes para tal. Somos uma Ordem
Profissional independente, com órgãos próprios, a incluir os de supervisão e fiscalização, que são os únicos
que podem fiscalizar a atividade dos órgãos da Ordem”:
1. Caracterize a Ordem dos Médicos no quadro da organização administrativa e pronuncie-se
sobre os argumentos invocados.
Ordem profissional: associação públicas de entes privadas, apesar de ser interesse público, o Estado
não interfere
Administração Autónoma
L 2/2013
Tem autonomia: art. 9.º e 10.º
A ordem é verdadeiramente independente? Não, está sob controlo do Estado, exerce tutela – art.
45.º/4
Ministra pode proceder/ordenar uma sindicância ou inspeção
Os argumentos não prosseguem

2. Imagine que, face a intoleráveis afirmações proferidas nos meios de comunicação social,
afetando gravemente a dignidade e o prestígio profissional, a Ministra da Justiça decide aplicar a Vildemar
a sanção de expulsão da Ordem dos Advogados. Poderia fazê-lo?
Se as Associações profissionais têm órgãos próprios, art. 15.º, 15.º/2/c e art. 18.º
Um órgão próprio com competências disciplinares sobre os seus membros.
A ministra não poderia.

Ana Paula Pinto (A973200) 30


3. Suponha ainda que a Ordem dos Advogados pretende aprovar alterações ao Regulamento
Nacional de Estágio.
3.1. A que principais condicionalismos está sujeita tal alteração?
Art. 15.º/2/a: A Rep cabe aprovar os regulamentos
Art. 45.º/5: embora a tutela de legalidade sob a forma inspetiva ser a regra, há outras formas de
tutela legalidade integrativa como este
Regulamentos são aprovados, mas sujeitos a humulgação por parte do Ministro da tutela.

3.2. Em hipótese distinta, imagine que a Ordem dos Advogados pretende alterar os seus Estatutos,
nomeadamente no que concerne aos requisitos de acesso à profissão. A que principais condicionalismos
está sujeita tal alteração?
Art. 15.º/2/a: Assembleia só tem autorização para alterar projetos dos estatutos
Art. 8.º RJAL, art. 165.º/1/s CRP= a alteração é da competência da AR, domínio de reserva relativa

CASO PRÁTICO N.º 18


Suponha que, através de Resolução do Conselho de Ministros, o Governo aprovou esta quintafeira
o seguinte:
a. Que o Banco de Portugal passa a estar sujeito a poderes de tutela e superintendência, exercidos
pelo Ministro das Finanças, sendo também nomeado o Sr. W para novo Governador.
b. Revogar a Deliberação X/2021 da Comissão Nacional de Proteção de Dados e substituir a
respetiva presidente.
Pronuncie-se sobre a validade da Resolução.
Conceito de entidade Administrativa independente que se divide em 2 principais grupos: entidades
de regulação e supervisão e entidades asministrativas independentes em sentido estrito. Muita diferença e
singulariedades, estatuto próprio, muito próprias, regulamento próprio. Diploma normativo com a
disciplina quadro.
Administração independente corresponde a organismos de direito público e pessoas coletivas
públicas, umas com e outras sem personalidade jurídica, que são criadas pelo Estado para prosseguir
tarefas administrativas suas, mas de forma independente que as afasta da administração indireta e
autonóma.
Elas tem um grau de independência funcional (na tomada de decisão, isentas de controlo externo e
no momento posterior de controlo de mérito dessa decisão) e orgânica (garantia institucional, não sujeitas
a poderes, tutrla, hierarquia ou supervisão, e garantias pessoais de independência, titulares têm de
fornecer um conjunto de garantias de independência pessoal).

Ana Paula Pinto (A973200) 31


Entidades reguladores e de supervisão tem lei quadro com particulariedades, não obstante estar
sujeitas a poderes, ouseja, existem outros meios que permite o Estado/Governo exercer um controlo e
influência. LQER- Lei nº67/2013.
Art. 3.º e 4.º do documento preâmbular + art. 2./3 LQER
Não se aplica a 2 entidades: Banco de Portugal e Entidade reguladora da comunicação social. Esta
lei não se apçica em concreto a estas duas.
Banco de Portugal e Entidade reguladora da comunicação social tem lugar próprio na CRP, art.
162.º.
Banco de Portugal é uma entidade administrativas independente como entidade de regulação e
supervisão inserida na adinistração independente.
A este aplica-se sobretudo 2 diplomas normativos: LO e disposições de direito europeu porque este
integra a rede, sistema europeu de bancos centrais.
A.
Art. 1º do BP: entidade administrativa independente, pessoa coletiva pública dotada de autonomia
financeira, administrativa e patrimonial.
Art. 3.º: rege-se pelas disposições do direito da união europeia
Entidade de regulação e supervisão , mais independente com meios de revisão e controlo
administrativos quase inexistentes.
Resolução do conselho de ministros é sempre inválida.
Nomeaçã para governador:
Disposição específica, nesta materia de nomeações de titualres e de órgãos, sendo parecido à LQER
Forma como é nomeado: governo (art. 26.º LOBP). Designação por resolução do conselho de
ministros sob a proposta do ministro das finanças procedida de pareceres fundamentais da comissão
competente da AR, inquéritos parlamentares. Tem de ser idoneio, competente na sua área.
A caraterística da independência não é excluída por ser o governo a indicar porque tem de ser um
parecer da comissão da AR, intervenção de todos os órgãos de poder, incluindo o poder fundamental e
represenattivo da AR.
Art. 27.º LOGoverno
À partida desde deprocedido pelo inquérito e parecer da AR, não haveria questões a apontar
A designação do governo assim como dos órgãos administrativos das entidades reguladores e de
supersivsão não pode ser feita em 2 momentos: 6 meses anteriores ao fim da legislatura e na convocação
daseleições até ao momento da investura do governo.
Desde dia 5 de dezembro de 2021 até ao dia em que o governo é investido na AR, não se pode
nomear para garantir as caraterísticas da independência do artigo 27.º/5 LOBP.
Assim, a resolução é inválida, sujeitar uma entidade administrativa independente por sujeição e
tutela. Mesmo que correta a designação nunca poderia face ao cenário atual de dissolvição da AR.

Ana Paula Pinto (A973200) 32


B.
Comissão Nacional de Proteção de Dados é uma entidade administrativa independente em sentido
estrito, não é uma atividade económica, logo nunca poderia ser aplicada a LQER porque não é uma
entidade reguladora.
Funcionam junto à AR e nunca na sua dependência.
Tem personalidade jurídica de direito público, pessoa coletiva pública com poderes de autoriedade
e dotada de autonoma administartiva e financeira.
Lei nacional da proteção de dados, não se aplica a LQER, a contraio direito do documento
preambular
Está alheia, não está sujeita aos tais mios de reversão de independência (numa deliberação sua
afirma que a lei emanada pela AR em certos artigos não se aplica porque viola as leis da UE).
Em matéria administrativa constitui atos administrativos sujeitos a impugançaõ junto aos tribunais
administrativos e ao tribunal constitucional.
A resolução que revoga é inválida porque o governo não tem ttela revogatória e superintendência e
poder de direção para revogar a deliberação de uma entidade independente, pessoa coletiva pública.
Substituição do presidente
Diferença do modo de designação/nomeação em relação às entidades reguladoras. São
nomeados/eleitos pela AR, alguns membros podem ser nomeados pelo governo não o representam ou
seguem as suas orientações.
Constituição da comissão: 1 presidente e 6 vogais
Presidente diretamente eleito pela AR, há problema quanto àforma de designação porque esta
deveria ser eleita e só pode ser substituída em casos muito específicos, em norma são inamoveiveis e
irresponsáveis. Quem compete substituir é a AR e nunca o governo
Conselho de ministros é inválida em relação às duas alíneas.
Resultado da desgovernação, sobretudo por influência do direito europeu.

CASO PRÁTICO N.º 19


Considere o Decreto-Lei X/2021, que cria a Autoridade Nacional do Mar, dotada de mera
autonomia administrativa, inserida na Presidência do Conselho de Ministro e cujo diretor-geral é nomeado
pelo Primeiro-Ministro. Diga se poderá a referida autoridade configurar uma autoridade administrativa
independente.
Entidades independentes, pessoa coletiva pública ou organismo de direito público (com ou sem
personalidade jurídica) criadas pelo Estado para prosseguir tarefas administrativas suas sem estar sujeitas a
poderes de tutela, superintendência ou direção.
Exclui-se das entidades independentes em sentido estrito por estar na presidência do Conselho de
Ministro que é o departamento auxiliar do governo

Ana Paula Pinto (A973200) 33


Será uma entidade de regulação e de supervisão?
Art. 263.º CRP – a lei permite criar, cláusula berta e abrangente.
LQER: art. 3.º - natureza administrativa
Nº2: requesitos
Art. 1.º/1 LQER: condicionalismos prévios – funções sobre a atividades económica. Estas entidade
pretende prosseguir atividades ligadas ao mar
Art. 3.º/2: paralelismo com o IP, LQIP
Art. 4.º/2 LQIP: IP tem autonomia administrativa obrigatoriamente e financeira em geral
Grau de autonomia que se apresenta neste casdo leva a approximar esta autoridade como IP
Alguma doutrina, doutrina de coimbra, considera que estas entidades independentes fazem parte
da administração indireta, a administração indireta independnete.
Art. 48.º LQIP: não regula IP especiais e na alíne f que foi revogada, o legislador deixou de as prever
como entidades de administração indireta especiais.
A ainda que esta autoridade pudesse ser reconduzida a um IP por apenas ter autonomia
administartiva não nos leva a configuarar como IP porque não são considerados IP especiais.
LOGoverno, art. 13.º/3: entidades, serviços e estruturas
Nº4; depende, dependência (sujeitas ao poder de controlo e supervisão) do primeiro ministro.
Afasta uma entidade, consideração como entidade independente de regulação e supervisão.
Incompatível acom a natureza destas
Art. 6.º e 7.º LQER: cridas por lei e os estatutos por decreto-lei; princípio da prevalência da
administração direta, estar fora do poder de direçãodo governo, logo entidade independente nunca
poderia estar integrada na administração direta
Imcompatibilidade entre esta autoriedade e serviços já esxistentes
Resulatdo: conjunto de argumentos que exclusão de IP especial, exclui dependência do Primeiro
Ministro por estar integrada na presidência (Diretor-Geral, Direção Geral) + crit´~erios de criação que deve
corresponder à criação das entidades de regulação e de supervisão.
Problematizar sobre as atividades económicas e forma de designação
Ou classificar como IP ou do serviço do Estado (Administração Direta), mas nunca esta autoriedade
não se podia configuarar como entidade independente.

CASO PRÁTICO N.º 20


Suponha que a Empresa “Tudo Iluminado, SA” foi notificada de uma decisão da ERSE (Entidade
Reguladora dos Serviços Energéticos) que lhe aplica uma coima de 72 mil euros por interrupções indevidas
do fornecimento de energia elétrica a consumidores. Inconformada, a Empresa pretende impugnar a

Ana Paula Pinto (A973200) 34


decisão, considerando que a ERSE só tem poderes para fiscalizar a atividade dos operadores energéticos.
Diga se lhe assiste razão.
Empresa que opera no mercado da energia que lhe foi aplicada uma coima
Poderes das ntidades independentes, entidade de regulação e de supervisão: poderes
regulamentares, de regulação e sancionatórios que expõe alguns problemas (ex: fuga ao fisco, ao controlo
político)
Art. 40.º, 42.º, 43.º LQER – entidade de regulação e de supervisão exercem poderes de regulação,
fiscal, sancionatórios
Em geral, não possuem poderes de supervisão
Lei 9/2013 – regime sancionatório, atribui que esta entidade competente para atribuir sanções no
setor elétrico e do gás natural
A empresa nãoo tem razão. As entidades tem poderes de regulação, regulamentação e
sancionatórios.

Ana Paula Pinto (A973200) 35


Ana Paula Pinto (A973200) 36
CASO PRÁTICO N.º 21
Considere o seguinte excerto do Decreto Regulamentar n.º 2-A/2005 de 24 de março, do Ministério
da Administração Interna:
Artigo 1.º- Âmbito de aplicação
O presente regulamento aplica-se à utilização das vias públicas para a realização de atividades de
carácter desportivo, festivo ou outras que possam afetar o trânsito normal. (…)

Artigo 8.º Competência para autorizar


1- A autorização para a realização na via pública das atividades previstas nos artigos anteriores é da
competência da câmara municipal do concelho onde a atividade se realiza ou tem o seu termo. (…)
3- Para efeitos de concessão de autorização, deve ser ponderado o interesse da atividade em causa
relativamente ao interesse de garantir a liberdade de circulação e a normalidade do trânsito.
4- Para os efeitos previstos no número anterior, deve designadamente ser ponderado:
a) O número de participantes;
b) A importância das vias envolvidas no que respeita a capacidade de escoamento de
tráfego;
c) A segurança e a fluidez da circulação.
Diga se a entidade local goza de poder discricionário quando autoriza a atividade em via pública e
que consequências decorrem dessa consideração do ponto de vista do respetivo controlo jurisdicional.

Aqui está em causa perceber se estamos perante uma situação de atribuição de poder
discricionário ou não à AP, neste conjunto de normas para aferir, depois qual o respetivo controlo
judicial.
Por um lado, os atos vinculativos são aqueles cujo conteúdo está fixado na lei, não cabendo
ao agente administrativo margem deconformação ou uma atitude conformadaora. Por outro lado,
um ato vinculativo é aquele cujo conteúdo não está fixo na lei, cabendo ao agente administrativo
uma margem deconformação, isto é, de fixar o grau de modificações pretendidas para criar direito
para o caso concreto, dado que o legislador faz uma permissão legislativa. No entanto, esta
permissão não é uma arbitrariedade, pois tem fundamento na lei e terá sempre de respeitar a a
lei, no mínimo em relação aos fins e à competência, sendo que nunca há atos totalmente
discricionários.
Existem várias teorias sobre a ataribuição do poder discricionário à AP pelo legislador,
destacando-se duas: a doutrina da Escola de Lisboa e a doutrina da Escola De Coimbra.
Na doutrina da Escola de Lisboa, utiizada pela jurisprudência, existe discricionariedade em
sentido próprio, isto é, a discricionariedade só é atribuída através da indeterminação estrutural ou

Ana Paula Pinto (A973200) 37


através de uma permissão para agir evidenciada, por exemplo, pelo elemento de ligaçãoa entre a
hipótese e a estatuição “pode” ou pela presença de várias medidas alternativas na estatuição para
fazer face à hipóstese, cabendo ao agente administrativo escolher uma das medidas. No entanto,
pode existir discricionariedade em sentido impróprio, ou seja, apesar de não existir
indeterminação estrutura, existe justiça administrativa (a AP no exercício da função administrativa
julga) e discricionariedade técnica (decisões tomadas com base em estudos prévios técnicos,
extraídos de normas jurídicas). Assim, considera que a indeterminação conceitual é um problema
de interpretação.
Já a escola de Coimbra considera que a atribuição da discricionariedade é feita através da
indeterminação estrutural, indeterminação estrutural e/ou prerrogativas de avaliação/decisão. A
escola de Braga chegue esta doutrina.
Dentro da indeterminação estrutural da norma temos as mesmas 2 técnicas, uma
evidenciada pela forma verbal “pode” e outra pela indicação de alternativas que agente possa
escolher.
Neste caso, importa apenas aferir se se confere poder discricionário no art. 8.º do D-R,
porque o art. 1.º é o âmbito de aplicação. Portanto, não existe aforma verbal “pode”, pelo
contrário está presente a forma verbal “deve”, que não atribui uma permissão de ação, mas sim
uma obrigação. Também não é empregue um conjunto de alternativas que o agente possa
adotar/escolher.
Em relação à indeterminação conceitual que é a utilização por parte do legislador usar de
conceitos indeterminados-tipo, cuja margem de preenchimento é deixada ao intérprete, pois não
se resolve em sede de interpretação jurídica. Ao contrário dos conceitos classificatórios que
apesar de ter uma maragem periférica larga onde existem dúvidas interpretativas, estas resolvem-
se sede de interpretação, conceitos indeterminados descritivo-empíricos (conteúdo objetivamente
determinado com recurso à experiência comum ou conhecimento científico); de natureza jurídica
(qualquer jurista em sede de interpretação preenche objetivamente o conteúdo); ou referidos a
situações temporais e geográficas. Portanto, são apenas os conceitos que abarcam juízos de valor
sobre aptidões pessoais ou avaliações técnicas especializadas; elementos de prognose, ou de
extrema vaguidão, muito subjetivos.
Neste caso, existem conceitos indeterminados. A título de exemplo, a “normalidade do
trânsito” precisa de preenchimento casuístico ou como elemento de prognose temos: “fluidez de
circulação”,“capacidade de escoamento do tráfego”.
Por fim, também existem prerrogativas de avaliação/decisão.

Ana Paula Pinto (A973200) 38


Portanto, estamos perante a uma atribuição de poder discricionário pelo legislador à AP.
Caso não houvesse discricionariedade, o controlo jurisdicional seria proporcional ao ato
vinculado, ou seja, um controlo mais agravado. Caso houvesse discricionariedade, esta não é
arbitrária e estará submetida ao direito, pelo que perante ato administrativo discricionário os
tribunais irão aferir a conformidade com a juridicidade, mas nunca substituir o ato, princípio da
separação de poderes. Portanto um controlo mais atenuado, existindo um reenxame.
Assim, a atribuição de poder discricionário é legitimada pelo princípio de Estado de Direito
Democrático e pelo princípio da Separação de Poderes, onde o legislador atribui este poder à AP
através de normas jurídicas, o juiz fiscaliza o respeito pelas normas jurídicas e a AP executa as suas
funções no âmbito do Estado Social com discricionariedade e assumindo a inerente
responsabilidade, sempre respeitando o princípio da legalidade na sua vertente do princípio da
juridicidade (art. 3.º CPA).
O controlo jurisdicional vai incide o controlo jurisdicional sobre 5 aspetos pelo que o juiz
pode anular o ato administrativo por qualquer um.
Primeiro, por DESVIO DE PODER, isto é, a AP usa os poderes conferidos pelo legislador para
outros fins que não estão previstos na norma jurídica. Se for fins públicos o ato é sancionado com
a anulabilidade, art. 161.º, mas se for fins privados o ato é nulo pelo art. 163.º CPA.
Segundo, pela VIOLAÇÃO OSTENSIVA DOS PRINCÍPIOS JURÍDICOS tanto os presentes no
CPA como os onsagrados na CRP, pois a atividade administrativa está sempre vinculada a estes
princípios fundamentais e princípios gerais orientadores da atuação administrativa.
Terceiro, por ERRO DE FACTO, ou seja, o ato administrativo tem por base/fundamento a
presença de factos inexistentes ou falseados.
Quarto, ERRO MANIFESTO DE APRECIAÇÃO, isto é, apesar de os factos existirem, sobre eles
a administração apreciou, avaliou de forma errada.
Quinto, FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO porque todos os atos administrativos sempre têm de
ser fundamentados para a agarantia dos particulares. Esta fundamentação tem de conter a
justificação (realidade de factos) e a motivação (razões que levaram à decisão).
Quando o tribunal chega à conclusão e que a administração na avaliação que fez errou e,
portanto, essa avaliação é desrazoável e inaceitável a luz do ordenamento jurídico porque erros
notórios e ostensivos que até pessoa média tem a perceção que atuação é desconforme
Só se verificando um dos 5 aspetos pode haver anulação sem que isso se traduza dupla
administração (pelo contrário, sem estes 5, se tribunal anular, então imiscuição e violar separação
de poderes).

Ana Paula Pinto (A973200) 39


CASO PRÁTICO N.º 22
Considere o seguinte excerto da Lei n.º 5/2006, de 23 de fevereiro, que aprova o regime jurídico
das armas e das suas munições:
Artigo 14.º
Pode ser concedida licença de uso e porte de arma a maiores de 18 anos que reúnam,
cumulativamente, as seguintes condições:
a) Se encontrem em pleno uso de todos os direitos civis;
b) Demonstrem carecer da licença por razões profissionais ou por circunstâncias de defesa
pessoal ou de propriedade;
c) Sejam idóneos;
d) Sejam portadores de certificado médico;
e) Obtenham aprovação em curso de formação técnica e cívica para o uso e pode de armas
de fogo.
1. Sabendo que a atribuição das licenças de uso e porte de arma é da competência dos comandos
distritais da polícia de segurança pública, diga, justificando, se tal competência tem natureza
discricionária.
Neste caso é necessário analisar se perante este quadro normativo, o legislador, AR, atribui
poder discricionário aos comandos distritais da polícia de segurança pública (PSP).
Por um lado, um ato vinculado é aquele cujo conteúdo está fixo na lei, pelo que a AP não
tem qualquermarge conformadora. Por outro lado, o ato discricionário é aquele cujo conteúdo
não está fixo na lei, dado que o legislador faz uma concessão legislativa que permite a AP margem
conformadora para fixar o grau de modificações pretendido, criando direito para o caso concreto.
São várias as teorias que se pronunciam quanto à atribuição do poder discricionário
enquanto concessão legislativa à AP, sendo que se destacam duas: a teoria da Escola de Lisboa,
seguida pela jurisprudência tanto do TC como do STA; e a teoria da Escola de Coimbra.
A Escola de Lisboa defende que apenas existe discricionariedade em sentido próprio que
resulta da indeterminação estrutural das normas jurídicas, sendo a indeterminação conceptual um
problema de interpretação. Também, aceita que por vezes não há indeterminação estrutural, mas
há uma permissão legislativa, isto é, uma discricionariedade em sentido impróprio que resulta da
justiça administrativa (resulta da função administrativa onde se julga) e discricionariedade técnica
(resulta de pareceres técnicos prévios e da extração de critérios extraídos de normas técnicas).

Ana Paula Pinto (A973200) 40


A Escola de Braga chegue a doutrina da Escola de Coimbra que defende que a
discricionariedadepode resultar de 3 técnicas legislativas: indeterminação estrutural das normas,
indeterminação conceitual e de prerrogativas de avaliação ou decisão.
A indeterminação estrutural das normas possui 2 técnicas: um elemento de ligação entre a
estatuição e a hipóstese que confere uma permissão para agir como a forma verbal “pode” ou
através da apresentação de várias medidas alternativas, sendo que se deve escolher a mais
adequada ao caso concreto, ao contrário da Escola de Lisboa que defende a escolha de qualquer
uma das medidas.
Este caso apresenta a forma verbal “pode”, mas não apresenta várias medidas alternativas.
A indeterminação conceitual resulta da utilização de conceitos com uma margem periférica
ampla, que causam dúvidas interpretativas. No entanto, não se podem incluir os conceitos
inseterminados classificatórios, pois as suas dúvidas interpretativas resolvem-se em sede de
interpretação jurídica nos casos de conceitos indeterminados de natureza jurídica, com recurso a
conhecimentos técnicos/científicos ou da experiência comum, noscasos de conceitos
indeterminados descritivo-empíricos, ou por referênia a conceitos associados ao tempo e ao lugar.
Assim, só se inclui conceitos indeterminados-tipo que as dúvidas interpretativas não se resolvem
em sede de interpretação como são os elementos de prognose, as avaliações de aptidões pessoais
ou técnicas especializadas ou conceitos com extrema vaguidão.
Neste caso temos conceitos indeterminados-tipo, por exemplo, “circunstâncias de defesa
pessoal ou propriedade”, um elemento de prognose.
Em relação às prerrogativas de avaliação
Prerrogativas de avaliação ou decisão que se referem a juízos de avaliação da
responsabilidade da AP.
Neste caso, os comandos distritais da PSP têm uma preegativa de avaliação, quando, por
exemplo, se refere a “idóneos” porque juízo de aptidão pessoal e técnica e ponderação interesses
(defesa pessoal vs. defesa da comunidade).
Assim, esta norma atribui discricionariedade mediante presença de indeterminação
estrutural (pelo emprego forma verbal “pode”), pelo emprego de conceitos indeterminados-tipo e
ainda pela existência de prerrogativas de avaliação ou decisão

Ana Paula Pinto (A973200) 41


2. Suponha que Benilde, proprietária de vários prédios rústicos e com necessidade de se deslocar,
quer no interior das suas propriedades quer entre elas, transportando frequentemente avultadas quantias
em numerário para pagamento dos seus funcionários e assalariados, viu o seu pedido de licença de uso e
porte de arma indeferido, com fundamento de não se verificarem as circunstâncias de defesa pessoal ou de
propriedade.
Inconformada com a decisão, Benilde pretende impugnar judicialmente essa decisão, por
considerar que reúne todas as condições impostas por lei para obter a licença de uso e porte de arma.
Para além disso, tendo conhecimento de que a licença foi concedida à sua prima Cremilde, também
ela proprietária de vários prédios rústicos, entende que o indeferimento do seu pedido violou um
importante princípio geral da atividade administrativa, o que invalida a referida decisão.
Por seu turno, o Comando distrital da PSP competente alega que, como a sua decisão é um ato
discricionário praticado no exercício de poderes administrativos, o seu controlo jurisdicional seria
incompatível, sob pena de ilegítima intromissão do Poder Judicial na apreciação do mérito da atuação
administrativa, com o dever que aos tribunais se impõe de respeitarem os espaços de valoração próprios
do exercício da função administrativa, dever que decorre do princípio da separação de poderes.
Analise os diversos argumentos apresentados.
Estamos perante uma situação de indeferimento da licença de uso e porte de arma
indeferido a B pelo comando distrital da PSP competente. Por um lado, B está desconformada com
a decisão por considerar que preenche todos os requesitos e por considerar que por se ter
concedido a licença a C em situação igual à sua se viola o princípio da igualdade. Por outro lado, o
comando distrital afirma que não há controlo jurisdicional porque é um ato discricionário.
Em relação ao argumento da PSP, este não prossegue porque, tal como vimos supra,
apesar de a atribuição da licença ser pelo conjunto normativo um ato discricionário, estará sempre
sujeito e subordinado ao Direito e ao controlo jurisdicional, pois a discricionariedade é uma
atividade material e funcionalmente jurídica vincilada a princípios e normas jurídicas.
Este controlo jurisdicional resulta do princípio do Estado de Direito na seu corolário do
princípio da Separação de Poderes porque o Estado alargou as suas funções e não consegue
prever de forma abstarata e clara ascondiçõe de verificação do interesse público e salvaguarda dos
direitos dos cidadãos pelo que há uma separação de poderes pelo que compete ao legislador
determinar de forma abstara e e geral os interesses públicos e os órgãos competentes; à AP
decidir por ter legitimidade democrática e capacidade técnica; ao juiz fiscalizar e averiguar as
decisões tomadas pela AP em conformidade com o ordenamento jurídico, mas nunca substituir a
AP na suas decisões.

Ana Paula Pinto (A973200) 42


Assim, o argumento da PSP não é válido, pois mesmo que seja um controlo atenuado do
momento discricionário, ele existe até porque não existem atos totalmente discricionários.
Caso, B recorra aos tribunais administrativos para impugnar a decisão de indeferimento
com justificação da violação de um princípio geral norteador da atividade administrativa, o
tribunal efetivamente pode anular o ato de indeferimento.
O tribunal pode anular os atos praticado pela AP dado que ao juiz pode anular o ato na
presença de 5 critérios: desvio de poder (o agente administrativo prossegue fins diferentes dos
previstos na norma), erro de facto (a decisão tem por base um facto inexistente ou falseador), erro
manifesto de apreciação (o agente administrativo avalia, aprecia os factos do caso concreto de
forma errada com os pressupostos da norma), violação ostentiva dos princípios fundamentais e
princípios norteadores da atividade jurídican ou por falta de fundamentação da decisão, indicando
os interesses ponderados e os preponderantes na decisão.
Neste caso, B pode alegar a violação do princípio da igualdade tanto princípio fundamental
(art. 13.º CRP) como princípio norteador da função administrativa (art. 6.º CPA) que exige
tratamento igual para todos, sem discriminação, mas tratamento desigual para situações desiguais
(dimensão material e formal).
O facto de ambas serem proprietárias de prédios rústicos não implica que houve
tratamento desigual de situações. Se por acaso, se entende-se que ambas careciam de licença, ou
seja, situações substancialmente idênticas então aí podíamos considerar a violação da igualdade.
Caso viola-se a igualdade a consequência dependeria da gravidade da violação porque,
ataualmente, considera-se que se não for uma violação que afete o núcleo essencial de um direito
fundamental, o direito da igualdade presente no art. 13.º CRP, seria a nulidade, art. 163.º/2 CPA,
se não violasse o núcleo essencial, a regra, seria a anulabilidade, art. 161.º CPA.
Seria também importante de referir a possibilidade de igualdade na ilegalidade, ou seja, se
estávamos perante duas situações substancialmente idênticas, mas no caso de C se tinha aplicado
um regime ilegal. A doutrina diverge, alguns autores defendem que a igualdade e a legalidade
estão nos mesmo nível e, por isso, não se pode argumentar a igualdade para aplicar um regime
ilegal; outros autores defendem que não, pode-se chamar à aplicação de um regime jurídico ilegal
para aquela circunstância, caso houvesse uma situação semelhante onde também se tinha
aplicado esse regime jurídico.
Pelo enunciado não há elementos suficientes para aferir igualdade de circunstâncias, não
há razões para dar razão ao argumento da senhora.

Ana Paula Pinto (A973200) 43


No entanto, B poderia ao pedir o controlo jurisdicional invocar o erro de facto ou erro
manifesto de apreciação, melhor seria o erro manifesto de apreciação, por se apreciar mal os
pressupostos da norma na aplicação ao caso concreto de B.

CASO PRÁTICO N.º 23


A Lei n.º 95/2019, de 4 de setembro, que aprova a (Nova) Lei de Bases da Saúde, estabelece na sua
Base 34 o seguinte:
«1 - À autoridade de saúde compete a decisão de intervenção do Estado na defesa da saúde
pública, nas situações suscetíveis de causarem ou acentuarem prejuízos graves à saúde dos cidadãos ou das
comunidades, e na vigilância de saúde no âmbito territorial nacional que derive da circulação de pessoas e
bens no tráfego internacional».
2 - Para defesa da saúde pública, cabe, em especial, à autoridade de saúde:
a) Ordenar a suspensão de atividade ou o encerramento dos serviços, estabelecimentos e
locais de utilização pública e privada, quando funcionem em condições de risco para a saúde
pública;
b) Desencadear, de acordo com a Constituição e a lei, o internamento ou a prestação
compulsiva de cuidados de saúde a pessoas que, de outro modo, constituam perigo para a saúde
pública;
c) Exercer a vigilância sanitária do território nacional e fiscalizar o cumprimento do
Regulamento Sanitário Internacional ou de outros instrumentos internacionais correspondentes,
articulandose com entidades nacionais e internacionais no âmbito da preparação para resposta a
ameaças, deteção precoce, avaliação e comunicação de risco e da coordenação da resposta a
ameaças;
d) Proceder à requisição de serviços, estabelecimentos e profissionais de saúde em casos
de epidemias graves e outras situações semelhantes.
3- Em situação de emergência de saúde pública, o membro do Governo responsável pela área da
saúde toma as medidas de exceção indispensáveis, se necessário mobilizando a intervenção das entidades
privadas, do setor social e de outros serviços e entidades do Estado.
Suponha que, em face ao surto de COVID-19 que atinge grande parte da região Norte do país, a
Diretora-Geral da Saúde ordenou o encerramento de todas as escolas básicas e secundárias de alguns dos
concelhos do distrito de Braga, designadamente dos concelhos de Barcelos e Amares.
Inconformados com a decisão, os agrupamentos de Escolas desses concelhos pretendem impugnar
judicialmente a decisão da Diretora-Geral, com fundamento na ausência de factos que demonstrem a
existência de riscos para a saúde pública nos referidos concelhos.
Ademais, uma vez que a decisão não abarca as escolas de outros concelhos limítrofes, como sejam
as dos concelhos de Braga e Vila Verde, onde efetivamente já se verificaram alguns casos infecciosos,

Ana Paula Pinto (A973200) 44


consideram que foram violados alguns importantes princípios gerais da atividade administrativa, o que
invalida a referida decisão.
Por seu turno, a Direção-geral de Saúde alega que, como a sua decisão é um ato discricionário
praticado no exercício de poderes administrativos, o seu controlo jurisdicional seria incompatível, sob pena
de ilegítima intromissão do Poder Judicial na apreciação do mérito da atuação administrativa, com o dever
que aos tribunais se impõe de respeitarem os espaços de valoração próprios do exercício da função
administrativa, dever que decorre do princípio da separação de poderes.
Tendo em consideração o contexto normativo apresentado, analise do ponto de vista do direito
administrativo todas as questões juridicamente relevantes suscitadas na hipótese prática.

Aqui está em causa perceber se estamos perante uma situação de atribuição de poder
discricionário ou não à AP, neste conjunto de normas para aferir, depois qual o respetivo controlo
judicial.
Por um lado, os atos vinculativos são aqueles cujo conteúdo está fixado na lei, não cabendo
ao agente administrativo margem deconformação ou uma atitude conformadaora. Por outro lado,
um ato discricionario é aquele cujo conteúdo não está fixo na lei, cabendo ao agente
administrativo uma margem deconformação, isto é, de fixar o grau de modificações pretendidas
para criar direito para o caso concreto, dado que o legislador faz uma permissão legislativa. No
entanto, esta permissão não é uma arbitrariedade, pois tem fundamento na lei e terá sempre de
respeitar a a lei, no mínimo em relação aos fins e à competência, sendo que nunca há atos
totalmente discricionários.
Existem várias teorias sobre a ataribuição do poder discricionário à AP pelo legislador,
destacando-se duas: a doutrina da Escola de Lisboa e a doutrina da Escola De Coimbra.
Na doutrina da Escola de Lisboa, utiizada pela jurisprudência, existe discricionariedade em
sentido próprio, isto é, a discricionariedade só é atribuída através da indeterminação estrutural ou
através de uma permissão para agir evidenciada, por exemplo, pelo elemento de ligaçãoa entre a
hipótese e a estatuição “pode” ou pela presença de várias medidas alternativas na estatuição para
fazer face à hipóstese, cabendo ao agente administrativo escolher uma das medidas. No entanto,
pode existir discricionariedade em sentido impróprio, ou seja, apesar de não existir
indeterminação estrutura, existe justiça administrativa (a AP no exercício da função administrativa
julga) e discricionariedade técnica (decisões tomadas com base em estudos prévios técnicos,
extraídos de normas jurídicas). Assim, considera que a indeterminação conceitual é um problema
de interpretação.

Ana Paula Pinto (A973200) 45


Já a escola de Coimbra considera que a atribuição da discricionariedade é feita através da
indeterminação estrutural, indeterminação estrutural e/ou prerrogativas de avaliação/decisão. A
escola de Braga chegue esta doutrina.
Dentro da indeterminação estrutural da norma temos as mesmas 2 técnicas, uma
evidenciada pela forma verbal “pode” e outra pela indicação de alternativas que agente possa
escolher. Neste caso, há uma permissão de ação bem como várias alternativas. Por exemplo, as
medidas so número 2, alíneas a, b, c, d.
Em relação à indeterminação conceitual que é a utilização por parte do legislador usar de
conceitos indeterminados-tipo, cuja margem de preenchimento é deixada ao intérprete, pois não
se resolve em sede de interpretação jurídica. Ao contrário dos conceitos classificatórios que
apesar de ter uma maragem periférica larga onde existem dúvidas interpretativas, estas resolvem-
se sede de interpretação, conceitos indeterminados descritivo-empíricos (conteúdo objetivamente
determinado com recurso à experiência comum ou conhecimento científico); de natureza jurídica
(qualquer jurista em sede de interpretação preenche objetivamente o conteúdo); ou referidos a
situações temporais e geográficas. Portanto, são apenas os conceitos que abarcam juízos de valor
sobre aptidões pessoais ou avaliações técnicas especializadas; elementos de prognose, ou de
extrema vaguidão, muito subjetivos.
Neste caso, existem conceitos indeterminados. A título de exemplo, a “risco para a saúde
pública”, “indespensáveis”.
Por fim, a existência de prerrogativas de avaliação/decisão.
Portanto, estamos perante a uma atribuição de poder discricionário pelo legislador à AP
pelo que o aragumento da DGS procede.

Em relação ao segundo argumento, toda a atuação adiministarativa está sujeita ao controlo


jurisdicional. Apesar de se conferir poder discricionário e ser a AP ter a última palavra e o juiz não
poder refazer a decisão administrativa; o juiz pode controlá-la, conforme o tipo de ato. Isto advem
do princípio da Separação de Poderes tem de existir uma separação de funções, pelo que a AP
decide e se responsabiliza.
O controlo jurisdicional vai incide o controlo jurisdicional sobre 5 aspetos pelo que o juiz
pode anular o ato administrativo por qualquer um.
Primeiro, por DESVIO DE PODER, isto é, a AP usa os poderes conferidos pelo legislador para
outros fins que não estão previstos na norma jurídica. Se for fins públicos o ato é sancionado com
a anulabilidade, art. 161.º, mas se for fins privados o ato é nulo pelo art. 163.º CPA.

Ana Paula Pinto (A973200) 46


Segundo, pela VIOLAÇÃO OSTENSIVA DOS PRINCÍPIOS JURÍDICOS tanto os presentes no
CPA como os onsagrados na CRP, pois a atividade administrativa está sempre vinculada a estes
princípios fundamentais e princípios gerais orientadores da atuação administrativa.
Neste caso, poderá estar e causa o princípio da proporcionalidade e adequação, ou seja, a
medida poderá não ser proporcional às circunstâncias; podia ter sido adota outra medida menos
onerosa (ex.: apenas colocar em quarentena determinadas turmas) bem como o princípio da
igualdade na sua dimensão material e formal, pois temos duas situações materialmente idênticas
que foram tratadas de modo distinto.
No entanto, não prossegue porque não é verdade e prossegue nos fundamentos.
Terceiro, por ERRO DE FACTO, ou seja, o ato administrativo tem por base/fundamento a
presença de factos inexistentes ou falseados.
Quarto, ERRO MANIFESTO DE APRECIAÇÃO, isto é, apesar de os factos existirem, sobre eles
a administração apreciou, avaliou de forma errada a previsão legal ou os pressupostos.
Quinto, FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO porque todos os atos administrativos sempre têm de
ser fundamentados para a agarantia dos particulares. Esta fundamentação tem de conter a
justificação (realidade de factos) e a motivação (razões que levaram à decisão).
Quando o tribunal chega à conclusão e que a administração na avaliação que fez errou e,
portanto, essa avaliação é desrazoável e inaceitável a luz do ordenamento jurídico porque erros
notórios e ostensivos que até pessoa média tem a perceção que atuação é desconforme
Só se verificando um dos 5 aspetos pode haver anulação sem que isso se traduza dupla
administração (pelo contrário, sem estes 5, se tribunal anular, então imiscuição e violar separação
de poderes).
O entendimento dos tribunais nacionais (TC e STA) de que não pode existir uma excessiva
autocontenção judicial nem um excessivo ativismo, no entanto, a jurisprudência europeia (TJUE e
TEDH) defendem um controlo apertado, inclusive que os tribunais podem condenar a
administração a decidir em determinado sentido ou até poder substituir a decisão.
Em suma, a norma atribui poder discricionário à DGS, mas não prossegue o argumento de
que DGS não está ao abrigo de controlo jurisdicional, prosseguem argumentos da AE porque existe
erro de facto e violação de princípio da proporcionalidade e da igualdade, vertente material.

Ana Paula Pinto (A973200) 47


CASO PRÁTICO N.º 24
Configure a seguinte hipótese:
Nos termos legais, é atribuída ao Reitor competência para, mediante parecer favorável do
Departamento Financeiro da Reitoria, conceder bolsas de estudos a alunos carenciados, podendo a sua
atribuição ser apenas feita para o ano letivo imediatamente a seguir àquele em que é apresentado o
requerimento para o efeito.
Em maio de 2021, durante o ano letivo de 2020/2021, Bernardo requereu uma bolsa de estudos
para frequentar o 2.º ano da Licenciatura em Direito na Escola de Direito da Universidade do Minho no ano
letivo de 2021-2022. Nessa sequência, foi solicitado ao Departamento Financeiro da Reitoria a emissão do
parecer legalmente devido.
1. Suponha que do Departamento Financeiro faz parte Carolina, madrinha de Bernardo, que,
confrontada com a situação, não sabendo como agir, vem consultá-lo. O que lhe diria?
Em causa está o princípio da imparcialidade, art. 9.º CPA, que pressupõe, que no
procedimento administrativo, a ponderação com objetividade e isenção de todos os interesses,
evitando o conflito dos mesmos, responsável por um processo e decisão baseada nas evidências e
não nas influências. Este instaura um regime de garantias de imparcialidades constituído por
imcompatibilidades e impedimentos, art. 69.º CPA.
Neste caso parece haver um conflito de interesses entre a pretensão do senhor B que visa
obter a decisão de isenção de propinasn com a participação da sua madrinha na emissão de um
parecer de cariz financeiro que fundamentará a decisão. Um conflito de interesses (direto ou
indireto) impossibilita que um determinado sujeito participeno procedimento administrativo.
O art. 69.º/1 CPA apresente as situações taxativamente dos impedimentos, sendo que este
na alínea b inclui o “apadrinhamento civil”, ou seja, a madrinha de B. Como não parece ser um ato
de mero expediente certificativo, não se encaixa nas exceções do número seguinte, nº2.
Assim, por força das situações taxativas do art. 69.º CPA está impedida de participar no
procedimento.
Portanto, esta tinha de pedir ao órgão competente uma decisão que declarasse o seu
impedimento, ou seja, pedir a declaração de impedimento ao seu superior hierárquico, art. 70.º/1
CPA. Esta teria de suspender as suas funções no procedimento, a não ser que o seu superior
hierárquico ordenasse que as mantesse ou esperar até àdecisão final para saber se declarada
impedida ou não. Por outro lado, o B poderá formular o pedido pelos termos do art. 74.º CPA por
ser o interessado.
Se a madrinha não suspendesse as funções, o procedimento administrativo poderia ser
anulado pelo art. 76.º CPA.

Ana Paula Pinto (A973200) 48


Se fosse declarado o impedimento, o agente/madrinha era substituído pelo seu suplente, a
menos que haja avocação do órgão competente (art. 72.º/1 CPA).

2. A sua resposta à questão anterior seria a mesma se Carolina, em vez de madrinha de Bernardo,
tivesse com este uma forte inimizade desde os seus tempos de adolescente?

• Inimizade não está nas situações do 69º CPA = não é circunstância que
determine expressamente impedimento da pessoa
• MAS escusa ou suspeição = cláusula geral (CLÁUSULA DA
CIRCUNSTÂNCIA) → circunstancia pela qual com razoabilidade se pode
pôr em causa da imparcialidade
o Em que próprio (escusa) ou interessado (suspeição) duvidem com
razoabilidade da imparcialidade
o Portanto tem de haver um deferimento do caso concreto para saber
se há mesmo assim
o Casos na lei são exemplificativos
• Alínea d) = inimizade (grave) ou intimidade elevada → reconduz-se à
cláusula geral em que se permite desconfiar da imparcialidade
• Efeito prático é o afastamento da pessoa do procedimento, ato ou contrato,
mas o fundamento ou motivo é que é diferente da situação de impedimento

• Se decisão no sentido de aceitar escusa ou suspeição = esse agente é


substituído, a menos que haja avocação do órgão competente (72º/1 CPA)
• Sob pena da anulação da decisão final = 76º CPA
o Seja porque agente impedido participou
o Seja porque agente estava impedido, mas órgão decisório não o
declara nesse sentido

CASO PRÁTICO N.º 25


Suponha que, a 20 de janeiro de 2022, Alberto solicitou à Direção-Geral de Recursos Naturais,
Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) um pedido de autorização para a captura da raia curva na zona 9
do CIEM. O pedido foi dirigido ao Diretor-Geral.
A 3 de fevereiro, foi notificado por Maria da Encarnação, Diretora dos Serviços de Inspeção,
Monitorização e Controlo das Atividades Marítimas da DGRM, convidando-o a suprir o requerimento
apresentado, por o mesmo ser omisso quanto a informações relevantes para a decisão, devendo
igualmente juntar todos os elementos probatórios essenciais.
A 15 de fevereiro, o Diretor-Geral indeferiu o pedido de Alberto, justificando com a falta de um
parecer do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P.

Ana Paula Pinto (A973200) 49


A decisão de indeferimento foi proferida, sem que tenha havido lugar a audiência prévia, tendo
esta sido dispensada com fundamento no facto de Alberto ter indicado ter urgência na obtenção da
autorização.
Alberto veio a saber que o seu pedido havia sido indeferido por um seu conhecido que trabalha na
DGRM. Identifique os sujeitos procedimentais e destaque as formalidades do procedimento
administrativo.

• Procedimento ADM = 1º/1 CPA → sucessão ordenada de atos ou formalidade


relativas à emanação de decisões administrativas
• 1 - Identificar sujeitos Procedimentais
o Sujeito da RJ Procedimental = 65º/1 a) e 68º CPA
o Em teoria, são sujeitos quer os órgãos da AP (das entidades em sentido
orgânico e funcional) = 2º/1 CPA → R.: DGS é órgão da AP (da PCP
Estado) e sujeito da RJ P
o São também sujeitos os particulares interessados (com legitimidade
Procedimental)
▪ Interesse individualizado, defendido pelo próprio ou coletivamente →
R.: 68º/1 CPA = Particular com um Interesse legalmente protegido
individualizado, de vir a obter uma autorização + 65º/1 b) CPA
▪ Interesse coletivo
▪ Interesse difuso
• 2 – Fases do procedimento
o Preparatória
▪ Iniciativa
• 53º CPA (“oficiosamente” >> 65º e 68º CPA + “solicitação dos
interessados” >> 102º ss CPA)
• R.: Particular → requerimento = 102º CPA
• Requerimento é dirigido ao órgão com competência decisória =
que neste caso é o Direito-Geral, que é o responsável pela
direção do procedimento
o Se DG é órgão decisório e responsável pela direção,
então delega em inferior hierárquico, para aumentar e
assegurar as garantias de imparcialidade
o Maria da Encarnação é efetivamente a responsável pela
direção do procedimento (55º/2 CPA)
• 102º >> 108º e 109º CPA → recair uma análise prévia, que
pode ter vários desfechos
o Recair despacho inicial que pode ser convite ao
aperfeiçoamento
o “suprir o requerimento” – 108º/1 CPA
▪ Instrução
• Diligências Probatórias
• Diligências Consultivas = pareceres jurídicos
▪ Audiência prévia
Ana Paula Pinto (A973200) 50
• Obrigatória quando decisão seja desfavorável ao interessado
• 121º CPA
• R.: era obrigatória

• Mas pode ser dispensada nos termos do 124º CPA – situações


taxativas
o Urgência da ADM na tomada da decisão ≠ urgência
manifestada na pretensão do particular
o R.: Não há razões para dispensa de audiência prévia
• R.: se pretirição de audiência prévia = anulabilidade
o Não estamos perante procedimento sancionatório
o Então audiência prévia não é aqui um dto, fundamental
o Alberto devia ter sido notificado – prazo do 122º CPA
(10 dias)
▪ 114º >> 160º CPA
▪ Atos adm notificados aos destinatários quando ...
▪ Ato só era oponível ao Alberto a partir da
notificação
o Constitutiva
o Integrativa da eficácia = facultativa, no sentido em que é excecional
▪ Atos já plenos, mas que carecem de um outro ato para lhe
descomprimir a força jurídica

CASO PRÁTICO N.º 26


Considere o Decreto Regulamentar n.º 2-A/2005 de 24 de março, do Ministério da Administração
Interna:
Artigo 1.º- Âmbito de aplicação
O presente regulamento aplica-se à utilização das vias públicas para a realização de atividades de
carácter desportivo, festivo ou outras que possam afetar o trânsito normal. (…)

Art. 7.º - Outras atividades que podem afetar o trânsito normal


1- O pedido de autorização para realização de atividades (…) suscetíveis de afetar o trânsito normal
deve ser apresentado na câmara municipal do concelho onde aquelas se realizem (…).
2- Para efeitos de instrução do pedido de autorização, a entidade organizadora deve apresentar os
seguintes documentos:
a) Requerimento contendo a identificação da entidade organizadora da atividade, com
indicação da data, hora e local em que pretende que a mesma tenha lugar, bem como a indicação
do número previsto de participantes;

Ana Paula Pinto (A973200) 51


b) Traçado do percurso, sobre mapa ou esboço da rede viária, em escala adequada que
permita uma correta análise do percurso, indicando de forma clara as vias abrangidas, as
localidades e os horários prováveis de passagem nas mesmas;
c) Regulamento da atividade a desenvolver, se existir;
d) Parecer das forças de segurança competentes;
e) Parecer das entidades sob cuja jurisdição se encontram as vias a utilizar, caso não seja a
câmara municipal onde o pedido é apresentado.

Artigo 8.º Competência para autorizar


1- A autorização para a realização na via pública das atividades previstas nos artigos anteriores é da
competência da câmara municipal do concelho onde a atividade se realiza ou tem o seu termo.
2- Os pareceres referidos nas alíneas d) e e) do n.º 2 do artigo 3.º e nas alíneas d) e e) do n.º 2 do
artigo 7.º, quando desfavoráveis, são vinculativos.
3- Para efeitos de concessão de autorização, deve ser ponderado o interesse da atividade em causa
relativamente ao interesse de garantir a liberdade de circulação e a normalidade do trânsito.
4- Para os efeitos previstos no número anterior, deve designadamente ser ponderado:
a) O número de participantes;
b) A importância das vias envolvidas no que respeita a capacidade de escoamento de
tráfego;
c) A segurança e a fluidez da circulação. Refira-se ao procedimento administrativo previsto
no regulamento, destacando as formalidades procedimentais previstas.

Haverá lugar a audiência prévia?

• Procedimento = ART 1º/1 CPA – conjunto ordenado de atos e formalidades com


vista à emanação da vontade da administração
• 1º Fase preparatória
o Iniciativa = a pedido do interessado → ART 53º CPA + ART 7º/1
Regulamento apresentado
▪ Sujeitos Procedimentais previstos no ART 65º (+ 68º) CPA = sujeitos
públicos + privados com legitimidade procedimental
▪ Inicia-se mediante requerimento, que deve obedecer aos requisitos
do 102º CPA → Mas há requisitos específicos exigíveis para
acompanhar o requerimento, neste caso práticos, no ART 7º/2
Presente Regulamento, alínea a do enunciado
▪ Em regra, há necessidade de notificação do início do procedimento
às pessoas cujos direitos ou interesses legítimos possam nele ser
afetados (ART 110º CPA) → Então, CM deve dar conhecimento deste
procedimento aos eventuais lesados/interessados por meio de
notificação

Ana Paula Pinto (A973200) 52


▪ Sobre esse requerimento inicial vai recair uma pronúncia
administrativa – cenários possíveis...
• 1º) requerimento está completo e perfeito, não há nada a opor
• 2º) rejeição liminar porque ART 108º/3 – se requerimento for
anónimo ou se o pedido for ininteligível (não se percebe a
pretensão)
• 3º) convite ao aperfeiçoamento porque há deficiências no
requerimento – pode ser oficiosamente ou por convite dirigido
ao requerente
• 4º) indeferimento limitar [pedido negado] – despacho de
saneamento – quando se verificam as situações do ART 109º
CPA
o Instrução = candear todos os documentos que possam auxiliar na tomada
de decisão
▪ Administração está obrigada a prosseguir todas as diligências
necessárias = princípio do inquisitório
▪ Princípio do inquisitório
▪ Diligências consultivas = apreciações de carácter jurídico, pareceres
[atos instrumentais que suportam a decisão principal emitidas por
órgãos com funções consultivas] → alíneas d) e e) do Nº2 do ART 7º
Regulamento
• Vide ART 91º-92º CPA
• Regra geral é de serem obrigatórios, mas não vinculativos →
Se for desfavorável, decisão necessariamente negativa ≠ Se
for favorável, passa a facultativo porque a decisão pode decidir
de modo contrário
• Aqui no caso, diz expressamente que se parecer desfavorável,
decisão será negativa (ART 8º/2 Regulamento) = indeferimento
do procedimento
▪ Diligências probatórias = informações técnicas → alínea b) do Nº2 do
ART 7º Regulamento
• Haverá audiência prévia?
o 3º subfase da fase preparatória
o Regra = obrigatória sempre que a decisão for passível de ser desfavorável à
pretensão do interessado (ART 121º + 124º/1 a contrario CPA)
o Mas há casos em que é possível a dispensa de audiência prévia, somente
nas circunstâncias taxativas do ART 124º CPA, dispensa esta que tem de
ser devidamente fundamentada
▪ No caso concreto, pode envolver tão elevado nº de interessados que,
em vez de audiência, dá-se consulta pública
▪ No caso, se decisão for favorável ao interessado, há motivo para
dispensa
▪ No caso, os interessados já se podem ter pronunciado sobre todas as
questões necessárias e já produziram toda a prova necessária,
portanto, haveria dispensa

Ana Paula Pinto (A973200) 53


o Mas se tiver existido omissão de audiência quando legalmente exigida =
preterição de formalidade procedimental, vício que inquina a decisão
▪ Anulabilidade
▪ Nulidade se se considerar que audiência é direito fundamental
▪ Somente nos procedimentos sancionatórios é que a sanção será
sempre nulidade, por imposição constitucional (ART 32º/10 CRP)
o Necessidade de notificação dos interessados (ART 122º CPA)

CASO PRÁTICO N.º 27


Considere a seguinte hipótese:
Merlin apresentou um requerimento dirigido ao Presidente da Câmara Municipal de Braga,
solicitando que lhe fosse concedida licença para a prática de campismo ocasional, para o período
compreendido entre os dias 11/04/2022 a 16/04/2022 (férias da Páscoa), tendo para o efeito procedido à
junção de todos os elementos necessários para a tomada de decisão, designadamente, planta de
localização e planta de cadastro do acampamento ocasional; identificação das infraestruturas de apoio;
autorização expressa do proprietário do prédio; identificação do número de participantes e do número de
tendas; indicação da duração do acampamento temporário.
O pedido foi deferido pelo Presidente da Câmara a 02/03/2022, mediante parecer prévio favorável
da autoridade de saúde e da autoridade policial competente.
Refira-se ao procedimento administrativo previsto, destacando os sujeitos e as formalidades
procedimentais.

• Procedimento (ART 1º/1 CPA)


• 1º Fase preparatória
o Iniciativa – a pedido do interessado → ART 53º CPA, porque “Merlin” e
“requerimento”
▪ Sujeitos Procedimentais – ART 65º (+ 68º) CPA
• Merlin invoca a legitimidade procedimental para a defesa de
interesses jurídicos individuais (ART 68º/1 1ª Parte CPA)
• Sujeito público = CM Braga
▪ Requerimento → ART 102º CPA
▪ Responsável pela direção do procedimento é o órgão decisório
• Sujeito público = CM Braga → Decisão cabe ao PRESI CM
• Mas ART 55º/2 CPA, o órgão competente para a decisão final
deve delegar a direção no seu inferior hierárquico
• Para garantir uma maior imparcialidade administrativa
o Instrução
▪ Diligências consultivas – Pareceres (ART 91º e 92º CPA) → no caso
diz-se que foi emitido um parecer favorável e que a decisão seguiu
esse mesmo sentido
▪ Diligências probatórias – ex. planta de localização, (...)
Ana Paula Pinto (A973200) 54
o Audiência dos interessados
▪ Obrigatória quando decisão for em sentido desfavorável (ART 121º e
124º/1 a contrario CPA)
▪ Neste caso, poder-se-ia dispensar porque a decisão foi inteiramente
favorável
• 2º Fase constitutiva – produção do ato com conteúdo decisório
o Neste caso, há deferimento da licença
• 3º Fase integrativa da eficácia
o Regra de os atos administrativos serem atos não recetícios (ART 155º/1
CPA), efeitos jurídicos desde da publicação, não há uma eficácia
condicionada
o Não confundir com a oponibilidade do ato aos seus destinatários – portanto,
devia ser notificado ao seu destinatário no prazo 5 dias

CASO PRÁTICO N.º 28


Suponha que a lei atribui ao Reitor competência para, mediante parecer favorável do
Departamento Financeiro da Reitoria, conceder bolsas de estudos a alunos carenciados, podendo a sua
atribuição ser apenas feita para o ano letivo imediatamente a seguir àquele em que é apresentado o
requerimento para o efeito.
Em Maio de 2020, durante o ano letivo de 2019/2020, Bernardo requereu uma bolsa de estudos
para frequentar o 3.º ano da Licenciatura em Direito na Escola de Direito da Universidade do Minho no ano
letivo de 2020-2021.
O Vice-Reitor determinou que, no caso concreto, não se justificava promover a audiência dos
interessados, uma vez que é do conhecimento geral da comunidade académica a posição normalmente
tomada perante pretensões desta natureza.
O Departamento Financeiro da Reitoria emitiu parecer em sentido favorável à pretensão, mas o
mesmo foi contrariado pelo Vice-Reitor, que indeferiu o pedido.
Destacando as formalidades procedimentais, pronuncie-se sobre a atuação administrativa.

• Procedimento Administrativo, art. 1.º


• 3 fases
• iniciativa de b através de requerimento, art. 65.º + 68.º + 102.º
• legitimidade b e do reitor
• requerimento pode ser rejeitado, indeferido, um convite
• Delegação do poder decisório ≠ delegação em responsável de direção do
procedimento
o Quem tem poder decisório segundo a lei é o reitor
o Mas o reitor delegou no vice-reitor a competência decisória = delegação do
poder decisório
• Instrução: diligências provatórios e consultivas

Ana Paula Pinto (A973200) 55


o o parecer favorável não tem de ser seguido, obrigatório e não vinculativo
o não seguido = razões objetivas
• audiência obrigatória que é um caso desfavorável, art. 121.º e 124.º
• não anulabilidade ou nulidade por preterição que formalidade
• integrativa: não recebe the Seas produzem efeitos desde que entrem em vigor, art.
155.º
o 114.º - notificação de b em 5 dias - oponabilidade

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Ana Paula Pinto (A973200) 57
CASO PRÁTICO N.º 29
Diga se os seguintes atos jurídicos são regulamentos administrativos. Em caso afirmativo,
classifique-os:
Um regulamento administrativo, nos termos do art. 135.º CPA, é as normas jurídicas geral
e abstrata, emanada ao abrigo de uma função administrativa, tendo de produzir efeitos externos,
isto é, efeitos para fora da esfera jurídica da pessoa coletiva que o emanou.
a) Decreto Regulamentar 1/2020, de 16 de março, emanado pela Presidência do Conselho de
Ministros, que classifica como zonas especiais de conservação os sítios de importância comunitária do
território nacional.
Um decreto regulamentar é efetivamente um regulamento emanado pelo departamento
da Presidência do Conselho de Ministros. O decreto é a forma mais solene de regulamento
administrativo emanado pelo Governo (art. 138.º/3 CPA). Decorre da CRP (art. 112.º e 199.º/c).
Está sujeito a veto ou promulgação do PR (art. 134.º/b) e referenda ministerial (art. 140.º CRP).
Podemos classificá-lo como geral ou setorial tendo em conta o tipo de matéria que é
tratada.

b) Portaria n.º 267/2018, de 20 de dezembro, emanada pela Secretária de Estado da Justiça, que
procede à alteração dos regimes de tramitação eletrónica dos processos nos tribunais judiciais e nos tribunais
administrativos e fiscais (Citius/SITAF).
Uma Portaria é um regulamento administrativo (art. 138,º/3/c). A portaria é da autoria de
1 ou mais ministros e não do Conselho. Não está sujeito a promulgação ou veto do PR ou
referenda ministerial. É um regulamento externo porque os efeitos jurídicos projetam se para
alem da esfera da entidade que o emanou, portanto é um regulamento para efeitos do CPA. Neste
caso o ministro.

c) Resolução do Conselho de Ministros n.º 45-C/2021, de 30 de abril, declarando a situação de


calamidade, no âmbito da pandemia da doença COVID-19.
A Resolução do Conselho de Ministros é a segunda forma mais solene de regulamento
administrativo. Nem sempre uma resolução do conselho de ministros é um regulamento
administrativo, só o é se tiver caráter normativo, ou seja, normas jurídicas gerais e abstratas.
Neste caso é um regulamento administrativo. Por isso é aprovado em sede a de Conselho de
ministros e assinado pelo primeiro-ministro.

Ana Paula Pinto (A973200) 58


d) Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, que determina a aplicação do Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa no sistema educativo no ano letivo de 2011-2012 e, a partir de 1 de Janeiro de 2012,
ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Governo.
Esta resolução do Conselho de Ministros tem efeitos jurídicos externos. A problemática é
se tem conteúdo normativo ou político. Este caso teve pronuncia do STA e concluiu-se que não
obstante a existência de teor político, era possível extrair conteúdo normativo. Assim, esta
resolução é um regulamento administrativo para efeitos do CPA.

e) Despacho Normativo n.º 10-B/2021, de 14 de abril de 2021, dos Gabinetes do Secretário de


Estado Adjunto e da Educação e da Secretária de Estado a Educação, referente aos procedimentos da
matrícula e respetiva renovação, às normas a observar na distribuição de crianças e alunos e definindo o
calendário de matrículas e respetiva renovação para o ano escolar de 2021 -2022.
Os despachos podem ser simples, ou seja, apenas de um ministro, tem a forma de um ato
administrativo, mas tem natureza regulamentar ou normativos, ou seja, editados por 1 ou mais
ministros e aí não se duvida que tenha conteúdo normativo. A dificuldade é perceber se um
despacho simples tem conteúdo normativo. No caso concreto, é um despacho normativo e por
isso tem vocação de execução permanente, não esgotando os seus efeitos numa única aplicação.

f) Circular Informativa N.º 01/2021 da Secretaria-Geral do Ministério da Saúde sobre o Assunto


“Amianto – Atualização do Sistema de Informação dos Imóveis do Estado”.
As figuras das circulares, diretivas e códigos de conduta traduzem a alteração das fontes do
DA, ou seja, da soft law. Esta circular informativa para efeitos do CPA não é um regulamento
porque não tem eficácia jurídica externa. A circular normativa tem apenas efeitos internos, é uma
espécie de um esclarecimento e por isso não constitui regulamento administrativo tal e qual
disciplina o código (art. 136.º/4 CPA), vincula apenas a entidade que o emana

g) Postura Municipal de Ordenamento do Tráfego do Município de Arouca.


Neste caso está em causa a titulariedade das autarquias locais para a emissão de
regulamentos administrativos. As autarquias locais têm poder regulamentar próprio (art. 241.º
CRP) e estas posturas municipais são, na história do DA, os regulamentos típicos e mais antigos das
autarquias locais. Não há uma forma típica, regulamento municipal da polícia, estando sujeito à
forma do art. 139.º, sendo que têm de ser publicados em DR.

h) Decreto Regulamentar Regional n.º 12-A/2020/A, de 5 de junho de 2020, da Presidência do


Governo da Região Autónoma dos Açores, que procede à quinta alteração ao Decreto Regulamentar

Ana Paula Pinto (A973200) 59


Regional n.º 20/2014/A, de 23 de setembro, que regulamenta o Subsistema de Incentivos para o
Desenvolvimento Local.
Neste caso, está em causa a legitimidade das Regiões autónomas de emanar regulamentos
administratvos. Se este regulamenta uma dada matéria de facto projeta os seus efeitos jurídicos
para além da entidade que o emanou. Os governos regionais também têm poderes normativos
(art. 91.º/1 do estatuto político-administrativo da região autónoma dos açores).

CASO PRÁTICO N.º 30


Tendo em vista a regulação da utilização do espaço público no seu centro histórico, o município de
Vila Formosa publicitou o início do procedimento de elaboração do respetivo regulamento municipal e
submeteu o projeto de regulamento a audiência dos interessados.
A Associação dos Moradores do Centro Histórico de Vila Formosa, bem como os cidadãos Manuel
Feliz e Manuela Contente, apresentaram propostas concretas quanto à regulação da utilização do espaço
público, solicitando que fossem atendidas no regulamento municipal a aprovar.
Aprovado o regulamento municipal, foram apenas acolhidas as propostas da Associação dos
Moradores do Centro Histórico de Vila Formosa.
1. Qualifique o regulamento em causa, quer do ponto de vista da sua relação com a lei quer
quanto à sua eficácia.

Segundo o art. 135.º, um regulamento administrativo considera-se como as normas


jurídicas gerais e absstratas emanadas no exercício de poderes jurídico-administrativos que visem
produzir efeitos exeternos, ou seja, padrões de comportamento ou critérios de decisão suscetíveis
de prodzir efeitos jurídicos para além da esfera da pessoa coletiva, aplicando-se a uma pluralidade
indefinida de sujeitos e um número infindável de casos, emanado ao abrigo de poderes jurídico
administrativos sendo o órgão pertencente à AP ou não.
Assim, a atuação em causa é uma norma jurídica (impõe padrões de conduta), geral e
abstrata, emanada ao abrigo de poderes jurídico-administrativos (um município tem poderes
jurídico-administrativos), cujos efeitos são externos (repercutem-se para além da entidade que o
emanou porque as regras de utilização do espaço público afetam não só a própria entidade que
emanou o regulamento como todas as outras e ainda os particulares). Assim estão presentes
todas as características para se considerar um regulamento administrativo.
Quanto à relação com a lei, embora o regulamento possa ter espaço criativo, os limites são
sempre os fixados pela lei. Além disso um regulamento precisa sempre de uma lei habilitante (art.
112.º/7 CRP + 136.º/1 CPA).

Ana Paula Pinto (A973200) 60


Um regulamento de execução é aquele que visa apenas executar aquilo que a lei
abstratamente fixa, ou seja, densificar os pressupostos legais, enquanto o regulamento
independente é aquele que visa introduzir uma disciplina jurídica reguladora e inovadora, uma
situação da vida social pela primeira vez (art. 136.º/3 CPA).
Neste acso a lei habilitante para o poder regulamentar é o art. 241.º CRP, por se trtar de
um município que pertence às autarquias locais.
No caso concreto estamos perante um regulamento independente e autónomo porque é
emanado por uma entidade que se insere na administração autónoma. Quanto ao âmbito de
eficácia, a disciplina que for introduzida vai afetar não só a entidade que emanou como os
particulares e outras entidades administrativas, portanto externo.

2. Os cidadãos Manuel Feliz e Manuela Contente possuem legitimidade procedimental para


apresentar propostas relativas ao regulamento?
A legitimidade procedimental para apresentar propostas relativas ao regulamentos
encontram-se previstas nos art. 65.º e 68.º CPA. Portanto, pelo art. 68.º/1 CPA, tem legitimidade
os titulares de direitos, interesses legalmente protegidos, deveres, encargos, ónus, sujeições no
âmbito da decisão, sendo estes interesses individualizados, coletivos ou difusos. Assim, pelo art.
68.º/1, desde logo, os cidadãos podem ter legitimidade para iniciar o procedimento para se
constituírem como interessados individualizados ou difusos devido à natureza ofciosa.
Neste sentido MF e MC teriam legitimidade procedimental para intervir no procedimento
tanto pelo interesse individualizado (art. 68.º/1) como para proteção de interesses difusos desde
que sejam cidadãos no gozo dos seus direitos e deveres civis e serem eleitores recenseados em
território nacional, art. 68.º/2, ou ainda se fossem residentes no município e estivessem a
defender bens do domínio público.
Nos termos do art. 97.º, os interessados devem ser informados sobre o anadamento e o
destino dado às suas petições fundamentadas, sem a obrigação de revogar, modificar ou alterra o
regulamento.
Neste caso em concreto, não está em causa este artigo, dado que MF e MC interviram no
processo do regulamento administrativo, fornecendo propostas concretas, portanto, estamos
perante a participação procedimental dos interessados que se processa ou através de audiência
dos mesmos onde só participa quem se constitui como tal ou através de consulta pública quando
há dispensa da audiência dos interessados nas situações enumeradas no art. 100.º/3/c e 101.º.

Ana Paula Pinto (A973200) 61


Assim, não está em causa o direito de petição do art. 97.º, mas a participação na proposta
de regulamento através da audiência dos interessados pelo art. 100.º.

3. Refira-se ao procedimento administrativo para a emanação de regulamento.


O procedimento administrativo para emanação de um regulamento tem por base o
procedimento administrativo comum que está dividido em 3 fases: fase prepatarória, fase
constitutiva e a fase integrativa da eficácia.
A fase preparatória está subdividida na iniciativa, instrução e da audiência dos
inetresasdos. A iniciativa do procedimento regulamentar é sempre despoletada pela entidade
pública, sempre oficiosa, contudo, o particular pode influenciar o procedimento indiretamente
através de petiçãp pública, art. 97.º.
Caso o particular apresente uma petição pública e a entidade pública não se pronunciar
estamos perante uma omissão, dado que esta não tem a obrigação de desencadear um
procedimento, mas tem a obrigação de informar o particular, art. 137.º. No entanto, este não é o
caso.
Depois dá-se a publicitação do incío do processo, art. 98.º, com a indicação do órgão que
decidiu, a data, o objeto e a forma como se pode processar a constituição como interessados e a
apresentação de contributos para elaboração do regulamento, culminando com o projeto de
regulamento.
O responsável pela elaboração e aprovação do projeto é o responsável pela direção do
procedimento nas disposições do art. 55.º e 99.º.
Dá-se lugar à audiência dos interessados sobre as propostas para o projeto de
regulamento, sendo obrigatória quando as normas afetam de forma direta e imediata direitos ou
interesses legalmente protegidos dos cidadãos, não carecendo de um ato concreto de aplicação.
Esta audiência dará-se nos termos do art. 100.º CPA, num parzo não inferior a 30dias
através da audiência daqueles que se constituíram como interessados por as normas os afetarem
diretamente e imediatamente ou quando não seja possível através de consulta pública (art.
100.º/3/c e 101.º).
Neste caso, sendo as normas imediatamente operativas, há lugar à audiência dos
interessados, esta pode ser dispensada nos termos do art. 100.º/3. Caso exista um número
elevado de interessados, esta pode ser dispensada e dá lugar à consulta pública ou caso assim a
matéria o justifique, como falamos em matéria urbanística, faz sentido que haja consulta pública
nos termos do art. 101.º.

Ana Paula Pinto (A973200) 62


Já no que diz respeito à fase constitutiva, esta carateriza-se pela aprovação do
regulamento. O projeto e os diversos contributos dos interessados são levados ao órgão decisório,
dentro de um prazo de 30 dias, art. 137.º. Esta pode ser efetuada através de deliberação ou
decisão.
Os regulamentos administrativos produzem efeitos jurídicos a partir do momento em que
são aprovados, depois da publicação obrigatória em DR e nos sites oficiais, art. 139.º CPA,
entrando em vigor na data estabelecida ou no prazo supletivo de 5 dias a contar da publicação,
art. 140.º, sendo que nunca podem ter efeitos retroativos desfavoráveis aos interessados, art.
141.º. Caso seja favorável nunca pode reportar-se a antes da data anterior à lei habilitante.
Em caso de omissão, quando o órgão não aprova o regulamento no prazo fixado de 90 dias,
o interessado pode recorrer ou reclamar administrativamente ou juntos dos tribunais
administrativos, em ultima ratio.

4. Suponha que Manuel Feliz e Manuela Contente não foram ouvidos no procedimento
regulamentar. Seria possível reagir contra o regulamento aprovado? Com que fundamentos e efeitos?
No caso de MF E MC não serem ouvidos no procedimento regulamentar pode estar em
causa a inexistência da audiência dos interessados, nos termos do art. 100.º, estamos perante
uma violação da lei que a impõe, art. 143.º, portanto é uma invalidade do regulamento.
O regime da invalidade está no art. 144.º e carateriza-se por ser invocada a todo tempo
porq qualquer interessado e ser declarada pelos órgãos administrativos competentes, salvo se for
uma ilegalidade procedimental da qual não resulte inconstitucionalidade, tendo um prazo de 6
meses.
Em relação à preterição de audiência dos interessados existem duas teorias. Por um lado, a
possibilidade de se declarar a todo o tempo caso se refira apenas à audiência prévia apenas. Por
outro lado, há autores que defendem que a audiência prévia deve ser interpretada em sentido
amplo, englobando a consulta pública também.
A declaração de invalidade tem como efeitos principais a retroatividade da decisão, art.
144.º 3 e 4, e a repristinação das normas que eventualmente foram revogadas por força do
regulamento.

Ana Paula Pinto (A973200) 63


CASO PRÁTICO N.º 31
Suponha que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS), ao abrigo de competência constante da sua lei
orgânica, aprovou, em Janeiro de 2021, um novo regulamento para a transferência de utentes entre os
estabelecimentos prestadores de cuidados de saúde.
A Associação Portuguesa de Hospitalização Privada pretende impugnar o regulamento aprovado,
invocando os seguintes argumentos:
a. O regulamento não refere a lei habilitante e não foi precedido de qualquer formalidade de
participação pública.
b. O regulamento contém algumas disposições contraditórias com um regulamento da União
Europeia sobre a transferência e transporte de utentes entre estabelecimentos de saúde.
1. Qualifique o regulamento em causa.
Estamos perante um norma jurídica emanada por um titular de poder regulamentar, no
caso uma entidade regular que ao abrigo da LQER possui poder regulamentar, sancionatório r
fiscalizador que produz efeitos externos, isto é, os efeitos jurídicos projetam-se para além da
pessoa coletiva que o emanou, no caso todos os utentes e prestadores de cuidados de saúde. É
um regulamento setorial porque regula uma parte da vida social, a saúde, e independente, pois
visa introduzir uma discilplina inovadora em relação a uma matéria, art. 163.º/3 CPA.

2. Pronuncie-se sobre os argumentos invocados, analisando a viabilidade da pretensão, sem


esquecer de se referir à tempestividade. Em caso afirmativo, refira-se aos efeitos da declaração de
invalidade do regulamento.
A Assciação Portuguesa de Hospitalização Privada pretende impugnar o regulamento, isto
é, um particular pretende interpor um garantia impugnatória para revogar ou anular o
regulamento aprovado, apresentando 2 argumentos.
Em relação ao primeiro argumento, este pode ser dividido entre duas partes: a referência à
lei habilitante e a preterição de uma formalidade.
Pelo art. 136.º CPA, a emissão de um regulamento depende sempre de lei habilitante, caso
não exista esta lei habiltante, estamos perante uma invalidade dao que o regulamento está
desconforme à constituição no art. 112.º e 144.º/2 e em desconformidade à lei, ao art. 136.º CPA.
Esta invalidade, segundo o art. 1444.º, pode ser invocável a todo tempo, pois sendo uma
inconstitucionalidade não cabe na exceção do número 1.
Existe também a preterição de uma formalidade, no caso, o direito à audiência dos
interessados. De acordo com o art. 82.º e ss e 100.º e 101.º CPA, quando o regulamento afeta de
modo direto e imediato direitos ou interesses legalmente protegidos dos cidadãos devem ser

Ana Paula Pinto (A973200) 64


ouvidos todos aqueles que se constituíram como tal. Esta audiência pode ser dispensada caso
caiba nas exceções do art. 100.º/3, tartando-se de uma situação com elevado número de
inetresasdos, art. 100.º/3/c e 101.º, deve-se proceder à consulta pública.
Em relação ao segundo argumento este afirma que será inválido por contrariar o DUE,
portanto à luz do art. 143.º/1, um regulamento não pode ser desconforme ao DUE. Em articulação
com o art. 146.º/2, o regulamento só seria inválido caso fosse necessário à execução do DUE em
vigor, aplica-se o princípio do efeito direto do DUE. Neste caso, podemos dizer que poderia ser um
regulamento nacional que dá execução ao regulamento europeu, não havendo invalidade.

CASO PRÁTICO N.º 32


A Associação representativa dos interesses cívicos Y apresentou, junto da autarquia de Braga, a
proposta para a elaboração de um regulamento tendente à adoção de medidas de proteção social com
vista à implementação da Lei X sobre os apoios sociais no contexto da pandemia covid-19.
1. Caracterize o regulamento em causa.
O regulamento que se carateriza pelas normas jurídicas gerais e abstartas que, no exercício
de poderes jurídico-administrativos, vixem produzir efeitos jurídicos externos, art. 135.º CPA.
Neste caso carateriza-se por ser um regulamento de exceção, visa dar execução a uma lei,
por isso está dependente da lei, pormenorizando od elementos da mesma (art. 136.º/1); é externo
porque produz efeitos jurídicos externos; setorial; imediatamente operativos; obrigatórios.

2. A Lei X impunha a emissão de um regulamento no prazo de 30 dias contados da sua entrada


em vigor. Após 70 dias, ainda não havia sido criado esse regulamento. QUID IURIS?
Neste caso estamos perante uma omissão por parte da autarquia de Braga. Apesar do art.
137.º CPA determinar o prazo de 90 dias, este prazo é supletivo, pois se a lei determinar outro
prazo é esse que deve ser respeitado. Neste caso a lei detrrmina um prazo de 30 dias, portanto é
uma omissão dado que já se passou 70 dias.
Os interessados na emissão do regulamento pelo art. 1337.º/2 CPA podem requer a
emissão do mesmo através da via dministrativa, garantias administrativas, ou através da via
jurisidicional, art. 77.º CPTA.

3. Suponha que os interessados vêm exigir a declaração de invalidade deste regulamento que
excluía, das medidas sociais de apoio, cidadãos da Religião W. Poderão fazê-lo? Em caso de resposta
afirmativa, que tipo de invalidade se trata, quais os seus fundamentos e em que termos?

Ana Paula Pinto (A973200) 65


A invalidade de um regulamento administrativa está prevista no art. 143.º com o respetivo
regime no art. 144.º CPA. A invalidade resulta da desconformidade do mesmo em relação à CRP,
lei, DI ou DUE. Neste caso, a invalidade resulta da desconformidade com a CRP, art. 13.º, pelo
princípio da igualdade bem como do art. 6.º CPA.
A regra geral da invalidade é a incobalidade a todo tempo, a não serse se tratar de uma
invalidade que resulta da ilegalidade formal ou procedimental, sem resultar um
inconstitucionalidade, tendo 6 meses.
Tal como já referido, estamos perante uma ilegalidade material inconstitucional pelo que
pode ser invocada a todo o tempo pelos interessados. A sentença terá efeitos restritivos ao caso
em concreto, art. 144.º.

CASO PRÁTICO N.º 33


A Câmara Municipal de Armamar publicitou, na respetiva página institucional, o início de um
procedimento com vista à emissão de um regulamento que disciplinará a organização e funcionamento da
sua Biblioteca Municipal. Depois de elaborado o projeto de Regulamento, o mesmo foi sujeito a consulta
pública, uma vez que os utentes da Biblioteca Municipal teriam interesse em pronunciar-se, tendo sido
devidamente publicitado.
O projeto de Regulamento, que contém igualmente a devida nota justificativa, dispõe o seguinte:
a. A Biblioteca Municipal está aberta todos os dias, das 09h00 às 17h00 e das 17h00 às 22h00.
b. A entrada é gratuita, sendo cobrada uma taxa de utilização da internet, no valor de 1€/dia. O
pagamento da taxa é dispensado aos estudantes e aos aposentados.
c. É vedada a entrada de pessoas com animais.
d. De entre os trabalhadores em funções públicas afetos aos serviços da Casa-Museu, António Pires
e Ana Pires passam a exercer funções na Biblioteca Municipal. (…)
O casal Pires, tendo tido conhecimento da aprovação do Regulamento, sente-se perseguido e
pretende impugná-lo, alegando violação do direito à audiência prévia. Nesse contexto:
1. Caracterize juridicamente a atuação administrativa.
Estamos perante um regulamento administrativo que visa disciplinar e organizar a
biblioteca, tendo uma disposição que afeta diretamente um casal que trabalha na biblioteca e que
se sente lesado por não ter havido audiência prévia.
Para efeitos do CPA, no art. 135.º, o regulamento administrativo é uma norma jurídica
(disciplina ou impõe padrão de comportamento) geral e abstrata (pluralidade indeterminável de
sujeito, num conjunto indeterminável de situações com vocação de execução permanente, não se

Ana Paula Pinto (A973200) 66


esgotando numa só ação) emanadas ao abrigo de poder administrativo. Tem de produzir efeitos
jurídicos externos (projetam-se para além da esfera da entidade que emanou a norma jurídica).
Os regulamento podem ser independentes ou de execução, art. 136º CPA, sendo que os
primeiros visam disciplinar de forma inovadora uma situação da vida social, este é o tipo de
regulamento no caso, dendo também autónomo porque é emanado por AL, no âmbito das suas
atribuições. Os segundos visam densificar pressupostos da lei.
Não há poder regulamentar sem lei, ou seja, para que haja emanação de regulamento é
preciso lei habilitante
Há necessário aferir se cada uma das alíneas do projeto de regulamento efetivamente
contém normas jurídicas, ou seja, se o projeto de regulamento efetivamente encerra conteúdo
normativo ou só alguns dos casos é que insere conteúdo normativo.
Em relação à alínea a, estamos perante uma disposição normativa que tem carácter geral e
abstrata, aplica-se uma pluralidade indeterminada de pessoas e situações com vocação de
execução permanente e vigência sucessiva verificam-se.
Em relação à alínea b, qualquer pessoa pode usufruir biblioteca desde que pague, sendo
que qualquer estudante ou aposentado pode usufruir gratuitamente, mantendo a generalidade e
abstração.
Em relação à alínea c, qualquer pessoa que tenha animal não pode entrar na biblioteca,
norma que também está revestida de generalidade e abstração.
Assim, todas as norma são imediata e diretamente operativas, produzem efeitos jurídicos
na esfera dos destinatários sem necessidade de um ato concreto de aplicação; basta que
destinatário se subsuma a estes requisitos.
Em relação à alínea d, já não é norma geral e abstrata, é uma decisão que esgota os seus
efeitos naquela situação, portanto é um ato administrativo, isto é, uma decisão que emanada ao
abrigo de poder jurídico-administrativo visa produzir efeitos jurídicos eternos numa situação
individual e concreta, art. 148.º CPA.
O casal passa a desempenhar funções na biblioteca, ou seja, está em causa uma relação de
serviço que é problemática, não gera consenso na doutrina. Como estamos perante uma relação
hierárquica entre PCM e o casal, seria uma relação dentro do mesmo serviço pelo que não
produziria efeitos externos. No entanto, a escola de Coimbra distingue relação de serviço (relação
orgânica stricto sensu onde os destinatários são apenas elementos so funcionamento do serviço,
assim não haveria efeitos externos) da relação de serviço fundamental onde ainda que os

Ana Paula Pinto (A973200) 67


destinatários pertençam a uma relação de serviço, não são meros elementos, mas sim cidadãos,
que não devem sofrer uma diminuição dos seus direitos fundamentais.
Neste caso estamos perante um relação de serviço fundamental, pois há uma mudança de
posto de trabalhoo que pode contender com direitos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos, assim o casal não deixa de ser cidadão (titular de direitos e interesses), e nesta medida
de relação de serviço fundamental que esta decisão produz efeitos externos e por isso reconduz-
se à figura do ato administrativo.

2. Pronuncie-se sobre os argumentos invocados pelo casal Pires


O casal diz-se lesado por não audiência prévia, ou seja, por preterição de formalidade.
audiência prévia.
Como referido em supar, por estarmos perante um ato administrativo, temos de aplicar os
artigos 121.º a 124.º CPA. Neste sentiso, há sempre obrigatoriedade de audiência dos interessados
quando a decisão seja lhes desfavorável e é dispensada nas situações taxativas e tipificadas pelo
legislador no art. 124.º.
Não sendo reconfigurável nenhuma destas situações, havia preterição de formalidade
procedimental, que terá como consequência a anulabilidade do art. 163.º CPA, sendo que poderia
ser a nulidade nos procedimentos sancionatórios, algo consagrado constitucionalmente (art.
32.º/10 CRP).

CASO PRÁTICO N.º 34


Timóteo requereu à Câmara Municipal de Braga uma licença para a construção de uma vivenda
unifamiliar num terreno de que é proprietário. Nessa sequência, os serviços camarários competentes
consultaram, nos termos da lei, as Infraestruturas de Portugal, I.P., uma vez que o terreno em questão
confronta com uma estrada nacional, e a Direção Geral do Património, visto que parte do imóvel está
integrado numa zona de proteção de um imóvel classificado, sendo que ambas as entidades emitiram
parecer desfavorável à concessão da licença. Por seu turno, a Câmara Municipal, após ouvir o interessado,
indeferiu o pedido, tendo esta decisão sido notificada a Timóteo.
1. Destaque e caracterize os vários atos praticados pela Administração Pública.
Neste caso está em causa um conjunto de atos praticado pela AP.
Segundo o art. 148.º CPA, um ato administrativo é aquele que constitui uma decisão, isto é,
tem conteúdo decisório para criar, modificar ou revogar uma situação, emanado no exercício de
poderes jurídico-administrativos e que visam produzir efeitos jurídicos externos numa situação
individual e concreta.

Ana Paula Pinto (A973200) 68


O primeiro ato particado é a emissão de pareceres pela IP e DGP. Os pareceres incluem-se
nas diligências consultvas de um procedimento administrativo. Um parecer não é possui conteúdo
decisório nem produz efeitos constitutivos, portanto não é um ato administrativo, são atos
instrumentais. Se for vinculativo, o seu conteúdo influenciará a decisão final do procedimento, que
será o verdadeiro ato administrativo.
O segundo ato praticado é o indeferimento da licença. Este é um ato administrativo por
possui conteúdo decisório e efeitos jurídicos externos, sendo susceptivel de afetar direitos ou
interesses legalmente protegidos dos destinatários.
Por fim, o último ato é a notificação do indeferimento da licença. Este ato não acrescenta
nada à decisão, é um ato instrumental que apenas torna-o oponível ao destinatário dado que o
ato já produz efeitos jurídicos. Sendo a notificação quando desfavorável ao destinatário o prazo de
5 dias.
2. Em hipótese autónoma, suponha que os pareceres referidos não foram pedidos pelos serviços
camarários. Que consequências daí decorrem?
As regra dos pareceres estão no art. 91.º e 92.º CPA, sendo que em geral eles são
obrigatórios e não vinculativos.
Pelo art. 92.º/5, os parecer obrigatórios não emitidos dentro do prazo (regra dos 20 dias,
vaiando entre os 10 e os 30 dias), pode prosseguir e vir a ser decidido sem o parecer, sob pena de
irregulariedade ou salvo lei em contrário.
Se for obrigatório e vinculativos e não for pedido ou emetido, o procedimento pode
prosseguir depois da interpelação do responsável, no prazo de 10 dias, o órgão competente sem
que tenha sido feito num prazo de 20 dias a contar dessa interpelação, art. 92.º/6. Há uma
preterição de formalidade deixa de ser invalidade e passa a ser irregularidade.
É o que acontece no caso em apreço porque se realiza uma interpretação extensiva do
92.º/5 CPA,

Ana Paula Pinto (A973200) 69


Caso Prático nº35
Bernardo requereu, a 10 de janeiro, à Câmara Municipal de Braga o licenciamento de uma moradia
unifamiliar, num terreno de que é proprietário. Nos termos legais, a Câmara Municipal solicitou à CCDR
Norte um parecer, que veio a ser emitido no início de fevereiro, com conteúdo desfavorável. Nessa
sequência, o pedido foi indeferido a 10 de fevereiro, tendo Bernardo sido notificado da decisão no dia 15
de fevereiro. Inconformado com a decisão, Bernardo solicitou que o seu projeto fosse reapreciado, mas o
mesmo não logrou êxito, tendo sido confirmado o indeferimento.
Tendo tido conhecimento de que, apesar do indeferimento, Bernardo começou a construir a
moradia, aos serviços de fiscalização da Câmara Municipal aplicaram-lhe uma coima de 15 mil euros, na
sequência do respetivo procedimento contraordenacional, e o presidente da Câmara ordenou, em
simultâneo, a demolição da obra.
Destaque e caracterize os vários atos praticados pela Administração Pública.
Estamos perante um conjunto alargado de atos praticados pela AP, sendo que para efeitos
do CPA, art. 148.º, ato administrativo são as decisões, isto é, ato com conteúdo decisório para
criar, modificar ou revogar uma situação, emanado no exercício de poderes jurídico-
administrativos e que visam produzir efeitos jurídicos externos numa situação individual e
concreta.
O primeio ato praticado pela AP é o parecer desfavorável da CCDR. Este não tem conteúdo
decisório, é um ato inxtrimental, meramente preparatório.
O segundo ato é o indeferimento do pedido que, por sua vez, já é um ato administrativo
porque tem conteúdo decisório e tem efeitos externos que se projetam para além da pessoa
coletiva que o emanou.
O terceiro ato é a notificação que é uma condição de oponibilidade dos efeitos da decisão
ao destinatário que nada acrescenta à decisão, tendo se der comunicada num prazo de 5 dias.
O quarto ato é a confirmação do indeferimento, no seguimento de pedido de reapreciação
da decisão por parte B. Este ato nada acrescenta à decisão, apenas a confirma pelo que não têm
conteúdo decisório, portanto não é ato administrativo.
O quinto ato é a aplicação da coima que é um ato administrativo sancionatório que cumpre
os requisitos do art. 148.º CPA, ou seja, possui conteúdo inovador e provoca efeitos jurídicos
externos.
O último ato é a ordem de demolição da obra que também será um ato administrativo nos
termos do art. 148.º CPA, pois produz alteração na ordem jurídica e afeta os direitos e interesses
do destinatário.

Ana Paula Pinto (A973200) 70


Caso Prático nº36
Diga se, em cada uma das seguintes hipóteses, está perante um ato administrativo e, em caso
afirmativo, qualifique-o:
Para efeitos do CPA, um ato administrativo é um ato com conteúdo decisório,
constititutivo, moficatório ou revogatório que, no exercício de poderes jurídio-administrativos,
visem produzir efeitos jurídicos externos numa situação individual e conreta, art. 148.º.
a) Ordem dada a um funcionário da Direção-geral de Saúde para que se submeta a um exame
médico;
Neste caso estamos perante um relação especial de poder, dado que há ma relação de
hierarquia entre a DGS e o funcionário. Não obstante a esta relação, estã-se perante uma relação
fundamental, isto é, apesar de o destinatário der um elemento da organização administrativa, não
pode soferre compressões na sua titualriedade de direitos fundamentais. Assim, a ordem
contendente com direitos fundamentais do destinatário reconduz-se a atos interlocutórios que a
doutrina tm vindo a classificar como ato administrativo, pois há conteúdo decisório e a produção
de efeitos jurídicos externos.
Caso de uma relação de serviço fundamental.

b) Ato policial de dispersão de uma manifestação;


Aqui, não estamos perante uma norma administrativa, mas de força policial pelo que não
se reconduz nem a um ato administrativo nem um regulamento.
Esta norma não tem vocação de execução permanente nem a caraterística de abstração. É
um ato geral quanto aos destinatários em relação a uma situação concreta, aplicando-se a uma
pluralidade determinada de destinatários pelo que não é um regulamento.
Também não é ato administrativo porque não reveste as caraterísticas de individual e
concreto.
Assim, é uma operação material.

c) Relatório do responsável pela direção de um procedimento administrativo, com formulação de


uma proposta de decisão;
Não é um ato administrativo, pois quando o responsável não coincide com o órgão
decisório, este relatório é uma mera proposta de decisão pelo que não tem conteúdo decisório,
constitutivo nem sequer produz efeitos jurídicos externos.
Assim, é um ato instrumental, designadamente um ato meramente preparatório.

Ana Paula Pinto (A973200) 71


d) Despacho do reitor da UM que homologa a lista de seriação dos candidatos no âmbito de um
procedimento concursal para o provimento de duas vagas na categoria de professor associado na área de
ciências jurídicas administrativas;
É um ato administrativo que põe fim a um procedimento concursal pelo que é um ato
constitutivo que comporta uma decisão que altera a ordem jurídica e tem efeitos que extravasam
a esfera da entidade que o emanou, para uma situação individual e concreta. Assim é um ato
administrativo simples, praticado apenas pelo reitor.

e) Deliberação da Assembleia Municipal de Braga, determinando que, no âmbito da concretização


da digitalização da AP, todos os requerimentos apresentados à Câmara Municipal de Braga passam a ser
efetuados exclusivamente por via eletrónica;
Não obstante, os atos administrativos quanto ao autor podem assumir a forma de
deliberações, principalmente quando se trata de um órgão colegial, no entanto é necessário ter
conteúdo decisório e produzir feitos jurídicos externos para uma situação individual e concreta.
Neste caso, a norma jurídica tem vocação de execução permamnete e é abstrata pelo que se
reconduz ao regulamento administrativo, art. 135.º CPA.

f) Dissolução da Junta de Freguesia de Gualtar;


Quem exerce a tutela sancionatórias sobre as AL são os tribunais administrativos pelo que
estamos perante um ato jurisdicional e não um ato administrativo, pelo que este ato não foi
emanado no exercício de poderes jurídico-administrativos.

g) Despacho Reitoral homologatório das decisões dos vários júris dos procedimentos concursais
para o provimento de vagas na categoria de professor auxiliar para as diversas unidades orgânicas;
É um ato administrativo uma vez que tem conteúdo decisório, produção de efeitos
jurídicos externos e foi manado ao abrigo de poderes jurídico-administrativos. Assim é um ato
administrativo plural que constitui um feixe de atos, várias homologações, que estão incorporadas
num único ato formal.

h) Indeferimento da pretensão de Bernardo para uso e porte de arma;


Estamos perante um ato administrativo, o ato administrativo por excelência, tem conteúdo
decisório, emanado ao abrigo de poderes jurídico-administrativos perante uma situação individual
e concret que produz efeitos jurídicos externos. É um ato singular quanto ao autor e destinatários,
no entanto é um ato desfavorável.

Ana Paula Pinto (A973200) 72


i) Despacho X/2022 da Ministra do Trabalho, determinando a dissolução do Conselho Diretivo do
Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, IP, e respetiva cessação do mandato de todos os seus
membros.
Os despachos podem ser regulamentos ou atos administrativos. Neste caso há uma decisão
e efeitos jurídicos externos para uma situação individual e concreta, portanto é um ato
administrativo. Tem por destinatário um órgão colegial e por isso tem efeito sobre cada um dos
seus membros, é um ato coletivo.

j) Declaração de utilidade pública, pela Câmara Municipal de Braga, de um imóvel, para efeitos de
expropriação;
É um tao administrativo, pois possui conteúdo decisório para uma situação individual e
concreta, não reveste carater de abstração, e produz efeitos jurídicos externos. É um ato
administrativo desfavorável, ablatório por comprimir direitos.

k) Comunicação prévia para a realização de obras de edificação de loteamentos.


O art. 134.º CPA prevê o regime das comunicações prévias, não são atos administrativos,
nem sequer atos tácitos, pois são uma declaração que desde que coretamente instruída permit
que se proceda de imediato à operação. A administração não tem de praticar qualquer ato
permissivo, sendo emitida pelo particular e não pela entididade administrativa.

Caso Prático nº37


Por despacho do Secretário de Estado do Ordenamento do Território, foi declarada a utilidade
pública, com carácter de urgência, da expropriação de oito parcelas de terreno, sitas na freguesia da
Charneca, com vista à necessária execução do Programa Especial de Realojamento (PER) da zona do «Alto
Lumiar». De entre as oito parcelas mencionadas consta uma que é parte de uma propriedade de
HabiTurismo-Lisboa. Trata-se de uma parcela de terreno com uma área superior a 10.000 m2 a destacar do
prédio Quinta dos Milagres – uma quinta do século XVIII, que possui um enorme palacete e um jardim com
árvores e plantas raras.
Tendo em conta que o ato expropriativo de uma parte da Quinta dos Milagres causará
provavelmente um prejuízo de difícil reparação, uma vez que haverá destruição desse património
arquitetónico e arbóreo e o desalojamento dos agregados familiares lá residentes, a HabiTurismo-Lisboa
pretende recorrer imediatamente de tal ato, considerando que:
1 - Não foram cumpridas as formalidades previstas na lei.

Ana Paula Pinto (A973200) 73


2 - A competência para praticar tal ato pertence ao Ministro do Ambiente e do Ordenamento do
Território. E, ainda que aquele tenha praticado o ato ao abrigo de uma competência delegada, tal entidade
não fez qualquer menção desse facto.
3 - A decisão não incorpora uma fundamentação suficiente. Aliás, não houve uma devida
ponderação quanto à imprescindibilidade da construção dos referidos fogos (125 fogos para 125 famílias a
realojar), naquele exato local – Quinta dos Milagres. E, há, por isso, violação do princípio da
proporcionalidade.
4 - Nos temos da lei, não é possível expropriar imóveis que constem do inventário municipal do
património, o que se verifica neste caso. E, de qualquer modo, deveria ter sido solicitado um parecer ao
Instituto Público com atribuições no domínio do património arquitetónico e arqueológico, o que não
aconteceu.
Quid iuris?
Estamos perante uma situação em que se pretende impugnar o ato administratino, no
entanto é necessário saber se este é um verdadeiro ato administrativo, nos termos do art. 148.º
CPA. Um ato administrativo tem de ser uma decisão susceptivel de alterar a ordem jurídico, ou
seja, criar, modificar ou revogar, uma situação. Neste caso tem efeitos constitutivos de
compressão de direitos. Deve ter eficácia jurídica externa, isto é, os seus efeitos devem extravajar
da pessoa coletiva que o emanou, neste caso atinge os agregados familiares e o H. ser emanado
ao abrigo fe poderes jurídico-administrativos, neste caso o Governo tem poderes administrativos e
afetar uma situação individual e concreta, não ter vocação de execução permanente. Assim, este
despacho é um ato administrativo desfavorável, ablatório.
Para existir a possibilidade de impugnação, é necessário que haja invalidades, isto é, estar
desconforme à ordem jurídica por parte dos elementos do ato: formal, orgânico e material.
H invoca que não foram cumpridas as formalidade, mas não as diz em concreto, sendo o
caso de formalidades procedimentais estaremos perante uma preterição de formalidades
procedimentais que pelo art. 163.º serão anuláveis. A não ser que as formalidades impliquem uma
violação do conteúdo essencial de DF, nulidade nos termos do art. 161.º/2/d CPA.
Em relação à competência do secretário de estamos, estamos perante um elemento
orgânico, o sujeito autor do ato. Este deve atuar dentro da PCP que se insere, tenha competência
e a sua atuação se mova dentro da sua função administrativa e tenha legitimação. O SE não tem
competências próprias, sem ser a gestão do seu gabinete, terá sempre de ser competências
delegadas pelo ministro.

Ana Paula Pinto (A973200) 74


Caso for competência do ministro e se não houver delegação, então estamos perante um
vivio orgânico por falta de competência, invalidade orgânica – art. 163.º que reconduz à invalidade
dado que é falta de competência dentro da mesma PCP, Governo.
Caso haja delegação de competência válida, o SE não podia fazer, por falta de menção
obrigatória dado que o ato é emenado ao abrigo da mesma. Esta falta de menção originamera
irregularidade, por não ser uma formalidade.
Já sobre a falta de fundamentação é necessário afirmar que o art. 153.º CPA determina os
requesitos de fundamentação, sendo que este ato comprime direitos, está sujeito a
fundamentação. Segundo o mesmo artigo, quando a fundamentação é insuficiente equivale à falta
de fundamentação, por não se perceber com clareza os motivos que estiveram na origem da
decisão.
A fundamentação é um elemento formal, portanto existe preterição de formalidade
procedimental que em regra equivale àanulabilidade, art. 163.º, a não ser que se considere que é
um direito análogo a DF e se atinja o núcleo essencial para ser um ato nulo, art. 161.º/2/d.
Em relação à violação do princípio da proporcionalidade é importante referir que os
princípios são elementos materiais do ato administrativo, pertencente ao conteúdo do ato
administrativo. Neste caso, a conseuqencia da invalidade seria a anulabilidade, art. 163.º CPA (não
é um DF que seja afetado).
A impossibilidade de expropriar imóveis do inventário municipal tem a ver com o objeto
do ato, elemento material. O despacho pretendia projetar efeitos jurídicos sobre um imóvel, se
legalmente isso não é possível, então seria a impossibilidade jurídica do objeto, estaríamos
oerante um vício material que teria como sanção a nulidade pelo art. 161.º/2/c CPA.
A não solicitação de parecer, elemento formal, que tem o seu regime geral no art. 91.º e
92.º CPA, tem a regra de serem obrigatórios e não vinculativo. Se parecer favorável em regra
segue-se o sentido, mas o órgão decisório podia contrariar desde que invocar razões objetivas. Se
parecer desfavorável em regra o sentido é seguido, sob pena de violação da lei.
Se o parecer for não vinculativo, art. 92.º/5 CPA (por analogia da não emissão), pode o
procedimento seguir, havendo uma irregularidade. Se for vinculativo, art. 92.º/6, o procedimento
pode seguir se fossem cumpridos os requisitos do artigo. Assim, no fundo, de todas as situações, a
não emissão de parecer só invalida se obrigatório e vinculativo e quando não estão preenchidos os
pressupostos do art. 92.º/6.
Em suma, basta que haja uma nulidade, o desvalor mais grave absorve as outras
invalidades pelo que o ato é nulo desde logo por impossibilidade jurídica.

Ana Paula Pinto (A973200) 75


Assim, pelo art. 162.º o ato não produz efeitos jurídicos, independentemente da
declaração de nulidade. Em certas situações de facto que se tenham consolidado pode ser
atribuído certas consequências práticas (juridificação dos efeitos putativos). O ato não goza de
vinculatividade e de executoriedade (não execução coerciva), seria irrelevante o decurso do
tempo, não seria passível de revogação ou anulação (porque não há efeitos a destruir). Faria
sentido era recorrer junto das entidades ADM ou dos tribunais invocando a nulidade com vista a
obter a declaração de nulidade por qualquer interessado. Este pode ser objeto de reforma
(substituição do conteúdo do ato administrativo através da expurgação da parte viciada) ou
conversão (novo ato administrativo que aproveita a parte não viciada), art. 164.º/1 e 2 CPA

Caso Prático nº38


Configure a seguinte hipótese:
Joaquim, técnico-superior jurista da Direção-Geral do Património, com contrato de trabalho em
funções públicas, utilizou a fotocopiadora do departamento onde trabalha para fotocopiar um capítulo do
Manual de Direito Administrativo, obra essencial para o Mestrado em Direito Administrativo que frequenta
na Escola de Direito da Universidade do Minho.
Nessa sequência, foi-lhe instaurado um processo disciplinar, tendo-lhe sido aplicada, por despacho
do Diretor-Geral, a sanção de despedimento disciplinar, nos termos da LTFP. Notificado da decisão,
Joaquim interpôs recurso para a Ministra da Cultura, pedindo a revogação daquela decisão. Para o efeito,
invoca que o ato é anulável por violação do seu direito de audiência prévia (cfr. artigo 214.o da LTFP),
sendo que, para além disso, desconhece a sua fundamentação.
1. Localize na estrutura do ato administrativo os vícios que lhe são imputados e faça-lhes
corresponder as respetivas consequências jurídicas.
Estamos perante um ato administrativo que aplica uma sanção de despedimento
disciplinar. Segundo o art. 148.º, é ato administrativo aquele que preenche os elementos
conceptuais (efeito constitutivo, efeitos jurídicos externos, individual e concreto, ao abrigo de
poderes jurídico-administrativo). No entanto, por ser um procedimento especial rege-se pelas
disposições da LTFP, mas subsidiariamente aplicam-se-lhes as normas do CPA (desde logo se o CPA
dispuser de norma mais favorável que a LTFP).
Em relação à violação direito audiência prévia, a LTFP e o procedimento disciplinar diz que
é obrigatória a audiência prévia, sendo um elemento formal, relativo às formalidades
procedimentais, eria um vício formal, por preterição de formalidade. Por força constitucional do
art. 32.º/10 CRP a audiência prévia nos procedimentos sancionatórios (que é o caso) é um DF, por
isso seria a consequência a nulidade do art. 161.º/2/d CPA.

Ana Paula Pinto (A973200) 76


Em relação ao desconhecimento de fundamentação, existe um adever de fundamentação,
art. 152.º CPA dado que impor sanções. Aliás, da notificação do ato art. 114.º/2 CPA deve incluir a
fundamentação, ou seja, um reforço de que a notificação da sanção de despedimento tinha de ser
acompanhada da fundamentação. Como desconhece, não existe significa a violação do regime
legal, sancionado com a anulabilidade do art. 163.º, por ser insuficiente ou obscura (não parece
ser o caso).
Assim, o ato é nulo. Basta que haja uma nulidade, o desvalor, a invalidade mais grave que
absorve as outras invalidades, sendo este ato nulo desde logo por impossibilidade jurídica.
No entanto J não tem razão por que o ato não é anulável, mas antes nulo. Deveria recorrer
à ministra para que declarasse nulidade do ato o que implica o regime do art. 162.º.
Não há produção de efeitos jurídicos, independentemente da declaração de nulidade. Em
certas situações de facto que se tenham consolidado pode ser atribuído certas consequências
práticas (juridificação dos efeitos putativos). Ato não goza de vinculatividade e de executoriedade
(não execução coerciva). Seria irrelevante o decurso do tempo. Não seria possível ou passível de
revogação ou anulação (porque não há efeitos a destruir). Faria sentido era recorrer junto das
entidades administrativas ou dos tribunais invocando a nulidade com vista a obter a declaração de
nulidade por qualquer interessado
Este pode ser objeto de reforma ou conversão, art. 164.º/1 e 2 CPA.

2. Imagine que Joaquim não havia sido notificado da decisão que lhe aplica a sanção de
despedimento disciplinar. Qual a sua relevância jurídica?
Pelo art. 222.º LTFP, a notificação pode ser pessoal, publicada em DR ou através de carta,
mas sendo sempre obrigatória para que possa ter eficácia, aptidão de produção de efeitos
jurídicos. Por regra os atos são não recetícios, ou seja, há produção de efeitos desde o momento
em que práticos art. 155.º CPA, mas o ato não é oponível ao seu destinatário.
Assim, a não notificação não é causa de invalidade, implica apenas que efeitos do ato não
são oponíveis ao destinatário, neste caso a J.

Caso Prático nº39


Configure a seguinte hipótese: A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR)
tem, entre outras, competências no âmbito da regulação dos serviços de abastecimento de água e de
controlo bacteriológico da qualidade da água. Imagine que, na sequência de uma auditoria, a ERSAR retirou
ao Laboratório “Toca a Analisar” a autorização para o exercício da atividade de análise da qualidade da
água engarrafada. O laboratório considera que deveria ter sido ouvido antes da prática do ato. No entanto,

Ana Paula Pinto (A973200) 77


a ERSAR recusa a necessidade dessa formalidade, uma vez que, nos termos legais, é obrigatório fazer cessar
a autorização a qualquer laboratório que não tenha um responsável com 10 anos de experiência no
controlo bacteriológico de água, o que sucede com o Laboratório “Toca a Analisar”, que não tem nenhum
colaborador nessas condições, desde janeiro de 2021.
1. Considerando cada um dos argumentos invocados, localize na estrutura do ato administrativo
os vícios que lhe são imputados e faça-lhes corresponder as respetivas consequências jurídicas.
Para efeitos do CPA, um ato administrativo é um ato com conteúdo decisório,
constititutivo, moficatório ou revogatório que, no exercício de poderes jurídio-administrativos,
visem produzir efeitos jurídicos externos numa situação individual e conreta, art. 148.º.
O primeiro ato é a autorização que se configura como ato adminisrativo porque é ato de
conteúdo constitutivo, produz efeitos jurídicos externos (extravasa a esfera da entidade que
emana) numa situação individual e concreta, sendo um ato permissivo/positivo porque prova
benefícios e situação de vantagem.
O segundo ato é a retirada de autorização, sendo que é um ato de 2º grau cujos efeitos se
repercutem em ato anterior (autorização). Em regra, seguem a forma e as formalidade do
primeiro, princípio paralelismo da forma e da formalidade (indispensáveis), art. 170.º CPA. Por
força deste princípio, no fundo, a análise dos vícios é feita numa escala idêntica àquela que seria
para o ato de primeiro grau.
O laboratório coloca em causa a preterição de formalidades procedimentais essenciais, a
audiência dos interessados, que tem o seu regime no art. 121.º e ss CPA. A raegra do art. 121.º é
da obrigatoriedade sempre que decisão seja desfavorável ao interessado (art. 124.º a contrario).
Há dispensa de audiência nas situações taxativas do art. 124.º (decisão urgente, interessados
solicitar adiamento, ...), ou seja, deve-se colocar as 2 hipóteses.
Se existir motivo que leva à dispensa, então não haveria qualquer vício nem invalidade. Se
se aplicar a regra porque não há motivo para dispensa, então haveria um vício, vício formal dos
elementos do conceito do ato administrativo por preterição de formalidade procedimental,
sancionada com invalidade na forma da anulabilidade (art. 163.º CPA).
Pelo regime da anulabilidade, os atos anuláveis produzem efeitos jurídicos até serem
atacados, se não forem impugnados, podem ser consolidados na ordem jurídica; gozam de
vinculatividade e executoriedade (AP e particulares devem obedecer aos seus comandos até
serem impugnados); sofrem de efeito anulatórios (facto de o ato ser anulável) podem não se
produzir em certas circunstâncias previstas no arrt. 163.º/5 a/b/c CPA.

Ana Paula Pinto (A973200) 78


No caso em concreto mesmo que considerar que anulabilidade os efeitos anulatórios
podiam não se produzir porque poderá ocorrer o APROVEITAMENTO DO ATO, art. 163.º/5/a, pois
o onteúdo do ato não poderia ser outro senão a retirada da licença. A preterição é irrelevante
porque havia apenas uma decisão possível que seria a retirada da autorização.

2. Tendo conhecimento da prática daquele ato, a associação de defesa dos consumidores “Juntos
pelo Consumidor” requereu à ERSAR a anulação da autorização da “Águas Controladas, Lda.”, empresa que
em 2021 obteve tal autorização invocando o currículo de Zacarias, o qual, embora tenha experiência
profissional como biólogo, superior a 10 anos, nunca trabalhou no controlo bacteriológico da água. Diga se
pode a ERSAR anular, e em que termos, a autorização da “Águas Controladas, Lda.”.
Uma dada associação tendo conhecimento da retirada da licença vem pedir que seja
também retirada essa autorização a um outro laboratório através de uma anulação.
Tanto a anulação como a revogação são atos de 2º grau cujos efeitos incidem sobre atos
anteriores, mas o seu fundamento é diferente. Enquanto a revogação é a cessação de efeitos de
um ato anterior por razões de (des)mérito, (in)oportunidade, (in)conveniência e a anulação é a
cessação de efeitos por fundamento de invalidade do ato.
O que está em causa é destruição de efeitos do ato de autorização, com fundamento numa
invalidade porque foi atribuída uma licença quando nos termos legais não poderia ter sido.
Pelo art. 166.º CPA, os atos insuscetíveis de revogação ou anulação não podem ser objeto
de anulação porque nesses casos esses já deixaram de produzir efeitos jurídicos. Neste caso não
parece enquadrar-se em nenhuma alínea, portanto, o caso parece ser suscetível de anulação e
revogação.
A iniciativa e competência para anulação, art. 169.º, cabe à associação, por ser um
interessado, despoleta fazendo uso de reclamação ou recurso administrativo. Esta tem
legitimidade procedimental para salvaguardar interesses dos particulares, mas também difusos ou
coletivos.
Pelo nº3, a ERSAR é a entidade que praticou a autorização, então também tem
competência para praticar ato de 2º grau.
É possível que o ato seja anulável porque estamos a falar de atos constitutivos de direito
(porque ato de autorização constituir na esfera do laboratório direitos ex novo), art. 167.º/3 CPA
(só interessa para a definição destes atos, neste caso, porque artigo refere-se à revogação).
Ato de autorização atribui uma situação de vantagem ao laboratório, se assim é, para que
seja possível anular, há requesitos apertados, art. 168.º: prazo-regra 6 meses (se invalidade

Ana Paula Pinto (A973200) 79


resultante do agente, não pode decorrer mais de 5 anos), em caso de atos constitutivos de direitos
1 ano.
No caso concreto está-se perante a alínea a do nº4 (porque invocar um CV que não era
verdade, ou seja, essa vantagem foi obtida através de uso de artifício fraudulento). Se obter em
2021, até 5 anos após o ato pode ser anulado, temporalmente, é possível a anulação porque
estamos em 2022. Os efeitos, art. 171.º e 172.º, são: a produção efeitos retroativos, ex tunc, mas
há exceção, quando o ato se tenha tornado inimpugnável por via jurisdicional, eficácia só para o
futuro bem como efeitos repristinatórios também se produzem.

3. Suponha que a ERSAR tomou conhecimento de um ato da Câmara Municipal de Vila Pouca de
Aguiar que, invadindo as competências daquela, aplicou sanções a um concessionário de abastecimento de
águas no concelho. Como pode reagir a ERSAR?
Quem tem competência para aplicar sanções é a entidade reguladora, mas quem as está a
aplicar é a CM, portanto há uma incompetência absoluta porque são PC’s distintas. Assim,
estamos perante um vício orgânico, enformado no seu elemento orgânico – o sujeito.
A consequência é a nulidade, art. 161.º/2/b pelo que não há a produção de efeitos
jurídicos; embora possa ter consequência práticas, a possam ser atribuídos efeitos putativos.
A ERSAR não pode anular ou revogar os atos porque o art. 166.º diz que atos nulos não
podem ser anulados ou revogados (porque não há efeitos para destruir). Pode declarar a nulidade
que é invocável a toda o tempo por qualquer interessado, conhecida por qualquer autoridade,
apenas declarada pelos tribunais adm e por certos órgãos administrativos competentes para a
anulação
Aplicando o regime da nulidade, a ERSAR como competente para praticar atos de sanções
pode declarar a nulidade desses atos, eliminando-os da ordem jurídica.

Caso Prático nº40


Considere a seguinte hipótese: Merlin apresentou um requerimento dirigido ao Presidente da
Câmara Municipal de Braga, solicitando que lhe fosse concedida licença para a prática de campismo
ocasional, para o período compreendido entre os dias 29/03/2021 a 05/04/2021 (férias da Páscoa), tendo
para o efeito procedido à junção de todos os elementos necessários para a tomada de decisão. O pedido foi
deferido pelo Presidente da Câmara a 12/03/2021, mediante parecer prévio favorável da autoridade de
saúde e da autoridade policial competente. A 25/03/2021, Merlin foi notificado de um novo despacho do
Presidente da Câmara, com o seguinte teor: “Por razões de interesse público, designadamente por razões
de proteção da saúde, atinentes à evolução da situação pandémica no concelho de Braga, altero, em

Ana Paula Pinto (A973200) 80


sentido contrário, a minha decisão de 12/03/2021”. Inconformado com a decisão, Merlin pretende reagir
contra esse despacho, invocando o seguinte:
a) Não lhe foi dada a oportunidade de se defender, em momento anterior à decisão;
b) O despacho vem assinado pelo Presidente da Câmara, mas este não faz menção de que está a exercer
uma competência delegada, uma vez que a competência para a prática daquele ato é da Câmara Municipal.
c) Tendo sido concedidas licenças a outras pessoas em condições semelhantes, tem conhecimento de que,
ao contrário da sua, tais licenças não foram revertidas.
d) Para além disso, já pagou as taxas devida.
1. Qualifique o despacho do Presidente da Câmara de 25/03/2021 e diga se se verificam os requisitos
legais aplicáveis.
O primeiro ato é o ato de 12/03, é aquele que concede a licença para prática de campismo,
já o segundo ato é o ato de 25/03 que reverte a licença, portanto importa é este ato.
Este segundo ato é um ato de 2º grau, pois incide sobre o primeiro. Este pode ser de
anulação ou de revogação. Art. 165.º, revogação é o ato administrativo que determina a cessação
dos efeitos de outro ato por razões de mérito, conveniência ou oportunidade, enquanto a
anulação é o que determina destruição dos efeitos de outro ato com fundamento em invalidade.
Neste caso estamos perante um ato administrativo nos termos do art. 148.º que será
revogado por um outro ato.
O regime da revogação está presente no art. 166.º e ss. No art. 166.º determina quais os
atos que não podem ser revogados, sendo que são as exceções ao princípio é da livre
revogabilidade. Neste caso não há elementos para aplicar o art. 166.º CPA.
A iniciativa parte dos interessados ou órgãos competentes, nos termos do art. 169.º.
Importa ferir se o PCM tem competência, dado que tem competência quem praticou os atos ou o
superior hierárquico, sendo a competência da CM, para que o PCM possa revogar o ato terá de
haver uma delegação de competências. Aplicando o art. 169.º/4, enquanto vigorar a delegação de
poderes o PCM pode revogar o ato praticado.
No enatnto pretende-se revogar um ato constitutivo de direitos nos termos do art. 167.º/3,
pois é um ato que atribui uma situação jurídica de vantagem, dado que atribui uma licença a M.
Portanto terá requesitos mais apertados, art. 167.º/2. Só podem ser revogados se verificarem uma
das circunstâncias elenacadas no artigo. Neste artigo há que ver a fundamentação do ato d
revogação, poi so PCM afirma querevoga por razões de interesse público que advem da pandemia,
numa alteração objetiva das circunstâncias de facto como a pandemia seria possível revogar o ato
constitutivo de direitos.

Ana Paula Pinto (A973200) 81


Assim, tendo em conta este fundamento, o prazo para revogação é um ano a partir do
conhecimento da superviniência ou da alteração das circunstâncias de facto, que poderá ser
prerrogado por mais 2 anos. M poderá ser indeminizado nos termos do art. 167.º/5 caso seja um
beneficiário de boa-fé (art. 167.º/6), isto é desconhecer sem culpa a existência dos fundamentos.
Os efeitos da revogação estão presentes no art. 171.º/1 e 2, sendo a regra os efeitos para o
futuro, ex nunc. A exceção, pode o próprio autor atribuir eficácia retroativa quando seja favorável
ao interessado ou quando estes concordam expressamente e não estejam em causa direitos ou
interesses legalmente indisponíveis.
Neste caso, como já houve pagamento de taxas, poderia ter efeitos retroativos, pois seria
benéfico porque já se pagaram taxas, na medida em que elas seriam devolvidas.

2. Localize na estrutura do ato administrativo os vícios que lhe são imputados e faça-lhes
corresponder as respetivas consequências jurídicas. E diga de que garantias administrativas pode lançar
mão e quais os efeitos que delas pode esperar.
Tal como referido em supra estamos perante um ato administrativo nos termos do art.
148º, isto é, ato com conteúdo decisório que no exercício de poderes jurídico-administrativos que
visem produzir efeitos jurídico externos, que extravasa a pessoa coletiva, para uma situação
individual e concreta.
Pretende-se atacar, identificar os vícios do 2º ato, ou seja, o ato de revogação. A este ato,
pelo princípio do paralelismo das formas e formalidades do art. 170.º, devem ser observadas as
mesmas formalidades essenciais.
O primeiro argumento pretende-se com a preterição da audiência interessados, sendo por
regra esta é obrigatoriedade quando decisão for desfavorável, art. 121.º, sendo que só dispensa
nas situação taxativas do art. 124.º. se não houver dispensa, como parece ser o caso, há um vicio
formal por preterição de formalidade sancionada com anulabilidade, art. 163.º.
O segundo argumento prede-se com a não menção de delegação de competências, apesar
de válida e eficaz, mas sem menção. Esta é uma mera irregularidade, art. 48.º/2. Contudo se não
houve delegação válida ou eficaz, existe um vício orgânico porque há uma incompetência relativa
(órgãos da mesma pcp), sancionada com a anulabilidade, art. 163.º.
O terceiro argumento remete para o princípio da igualdade, art. 13.º CRP e art. 6.º CPA,
pois parece que existe uma violação do mesmo. No entanto, esta terá de afetar o conteúdo
essencial de um direito fundamental. Neste caso, não afeta, portanto um vivio material
sancionado com a anulabilidade, art. 163.º.

Ana Paula Pinto (A973200) 82


Por fim, o quarto argumento refere-se ao pagamento de taxas que por si não comporta
qualquer tipo de invalidade, apenas implicaria a sua devolução, havendo lugar à revogação.
Em suma, o ato seria anulável com o regime da anulabilidade presente no art. 163.º.
M poderá lançar mão das garantias administrativas e dos seus efeitos. Estas podem ser de
3 tipos: impugnatórias, petitórias e procedimentais, importa aqui as garantias impugnatórias
através da reclamação, art. 191.º, ou do recurso, art. 193.º. O recurso pode ser hierárquico ou
especial, art. 199.º.
Neste caso, qualquer uma valia para pedir a anulação deste ato, anulação do ato
revogatório. Se por via da reclamação, seria o autor do ato PCM se por via do recurso, seria um
recurso especial de delegação porque entre a CM e o PCM não existe uma relação hierárquica.
Por se tratar de uma anulação de um ato de segundo grau, teria-se de aplicar o art. 171.º
que possui a regra da produção de efeitos retroativos, mas o autor pode atribuir eficácia para o
futuro. Também possui efeitos repristinatórios pelo que o ato de primeiro grau que tinha sido
revogado volta a vigorar no ordenamento jurídico.

Caso Prático nº41


Configure a seguinte hipótese: O Vice-Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), I.P.,
concedeu à ALGARValorização e Tratamento de resíduos Sólidos, SA, uma licença para a instalação do
Aterro Sanitário do Sotavento, sita em Vale do Zebro (freguesia de Salir e concelho de Loulé), para o
exercício da atividade de deposição de resíduos em aterro. Inconformados com a decisão, o grupo de
cidadãos defensor das causas ambientais “Todos em Defesa do Zebro!” interpôs um recurso hierárquico
para o Ministro do Ambiente, que proferiu o seguinte despacho: “Tendo em conta que a decisão do Vice-
Presidente da APA é ilegal, uma vez que a competência para a autorização é do Presidente da APA, não
tendo igualmente sido solicitados os pareceres legalmente exigidos, revogo-a inteiramente”.
1. Diga se poderia o grupo de cidadãos ter recorrido para o Ministro do Ambiente e pronuncie-se
sobre a validade e condicionalismos aplicáveis ao seu despacho.
Estamos perante um caso da possibilidade de utilização das garantias administrativas,
garantias à disposição dos cidadãos que podem ser judiciais ou administrativas, nas
administrativas podem ser procedimentais, petitórias ou impugnatórias, sendo as últimas
constituídas por reclamações e recursos contra atos (anular, revogar, extinguir e retificar) ou
omissões (praticar o ato ilegalmente omitido).
Enquanto as reclamações se processam junto ao autor do ato, o recurso pode ser
hierárquico ou especial, de acordo com os diferentes tipos de relações.

Ana Paula Pinto (A973200) 83


Nste caso estamos perante um indeferimento de licença onde um grupo decide recorrer,
reagir junto ao ministro do ambiente. Este indeferimento é um ato nos termos do art. 148.º e um
ato constitutivo de direitos que confere à APA uma vantagem.
A legitimidade para a iniciativa, de acordo com o art. 169.º e 68.º, pertence, por exemplo,
ao grupo que defende causas ambientais, portanto interesses difusos, ou seja, uma associação
representativa, mas bastava que fosse um grupo de cidadãos em pleno direitos e deveres civis
para poder recorrer, lançar mão das garantias administrativas.
Neste caso, a garantia utilizada foi um recurso especial dado que o ato foi emanado por um
órgão de um IP e entre o estado e IP há apenas uma relação superintendência, portanto não seria
nem reclamação nem qualquer recurso, hierárquico não é assim um recurso especial
O art. 199.º/1/c afirma que só é possível recurso nos “casos expressamente previstos na
lei”. Se gouve uma inexistência: a decisão do ministro seria inválida (nulo por vício orgânico – art.
161.º/2/b), havendo, a lei prevê expressamente a possibilidade de recurso é possível, mas tendo
em conta o conteúdo do despacho, a menção à revogação estará sempre incorreta.
A revogação é a destruição dos efeitos do ato anterior com fundamento no mérito,
oportunidade ou conveniência, enquanto a anulação é destruição dos efeitos do ato anterior com
fundamento na invalidade.
No caso o ministro não poderia revogar teria de anular, seria um despacho de anulação.
Aplicando-se assim o regime da anulação.
A iniciativa pertence aos interessados: art. 169.º+186.º, por ser um recurso administrativo,
sendo que a competência: 169.º/5 + art. 199.º/1/c - Porque foi utilizado recurso administrativo
ministro poderia ter competências. A forma e formalidades: paralelismo em relação ao ato
primeiro grau. No prazo do art. 198.º - surge na sequência de um recurso, 30 dias para decidir o
recurso hierárquico a contar da data da remessa do processo ao órgão competente (o autor
recebe em primeiro e tem 15 dias para enviar para o órgão decisório), pode ser elevada até 60
dias. Com efeitos: retroativos, art. 171.º/3 + Efeitos repristinatórios.

2. Em face do despacho do Ministro do Ambiente, poderia a ALGAR apresentar uma reclamação


administrativa junto do Primeiro-Ministro, solicitando-lhe que revogasse aquele despacho?
Licença»» recurso para o ministro»»» anulação»» reclamação para o primeiro-ministro
Ministro anula decisão que é um ato de primeiro grau, sendo a reclamação uma garantia
administrativa interposta junto ao autor do ato não seria possível reclamar para o primeiro-
ministro, art. 191.º.

Ana Paula Pinto (A973200) 84


Não é possível reclamar de um lado que decide ele mesmo sobre um recurso
administrativo ou reclamação anterior. Para além de não ser possível um recurso, pois entre o
ministro e o primeiro-ministro não existe uma relação hierárquica, superintendência, tutela, art.
196.º/1/a.

3. Em hipótese autónoma, suponha que a ALGAR solicitou a emissão da licença a 10.01.2022, sem
que, ao dia de hoje, tenha recebido qualquer resposta por parte da APA. Quid iuris?
ALGAR soliticitou uma licença e até ao dia de hoje, ainda não recebeu qualquer resposta
por parte da APA. Assim podemos estar perante um caso de omissão.
Existe um dever legal de decisão e há situações em que o silêncio não equivale a omissão,
art. 13.º CPA e 129.º CPA
A questão central é será possível uma reclamação ou recurso não só para impugnar ações,
mas também para reagir contra omissão. O silêncio pode ser um deferimento tácito, art. 130.º
CPA.
Em regra, estes procedimentos de iniciativa particular como é a ALGAR devem ser
decididos no prazo de 60 dias, art. 128.º/1 CPA , sendo prorrogável até 90 dias.
Se deu entrada nos serviços a 10/01/2022, começa a contar os 60 dias, 128.º/3 CPA de
acordo com as regras do art. 87.º, pelo que não são contabilizados sábados, domingos e feriados,
sendo que o dia em que se recebe o requerimento NÃO CONTA , portanto, o prazo começa no dia
11/01/2022.
Neste caso estamos perante um INCUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL DE DECISÃO, ALGAR
podia interpor uma reclamação/recurso para impugnar uma omissão.

Caso Prático nº42


A Portaria n.º 19-A/2021, de 25 de janeiro veio regulamentar os procedimentos de atribuição do
apoio extraordinário ao rendimento dos trabalhadores, criado com o objetivo de assegurar a continuidade
dos rendimentos das pessoas em situação de particular desproteção económica causada pela pandemia da
doença COVID-19, previsto no artigo 156.º da Lei n.º 75-B/2020, de 31 de dezembro, que aprovou o
Orçamento do Estado para 2021. Assim, nos termos do artigo 3.º da Portaria, o reconhecimento do direito
ao apoio extraordinário depende de o requerente:
Satisfazer as condições previstas no n.º 2 do artigo 156.º;
Encontrar-se em situação de desproteção económica;
Residir em território nacional. Nesse contexto, Francelina, trabalhadora por conta de outrem,
designadamente trabalhadora do serviço doméstico, abrangida pelo artigo 156.º, n.º2 da Lei n.º 75-B/2020,

Ana Paula Pinto (A973200) 85


encontrando-se em situação de desproteção económica, requereu, em 08-03-2021, ao Centro Distrital da
Segurança Social de Braga a concessão do apoio extraordinário, tendo o seu pedido sido deferido por
Osvaldo, Chefe de Divisão e seu cunhado, decisão que lhe foi comunicada por correio eletrónico a 28-04-
2021.
Tendo contado a novidade a Evelyn, sua vizinha, esta solicitou igualmente, a 03-05-2021, a
concessão do apoio extraordinário, tendo o pedido sido indeferido, a 05-07-2021, com fundamento no não
preenchimento dos referidos requisitos. Uma vez que não foi ouvida antes da tomada da decisão, Evelyn
decide impugnar a decisão de 05-07-2021 junto da Ministra da Segurança Social que veio a anulá-la hoje.
1. Pronuncie-se sobre a validade e eficácia da atuação administrativa relativa à atribuição do
apoio extraordinário a Francelina.
• Qualificação jurídico-administrativamente dos atos
• Portaria = REGULAMENTO emanado pelo Governo
▪ 135º + 138º CPA
▪ Norma geral e abstrata, emanado ao abrigo de poderes jurídico-
administrativo
▪ Prevalência dos regulamentos governamentais
▪ DE EXECUÇÃO porque desenvolver pressupostos que se encontram
num outro diploma legal
• Ato que defere pedido de Francelina = ATO ADM – 148.º
▪ De 1º grau
▪ Confere vantagem jurídica à esfera do seu destinatário
• Validade do Ato Administrativo
• IMPEDIMENTO ABSOLUTO porque deferido pelo seu cunhado = 69.º/1/b
CPA
• Ato que defere o pedido padece de um vício
▪ ORGÂNICO por Falta de Legitimidade/Legitimação
▪ VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE [não é um DF]
• Desvalor jurídico = ANULABILIDADE
▪ Produz efeitos até que seja atacado
▪ Implica a sua executoriedade e vinculação até que seja atacado
• Eficácia do Ato Administrativo
• PRAZO DA DECISÃO: requereu em março e comunicada em abril
▪ 128º CPA
▪ Procedimento iniciativa particular = 60 dias, prorrogáveis até 90 dias
▪ De 08/03 até 28/04 estavam cumpridos os 60 dias

Ana Paula Pinto (A973200) 86


• EFICÁCIA DA DECISÃO
▪ Tinha de ser Notificado a Francelina? SIM
▪ 114º/1 a) CPA + 160º CPA
▪ Francelina formular pretensão de lhe ser atribuída subsídio,
independentemente de ser positivo ou desfavorável, havia Dever
Legal de Notificação
▪ Portanto, ato podia ser oponível a Francelina
▪ Foi notificado por email = 112º c) CPA – email é uma das formas de
notificação
▪ 112º/2 CPA – notificações da alínea c) só podem ser efetuadas nos
casos elencados = notificação por email é possível para PESSOAS
SINGULARES é necessário o seu CONSENTIMENTO
▪ = ATO É INEFICAZ na medida em que NÃO HOUVE
CONSENTIMENTO DE FRANCELINA PARA QUE NOTIFICAÇÃO
TENHA SIDO FEITA POR VIA DE EMAIL

2. Pronuncie-se sobre a atuação da Ministra da Segurança Social.


• Incidir sobre situação da vizinha de Francelina
• CDSS Braga integra Instituto da SS, I.P. = Serviço descentralizado de um IP
o Ministério da SS e o I.P há relação superintendência
• Qualificação da atuação da Ministra SS
o Surge na sequência de interposição de garantias administrativas, mais
propriamente o RECURSO ADM ESPECIAL - 199º c) CPA
o Para que esses sejam possíveis, é necessária previsão legal expressa = lei
prever possibilidade de usar estes recursos
• 1º CENÁRIO = Sem previsão legal = decisão da Ministra seria inválida porque
padeceria de vício de incompetência absoluta, pelo que seria nulo – art. 162.º/1/b
• 2º CENÁRIO = SE FOSSE POSSÍVEL...
o Ato de 2º grau que visa destruir efeitos do ato de indeferimento, com
fundamento na sua invalidade – 165º/2 CPA
o = regime do recurso hierárquico
o Vizinha tinha Legitimidade para recorrer à Ministra?
▪ 186.º/1/a CPA
o Reclamou dentro do prazo?

Ana Paula Pinto (A973200) 87


▪ Regra é que recurso administrativos são facultativos (3º DIPLOMA
PREAMBULAR) – garantias administrativas só são necessárias (189º
CPA) quando a lei prevê
▪ Se fosse necessário = 30 dias
▪ Prazo é o da impugnação contenciosa do ato em causa = nos casos
de indeferimento é de 3 meses = 58º ss CPPA
▪ Não há dados suficientes para saber se se cumpriram os prazos
▪ Se interpor fora do prazo = recurso seria rejeitado (196º CPA)
• Preterição de audiência prévia?
o Vicio FORMAL por preterição de formalidade essencial
o Anulabilidade = ATO DE 2º GRAU DE ANULAÇÃO
o Iniciativa = 169º CPA – pode ser pública ou particular – no caso, foi
particular, mediante interposição de um recurso
o Competência = 169º/5 CPA + 199º/1 c) CPA
o Prazo = 198º/1 e 2 CPA → em regra, 30 dias, prorrogáveis até 60 dias,
contados a partir do momento em que órgão que proferiu o ato remete o
processo para o órgão decisório
▪ Indeferimento foi a 05/07
▪ Decisão na medida em que não só é desfavorável como também
decide uma pretensão tinha de ser notificada = prazo-regra de 5 dias
114º/5 CPA
• Notificação feita no 5º dia = 12/07
▪ Prazo para interpor recurso a contar da notificação = 23/08 (se
necessário) ou 12/10 (se facultativo)
▪ Em qualquer um dos casos, à data de hoje esses prazos estavam
mais do que excedidos
o ANULAÇÃO É EX-TEMPORÁRIA porque proferida fora do prazo

Caso Prático nº43


Manuel, titular do alvará de licença de obras de construção n.º X/2021, foi notificado de um
despacho do Vereador do Urbanismo de Braga que lhe ordena para proceder à demolição de todas as
obras executadas sem licenciamento municipal e em desconformidade com o projeto aprovado (incluindo
todos os muros e anexos ao edificado). Do mesmo despacho consta ainda a informação de que “a
demolição deve ser realizada no prazo de 20 dias, sob pena de a Câmara Municipal o fazer a expensas do

Ana Paula Pinto (A973200) 88


infrator, nos termos do RJUE”. Manuel vem consultá-lo com vista a saber se a Administração poderia
emanar um despacho com tal conteúdo. O que lhe diria?
Estamos perante um ato administrativo nos termos do art. 148.º CPA, pois é uma decisão
emanada ao abrigo de poder jurídico-dministrativos que visam produzir efeitos numa situação
individual e concreta. O despacho é decisão, isto é, tem ordem para proceder à demolição possui
conteúdo constitutivo (irá alterar a realidade jurídica), foi emanada ao abrigo de poder jurídico-
administrativos, produz efeitos jurídicos externos numa situação individual e concreta, isto é, os
efeitos jurídicos do despacho visam produzir-se na esfera jurídica de M.
Esta ordem de demolição é ato administrativo, designadamente uma medida de tutela de
legalidade urbanística.
Este despacho para além de conter o tal ato administrativo que é medida de tutela contém
ainda a própria execução dessa decisão, ou seja, estamos no domínio dos atos de execução de
atos dministrativos.
Este despacho contém no fundo 2 atos administrativos: ato exequendo (ordem de
demolição) e ato de execução que visa dar execução à ordem de demolição.
O regime da execução dos atos administrativos está nos art. 175.º e ss CPA, sendo que a
execução está dirigida para a obtenção sob pena de meios coercivos contra vontade do infrator e
pode ser para satisfação de obrigações pecuniárias ou prestação de factos.
No caso, está em causa uma execução do ato para a prestação de factos, portanto tem
cobertura legal pelo art. 175.º CPA.
O art. 176.º deve ser lido em articulação com o art. 6.º e 8.º DL 04/2015 dado que o nCPA,
com a reforma altera a configuração do privilégio de execução prévia que determina que a AP
pode executar os seus atos ou decisões sem previamente recorrer aos tribunais para obter
autorização judicial. A ideia do legislador foi de limitar o privilégio. No enatnto, a lei deveria de 60
dias a contar da entrada em vigor CPA entrar em vigor para especificar as formas como poderiam
ser impostas coercivamente os atos administrativos, nunca chegou a existir, então continua a
aplicar-se este princípio.
Por força do garantismo, tende a diminuir-se esse privilégio, daí que a AP tenha de pedir
autorização ao tribunal para que possa executar os seus atos, isto é, para que o ato de execução
seja válido (princípio legalidade da execução) tem de existir autorização, a não ser nos casos
previstos na lei ou casos urgentes fundamentados de necessidade pública, art. 176.º CPA.

Ana Paula Pinto (A973200) 89


O art. 177.º CPA apresenta um condicionalismo, a AP não pode praticar estes atos sem
praticar o ato administrativo exequente (não faz sentido que haja ato de execução sem que haja
ato exequendo).
Em suma, este despacho encerra 2 atos tanto quanto ao objeto é possível este ato de
execução porque estas em causa a execução para prestação de factos e da legalidade e
condicionalismo se verificam (porque há ato prévio) e o ato de execução, art. 181.º, que fixa um
prazo e se esse prazo não cumprido a CM pode executar ela mesma esse ato e imputar despesas
ao infrator. Respeitando os princípios do art. 178.º, da proporcionalidade e do respeito pelos DF
sobretudo dignidade.
A AP podia emanar despacho com este conteúdo, sendo certo que particular pode lançar
mão de garantias administrativas ou contenciosas para fazer valer sua pretensão, no entanto não
há dados para aferir de eventuais vícios imputáveis ao ato exequendo
Se pelo art. 182.º CPA pode-se impugnar o 1º ato, o ato de execução é também impugnável
apenas por vícios próprios (desconformidade face ao ato exequendo, violando a regra da relação
incindível entre exequendo-execução).

Caso Prático nº44


Em Janeiro, quando Zacarias atravessava a Praça do Município de Ponte de Lima, foi atingido pela
queda de um tronco de grande porte de uma das árvores centenárias da cidade, sofrendo danos, quer
pessoais, quer na viatura automóvel em que circulava. Zacarias sofreu um traumatismo craniano e, após a
intervenção cirúrgica imediata para sustentar a hemorragia cerebral, passou a necessitar de cuidados
médicos continuados. A sua viatura, avaliada pela companhia de seguros, ficou totalmente inutilizada e
sem possibilidade de recuperação, tendo sido entregue para abate. Zacarias pretende efetivar uma ação de
responsabilidade civil do Município de Ponte de Lima, demandando tanto o Município como o funcionário
municipal responsável pela fiscalização e manutenção dos espaços verdes, pedindo a sua condenação
solidária ao pagamento de uma indemnização pelos danos patrimoniais e não patrimoniais sofridos.
Caracterize, do ponto de vista jurídico-administrativo, a situação descrita e analise a viabilidade
da pretensão de Zacarias.
Neste caso está em causa a responsabilidade civil extracontaual do Estado e demais
entidades públicas, regulada pelo lei 67/2017 que concretiza o art. 22.º CRP com o princípio da
responsabilização dos poderes púlicos, no entanto, tem ffundamento no princípio da igualdade,
repartição entre os cidadãos.
Ao nível material, art. 1.º/1, indemniza danos resultantes do exercício das funções od
Estado, no caso o exercício da dunção administrativa quer por ações quer por omissões. No

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entanto, apenas os atos de gestão pública adotados no exercício de prerrogativas de poder
público.
Ao nível subjetiivo responsabiliza tanto o Estado como as demais pessoas coletivas públicas
como é,no caso, o município e os titulares de órgãos, funciona´rios e agentes.
Neste caso tanto pelo âmbito material quer subjetivo, Z pode aplicar este regime, o
município e o funcionário poderão ser responsabilizados.
No exercício da função administrativa há dois grandes tipos de responsabilidade:
responsabilidade pelo risco e responsabilidade por factos ilícitos onde importa os pressupostos da
ilicitude e da culpa, art. 7.º a 10.º.
A responsabilidade por factos ilícitos não se aplica aos casos do art. 163.º/5 CPA quando se
produzem anulatórios. Por sua vez a ilicitude, art. 9.º pode compreender 3 modalidades: violação
de disposições da CRP, leis ou regulamentos; infração de regras de ordem técnica ou deveres
objetivos de cuidado; ou o funcionamento anormal do serviço onde há uma ilicitude de resultados,
esta pode ser por falta coletiva ou por falta anónima, havendo sempre responsabilidade direta da
administração, art. 7.º/4. Aqui atende-se às normas ou orientações internas, relatórios de
produtividade, índices comparativos.
Já a culpa, art. 10.º e 8.º, refere-se às atividades que podem ser perigosas em que se impõe
um dever de cuidado, culpa no vigilante, art. 10.º/3. Este é um juízo de censura sobre o próprio
agente onde se aprecia a diligencia e aptidão razoavelmente exigível ao funcionário médio ideal.
Esta tem duas modalidades: culpa grave/dolo quando o autor age com dolo ou diligencia
manifestamente inferior aquelas a que se encontra obrigado em função do cargo; culpa leve é
culpa grave a contrario, não manifestamente.
Pelo art. 10.º/2 e 3 presume-se culpa leve aquando do incumprimento de deveres de
vigilância não é de forma manifesta, cabendo à AP provar que agiu sem culpa.
Mediante a modalidade da culpa, a responsabilidade poderá ser solidária ou exclusiva.
Solidária quando o titular do órgão, funcionário ou agente, art. 8.º/2, pratique os atos com
culpa grave, no exercício das suas funções por causa das mesmas. Tendo por objetivo salvaguardar
a solvabilidade da dívida pelo que a administração tem o direito de regresso.
Responsabilidade exclusiva, art. 7.º/1, é necessário que provocar dano fora das funções,
mas sem estar no exercício das mesmas, imputabilidade direta da administração, culpa leve ou em
casos de funcionamento anormal do serviço.

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No caso, perante o enunciado, em causa será responsabilidade civil extracontratual por
factos ilícitos devido à inobservância dos deveres objetivos de cuidado. Assim, a conduta é ilícita
porque o agente não atuou como razoavelmente era exigido que atuasse.
Aqui o responsável seria só o município, pois haveria a presunção de culpa leve dado que
ainda que atividade seja perigosa, há dever de especial cuidado que impede à administração.
Equacionar, para o caso, funcionamento anormal de serviço, mas ainda seria igualmente
responsabilidade subjetiva. No caso, se houve culpa grave, o dano tinha de ser ter sido provocado
pelo funcionário dentro das suas funções (dentro horário laboral) e por causa desse exercício.
Portanto, seria o município e o funcionário municipal responsabilizados de forma solidária,
havendo direito de regresso.

Caso Prático nº45


Luís pretende instaurar uma ação de responsabilidade contra o Estado Português para o
pagamento da quantia de 2 milhões de euros. Para o efeito, invoca que o direito de que é titular, o direito
de exploração da pedreira X, devidamente licenciada pela Direção-Geral de Geologia e Minas desde 1984,
foi afetado pelo despacho Y/2014 do Diretor-Geral das Florestas, que indefere o pedido que apresentou
para proceder ao derrube de sobreiros na zona envolvente da pedreira, uma vez que se trata de uma
espécie protegida.
Luís argumenta que sem o derrube dos sobreiros a pedreira perde viabilidade económica, não
sendo possível proceder à sua expansão, pelo que o indeferimento do pedido de abate dos sobreiros
impede-o de exercer os seus direitos de exploração da pedreira, contidos na licença.
QUID IURIS?
Estamos perante um caso de responsabilidade civil extracontratual do Estado e demais
entidades públicas, que está regulado pela lei 67/2017, que concretiza o art. 22.º CRP com
fundamento no princípio da igualdade, repartição dos encargos pelos cidadãos, que tem por
objetivo indemnizar por danos resultantes do exercício dos poderes públicos tanto por ações
como omissões, art. 1.º.
L tem um título administrativo desde 1984 onde necessita de derrubar árvores, sendo essa
autorização recusada. Ao ser recusado o pedido, o direito de exploração de L foi restringido
porque alega que é absolutamente necessário o derrube das árvores para o exercício e viabilidade
da sua atividade. Portanto estamos perante uma indeminização pelo sacrifício, art. 16.º. Em causa
estão açoes que imponham encargos oi provocam danos especiais ou anormais, danos que não
recaem sobre categorias amplas de pessoas e que não são considerados normais ou habituais,
tendo em conta o mínimo de risco de vida social, art. 2.º.

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