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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles

Regime dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais


DLG - art. 18º CRP - regime específico na CRP
DESC
● Art. 9º/d) CRP - não têm regime específico na CRP
● Regime material, orgânico e de revisão específicos - construção da doutrina e jurisprudência,
mais aberto a divergências porque não assenta numa previsão constitucional expressa.
● A especificidade destes direitos decorre de estarem previstos em normas com conteúdo
indeterminado - concretização por diversos modos.
Regime orgânico - competência para legislar:
● Matéria dos DESC é concorrencial - tanto Governo como AR podem legislar
● Exceção:
○ Reserva relativa - art, 165º/f), g), h) CRP
○ Reserva absoluta - art. 164º/ i) CRP
Regime de Revisão Constitucional
● DESC não são limites materiais de revisão da CRP
● Exceção:
○ Direitos consagrados no art. 288º/e) CRP
○ Direitos dos trabalhadores (que não sejam DLG)
Regime material
● CRP - DESC são Direitos (e não apenas “princípios vetores” como em Espanha) - acentua a
vertente subjetiva muito forte
● Normas de DESC na CRP
○ normas de direitos fundamentais com força jurídica de normas constitucionais, logo
têm proteção efetiva;
○ normas programáticas - implicam intervenção do Estado para que possam ser
concretizadas, e vinculam poderes públicos;
○ não são meramente organizatórias - implicam tarefas para o Estado, mas também
reconhecem direitos aos indivíduos.
○ são mais abertas - cada direito é acompanhado de conjunto de tarefas do Estado e de
dimensões de participação social - importante para a efetivação desses direitos:
Estado ativo e a sociedade;
○ são direitos fundamentais e manifestações da dignidade da pessoa humana, mas
carecem de prestações estaduais - legislador vai concretizando estes direitos em
função das circunstâncias efetivas + recursos disponíveis + possibilidades
tecnológicas + recursos financeiros + diferentes conceções da sociedade.
○ CRP densifica o conteúdo mínimo e a lei completa.
Vieira de Andrade - DESC são pretensões jurídicas. São direitos, mas não são direitos subjetivos
perfeitos: o seu conteúdo não resulta logo da CRP, tem de ser concretizado pelo legislador.
DESC como verdadeiras normas de direitos fundamentais: são normas constitucionais que prescrevem
tarefas concretas para o Estado que são uma forma de realização de direitos fundamentais.
Ligação entre normas constitucionais e função legislativa:
● Criar leis e estruturas administrativas para realizar estes DESC - prestações para realização
dos direitos
○ O legislador atribui a estas normas valor constitucional OU são normas legislativas
que contribuem para a concretização de uma norma constitucional? Se for norma
constitucional, terá proteção equivalente à proteção constitucional. Vieira de Andrade
contesta: uma coisa é a CRP, outra coisa é a lei.

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● A realização dos DESC depende de recursos económicos, financeiros, administrativos e


tecnológicos, logo, a escassez de recursos condiciona a efetivação dos DESC.
○ Nem em situação de escassez podemos deixar de realizar um DESC. As normas
constitucionais continuam a existir e são para cumprir. Há sempre um núcleo mínimo
protegido na CRP.
● Se for preciso fazer escolhas na matéria de DESC - alguém terá competência para legislar
depois de uma discussão política sobre essas matérias.
● Quem controla as escolhas e a forma como os DESC foram ou não concretizados são os
tribunais, que verificam a (in)constitucionalidade das decisões.

Princípio da Proibição do Retrocesso Social


DESC têm força irradiante: uma vez concretizados (por lei) têm direito à proteção contra a diminuição
da realização que já atingiram.
● Finalidade: evitar que o Estado se torne desconcretizador e retroceda os níveis de proteção
social já garantidos.
● Nunca genericamente aceite: utilização abusiva pode implicar destruição da autonomia da
função legislativa. Foi proposto com limitações e sendo progressivamente abandonado.
● Teoria de irreversibilidade: CRP alemã - cláusula do Estado Social - as realizações do Estado
social estão constitucionalmente protegidas; o núcleo essencial nunca pode ser posto em
causa; todos os retrocessos têm de ser justificados; defender DESC que não têm proteção
constitucional.
Princípio não aguenta crise económica:
● DESC têm de ser reversíveis, pois só existem quando temos meios para os assegurar.
● Princípio protege núcleo essencial - evita que as garantias sociais sejam aniquiladas.
Vieira de Andrade
● Não aceita a formulação genérica do princípio, mas há um núcleo duro que não pode ser posto
em causa - dignidade da pessoa humana está sempre protegida.
● O legislador pode alterar as prestações sociais desde que respeite o princípio da proteção da
confiança e tutela das expectativas e princípios constitucionais (igualdade).
● Prestação considerada materialmente constitucional.
● Se aceitarmos a Proibição do Retrocesso, o legislador já não pode voltar atrás e os direitos
não podem voltar a ser restringidos. Reconhecer que o legislador pode alterar as suas opções
com os limites da CRP e que esta proibição não evita uma situação concreta de inexistência
de recursos.
● Proteção de DESC feita por princípios que salvaguardem os direitos sociais, que servem para
controlar a atuação do legislador - Princípio da Igualdade, Princípio da Confiança.
Jorge Reis Novais
● DESC pressupõem reserva do possível.
● Existem DESC se existirem recursos.
● Em situações de escassez de recursos, pode ser necessário retroceder pontualmente num
direito para reforçar outro.
Não existe um Princípio do Retrocesso Social em termos absolutos:
● É possível retroceder mas só dentro de certos limites - desde que não afete proporcionalidade,
conteúdo essencial do direito, proteção de confiança.
● Se é possível retroceder com estes princípios, não precisamos da proibição do retrocesso.

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Verificação da constitucionalidade da atuação ou não atuação do legislador


Vieira de Andrade e TC
● As normas DESC são imposições legislativas concretas.
● Poderes públicos têm dever de interpretar no sentido que seja mais favorável aos DESC
● Legislador tem de concretizar e adotar medidas necessárias para tornar exequíveis as
imposições constitucionais - sob pena de inconstitucionalidade por omissão quando a norma
seja certa e determinada - art. 283º CRP.
○ Omissão parcial: legislador ditou medidas incompletas; não cumpriu suficientemente.
○ DESC implicam a imposição de tarefas legislativas para obter as condições
necessárias à sua realização - art. 63º, nº2; art. 64º, nº 2 CRP
● Violação das normas DESC por ação - inconstitucionalidade por ação.
● Os preceitos constitucionais relativos aos DESC também servem de padrão positivo de
controlo de constitucionalidade das leis.
Acórdão TC nº 474/02: omissão parcial
● Violação do art. 59º, nº 1/ e) CRP - direito constitucional - trabalhadores em condições de
igualdade - sem distinção entre função pública e função privada.
● Grupo de pessoas devia ter este direito concretizado por lei e não tem porque legislador só
executou norma para trabalhadores do setor privado e não para setor público.
● Inconstitucionalidade:
○ por omissão - omissão parcial
○ por ação - violação do princípio da igualdade
Legislador ter espaço de concretização de DESC ≠ Legislador fazer o que quer
● Separação de Poderes - TC tem de respeitar espaço do legislador, mas esse espaço não é total.
TC tem de verificar se existe ou não essa liberdade.
● Acórdão nº 509/02 - legislador tem liberdade para criação de regimes, mas não pode por em
causa o núcleo essencial do direito à proteção social e da dignidade da pessoa humana -
inconstitucionalidade da revogação do regime para pessoas entre os 18 e os 25 anos.
Jurisprudência constitucional
● O retrocesso por si só não implica violação da CRP, mas há situaões em que TC considera que
legislador não pode retroceder.
● Imposição legislativa determinada ou determinável na CRP concretizada pelo legislador
ordinário - não retrocesso deriva da determinabilidade da norma constitucional.
○ Acórdão nº 39/84 - SNS
■ O Estado não pode descrumprir o que cumpriu.
■ Inconstitucionalidade por ação na eliminação do SNS.
■ Aproxima-se da proibição do retrocesso social pela determinabilidade das
normas constitucionais.
○ Acórdão nº 509/02 - Alteração legislativa do rendimento mínimo garantido e
conversão em RSI
■ Afasta-se a proibição do retrocesso social
■ Margem de liberdade do legislador para retroceder no grau de proteção
atingido é necessariamente mínima
● Retrocesso social viola algum princípio constitucional fundamental - quando um DESC está
concretizado legislativamente, a sua posterior alteração legislativa deve ser aferida pelos
princípios constitucionais fundamentais.
○ Acórdão TC nº 188/09 - TC associa violação da proibição do retrocesso à violação do
princípio da proteção da confiança.

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○ Acórdão TC nº 03/10 - princípio da proibição do retrocesso apenas numa aceção


restrita - vale apenas quando a alteração redutora do DESC viola outros princípios
constitucionais.
○ Acórdão TC nº 353/12 - suspensão total ou parcial do pagamento dos subsídios de
férias e de Natal - TC afirma que viola princípio da igualdade na vertente da
igualdade proporcional.
● O legislador não pode retroceder quando está em causa mínimo para existência condigna ou
conteúdo essencial dos direitos.
○ Acórdão 509/02 - a proteção de DESC tem de ser mais intensa se estiver em causa
dignidade da pessoa humana.
○ Acórdão 188/09 - proibição do retrocesso social apenas se:
■ Pretender atingir núcleo essencial da existência mínima inerente ao respeito
pela dignidade da pessoa humana
■ Alteração redutora do conteúdo social afetar a garantia da realização do
conteúdo mínimo imperativo do preceito constitucional.
○ Acórdão 03/10 - DESC contém ou podem conter núcleo mínimo essencial
diretamente aplicável.

As propostas de superação da dicotomia de regimes de DLG e DESC - possibilidade de


aplicação do regime de leis restritivas
Dogmática Unitária
● Alguns atores - DLG e DESC são individíveis, complementares. São direitos fundametais,
logo, não faz sentido uma distinção.
● Outros autores - há pontos de aproximação entre DLG e DESC, exigem custos e tarefas do
Estado, logo, devem ter regime o mais equiparado possível.
● JRN - não há diferença entre DLG e DESC e a distinção de regimes que existe na CRP não
deve ser absolutizada.
○ DESC podem ser limitados a favor de outros direitos constitucionais SE o legislador
tiver razões para justificar a necessidade de restringir direitos fundamentais.
○ Retrocessos = restrições de DESC. Para JRN temos de tratar afetações a DESC com o
regime de restrições (e princípios) já previsto constitucionalmente - art. 18º CRP
Vieira de Andrade
● A restrição de um direito legal derivado de um DESC não deve estar sujeito às mesmas regras
constitucionalmente previstas para a restrição de DLG.
Num Estado Social Democrático e de Direito, o Estado tem o dever de promover e proteger DESC,
mas aplica-se a reserva do financeiramente possível.

Vinculação das entidades privadas: o problema dos direitos fundamentais nas relações entre
particulares
Vinculação de entidades privadas aos direitos fundamentais
● Direitos Fundamentais são defesa do indivíduo face ao Estado.
● Vinculação da entidades privadas não foi suscitada inicialmente, porque o que se pretendia era
limitar o poder do Estado.
● Entidades privadas vinculadas aos direitos fundamentais - Art. 18º, nº 1 CRP - norma não
inteiramente conclusiva:
○ Uns autores - eficácia horizontal dos direitos fundamentais (relações do mesmo nível)
por oposição à eficácia vertical que existe por parte do Estado numa relação de
supra-infra ordenação.

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○ Outros autores - desequilíbrio de posições por razões de poder.


Normas inoponíveis
● Há normas de direitos fundamentais nos DLG que devem ser excluídas porque são
inoponíveis aos particulares - destinatário são os órgãos estaduais.
O Estado Social desenvolve a teoria dos direitos fundamentais de forma mais expansiva:
● Dimensão objetiva e subjetiva dos DFs - valores e princípios básicos da ordem jurídica que
irradiam influência no direito público e em toda a ordem jurídica, vinculando os privados.
● Acórdão LTUH (1958): direitos fundamentais são valores da ordem jurídica e podem ser
invocados em todo e qualquer domínio jurídico - Teoria da Ordem de valores (DFs como
conjunto de valores da ordem jurídica).
Teorias de vinculação dos DFs às entidades privadas:
Teoria da eficácia direta ou imediata - Teoria Monista - Nipperdey
● Direitos Fundamentais têm eficácia erga omnes - vinculam entidades privadas
● Aplicam-se de forma imediata e direta ao Estado e aos Particulares - não carecem da
mediação de disposições de direito privado para serem opostas a particulares.
● Têm dimensão objetiva - expressam valores comunitários a aplicar em toda a ordem jurídica.
● Vinculação direta prima facie dos particulares aos Direitos Fundamentais porque CRP não
estabelece limites a essa vinculação.
Teoria da eficácia indireta ou mediata - Teoria Dualista - During
● Direitos Fundamentais têm a função de proteção perante o Estado.
● Particulares não estão submetidos aos mesmos limites que o Estado nas relações entre si - a
regra deve ser a liberdade.
● A influência dos Direitos Fundamentais é indireta e deve ser levada a cabo através da
mediação pelos poderes públicos - legislador ou juíz concretizam Direitos Fundamentais nas
esferas privadas, mas é preciso que:
○ Legislador emane leis que incorporem princípios de Direitos Fundamentais.
○ Juíz recorra a cláusulas de direito privado para invocar Direitos Fundamentais.
● Direitos Fundamentais relevantes mas são entrave à atuação do legislador e do juíz.
● Não tem em conta a evolução sofrida pelos direitos fundamentais, limitando-se a defender
uma ideia de interpretação conforme a CRP.
Teoria dos deveres de proteção - Canaris
● Direitos Fundamentais - normas das quais resultam deveres para o Estado e que este tem de
proteger, vinculando apenas entes públicos.
● DFs como proteção face às intromissões do Estado - direitos de defesa
● O poder público deve respeitar, garantir e proteger DFs contra ameaças e violações - deveres
de proteção.
● Estado de Direito não autoriza o particular a fazer justiça pelas próprias mãos, daí decorre o
dever geral do Estado de criar mecanismos para proteger os direitos.
● Princípio da proibição do défice - TC alemão - o Estado não pode proteger de menos.
● Alguns autores afirmam que sempre que existe violação de DF pelo particular, o Estado é
responsável porque tal só acontece quando não há boas leis ou fiscalização que impeça
violações - destinatário deste dever de proteção são o legislador e o julgador de Direito Civil.
○ MLA - nega esta ideia; Estado não tem dever genérico de legislar contra todos os
perigos imaginários e existentes; não é possível antever tudo o que possa surgir.
○ Não têm de existir leis para tudo; a regra é a liberdade.
● Teoria reconduz a vinculação das entidades públicas, pois é aos poderes públicos que cabe o
dever de proteger os Direitos Fundamentais.

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Artigo 18º CRP


Como se vinculam entidades privadas aos DFs:
● Autonomia do direito privado corresponde à liberdade de ação
○ Liberdade e livre autodeterminação - art. 26º CRP.
○ Livre desenvolvimento da personalidade como ideia de liberdade e autonomia para
viver segundo os projetos de vida e escolhas próprias.
○ Cláusula geral - suporte à liberdade do direito privado.
● Liberdade como direito fundamental - conflito de direitos: harmonização dos DFs com a
liberdade contratual e autonomia privada, mediante uma ponderação de bens ou valores.
● Direitos que valem contra particulares - art. 38º CRP
CRP não deixa claro se DFs são contra o Estado ou também contra particulares:
● Vinculação imediata - direitos fundamentais erga omnes - Gomes Canotilho
○ Art. 18, nº 1 - não faz restrições - entidades particulares estão imediatamente
vinculadas e DFs têm eficácia imediata, aplicando-se nos mesmos termos das relações
contra o Estado.
○ Entes privados não devem perturbar o exercício dos direitos fundamentais.
○ CRP não distingue relações entre privados simples ou de poder.
○ DFs não valem sem limitações - liberdade contratual e autonomia privada como
fundamento de restrição de direitos fundamentais.
○ Conflito de direitos: restringir e harmonizar os DFs por forma a salvaguardar outros.
● Vinculação mediata
○ Relações entre particulares são de liberdade e o Estado não deve intervir
excessivamente.
○ Igualdade vigora, mas não na mesma medida contra o Estado. Limites: dignidade da
pessoa humana e discriminação em categoria suspeita.
● Vieira de Andrade - importância do critério das relações de poder
○ Grau de desigualdade fáctica entre as partes - critério fundamental
○ DFs vigoram nas relações particulares, mas não diretamente. Exceção: casos de
relações privadas de poder.
○ Poder não tem de ser jurídico, basta que não exista igualdade porque há uma parte
vulnerável que tem de ser protegida.
○ Quanto maior a posição de supremacia de uma das partes, maior a sua vinculação ao
respeito do DF em causa.
■ Critério orientador - ver caso a caso como a relação de poder se manifesta e
ponderar a autonomia e livre personalidade com outros DFs.
○ Relações de particulares sem desequilíbrio de poderes - DFs não se aplicam - a regra
é a liberdade.
○ DFs valem indiretamente
○ O Estado, pelas suas normas ou poder judicial aplica os DFs nas relações particulares.

Vinculação ao Princípio da Igualdade e a concretização legislativa - Lei 93/2017, de 23 de Agosto


Artigo 26º CRP - direito à proteção legal contra todas as formas de discriminação.
● Obriga o Estado a legislar para proibir a discriminação, designadamente, entre particulares.
● Dever especial de proteção.
● Legislador tem dever de fazer leis nos domínios da vida privada em que se justifica.
● Concretização da igualdade nas relações entre particulares.
● Lei nº 93/2017, de 23 de Agosto - art. 2º e 4º

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Vieira de Andrade
● Lei nº 93/2017, de 23 de Agosto - não vale de forma imediata para os particulares porque a
regra é a liberdade.
● Igualdade como limite face a situações que incidam sobre categorias suspeitas - art. 13º, nº 2
CRP - e atende à dignidade da pessoa humana.
● O Estado está obrigado a respeitar o Princípio da Igualdade, mas os particulares podem
livremente escolher quem contratar, sem justificações nem preocupações igualitárias, sob
pena de restringir excessivamente a sua autonomia.
● Imposição legítima de deveres específicos de igualdade de tratamento - art. 13º CRP
○ Princípio objetivo, vale para todos os ordenamentos jurídicos.
○ Vale também o direito subjetivo à igualdade.
○ Princípio vigora no direito privado, harmonizável com a autonomia privada
○ Averiguar se estamos perante entidades privadas detentoras de poder social ou
económico de facto - relações de poder e vulnerabilidade.
○ Intensidade do princípio da igualdade não é sempre a mesma - varia em função do
desequilíbrio negocial existente e da autonomia real das partes.
● DESC são direitos fundamentais com força constitucional, pelo que podem e devem ter
eficácia nas relações entre particulares.

Enquadramento: meios formais e informais, jurisdicionais e não-jurisdicionais, estaduais e


internacionais de defesa de Direitos Fundamentais
● Indicadores que um Estado é amigo dos Direitos Fundamentais: cultura da defesa dos direitos
fundamentais; opinião pública atenta e organizada; estrutura do processo penal e previsão de
meios formais de reação a violações desses direitos.
● O sistema português tem debilidades. Poucos mecanismos formais de proteção específica dos
DFs que habilitem os cidadãos vítimas de atuações que ponham em causa bens jurídicos
fundamentais a uma reação célere e eficaz.

Mecanismos jurisdicionais de defesa de direitos


Mecanismos especificamente previstos na CRP:
● Habeas corpus (art. 31º CRP) - meio de reação a situações de privação ilegal da liberdade.
● Ação popular (art. 52º, nº3 CRP) - intervenção em juízo de pessoas que, não sendo titulares de
interesses diretos e pessoais, podem defender interesses difusos e fundamentais de todos.
Outros mecanismos:
● Restrição/suspensão de direitos
● Direitos fundamentais como limite material de revisão constitucional
● Reserva legislativa de AR na disciplina de direitos fundamentais
Vieira de Andrade: existência de armadura institucional/ normativa de proteção de direitos
fundamentais.
Mecanismo para uma pessoa proteger os seus direitos:
● Proteção jurídica sem lacunas - direito a conjunto de mecanismos que nos protegem e aos
nossos direitos
● Art. 20º CRP - Proteção jurídica
○ Acesso aos tribunais e ao Direito
○ Informação e consulta jurídica
○ Proteção jurídica é um Princípio e um Direito. É um meio que permite defender os
nossos direitos. → Direito-garantia

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○ Implica o acesso aos tribunais, mas principalmente que todo o processo seja
organizado para garantir uma tutela justa e em tempo útil (influência art. 6º CEDH).
● Art. 20º, nº 5 CRP - dever de criar mecanismos
○ Intimação para proteção de DLG - art. 109º e ss CPTA
○ Particular dirige-se ao tribunal administrativo para prevenir ou fazer cessar violação
de qualquer DLG - tribunais podem ordenar que a AP faça alguma coisa.
○ Processo urgente e que corre em tempos curtos: decisão de mérito célere.

Mecanismos não jurisdicionais


● Pouco eficazes para deter e sancionar violações de direitos básicos das pessoas.
● Intervenção das autoridades judiciais - muitas vezes - única alternativa operante que resta.
Queixa ao Provedor de Justiça - art. 23º e art. 52º CRP
● Provedor da Justiça - figura atenta e vocacionada - defesa e promoção dos DFs dos cidadãos.
● Órgão independente e imparcial - atuação independente dos meios graciosos e contenciosos.
● Eleito pela AR - art. 23º e art. 52º CRP.
● Papel institucional: assento no Conselho de Estado; poder de pedir a fiscalização da
constitucionalidade abstrata sucessiva ou por omissão.
● Lei nº 09/91 - art. 2º - objetivo: Controlar todos os poderes públicos, com foco na atividade
administrativa - também pode controlar poderes de entidades privadas; Cidadãos podem
apresentar-lhe queixas, que este analisa detalhadamente
● Age por iniciativa dos cidadãos e por iniciativa própria.
● Decisões judiciais não sujeitas a recurso para o Provedor de Justiça.
● Não tem poder decisório - pode dirigir recomendações aos órgãos competentes.
● Recurso informal com direito a contraditório.
Atuação de autoridades administrativas - previstas pela CRP ou criadas por lei
● Comissão Nacional de Proteção de Dados - art. 35º, nº 2 - existência obrigatória + L 58/2019
○ Entidade administrativa independente no exercício dos seus poderes, com autonomia
administrativa e financeira
○ Funciona junto da AR
○ Autoridade nacional de controlo para efeitos do RGPD - fiscaliza cumprimento do
RGPD, disposições legais e regulamentares de proteção de dados pessoais - defende
DLG no âmbito dos dados pessoais - art. 6º
○ Cidadãos podem fazer queixas e participações
○ Entidades públicas e privadas obrigadas a colaborar com a CNPD
● Entidade Reguladora da Comunicação Social - art. 39º - existência obrigatória - L 53/2005
○ Entidade administrativa independente com poderes de supervisão + poderes para
defesa dos DFs no âmbito da comunicação social.
○ Art. 6º, 7º e 8º - assegura direito à informação, liberdade de imprensa, exercício dos
direitos de antena e defesa dos direitos e dignidade humana na comunicação.
○ Art. 55º - qualquer interessado pode apresentar queixa de qualquer comportamento
suscetível de violar direitos fundamentais.
○ Entidade pode tomar posição pública em certas matérias.
● Comissão de Acesso aos documentos administrativos - art. 268º - L 26/2016 - art. 30º
○ Transpõe para a ordem jurídica interna duas diretivas da UE sobre fiscalização de
documentos
○ CPA consagra direito à informação procedimental: direito a uma informação mais
aberta.

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○ Competências - art. 30º - comissão pode apreciar queixas por faltas de resposta,
indeferimentos ou falta de acesso a documentos administrativos.
● Entidades administrativas com competências específicas no combate à discriminação
étnico-racial
○ Políticas de migração, gestão e valorização da diversidade cultural e religiosa
○ Atribuições: combate às formas de discriminação e promoção e dinamização da
participação de migrantes e seus descendentes.
○ Comissões que trabalham junto deste comissariado: CCPICC e CICDR
■ Órgão competente para apreciar e combater discriminação racial - L 93/2017
- regime jurídico da proteção contra discriminação com base na raça, etnia,
língua e fatores culturais.
■ Art. 8º - receber denúncias e abrir processos de contraordenação, realizar
diligências probatórias, pedir realização de diligências, decidir e aplicar
coimas.
■ Recolhe informação sobre práticas discriminatórias e publica esses dados,
aplica sanções quando há violação da proibição da discriminação -
competência articulada com outras instâncias de proteção.
■ Crime de discriminação racial - art. 240º CP
■ Proibição contra discriminação em diversos níveis - ex: código de trabalho.
■ Comissão aplica coimas e contraordenações.
● Direito de Petição - art. 52º CRP
○ Exercido perante órgãos de soberania, especificamente Provedor de Justiça - L 43/90.
○ Nº 2 - como pode ser exercido.
● Direito de Resistência - art. 21º CRP
○ Resistência a ordens que ofendam os nossos direitos mais básicos é antigo.
○ Importância da reação à lei injusta
○ Perde relevância à medida que um Estado constitucional representativo e de Direito
se consolida, ficando cada vez mais residual
■ Não é a forma típica de reação contra a violação de um direito - forma
subsidiária; defesa de última ratio; pode ser invocado quando todos os outros
direitos foram usados sem sucesso.
○ CRP permite resistência passiva e defensiva:
■ Passiva - recusar cumprir ordem, lei, não fazer o que é imposto ou fazer o que
a lei não permite.
■ Defensiva - repelir agressão a direitos para impedir que norma injusta seja
cumprida.
○ Manifestação da aplicabilidade direta de DLG - invocar diretamente direito de
resistência para defender direito constitucional - forma residual e não típica.
○ Proximidade com direito à objeção de consciência
○ Direito de natureza análoga a DLG
○ Vale em Estado de Exceção
○ Contempla legítima defesa - invocado contra entidades públicas e privadas
● Direito de reagir junto da AP a atos que ofendam direitos fundamentais
○ Atos de revogação de atos administrativos constitutivos de direitos - art. 140, nº 1/ b)
■ Impugnações administrativas - reclamações, recursos hierárquicos - próprios,
impróprios e tutelares - art. 158º a 177º CPA

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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles

Justiça Constitucional
● Recurso de amparo - mecanismo que CRP não estabelece; falha do nosso sistema de proteção
de direitos
● Espanha e Alemanha - Permitem ao indivíduo recurso ao TC diretamente aquando da
violação de um DF - ampara DFs.
● Características - Catarina Botelho
○ Subsidiário - indivíduo dirige-se ao TC para tutelar DFs, mas exigência que tenham
esgotado recursos a outras instâncias.
○ Específico - vocacionado para violações do TC
○ Extraordinário - acesso ao TC nas situações graves
● Generalização dos mecanismos de amparo - mecanismos não são iguais, mas há tendência
para consagrar figuras deste estilo, para proteger alguns direitos fundamentais:
○ Manuel Alexandrino - generalização paralela ao alargamento das possibilidades de
defesa dos direitos das pessoas
○ Relacionado com configuração dos tribunais: sistema com recurso de amparo é mais
subjetivista.
○ Competência do TC português - averiguar (in)constitucionalidade de determinada
norma, não prevê defesa da violação de um direito - função fiscalizadora
○ Muitas vezes - fiscalização concreta - enviadas para TC e rejeitadas porque o
requerente não identifica norma suscetível de fiscalização dado estar a recorrer da
decisão em si.
○ Não é reconhecido unanimemente como debilidade do sistema - se existir recurso de
amparo, ganhamos tutela:
■ Colocar questão diretamente ao TC sem ter se seguir processo existente;
■ Teríamos de mexer no sistema de fiscalização, senão existiriam
disfuncionalidades.
○ 1989-1997 - discutida introdução do recurso de amparo junto do TC, durante
processo de revisão constitucional - não houve consenso.
○ Para incorporar recurso de amparo - reconfigurar art. 280º CRP, senão sobreposição
de mecanismos.
■ Objeções à introdução de mecanismo de amparo constitucional:
● Desnecessidade: latitude de admissão de fiscalização concreta do TC
torna-o um quasi-amparo.
● Sobrecarga do TC: criação de mais um mecanismo de acesso ao TC
● Risco de aparecimento de atritos entre jurisdições.
■ Argumentos a favor da introdução de recurso de amparo:
● Incompletude do sistema e necessidade de clarificação dos termos da
intervenção do TC no recurso de constitucionalidade.
● Possibilidade de restringir recurso de decisões negativas de
inconstitucionalidade - art. 280º, nº 1/ b)
● Conveniência de criar mecanismo interno de recurso necessário antes
do apelo a instâncias internacionais.
○ Sistema de fiscalização concreta não é demasiado ágil. Só abrange normas, não
abrangendo a ação contra atos ou omissões da administração, dos tribunais da
administração e do poder político.
■ Autores defendem recurso de amparo para situação de violação de DLG -
direito é descaracterizado, deve haver possibilidade de recorrer diretamente
ao TC.

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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles

Proteção internacional dos direitos e articulação com o sistema interno


● DFs ligam-se à ideia de Estado. Proteção de direitos conjuga proteção de DFs com direitos
humanos através de instrumentos internacionais.
● Direitos Humanos - pós II GM - plano universal (Nações Unidas) + sistemas regionais (cada
Estado) - completam-se.
Proteção de direitos no âmbito da Convenção Europeia dos Direitos Humanos, assistida pelo TEDH:
● Mecanismos internos de proteção + mecanismos de reação a violações de direitos
consagrados em instrumentos internacionais: subjetivização do indivíduo no direito
internacional.
● Proteção multinível de DFs: CRP, legislação ordinária, CEDH, CDFUE, Convenções das
Nações Unidas + podermos dirigir-nos a órgãos dessas entidades para defender direitos
protegidos.
● Mecanismos: queixas interestaduais por parte do Estado - art. 28º e 51º PIDCP e art. 33º
CEDH + queixas individuais por parte das vítimas de violações de direitos humanos
fundamentais
● Mais instrumentos de proteção significa maior proteção, mas pode conduzir a maiores
incertezas na proteção - muitas instâncias de proteção implicam articulação entre tribunais.
Complementaridade - art. 16º CRP - reforçar a proteção dos direitos - António Vitorino
● Acesso subsidiário ao Direito Internacional: se o Estado não conseguir dar resposta,
esgotando-se os recursos internos, podemos saltar para um nível de proteção adicional.
● Muitas vezes temos o mesmo direito a ser protegido em vários textos: carta internacional
consagra nível mínimo de um direito, logo, se no plano interno houver uma proteção mais
elevada, prevalece a proteção interna - art. 53º CDFUE
● Relação com o direito internacional dos direitos humanos - art. 8º e 16º:
○ CRP admite que há DFs consagrados no Direito Internacional;
○ Direito Convencional tem força supralegal e infraconstitucional;
○ No âmbito dos direitos humanos - necessidade de interpretação diferenciada.
○ Alguns autores: princípio da amizade da CRP com direito internacional dos direitos
humanos - art. 7º e 16º CRP
● Ana Maria Guerra Martin:
○ Normas de DH que foram ius cogens - valem sobre CRP. Ordem pública internacional
deve prevalecer.
○ Norma de DI, sem ser de ius cogens - não tem caráter absoluto, mas relevante por
força do art. 16º CRP.
○ Princípios que são direito consuetudinário de DH - protegidos.
○ Tratados de DH - posição infraconstitucional - art. 8º CRP, mas alguns autores têm
solução diferenciada.
○ Direito Convencional - infraconstitucional mas supralegal. MAS se as normas forem
mais protetoras que CRP devem prevalecer; se forem menos protetoras, a CRP deve
prevalecer.
● Importância CEDH - TC na jurisprudência e Estado na legislação - grande impacto no plano
interno, mas não existe nenhuma referência expressa no texto constitucional.
○ Primado do DUE sobre Direito Interno - art. 8º, nº 4 CRP - situação não linear quanto
ao Direito Constitucional.
○ Normas favoráveis aos direitos prevalecem sobre as normas internas, mesmo sobre as
normas constitucionais para salvaguardar nível de proteção mais elevado.

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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles

Direito de acesso do indivíduo às instâncias internacionais


● Queixa ao TEDH: mecanismo de acesso do indivíduo às instâncias internacionais. Outro
mecanismo é a Queixa ao Comité dos DH.
● TEDH: órgão garantia da CEDH para salvaguardar DH e liberdades fundamentais, assinada
em 1950 no âmbito do Conselho da Europa.
○ Fixa a ordem pública europeia - princípios fundamentais que unem Estados Europeus
- Estado de Direito Democrático, pluralismo, respeito pelos DFs.
● Conselho da Europa - Pós II GM para fortalecer Estado de Direito + promover proteção
regional dos Direitos Humanos.
○ Essencialmente direitos de 1ª geração - direitos sociais não incluídos lá, só na Carta
Social Europeia.
○ TEDH tem retirado Direitos Sociais do diploma: jurisprudência criativa tem tido
papel importante na efetivação de direitos - CEDH é evolutiva - protocolos adicionais
■ Trabalho de atualização da CEDH feito pelo TEDH - perspetiva atualista -
olha para direitos previstos na Convenção e aplica-os a novas realidades.
● Competência do TEDH:
○ Vinculativa - emite decisões que tem de ser adotadas pelas partes
○ Consultiva

Mecanismo de Queixa Individual ao TEDH - art. 49º ss


Condições de admissibilidade:
● Provar que houve efetivamente violação de direitos e liberdades consagrados na CEDH
● Competência ratione materiae - quem atuou contrariamente à CEDH foi um Estado-parte
dessa mesma Convenção
● Competência ratione personae - quem pode recorrer ao tribunal - artigos iniciais + art. 33º e
34º CEDH.
● Competência ratione temporis - CEDH não vincula uma Alta-parte contraente quanto a factos
que tiveram lugar antes da entrada em vigor da CEDH.
Competência ratione loci - Art. 1º: as pessoas são os titulares de direitos definidos na CEDH
● CEDH aplica-se nas relações entre Estados-parte e as pessoas sob a sua jurisdição.
● Uma pessoa pode demandar o seu Estado perante um tribunal para defesa dos seus direitos
● Factos que tenham constituído violações da CEDH têm de ocorrer no território dos
Estados-parte ou fora dos Estados-parte, desde que o Estado-parte esteja a exercer a sua
jurisdição (estrangeiro pode interpor queixa contra o Estado).
● Estados devem abster-se de violar direitos previstos na Convenção e assegurar direitos através
de lei ou atuações adequadas.
Requisitos - art. 35º CEDH:
● Para recorrer ao TEDH é preciso esgotar previamente todos os recursos internos
● Tribunal verifica inicialmente se há ou não esgotamento de recursos internos.
○ Flexibilidade e recusa e formalismos excessivos: só é necessário provar que se
tentaram todos os meios que, na situação concreta, eram acessíveis, adequados,
eficazes e eficientes → exclusão da Petição ao Provedor da Justiça e meios que
demorem excessivamente.
Prazo para interposição de uma queixa: 4 meses a contar da notificação da decisão interna definitiva -
art. 35º. Decorrido esse prazo, a queixa é considerada inadmissível.
Funcionamento do Tribunal:
● Art. 24º - a queixa pode ser apreciada em 4 modalidades: juiz singular, comité de 3 juízes,
secção de 7 juízes e tribunal pleno com 17 juízes

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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles

● Art. 46º - TEDH aprecia queixa e emite uma decisão à qual os Estados estão vinculados e
obrigados a respeitar e executar.
Outros requisitos:
● Sistema com vários momentos de filtragem
● Se TEDH considerar queixa inadmissível - decisão não tem recurso. Para ser considerada
admissível:
○ Autor devidamente identificado
○ Conteúdo novo
○ Manifestamente fundada - têm de existir indícios de que houve violação da CEDH
○ Exigência de prejuízo significativo - avaliação relativa, depende das circunstâncias do
caso concreto; a gravidade da violação parte da perceção subjetiva do requerente, mas
tem de se apoiar em razões objetivas.
● Se juiz considerar admissível - queixa passa para um comité ou secção
● Comité:
○ Pode considerar queixa inadmissível ou mandar arquivar a petição - art. 28º
○ Pode decidir que a pretensão é similar a outros casos, repetitiva.
Decisão - art. 27º a 30º CEDH:
● Queixa continua - secção de 7 juízes - admissível ou não e tomada de decisão (pelos 7 juízes)
● Pode ser promovida conciliação entre as partes e a situação pode ser resolvida
● Questão grave com interpretação de protocolos - Comissão recorre a tribunal pleno
● No processo, o Estado é ouvido e pode manifestar-se
● Se o tribunal entender que existe violação de protocolos - condenar Estado-parte ao
pagamento de justa compensação ao autor da queixa - art. 41º
● Decisão pode ter recurso para tribunal pleno - se não for pedido, torna-se definitiva - art. 44º e
46º
Acordo amigável - art. 38º
● Não se prolonga processo judicial
● TEDH supervisiona resolução do litígio para garantir que não ofende valores da CEDH
● Solução por acordo amigável entre as partes
Providências cautelares - art. 39º
● Quem interpõe queixa por violação dos direitos da CEDH pode pedir providências cautelares
(medidas provisórias), normalmente em situações graves.
Consequências
● Decisão do TEDH não anula nem revoga decisões de tribunais internos
● TEDH só verifica se houve violação, o Estado é que vai retirar as consequências e cumprir as
decisões do TEDH no seu plano interno,
● Estabilidade das decisões do TEDH → eficácia geral (jurisprudência)
● Fundamento de um pedido de revisão da sentença - art. 449, nº 1/g CPP; art. 696º/f CPC.
Acórdão piloto
● Problema colocado é uma questão estrutural sobre a qual incidem/ podem incidir muitas
queixas. Em vez de julgar caso a caso, o TEDH pode proferir acórdão piloto - art. 61º
Regulamento do TEDH.

Importância de jurisprudência internacional


A jurisprudência internacional tem um efeito individual e generalizado sobre os ordenamentos
jurídicos dos Estados. Os tribunais nacionais têm em conta a jurisprudência do TEDH → diálogo
entre jurisdições e tribunais.

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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles

TEDH utiliza proporcionalidade e controlo das restrições em termos semelhantes ao art. 18º CRP:
decisões dos tribunais mais fáceis; permite que se inspirem nas decisões dos tribunais europeus.
Margem de apreciação - a realidade não é homogénea:
● TEDH tem de conseguir uma decisão que represente os atores europeus sobre os direitos -
afirmar conjunto de princípios comuns e abrir espaço para que Estados possam afirmar as
suas particularidades.
● Se TEDH verificar que não há consenso em determinados domínios: reconhece que os
Estados podem ter soluções diferentes para determinada questão, uma vez que estão mais
próximos do problema.
● Questões sensíveis - margem de apreciação dos Estados é reduzida
● Questões com grande consenso entre os Estados - TEDH dá maior amplitude às jurisdições
nacionais - gera incerteza.
○ Alguns autores: é bom articular pluralismo jurídico
○ Outros autores: timidez do TEDH; devia ser mais veemente ao controlar os Estados e
acaba por dar-lhes liberdade em situações em que não devia.
● Influência do TEDH é inegável nas ordens nacionais, de modo a que os tribunais nacionais se
inspirem e tenham em conta a jurisprudência do TEDH → diálogo entre diversos níveis de
proteção.

Resuminho TC → TEDH
● Competência do TC português - averiguar (in)constitucionalidade de determinada norma, não
prevê defesa da violação de um direito - função fiscalizadora.
● Se o particular, no âmbito da fiscalização concreta, não vir o seu direito protegido, ou seja, se
o TC declarar constitucional a norma, pode recorrer ao TEDH, desde que o direito violado
esteja na CEDH.
● A decisão do TEDH vai vincular o Estado. Não revoga nem anula a decisão tomada
internamente, mas declara a violação e o Estado terá de tomar as devidas providências.
● A nível estadual, não há recurso de amparo que permita ao particular recorrer ao TC no
âmbito de uma violação de um DF. No máximo, desencadeia a fiscalização concreta,
fiscalizando a constitucionalidade da norma, mas não protege diretamente o DF.
● Os particulares podem recorrer ao TEDH antes do TC decidir, porque o TC não conta como
via de recurso.

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