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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles
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Resumos de Direitos Fundamentais - Clara Meireles
Vinculação das entidades privadas: o problema dos direitos fundamentais nas relações entre
particulares
Vinculação de entidades privadas aos direitos fundamentais
● Direitos Fundamentais são defesa do indivíduo face ao Estado.
● Vinculação da entidades privadas não foi suscitada inicialmente, porque o que se pretendia era
limitar o poder do Estado.
● Entidades privadas vinculadas aos direitos fundamentais - Art. 18º, nº 1 CRP - norma não
inteiramente conclusiva:
○ Uns autores - eficácia horizontal dos direitos fundamentais (relações do mesmo nível)
por oposição à eficácia vertical que existe por parte do Estado numa relação de
supra-infra ordenação.
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Vieira de Andrade
● Lei nº 93/2017, de 23 de Agosto - não vale de forma imediata para os particulares porque a
regra é a liberdade.
● Igualdade como limite face a situações que incidam sobre categorias suspeitas - art. 13º, nº 2
CRP - e atende à dignidade da pessoa humana.
● O Estado está obrigado a respeitar o Princípio da Igualdade, mas os particulares podem
livremente escolher quem contratar, sem justificações nem preocupações igualitárias, sob
pena de restringir excessivamente a sua autonomia.
● Imposição legítima de deveres específicos de igualdade de tratamento - art. 13º CRP
○ Princípio objetivo, vale para todos os ordenamentos jurídicos.
○ Vale também o direito subjetivo à igualdade.
○ Princípio vigora no direito privado, harmonizável com a autonomia privada
○ Averiguar se estamos perante entidades privadas detentoras de poder social ou
económico de facto - relações de poder e vulnerabilidade.
○ Intensidade do princípio da igualdade não é sempre a mesma - varia em função do
desequilíbrio negocial existente e da autonomia real das partes.
● DESC são direitos fundamentais com força constitucional, pelo que podem e devem ter
eficácia nas relações entre particulares.
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○ Implica o acesso aos tribunais, mas principalmente que todo o processo seja
organizado para garantir uma tutela justa e em tempo útil (influência art. 6º CEDH).
● Art. 20º, nº 5 CRP - dever de criar mecanismos
○ Intimação para proteção de DLG - art. 109º e ss CPTA
○ Particular dirige-se ao tribunal administrativo para prevenir ou fazer cessar violação
de qualquer DLG - tribunais podem ordenar que a AP faça alguma coisa.
○ Processo urgente e que corre em tempos curtos: decisão de mérito célere.
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○ Competências - art. 30º - comissão pode apreciar queixas por faltas de resposta,
indeferimentos ou falta de acesso a documentos administrativos.
● Entidades administrativas com competências específicas no combate à discriminação
étnico-racial
○ Políticas de migração, gestão e valorização da diversidade cultural e religiosa
○ Atribuições: combate às formas de discriminação e promoção e dinamização da
participação de migrantes e seus descendentes.
○ Comissões que trabalham junto deste comissariado: CCPICC e CICDR
■ Órgão competente para apreciar e combater discriminação racial - L 93/2017
- regime jurídico da proteção contra discriminação com base na raça, etnia,
língua e fatores culturais.
■ Art. 8º - receber denúncias e abrir processos de contraordenação, realizar
diligências probatórias, pedir realização de diligências, decidir e aplicar
coimas.
■ Recolhe informação sobre práticas discriminatórias e publica esses dados,
aplica sanções quando há violação da proibição da discriminação -
competência articulada com outras instâncias de proteção.
■ Crime de discriminação racial - art. 240º CP
■ Proibição contra discriminação em diversos níveis - ex: código de trabalho.
■ Comissão aplica coimas e contraordenações.
● Direito de Petição - art. 52º CRP
○ Exercido perante órgãos de soberania, especificamente Provedor de Justiça - L 43/90.
○ Nº 2 - como pode ser exercido.
● Direito de Resistência - art. 21º CRP
○ Resistência a ordens que ofendam os nossos direitos mais básicos é antigo.
○ Importância da reação à lei injusta
○ Perde relevância à medida que um Estado constitucional representativo e de Direito
se consolida, ficando cada vez mais residual
■ Não é a forma típica de reação contra a violação de um direito - forma
subsidiária; defesa de última ratio; pode ser invocado quando todos os outros
direitos foram usados sem sucesso.
○ CRP permite resistência passiva e defensiva:
■ Passiva - recusar cumprir ordem, lei, não fazer o que é imposto ou fazer o que
a lei não permite.
■ Defensiva - repelir agressão a direitos para impedir que norma injusta seja
cumprida.
○ Manifestação da aplicabilidade direta de DLG - invocar diretamente direito de
resistência para defender direito constitucional - forma residual e não típica.
○ Proximidade com direito à objeção de consciência
○ Direito de natureza análoga a DLG
○ Vale em Estado de Exceção
○ Contempla legítima defesa - invocado contra entidades públicas e privadas
● Direito de reagir junto da AP a atos que ofendam direitos fundamentais
○ Atos de revogação de atos administrativos constitutivos de direitos - art. 140, nº 1/ b)
■ Impugnações administrativas - reclamações, recursos hierárquicos - próprios,
impróprios e tutelares - art. 158º a 177º CPA
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Justiça Constitucional
● Recurso de amparo - mecanismo que CRP não estabelece; falha do nosso sistema de proteção
de direitos
● Espanha e Alemanha - Permitem ao indivíduo recurso ao TC diretamente aquando da
violação de um DF - ampara DFs.
● Características - Catarina Botelho
○ Subsidiário - indivíduo dirige-se ao TC para tutelar DFs, mas exigência que tenham
esgotado recursos a outras instâncias.
○ Específico - vocacionado para violações do TC
○ Extraordinário - acesso ao TC nas situações graves
● Generalização dos mecanismos de amparo - mecanismos não são iguais, mas há tendência
para consagrar figuras deste estilo, para proteger alguns direitos fundamentais:
○ Manuel Alexandrino - generalização paralela ao alargamento das possibilidades de
defesa dos direitos das pessoas
○ Relacionado com configuração dos tribunais: sistema com recurso de amparo é mais
subjetivista.
○ Competência do TC português - averiguar (in)constitucionalidade de determinada
norma, não prevê defesa da violação de um direito - função fiscalizadora
○ Muitas vezes - fiscalização concreta - enviadas para TC e rejeitadas porque o
requerente não identifica norma suscetível de fiscalização dado estar a recorrer da
decisão em si.
○ Não é reconhecido unanimemente como debilidade do sistema - se existir recurso de
amparo, ganhamos tutela:
■ Colocar questão diretamente ao TC sem ter se seguir processo existente;
■ Teríamos de mexer no sistema de fiscalização, senão existiriam
disfuncionalidades.
○ 1989-1997 - discutida introdução do recurso de amparo junto do TC, durante
processo de revisão constitucional - não houve consenso.
○ Para incorporar recurso de amparo - reconfigurar art. 280º CRP, senão sobreposição
de mecanismos.
■ Objeções à introdução de mecanismo de amparo constitucional:
● Desnecessidade: latitude de admissão de fiscalização concreta do TC
torna-o um quasi-amparo.
● Sobrecarga do TC: criação de mais um mecanismo de acesso ao TC
● Risco de aparecimento de atritos entre jurisdições.
■ Argumentos a favor da introdução de recurso de amparo:
● Incompletude do sistema e necessidade de clarificação dos termos da
intervenção do TC no recurso de constitucionalidade.
● Possibilidade de restringir recurso de decisões negativas de
inconstitucionalidade - art. 280º, nº 1/ b)
● Conveniência de criar mecanismo interno de recurso necessário antes
do apelo a instâncias internacionais.
○ Sistema de fiscalização concreta não é demasiado ágil. Só abrange normas, não
abrangendo a ação contra atos ou omissões da administração, dos tribunais da
administração e do poder político.
■ Autores defendem recurso de amparo para situação de violação de DLG -
direito é descaracterizado, deve haver possibilidade de recorrer diretamente
ao TC.
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● Art. 46º - TEDH aprecia queixa e emite uma decisão à qual os Estados estão vinculados e
obrigados a respeitar e executar.
Outros requisitos:
● Sistema com vários momentos de filtragem
● Se TEDH considerar queixa inadmissível - decisão não tem recurso. Para ser considerada
admissível:
○ Autor devidamente identificado
○ Conteúdo novo
○ Manifestamente fundada - têm de existir indícios de que houve violação da CEDH
○ Exigência de prejuízo significativo - avaliação relativa, depende das circunstâncias do
caso concreto; a gravidade da violação parte da perceção subjetiva do requerente, mas
tem de se apoiar em razões objetivas.
● Se juiz considerar admissível - queixa passa para um comité ou secção
● Comité:
○ Pode considerar queixa inadmissível ou mandar arquivar a petição - art. 28º
○ Pode decidir que a pretensão é similar a outros casos, repetitiva.
Decisão - art. 27º a 30º CEDH:
● Queixa continua - secção de 7 juízes - admissível ou não e tomada de decisão (pelos 7 juízes)
● Pode ser promovida conciliação entre as partes e a situação pode ser resolvida
● Questão grave com interpretação de protocolos - Comissão recorre a tribunal pleno
● No processo, o Estado é ouvido e pode manifestar-se
● Se o tribunal entender que existe violação de protocolos - condenar Estado-parte ao
pagamento de justa compensação ao autor da queixa - art. 41º
● Decisão pode ter recurso para tribunal pleno - se não for pedido, torna-se definitiva - art. 44º e
46º
Acordo amigável - art. 38º
● Não se prolonga processo judicial
● TEDH supervisiona resolução do litígio para garantir que não ofende valores da CEDH
● Solução por acordo amigável entre as partes
Providências cautelares - art. 39º
● Quem interpõe queixa por violação dos direitos da CEDH pode pedir providências cautelares
(medidas provisórias), normalmente em situações graves.
Consequências
● Decisão do TEDH não anula nem revoga decisões de tribunais internos
● TEDH só verifica se houve violação, o Estado é que vai retirar as consequências e cumprir as
decisões do TEDH no seu plano interno,
● Estabilidade das decisões do TEDH → eficácia geral (jurisprudência)
● Fundamento de um pedido de revisão da sentença - art. 449, nº 1/g CPP; art. 696º/f CPC.
Acórdão piloto
● Problema colocado é uma questão estrutural sobre a qual incidem/ podem incidir muitas
queixas. Em vez de julgar caso a caso, o TEDH pode proferir acórdão piloto - art. 61º
Regulamento do TEDH.
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TEDH utiliza proporcionalidade e controlo das restrições em termos semelhantes ao art. 18º CRP:
decisões dos tribunais mais fáceis; permite que se inspirem nas decisões dos tribunais europeus.
Margem de apreciação - a realidade não é homogénea:
● TEDH tem de conseguir uma decisão que represente os atores europeus sobre os direitos -
afirmar conjunto de princípios comuns e abrir espaço para que Estados possam afirmar as
suas particularidades.
● Se TEDH verificar que não há consenso em determinados domínios: reconhece que os
Estados podem ter soluções diferentes para determinada questão, uma vez que estão mais
próximos do problema.
● Questões sensíveis - margem de apreciação dos Estados é reduzida
● Questões com grande consenso entre os Estados - TEDH dá maior amplitude às jurisdições
nacionais - gera incerteza.
○ Alguns autores: é bom articular pluralismo jurídico
○ Outros autores: timidez do TEDH; devia ser mais veemente ao controlar os Estados e
acaba por dar-lhes liberdade em situações em que não devia.
● Influência do TEDH é inegável nas ordens nacionais, de modo a que os tribunais nacionais se
inspirem e tenham em conta a jurisprudência do TEDH → diálogo entre diversos níveis de
proteção.
Resuminho TC → TEDH
● Competência do TC português - averiguar (in)constitucionalidade de determinada norma, não
prevê defesa da violação de um direito - função fiscalizadora.
● Se o particular, no âmbito da fiscalização concreta, não vir o seu direito protegido, ou seja, se
o TC declarar constitucional a norma, pode recorrer ao TEDH, desde que o direito violado
esteja na CEDH.
● A decisão do TEDH vai vincular o Estado. Não revoga nem anula a decisão tomada
internamente, mas declara a violação e o Estado terá de tomar as devidas providências.
● A nível estadual, não há recurso de amparo que permita ao particular recorrer ao TC no
âmbito de uma violação de um DF. No máximo, desencadeia a fiscalização concreta,
fiscalizando a constitucionalidade da norma, mas não protege diretamente o DF.
● Os particulares podem recorrer ao TEDH antes do TC decidir, porque o TC não conta como
via de recurso.
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