Você está na página 1de 4

DISCIPLINA: Direito Constitucional

PROFESSOR: Bernardo Fernandes


MATÉRIA: Poder Constitucional

Indicações bibliográficas:
• Curso de Direito Constitucional, Bernardo Gonçalves Fernandes

Leis e artigos importantes:


• Art. 2º ADCT
• Art. 18 §2º CRFB/88
• Art. 33 caput CRFB/88
• Art. 60 § 4º CRFB/88
• Art. 90 §2º CRFB/88
• Art. 196 CRFB/88
• Art. 205, 215 CRFB/88
• RE 410.715 STF

Palavras-chave:
• Norma Constitucional

TEMA: Poder Constitucional

PROFESSOR: Bernardo Fernandes


(continuação)

➢ Normas Constitucionais de Eficácia Limitada: São aquelas que não são bastantes
em si, pois, não reúnem todos os elementos para a produção de todos os efeitos e,
em virtude, disso necessitam de complementação de regulamentação para tal. Ou
seja, elas necessitam de uma atuação do Poder Público. São dotadas de uma
aplicabilidade indireta ou mediata. Existem dois tipos de Normas de Eficácia
Limitada.
❖ Princípios Institutivos: São aquelas que apresentam esquemas gerais
de organização e estruturação do nosso Estado Federal. Ex.: art. 18
§2º, art. 33 caput e art. 90 §2º da CRFB/88.
❖ Princípios Programáticos: São aquelas que estabelecem tarefas, fins e
programas para o Estado e a sociedade. Ex.: art. 196, 205, 215 da
CRFB/88.

Matéria: Direito Constitucional – Prof.: Bernardo Fernandes


Questões de prova sobre o tema

1ª Questão: Diferencie as Normas Constitucionais de Eficácia Contida das Normas


Constitucionais de Eficácia Limitada.
Normas Constitucionais de Eficácia Contida Normas Constitucionais de Eficácia
Limitada
Atuação do legislador Atuação do legislador
O legislador atua para conter o modo de eficácia O legislador atua para aumentar o âmbito de
eficácia

2ª Questão: Uma Norma Constitucional de Eficácia Limitada de Princípio Programático que


ainda não recebeu a atuação do legislador e nem do administrador é dotada de aplicabilidade e
eficácia?
Resposta: Essa Norma Constitucional tem aplicabilidade embora uma aplicabilidade
indireta ou mediata e uma eficácia limitada.

Observação¹: norma constitucional de eficácia limitada que não recebeu atuação do Poder
Público não produz todos os efeitos, mas produz alguns efeitos. Certo ou errado? R: Certo.

Observação²: Críticas a Teoria da Aplicabilidade:


1ª critica: essa teoria é de cunho semântico, que pré define a classificação das normas sem
levar em consideração as situações de aplicação, ou seja, ela acaba por confundir o texto da
norma com a norma.
2ª crítica: atualmente devido a judicialização da política e das relações sociais o STF com
base na Teoria do Mínimo Existencial Social de Direitos Fundamentais vem reconhecendo em
alguns julgados a aplicabilidade imediata a Normas Programáticas em temas como saúde e
educação. Ex.: Recurso Extraordinário 410.715

Outras Classificações
• Quanto a Vocação das Normas Constitucionais para a atuação do Poder Público (Carlos
Ayres Brito e Celso Bastos)
➢ Normas Constitucionais de Aplicação: são aquelas não vocacionadas a atuação do
Poder Público. (por equivalência as Normas de Eficácia Plena)
➢ Normas Constitucionais de Integração: são aquelas vocacionadas a atuação do
Poder Público. Se dividem em dois tipos:
❖ Restringíveis: aquelas em que o Poder Público atua para conter o âmbito de
sua eficácia.
❖ Completáveis: aquelas em que o Poder Público vai atuar para aumentar o
âmbito de sua eficácia. (equivale as Normas Constitucionais de Eficácia
Limitada).

• Maria Helena Diniz diferencia as Normas Constitucionais em:


➢ Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: são as Normas Constitucionais que
não admitem alteração ou modificação (imodificáveis). Ex.: Cláusulas Pétreas do art.
60 §4º da CRFB/88. Crítica a essa classificação: no Ordenamento Jurídico Brasileiro
não existem normas que não admitem alteração. As Cláusulas Pétreas podem ser

Matéria: Direito Constitucional – Prof.: Bernardo Fernandes


modificadas, desde que seja para ampliação. O que não pode ocorrer é uma
redução ou diminuição ou retirada de direitos (usurpação).
➢ Normas Constitucionais de Eficácia Plena: equivalem as Normas Constitucionais de
Eficácia Plena de José Afonso da Silva
➢ Normas Constitucionais de Eficácia Relativa Restringíveis: equivalem as Normas
Constitucionais de Eficácia Contida de José Afonso da Silva.
➢ Normas Constitucionais de Eficácia Relativa dependentes de complementação:
equivalem as Normas Constitucionais de Eficácia Limitada de José Afonso da Silva.

• Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida (Lammêgo Bulos): são aquelas que já


cumpriram sua função no ordenamento jurídico e que, portanto, tem sua eficácia finalizada,
exaurida. Ex.: art. 2º do ADCT

2. PODER CONSTITUINTE

Poder Constituinte é o poder o qual incumbe criar (elaborar), reformar (alterar) ou


complementar uma constituição.
• Poder Constituinte Originário: Elaborar a nova constituição
• Poder Constituinte Derivado Reformador: Reformar
• Poder Constituinte Decorrente: Complementar

Poder Constituinte Originário


1) Origem Histórica: Movimento do Constitucionalismo no séc. XVIII. Surge as constituições
escritas.
2) Autor: E.Sieyes escreve um livro chamado “O que é o 3º Estado?”. Neste livro ele lança as
bases da Teoria do Poder Constituinte.
3) Conceito de Poder Constituinte Originário: É um poder extraordinário que surge em um
momento extraordinário para romper com uma ordem e estabelecer uma nova ordem
constitucional para o Estado e a sociedade.

Questão: Podemos definir o PCO como um Poder Desconstitutivo e Constitutivo? Certo ou


Errado? Certo, o PCO é dotado de uma dupla face.

4) Classificação do Poder Constituinte quanto a Dimensão


➢ Poder Constituinte Material: é o conjunto de forças políticas e sociais que vão
apresentar uma nova ideia de direito (conteúdo de direito) para o Estado e a
sociedade.
➢ Poder Constituinte Formal: é aquele grupo encarregado de formalizar a ideia de
direito apresentada pelo Poder Constituinte Material, ou seja, é aquele grupo
encarregado de redigir a constituição.
5) Características do Poder Constituinte Originário
➢ Inicial: o PCO se apresenta como uma ruptura para constituir um novo Estado e
sociedade.
➢ Autônomo: só ao PCO cabe fixar as bases da nova constituição
➢ Ilimitado: o PCO não guarda limite no Direito Positivo anterior. Ele é ilimitado do
ponto de vista do Direito Positivo anterior. Essa é a corrente positivista (majoritária).

Matéria: Direito Constitucional – Prof.: Bernardo Fernandes


Observação: Para a corrente Jusnaturalista o PCO é limitado pelo Direito Natural
como: vida, liberdade, igualdade, dignidade.
3ª corrente: Tendência Sociológica ou Complexa ou Contemporânea: Entende que o
PCO é ilimitado pelo Direito Positivo anterior, porém, ele não é absoluto, pois,
existem sim limites internos na própria sociedade que o fez surgir e limites externos
em princípios de Direito Internacional: Princípio da não intervenção, Princípio da
Independência dos povos e Prevalência dos Direitos Humanos.
➢ Incondicionado: Significa que cabe ao PCO definir os procedimentos para
elaboração da nova constituição. Ele é incondicionado em termos procedimentais.
➢ Permanente: Mesmo após a elaboração da constituição o Poder Constituinte
continua vivo, ainda que em estado de latência (hibernação), pois está alocado no
povo que é o seu titular.
Observação: Qual a diferença entre o titular e o agente do PCO? O titular é o povo
que é permanente. O agente do PCO é aquele grupo encarregado de redigir a
constituição, este é passageiro.

Matéria: Direito Constitucional – Prof.: Bernardo Fernandes

Você também pode gostar