APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

As normas constitucionais classificam-se em: de eficácia plena, contida ou

limitada:
a) Normas de eficácia plena: São aquelas normas que desde a entrada em vigor da
Constituição já estão aptas a produzir efeitos, sendo, assim, autoaplicáveis e não
restringíveis. Possuem aplicabilidade direta, imediata e integral. São exemplos:
C.F. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal.
C.F. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos.

b) Normas de eficácia contida: São autoaplicáveis, mas restringíveis, pois o

legislador pode restringir a sua eficácia. Possuem aplicabilidade direta, imediata e
não-integral. Exemplo:
C.F. Art. 5º (...) XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.

c) Normas de eficácia limitada: Não são autoaplicáveis, isto é, necessitam de uma

norma posterior infraconstitucional para que tenha eficácia. Possuem aplicabilidade
indireta, mediata e reduzida (diferida).
As normas de eficácia limitada podem ser de dois tipos:
a) normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: são aquelas
em que o legislador traça em linhas gerais o seu conteúdo normativo e refere que a lei
irá estabelecer posteriormente as regras para que ocorra a sua aplicabilidade. São
exemplos:
CF, Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos
Territórios.
CF, Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da
administração pública.
b) normas declaratórias de princípios programáticos: são as que traçam
programas (diretrizes) que devem ser buscados e alcançados pelo poder público. São
exemplos a realização da justiça social, valorização do trabalho, amparo à família,
combate ao analfabetismo, etc. São exemplos:
CF. Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo
o bem-estar e a justiça sociais.
C.F. Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a
pesquisa e a capacitação tecnológicas.

As normas de eficácia limitada produzem dois tipos de efeitos jurídicos:

i) efeito negativo e;
ii) efeito vinculativo.
Quando uma norma de eficácia limitada não é regulamentada, surge uma
“omissão inconstitucional”, que pode ser combatida por meio de mandado de
injunção ou de ADO (Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão).
 O direito de greve dos servidores públicos é norma de eficácia limitada. O
direito de greve dos celetistas é norma de eficácia contida.
Na alta de norma regulamentadora do direito de greve dos servidores
públicos, o STF determinou que deve ser aplicada a lei de greve dos empregados
celetistas.
Na falta de lei complementar regulamentando a aposentadoria especial dos
servidores públicos, o STF editou a Súmula Vinculante nº 33, determinando que,
enquanto a referida lei complementar não for editada, devem ser aplicadas aos
servidores públicos as normas do RGPS relativas à aposentadoria especial.
Em regra, sempre que houver expressões como “salvo disposição em lei,
estabelecida em lei” será norma de eficácia contida; e quando houver expressões
como “a lei disporá” será norma de eficácia limitada.
Enquanto não houver lei a disciplinar norma de eficácia contida, esta poderá
ocorrer de forma plena; na norma de eficácia limitada ocorre o contrário, pois é
impossível o seu exercício enquanto não houver a sua regulamentação.
|Não existe normas de eficácia limitada dentro de todo o texto do art. 5° da
CF.