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PROJETO 13 QUESTÕES – P13 da OAB

Professor Mateus Silveira

Aula 2 – Direito Constitucional Teoria Geral da Constituição


Professor Mateus Silveira

FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIV - Primeira Fase


Edinaldo, estudante de Direito, realizou intensas reflexões a respeito da eficácia
e da aplicabilidade do Art. 14, § 4º, da Constituição da República, segundo o qual
“os inalistáveis e os analfabetos são inelegíveis”.
A respeito da norma obtida a partir desse comando, à luz da sistemática
constitucional, assinale a afirmativa correta.
A) Ela veicula programa a ser implementado pelos cidadãos, sem interferência
estatal, visando à realização de fins sociais e políticos.
B) Ela tem eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral, pois, desde
que a CRFB/88 entrou em vigor, já está apta a produzir todos os seus efeitos.
C) Ela apresenta contornos programáticos, dependendo sempre de
regulamentação infraconstitucional para alcançar plenamente sua eficácia.
D) Ela tem aplicabilidade indireta e imediata, não integral, produzindo efeitos
restritos e limitados em normas infraconstitucionais quando da promulgação da
Constituição da República.

Gabarito: B

A norma constante no art. 14, §4º da CF/88 é um exemplo de norma


constitucional de eficácia plena.

DA APLICABILIDADE E EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia;

Aplicabilidade: é a qualidade daquilo que é aplicável

Logo, todas as normas constitucionais são aplicáveis, pois todas são


dotadas de eficácia jurídica. Porém, esta capacidade de incidir imediatamente
sobre os fatos regulados não é uma característica de todas as normas
constitucionais.

As Normas de Eficácia Plena, não necessitam de legislação integradora


pois produzem todos os seus efeitos de plano, ou seja, tem aplicação direta,
independem de uma lei que venha mediar os seus efeitos; possuem
aplicabilidade imediata. Todas as normas que atribuem competência (arts. 21,
25 a 29 e 30; 145, 153, 154 e 155).

As normas de eficácia plena são aquelas capazes de produzir todos os


seus efeitos essenciais e necessários com a entrada em vigor da Constituição,
sem necessitar de nenhuma regulamentação por lei (infraconstitucional). São,
por isso, dotadas de aplicabilidade: A) imediata: eis que estão aptas a produzir
efeitos imediatamente, com a simples promulgação da Constituição. B) direta:
pois não dependem de nenhuma norma regulamentadora para a produção de
efeitos; e C) integral: porque já produzem seus integrais feitos, sem sofrer
quaisquer limitações ou restrições.

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Normas de Eficácia Contida – as que possuem eficácia plena e


aplicabilidade imediata até o advento de norma infraconstitucional que venha a
conter a extensão do mandamento constitucional. Exs: art. 5º, XIII da CF.
Faça a pergunta, para poder ser aplicada, a norma precisa de uma lei ou
decreto? Não (Portanto, é contida);

Norma de Eficácia Limitada – são as que necessitam de legislação


integradora, pois não produzem seus efeitos de imediato; possuem
aplicabilidade mediata. Dividem-se em:
a) Normas constitucionais de princípio institutivo – as que traçam esquemas
gerais de órgãos ou entidades. Ex: art. 224 (Conselho);
b) Normas constitucionais de princípio programático - que traçam princípios a
serem observados pelo legislador comum. Exs: arts. 196 (direito à saúde), 205
(à educação), 215 (à cultura), 227 (proteção à criança).

Para ser aplicada a norma precisa de uma lei ou decreto? Sim (Portanto, é
limitada);

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2) FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVII - Primeira Fase
Pedro, reconhecido advogado na área do direito público, é contratado para
produzir um parecer sobre situação que envolve o pacto federativo entre Estados
brasileiros. Ao estudar mais detidamente a questão, conclui que, para atingir seu
objetivo, é necessário analisar o alcance das chamadas cláusulas pétreas.
Com base na ordem constitucional brasileira vigente, assinale, dentre as
opções abaixo, a única que expressa uma premissa correta sobre o tema e que
pode ser usada pelo referido advogado no desenvolvimento de seu parecer.
A) As cláusulas pétreas podem ser invocadas para sustentar a existência de
normas constitucionais superiores em face de normas constitucionais inferiores,
o que possibilita a existência de normas constitucionais inconstitucionais.
B) Norma introduzida por emenda à constituição se integra plenamente ao texto
constitucional, não podendo, portanto, ser submetida a controle de
constitucionalidade, ainda que sob alegação de violação à cláusula pétrea.
C) Mudanças propostas por constituinte derivado reformador estão sujeitas ao
controle de constitucionalidade, sendo que as normas ali propostas não podem
afrontar cláusulas pétreas estabelecidas na Constituição da República.
D) Os direitos e as garantias individuais considerados como cláusulas pétreas
estão localizados exclusivamente nos dispositivos do Art. 5º, de modo que é
inconstitucional atribuir essa qualidade (cláusula pétrea) a normas fundadas em
outros dispositivos constitucionais.

Gabarito: C

A= Errado - É bastante discutida a questão de hierarquia das normas


constitucionais, mas a maioria da doutrina entende que não há hierarquia entre
as normas constitucionais;
B= Errado - EC é objeto de controle de Constitucionalidade (Poder Constituinte
Derivado de Reforma ou Reformador);
C= Sim está Correta, por exemplo EC estão sujeiras ao controle de
constitucionalidade tanto preventivo quanto repressivo;
D= Errado - Os direitos Fundamentais estão do Art. 5º ao Art. 17 da CF, bem
como a partir do Art. 193 ao Art. 232 da CF e se encontram inclusive fora da
constituição como prevê o §2º do Art. 5º da CF. Além disso, as cláusulas pétreas
não se restringem aos direitos fundamentais como se verifica no Art. 60, §4º da
CF.
Art. 5º, § 2º da CF Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Cláusulas Pétreas
Art. 60, § 4º da CF Não será objeto de deliberação a proposta de emenda
tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

DO PODER CONSTITUINTE:
1) Poder Constituinte Originário, de 1º Grau, Primário ou Genuíno

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É um poder de fato que vai instituir a Constituição de um Estado, de uma
Nação.
Este poder tem as seguintes características: inicial, absoluto, soberano,
ilimitado, independente e incondicionado.
O Poder Constituinte originário é a expressão da vontade suprema do
povo, social e juridicamente organizado.
O grande objeto da Constituição é estruturar o estado e limitar o seu poder
sobre as pessoas e as instituições que o compõem.
É importante se destacar que embora seja o poder constituinte originário
um poder absoluto e ilimitado, não podemos esquecer de que a vedação do
retrocesso nos temas de direitos humanos é uma limitação ao poder constituinte
originário, ou seja, a vedação do retrocesso é o impedimento de se reduzir um
direito previsto em tratado internacional de direitos humanos que o país faça
parte sendo signatário do mesmo, se configurando numa espécie de efeito
cliquet (efeito que estabelece se constitui na possibilidade de ampliação de
direitos, sem a possibilidade de redução dos direitos humanos/fundamentais).
2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DE REFORMA, DE
EMENDABILIDADE, DE 2º GRAU, SECUNDÁRIO DE MUDANÇA OU
REFORMADOR
É a possibilidade de alterar uma Constituição. No Brasil quem pode alterar
a constituição é o Congresso Nacional.
Características: secundário, relativo, condicionado e limitado.
São exemplos o Art. 60 da CF que regula as emendas constitucionais e o
Art. 3º do ADCT:
“Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados
da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do
Congresso Nacional, em sessão unicameral”.
Atenção as limitações circunstanciais previstas no Art. 60, § 1º da CF “§
1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,
de estado de defesa ou de estado de sítio”.

3. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE OU SECUNDÁRIO


FEDERATIVO
É o Poder constituinte dos Estados-membros da federação de se
constituírem, ou seja, de elaborarem suas próprias Constituições, respeitando os
princípios constitucionais.
Depende do poder originário, pois é o poder originário que autoriza os
entes federativos a elaborarem suas normas fundamentais.
Estados (Art. 25 da CF); Municípios (Art. 29, “caput” da CF); e Distrito Federal
(Art. 32, “caput” da CF).

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Professor Mateus Silveira
3) FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVI - Primeira Fase
José leu, em artigo jornalístico veiculado em meio de comunicação de
abrangência nacional, que o Supremo Tribunal Federal poderia, em sede de ADI,
reconhecer a ocorrência de mutação constitucional em matéria relacionada ao
meio ambiente. Em razão disso, ele procurou obter maiores esclarecimentos
sobre o tema. No entanto, a ausência de uma definição mais clara do que seria
“mutação constitucional” o impediu de obter um melhor entendimento sobre o
tema. Com o objetivo de superar essa dificuldade, procurou Jonas, advogado
atuante na área pública, que lhe respondeu, corretamente, que a expressão
“mutação constitucional”, no âmbito do sistema jurídico-constitucional brasileiro,
refere-se a um fenômeno
A) concernente à atuação do poder constituinte derivado reformador, no
processo de alteração do texto constitucional.
B) referente à mudança promovida no significado normativo constitucional, por
meio da utilização de emenda à Constituição.
C) relacionado à alteração de significado de norma constitucional sem que haja
qualquer mudança no texto da Constituição Federal.
D) de alteração do texto constitucional antigo por um novo, em virtude de
manifestação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Gabarito: C

O que é “Mutação Constitucional”?


Altera-se o sentido da norma constitucional sem modificar as palavras que
a expressam. Esta mudança pode ocorrer com o surgimento de um novo
costume constitucional ou pela via interpretativa
A resposta correta, portanto, é aquela segundo a qual o fenômeno está
“relacionado à alteração de significado de norma constitucional sem que haja
qualquer mudança no texto da Constituição Federal".

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