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APRESENTAÇÃO

Olá, pessoal, tudo certo?!


Em 03/03/2024, foi aplicada a prova objetiva do concurso público para Delegado de Polícia Civil do Estado
de Pernambuco. Assim que encerrada, nosso time de professores elaborou o gabarito extraoficial, que, agora,
será apresentado juntamente com a nossa PROVA COMENTADA.
Este material visa a auxiliá-los na aferição das notas, elaboração de eventuais recursos, verificação das chances
de avanço para fase discursiva, bem como na revisão do conteúdo cobrado no certame.
Desde já, destacamos que nosso time de professores identificou 1 questão passível de recurso e/ou que deve
se anulada, por apresentar duas ou nenhuma alternativa correta, como veremos adiante. No tipo de prova
comentado, trata-se da questão 92.
De modo complementar, elaboramos também o RANKING da PC-PE, em que nossos alunos e seguidores
poderão inserir suas respostas à prova, e, ao final, aferir sua nota, de acordo com o gabarito elaborado por
nossos professores. Através do ranking, também poderemos estimar a nota de corte da 1º fase. Essa ferramenta
é gratuita e, para participar, basta clicar no link abaixo:
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Além disso, montamos um caderno para nossos seguidores, alunos ou não, verem os comentários e comentar
as questões da prova:
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Por fim, comentaremos a prova, as questões mais polêmicas, as possibilidades de recurso, bem como a
estimativa da nota de corte no TERMÔMETRO PÓS-PROVA, no nosso canal do Youtube. Inscreva-se e
ative as notificações!

Estratégia Carreira Jurídica - YouTube

Esperamos que gostem do material e de todos os novos projetos que preparamos para que avancem rumo à
aprovação.
Contem sempre conosco.
Yasmin Ushara,
Coordenação de Rodadas do Estratégia Carreiras Jurídicas.
PROVA COMENTADA
POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO

QUESTÃO 01. No que diz respeito ao poder constituinte, assinale a opção correta.
a) O caráter inicial do poder constituinte originário no fato de que ele não se fundamente em outro, mas
cria uma nova ordem jurídica.
b) No plano jurídico doméstico, o poder constituinte originário encontra limite nos tratados e
convenções internacionais.
c) O titular do poder constituinte é o órgão que produz normas de natureza constitucional.
d) Na Constituição Federal de 1988, a principal limitação material ao poder de revisão consiste na
proibição de sua reforma durante a vigência de intervenção, estado de defesa ou estado de sítio.
e) Não existiu poder constituinte originário nos países de constituição flexível.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata do tema poder constituinte.
A alternativa A está correta. O poder constituinte originário é, por definição, inicial e ilimitado juridicamente.
Ele não se baseia em nenhuma ordem jurídica anterior, pois tem a função de instituir uma nova ordem jurídica,
criando uma nova Constituição. Por ser originário, ele é o ponto de partida do ordenamento jurídico de um
Estado, e não possui limites jurídicos prévios, uma vez que ainda não existe uma norma jurídica superior a
ele. Esse poder é caracterizado pela ausência de subordinação a qualquer outro poder.
A alternativa B está incorreta. O poder constituinte originário não reconhece limites jurídicos, internos ou
externos, já que ele estabelece a primeira norma fundamental de um ordenamento jurídico, a partir da qual
todas as demais normas deverão ser estabelecidas. Isso inclui tratados e convenções internacionais, que podem
ser incorporados ou não à nova ordem jurídica conforme as decisões tomadas durante o exercício desse poder.
A alternativa C está incorreta. O titular do poder constituinte não é simplesmente o órgão que produz normas
de natureza constitucional, mas sim o povo ou a nação, no conceito de poder constituinte originário. Órgãos
que produzem normas constitucionais, normalmente, atuam sob o poder constituinte derivado, que é
subordinado à Constituição.
A alternativa D está incorreta. A principal limitação material ao poder de revisão constitucional, segundo a
Constituição Federal de 1988, não está relacionada somente a períodos de intervenção, estado de defesa ou
estado de sítio (essas são limitações circunstanciais ao poder de reforma). As limitação material ao poder de
reforma, cláusulas pétreas, não podem ser abolidas nem mesmo fora dessas circunstâncias, como a forma
federativa do Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e
garantias individuais, conforme artigo 60, parágrafo 4º, da Constituição Federal.
A alternativa E está incorreta. Mesmo nos países de constituição flexível pode haver um poder constituinte
originário, no sentido de que uma nova ordem jurídica pode ser estabelecida rompendo com a ordem anterior.
A diferença em países com constituições flexíveis é que as alterações constitucionais não requerem um
processo mais rígido do que as alterações nas leis ordinárias, mas isso não significa que não possa existir um
poder constituinte originário que crie a primeira Constituição ou que recrie uma Constituição a partir do zero.

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QUESTÃO 02. A arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF)
a) deve ter sua petição inicial acompanhada de certidão autêntica do ato normativo impugnado.
b) dispensa intervenção do Procurador-Geral da República, se atacar norma infralegal.
c) pode ser liminarmente indeferida pelo relator, se sua petição inicial for inepta.
d) pode ser proposta por entidade voltada à defesa de direitos difusos e coletivos, desde que constituída
há mais de um ano.
e) é cabível, independentemente da existência de outra via processual adequada para impugnar ato
normativo, no campo do controle concentrado de constitucionalidade.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema descumprimento de preceito fundamental (ADPF).
A alternativa A está incorreta. A lei não exige que a petição inicial da ADPF seja acompanhada de certidão
autêntica do ato normativo impugnado. Basta a apresentação de cópia do ato normativo, conforme o art. 3º da
Lei 9.882/99.
A alternativa B está incorreta. A intervenção do Procurador-Geral da República é obrigatória em todos os
processos de ADPF, independentemente de se atacar uma norma infralegal ou constitucional, conforme o art.
2º da mesma lei.
A alternativa C está correta. De acordo com a Lei nº 9.882/99, que regula o processo e julgamento da Arguição
de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) perante o Supremo Tribunal Federal (STF), o relator
pode indeferir liminarmente a petição inicial se ele a considerar inepta, ou seja, se esta não atender aos
requisitos legais necessários para a sua instauração.
A alternativa D está incorreta. A entidade de defesa de direitos difusos e coletivos não pode propor a ADPF,
conforme o art. 2º, I da Lei 9.882/99. Nestes termos, podem propor arguição de descumprimento de preceito
fundamental os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade, não estando prevista este tipo de
entidade no artigo 2º da Lei da ADI (Lei 9868/99).
A alternativa E está incorreta. A ADPF é um instrumento de controle concentrado de constitucionalidade que
possui caráter subsidiário, ou seja, só é cabível quando não houver qualquer outro meio eficaz para sanar a
lesividade do ato impugnado, conforme o art. 4º, §1º da Lei 9.882/99. Isso implica que a ADPF não será
admitida se houver outro meio processual adequado para impugnar o ato normativo.

QUESTÃO 03. A respeito dos direitos fundamentais, assinale a opção correta.


a) Os direitos fundamentais, como as garantias, possuem caráter instrumental, isto é, denotam aspecto
exclusivamente acessório em relação a outros direitos.
b) A característica da imprescritibilidade estabelece que os direitos fundamentais assistem a todas as
pessoas.
c) Alguns direitos fundamentais aplicam-se não só nas relações dos indivíduos com o Estado, mas
também entre pessoas privadas, no que se conhece como eficácia horizontal desses direitos.
d) Os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 aplicam-se apenas aos brasileiros
e aos residentes no país.
e) Os direitos e as garantias fundamentais estão taxativamente enumerados no art. 5º da Constituição
Federal de 1988.

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Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema direitos fundamentais.
A alternativa A está incorreta. Os direitos fundamentais não possuem apenas um caráter instrumental; eles são
essenciais para a dignidade humana e para a realização dos demais direitos. Embora possam ter aspectos
instrumentais, eles também são valiosos em si mesmos.
A alternativa B está incorreta. A característica da imprescritibilidade dos direitos fundamentais não é sobre a
assistência a todas as pessoas, mas sim sobre o fato de que esses direitos não se perdem pelo decurso do tempo.
A universalidade é a característica que estabelece que os direitos fundamentais se aplicam a todas as pessoas.
A alternativa C está correta. Os direitos fundamentais, conforme entendimento consolidado na jurisprudência
e na doutrina, aplicam-se não apenas nas relações entre o indivíduo e o Estado, mas também nas relações entre
os próprios indivíduos. Esse fenômeno é conhecido como eficácia horizontal dos direitos fundamentais. Isso
significa que, em certas circunstâncias, os direitos fundamentais podem ser invocados em disputas entre
particulares, garantindo que os valores constitucionais permeiem todas as esferas da sociedade.
A alternativa D está incorreta. Os direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 aplicam-se
a todos, inclusive estrangeiros não residentes, conforme a melhor interpretação a ser dada ao artigo 5º, caput,
que, para a doutrina e jurisprudência do STF, não faz distinção de nacionalidade.
A alternativa E está incorreta. Embora o artigo 5º da Constituição Federal de 1988 enumere uma série de
direitos e garantias fundamentais, ele não os esgota, conforme parágrafo 2º do mesmo artigo. Existem outros
direitos fundamentais previstos em diferentes partes da Constituição, bem como aqueles que são reconhecidos
por tratados internacionais dos quais o Brasil é parte e os direitos implícitos ou decorrentes do regime e dos
princípios adotados pela Constituição.

QUESTÃO 04. Em relação aos remédios processuais constitucionais, assinale a opção correta.
a) Com o advento da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), firmou-se o entendimento de
que não mais cabe habeas data contra pessoa jurídica de direito privado.
b) Não cabe ação de mandado de segurança contra atos praticados em sociedade de economia mista,
dada a natureza deles de pessoa jurídica de direito privado.
c) A ação de habeas corpus não é adequada para proteger o direito dos usuários de internet navegarem
por sítios eletrônicos, porque a liberdade de locomoção que ela protege é física.
d) Devido à existência do controle concentrado de constitucionalidade, não cabe mandado de segurança
contra ato do Poder Legislativo.
e) A ação de habeas corpus é cabível apenas quando alguém tenha sofrido restrição ilegal de sua
liberdade de locomoção e não deve substituir recurso no processo penal.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema remédios processuais constitucionais.
A alternativa A está incorreta. Mesmo após o advento da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD),
ainda cabe habeas data contra pessoa jurídica de direito privado, especialmente para assegurar o conhecimento
de informações relativas à pessoa do impetrante, ou a retificação desses dados, conforme previsto na
Constituição Federal e não excluído pela LGPD.
A alternativa B está incorreta. É possível impetrar mandado de segurança contra atos de sociedades de
economia mista que exerçam funções públicas ou poder de autoridade, em conformidade com a Súmula 333

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do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reconhece a possibilidade de mandado de segurança contra ato
administrativo praticado em sociedade de economia mista.
A alternativa C está correta. O habeas corpus é um remédio constitucional destinado a proteger o direito de
locomoção física do indivíduo, isto é, o direito de ir, vir e permanecer. Ele não é aplicável a situações que
dizem respeito à navegação por sítios eletrônicos na internet, que não envolvem restrição à liberdade física de
movimento de uma pessoa.
A alternativa D está incorreta. Embora haja um sistema de controle concentrado de constitucionalidade, o
mandado de segurança pode ser cabível contra atos do Poder Legislativo que não sejam atos normativos
abstratos. Ou seja, atos concretos e administrativos praticados pelo Poder Legislativo podem ser impugnados
por mandado de segurança. Ademais, existe a possibilidade de utilização do mandado de segurança ao
parlamentar para assegurar o seu direito líquido e certo ao correto processo legislativo.
A alternativa E está incorreta. O habeas corpus não é cabível apenas em situações de restrição ilegal da
liberdade de locomoção; ele também pode ser preventivo, isto é, para evitar uma ameaça à liberdade de
locomoção. Além disso, o habeas corpus pode ser utilizado em certas situações como substitutivo de recurso
próprio, conforme a jurisprudência dos tribunais superiores, embora essa prática seja excepcional.

QUESTÃO 05. No que diz respeito às atribuições das polícias na Constituição Federal de 1988 (CF),
julgue os seguintes itens.
I. Cabe às polícias civis a apuração de todas as infrações penais, salvo as infrações militares.
II. É juridicamente válida a criação, por lei estadual, de órgão de polícia científica que necessariamente
componha a estrutura da Polícia Civil.
III. As polícias de investigação criminal também exercem atividade administrativa não voltada à
elucidação de infrações penais.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata do tema polícias na Constituição Federal de 1988.
O item I está incorreto porque, de acordo com o artigo 144 da Constituição Federal de 1988, não cabe
exclusivamente às polícias civis a apuração de todas as infrações penais. A Constituição estabelece uma
repartição de competências entre as diversas polícias. As polícias civis são responsáveis pela apuração das
infrações penais, exceto as militares, mas a Polícia Federal também tem atribuições específicas, como a
apuração de infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses
da União, incluindo outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional que exija
repressão uniforme.
O item II está correto porque a Constituição Federal permite que os estados organizem suas polícias civis com
base em suas necessidades e conforme definido em lei. A criação de um órgão de polícia científica pode ser
uma dessas organizações, e a ADI 6621 reforça que tal órgão pode compor a estrutura da Polícia Civil do

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estado, desde que a criação seja feita por meio de lei estadual e respeite os princípios e normas gerais
estabelecidos pela Constituição.
O item III está correto porque as polícias de investigação criminal, além de suas funções judiciárias de
apuração de infrações penais, também exercem atividades administrativas. Essas atividades administrativas
não estão voltadas diretamente para a elucidação de infrações penais, mas podem envolver, por exemplo, a
gestão de recursos humanos, controle de patrimônio, emissão de certidões e atendimento ao público em geral.
Essas funções administrativas são essenciais para o suporte das atividades-fim das polícias.
Considerando que apenas os itens II e III estão certos, conforme indicado na letra D, as demais alternativas
indicadas nas letras A, B, C e E estão incorretas.

QUESTÃO 06. A respeito da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (CADH), também
conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, assinale a opção correta.
a) A CADH não veda nem estabelece restrições à aplicação da pena de morte, desde que esta esteja
definida na legislação dos países e desde que estes garantam o devido processo legal aos acusados.
b) A CADH protege, sem limitações, o direito de reunião pacífica e sem armas.
c) O direito ao duplo grau de jurisdição, que é aplicado em todos os processos criminais no Brasil,
decorre da CADH.
d) Os Estados signatários da CADH têm não somente o dever de obedecer às disposições da convenção
como o de aprovar medidas internas, legislativas e de outras espécies, conforme necessário, a fim de
gerar plena observância dela.
e) No sistema da CADH, os direitos essenciais das pessoas dependem da nacionalidade delas.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata do tema Convenção Americana sobre Direitos Humanos.
A alternativa A está incorreta. A CADH estabelece restrições específicas à aplicação da pena de morte. De
acordo com o artigo 4º da CADH, os Estados que não aboliram a pena de morte não devem expandir sua
aplicação e devem limitá-la aos crimes mais graves, garantindo os direitos fundamentais e o devido processo
legal.
A alternativa B está incorreta. Embora a CADH proteja o direito de reunião pacífica e sem armas, ela permite
restrições a esse direito com base em uma sociedade democrática para a segurança nacional, a segurança ou
ordem públicas, ou para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e liberdades de terceiros.
A alternativa C está incorreta. O direito ao duplo grau de jurisdição não é expressamente garantido pela CADH
em todos os casos. Além disso, no Brasil, há situações, como nos casos de competência originária do Supremo
Tribunal Federal, em que o duplo grau de jurisdição não é aplicado.
A alternativa D está correta. De acordo com o artigo 2º da Convenção Americana sobre Direitos Humanos
(CADH), os Estados signatários têm o dever não só de respeitar as disposições da Convenção, mas também
de adotar medidas legislativas ou de outra natureza que se façam necessárias para tornar efetivos os direitos e
liberdades nela reconhecidos. Isso implica que os Estados devem alinhar sua legislação interna e práticas
administrativas e judiciais com os preceitos da Convenção para assegurar o pleno gozo e exercício dos direitos
e liberdades ali estabelecidos.
A alternativa E está incorreta. No sistema da CADH, os direitos essenciais são garantidos a todas as pessoas
independentemente da nacionalidade, como princípio da universalidade dos direitos humanos, que reconhece

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que os direitos humanos são próprios da condição humana e não estão condicionados à cidadania de um
indivíduo em um Estado particular.

QUESTÃO 07. No que se refere aos estados federados, assinale a opção correta.
a) O poder constituinte que os estados podem exercer na produção de suas constituições se caracteriza
por ser inicial e independente, embora não seja ilimitado.
b) Em virtude da repartição de competências que a CF define, os estados federados encontram espaço
para exercer certo grau de soberania, embora de forma limitada.
c) Em respeito às competências dos estados e à capacidade de que produzam sua própria constituição,
as limitações ao poder decorrente são apenas expressas na CF.
d) As competências dos estados federados são orientadas pelo princípio da exclusividade do interesse, o
qual dispõe que as matérias de interesse exclusivamente regional interessam apenas aos estados.
e) Na repartição de competências tributárias, as competências que a CF não tenha atribuído à União ou
aos municípios cabem, em princípio, aos estados-membros.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata do tema estados federados.
A alternativa A está incorreta. O poder constituinte exercido pelos estados na produção de suas constituições
não é inicial nem independente; é um poder derivado e decorrente, limitado e subordinado à Constituição
Federal.
A alternativa B está incorreta. Embora os estados tenham autonomia, eles não possuem soberania. A soberania
é uma característica do Estado nacional como um todo, e no Brasil, ela é exercida pela União.
A alternativa C está incorreta. As limitações ao poder de auto-organização dos estados não são apenas
expressas, mas também implícitas, uma vez que as constituições estaduais devem obedecer não só às normas
expressas na Constituição Federal, mas também aos princípios e estrutura estabelecidos por ela.
A alternativa D está incorreta. O princípio da exclusividade do interesse não é um princípio orientador das
competências estaduais. Na verdade, muitas competências são concorrentes entre a União, os estados e, em
alguns casos, os municípios. O que define a competência estadual não é a exclusividade, mas o princípio da
preponderância do interesse regional ou local.
A alternativa E está correta. De acordo com o artigo 25, § 1º, da Constituição Federal de 1988 (CF), as
competências que não são atribuídas à União ou aos municípios são, por exclusão, de competência dos estados.
Isso se baseia no princípio de que o que não está expressamente concedido à União e não é de competência
dos municípios é reservado aos estados, o que é conhecido como competência residual. No campo tributário,
isso significa que os estados podem instituir impostos sobre matérias que não estejam expressamente vedadas
ou atribuídas a outros entes federativos pela Constituição.

QUESTÃO 08. Com relação aos servidores públicos, assinale a opção correta.
a) Os servidores públicos em geral gozam das garantias de estabilidade e efetividade.
b) A legislação infraconstitucional não pode, em princípio, definir a remuneração de um cargo público
como percentual da remuneração de outro cargo.
c) O tempo de serviço prestado a um ente da federação deve ser computado no estágio probatório do
servidor aprovado para cargo de outro ente.

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d) Quaisquer servidores públicos eleitos para exercer mandato eletivo precisam afastar-se do exercício
de suas funções anteriores.
e) O tempo de serviço do servidor afastado para exercer mandato eletivo contará para todos os fins
legais, inclusive para efeito de promoções por merecimento.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata do tema servidores públicos.
A alternativa A está incorreta. Apenas os servidores públicos efetivos, após o cumprimento do estágio
probatório e aprovação neste, gozam da garantia de estabilidade. A efetividade é a condição do servidor
nomeado para cargo de provimento efetivo, após a aprovação em concurso público, mas a estabilidade é uma
proteção adicional após o estágio probatório.
A alternativa B está correta. O artigo 37, inciso XIII, da Constituição Federal veda expressamente que a
remuneração de cargos públicos seja vinculada ou escalonada, proibindo que a remuneração de um cargo seja
estabelecida como percentual da remuneração de outro. Esta disposição visa evitar distorções e efeitos cascata
na estrutura remuneratória dos servidores públicos.
A alternativa C está incorreta. O tempo de serviço prestado a um ente federativo não é automaticamente
contado para efeito de cumprimento do estágio probatório em outro ente. O estágio probatório é um período
de avaliação da aptidão e capacidade para o cargo no qual o servidor foi recém-nomeado. No entanto, para
efeitos previdenciários, o tempo de serviço anterior pode ser contado para aposentadoria e outros benefícios,
desde que haja a devida compensação financeira entre os entes federativos, conforme regras específicas de
cada regime previdenciário.
A alternativa D está incorreta. Não é necessário que todos os servidores públicos eleitos para mandato eletivo
se afastem de suas funções. No caso de eleição para cargo de vereador, por exemplo, se houver compatibilidade
de horários, o servidor poderá acumular as duas funções.
A alternativa E está incorreta. Embora o tempo de serviço do servidor afastado para exercer mandato eletivo
possa contar para fins legais como tempo de contribuição e para a aposentadoria, para efeito de promoção por
merecimento, geralmente, é necessário que o servidor esteja no exercício de suas funções para que seja
avaliado e possa concorrer a promoções nessa modalidade.

QUESTÃO 09. No que diz respeito ao Ministério Público, assinale a opção correta.
a) O princípio da indivisibilidade é o que fundamenta a possibilidade de substituição de membros do
Ministério Público uns pelos outros em processos.
b) A defesa do regime democrático por parte do Ministério Público compreende apenas a atuação do
órgão no processo eleitoral.
c) Os membros do Ministério Público são regidos pelo regime estatutário dos servidores públicos em
geral.
d) Em casos excepcionais, a fim de evitar atrasos na prestação jurisdicional, um juiz pode designar
membro do Ministério Público ad hoc, para atuar em um processo.
e) Como órgão essencial à função jurisdicional, o Ministério Público deve intervir em todos os processos
judiciais.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata do tema Ministério Público.

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A alternativa A está correta. O princípio da indivisibilidade refere-se à característica do Ministério Público de
permitir que seus membros se substituam mutuamente. Isso significa que, apesar de os procuradores e
promotores terem independência funcional no exercício de suas atribuições, eles podem ser substituídos por
outros membros da instituição sem que haja prejuízo para a continuidade do trabalho processual. Este princípio
está relacionado aos artigos 127 e 128 da Constituição Federal, que tratam da organização do Ministério
Público.
A alternativa B está incorreta. A defesa do regime democrático pelo Ministério Público vai além da atuação
no processo eleitoral. Inclui, por exemplo, o combate à corrupção, a promoção da transparência e a defesa dos
princípios administrativos.
A alternativa C está incorreta. Os membros do Ministério Público têm seu próprio regime jurídico, que é
diferenciado do regime estatutário geral dos servidores públicos, e estão sujeitos a um estatuto próprio.
A alternativa D está incorreta. A designação de membros do Ministério Público ad hoc é considerada
inconstitucional, já que a Constituição estabelece que o Ministério Público é um órgão permanente, não
admitindo a indicação de membros temporários ou excepcionais para atuar em determinados processos.
A alternativa E está incorreta. Embora o Ministério Público seja essencial à função jurisdicional, ele não deve
intervir em todos os processos judiciais. Sua atuação é obrigatória nos processos que envolvem interesse
público, como nas causas penais, em questões que afetam incapazes e em outras situações em que os interesses
sociais ou coletivos indisponíveis estejam em jogo.

QUESTÃO 10. No que diz respeito a impostos, julgue os seguintes itens.


I. Característica fundamental dos impostos é a de serem desvinculados de qualquer atividade específica
do Estado.
II. No caso de impostos ligados a fatos geradores específicos, como o imposto sobre a propriedade
territorial urbana, sua receita é atrelada a determinados gastos do ente tributante.
III. A União e os estados-membros, mas não os municípios, podem instituir impostos sobre fatos
geradores não discriminados na CF, desde que observem as garantias dos contribuintes nela previstas.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata do tema impostos.
O item I está correto, porque uma das características fundamentais dos impostos, conforme definido na
Constituição Federal, é sua natureza não vinculada a atividades específicas do Estado. Isso significa que os
recursos arrecadados por meio de impostos entram no orçamento geral e podem ser utilizados para financiar
diversas atividades do Estado sem uma destinação específica pré-determinada. Essa característica diferencia
os impostos de outras figuras tributárias, como taxas ou contribuições de melhoria, que são vinculadas a
atividades estatais específicas ou a benefícios diretos gerados por obras públicas.

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O item II está incorreto, porque, de acordo com a Constituição Federal, a receita obtida por meio de impostos,
como o Imposto sobre a Propriedade Territorial Urbana (IPTU), não é atrelada a gastos específicos do ente
tributante. Os impostos, por sua natureza, não têm sua receita vinculada a destinações específicas, permitindo
que os recursos arrecadados sejam alocados conforme as prioridades orçamentárias do ente, sem a necessidade
de vinculação a um gasto específico.
O item III está incorreto, porque, de acordo com o artigo 154, I, da Constituição Federal, somente a União,
mediante lei complementar, e observadas as condições que a Constituição estabelece, pode instituir impostos
não discriminados anteriormente na Constituição, desde que o fato gerador não seja objeto de imposto de
competência dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios. Isso implica que apenas a União tem a
prerrogativa de criar novos impostos que não estejam expressamente previstos na Constituição, respeitando a
vedação de bitributação e as competências tributárias específicas atribuídas a cada ente federativo.
Assim, como afirmado na letra A, apenas o item I está certo. Logo, as demais alternativas indicadas nas letras
B, C, D e E estão incorretas.

QUESTÃO 11. No que se refere à política urbana, agrícola e fundiária e à reforma agrária, assinale a
opção correta.
a) Em respeito à autonomia municipal, a CF preconiza a adoção de plano diretor como recomendação
para os municípios sem caráter vinculante.
b) Devido à proteção do direito de propriedade como direito fundamental, são limitados os meios de
execução da política urbana, sendo proibido ao poder público, por exemplo, exigir edificação
compulsória em imóvel.
c) Um imóvel pode ser produtivo e, ao mesmo tempo, não cumprir sua função social, caso em que poderá
ser objeto de desapropriação para fins de reforma agrária.
d) Aspectos ligados ao cumprimento da legislação trabalhista não são juridicamente apropriados para
definição de imóveis aptos à desapropriação para fins de reforma agrária.
e) Na execução da política fundiária, todos os imóveis classificados como latifúndios se sujeitam, em
princípio, à desapropriação para fins de reforma agrária.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata do tema política urbana, agrícola e fundiária e reforma agrária.
A alternativa A está incorreta. A Constituição Federal, no artigo 182, §1º, estabelece que o plano diretor é
obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes, e não apenas uma recomendação sem caráter
vinculante. Esse plano diretor tem o papel de orientar a política de desenvolvimento e expansão urbana, sendo
uma ferramenta vinculante para a gestão municipal.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o artigo 182 da CF, o poder público pode sim exigir a edificação,
utilização ou parcelamento compulsório de um imóvel urbano não utilizado, subutilizado ou não edificado,
contrariando a afirmação de que seriam proibidas tais exigências. Isso faz parte das prerrogativas do poder
público para assegurar o cumprimento da função social da propriedade.
A alternativa C está correta. Conforme os artigos 182, 184 e 186 da Constituição Federal (CF), a função social
da propriedade é um princípio central tanto da política urbana quanto da política fundiária e da reforma agrária.
Um imóvel pode ser considerado produtivo sob o aspecto agrícola, mas ainda assim não cumprir sua função
social se não atender aos requisitos estabelecidos no artigo 186 da CF, que incluem aproveitamento adequado;
utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; observância das
disposições que regulam as relações de trabalho; e exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e

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dos trabalhadores. Portanto, mesmo um imóvel produtivo pode ser desapropriado para fins de reforma agrária
se não cumprir sua função social nestes outros aspectos.
A alternativa D está incorreta. O cumprimento da legislação trabalhista é, sim, um dos critérios para aferir o
cumprimento da função social da propriedade, conforme estabelecido no artigo 186 da CF. Aspectos
relacionados às relações de trabalho são considerados na determinação de se um imóvel rural cumpre ou não
sua função social.
A alternativa E está incorreta. Não são todos os imóveis classificados como latifúndios que se sujeitam à
desapropriação para fins de reforma agrária. A CF estabelece critérios específicos para a desapropriação,
vinculados ao cumprimento da função social da propriedade. Ademais, a pequena e média propriedade rural,
desde que seu proprietário não possua outra, é assegurada contra desapropriação para fins de reforma agrária,
conforme o artigo 185 da CF.

QUESTÃO 12. Em relação à segurança pública, assinale a opção correta de acordo com a constituição
do estado de Pernambuco.
a) São órgãos permanentes da segurança pública do estado de Pernambuco apenas a Polícia Civil, a
Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar.
b) A única finalidade da segurança pública, no sistema da Constituição de Pernambuco, é preservar a
ordem pública.
c) O órgão de polícia científica no Estado de Pernambuco deve ser chefiado por delegado de polícia.
d) A atividade de polícia ostensiva compete, no Estado de Pernambuco, à Polícia Militar e à Polícia
Penal.
e) Os órgãos que compõem a segurança pública no estado de Pernambuco organizam-se em carreira de
forma hierarquizada.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata do tema Constituição do Estado de Pernambuco.
A alternativa A está incorreta. Esta alternativa é incompleta, pois além dos órgãos mencionados, a Polícia
Penal também é um órgão permanente da segurança pública do estado, conforme alteração trazida pela
Emenda Constitucional Estadual nº 53, de 2020.
A alternativa B está incorreta. A finalidade da segurança pública não se limita apenas à preservação da ordem
pública. De acordo com princípios gerais da segurança pública, sua finalidade também inclui a proteção da
incolumidade das pessoas e do patrimônio.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o Art. 103, § 2º, o órgão com atribuições de realização de
perícias criminais, médico-legais e identificação civil e criminal terá direção privativa por médico-legista ou
perito-criminal, e não por delegado de polícia.
A alternativa D está incorreta. Polícia Penal tem como atribuição a segurança dos estabelecimentos penais,
conforme Art. 104. A atividade de polícia ostensiva, conforme entendimento geral, está associada à Polícia
Militar e não inclui a Polícia Penal nesse contexto específico.
A alternativa E está correta. Conforme o Art. 102 da Constituição do Estado de Pernambuco, que estabelece
que a Polícia Civil, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros Militar e a Polícia Penal se regularão por estatutos
próprios, que estruturam esses órgãos em carreira e têm por princípio a hierarquia e a disciplina. Este artigo
confirma a organização hierarquizada e em carreira dos órgãos de segurança pública do estado.

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QUESTÃO 13. A Secretaria de Estado X do estado Y pretende: (a) adquirir material que só possa ser
fornecido por empresa exclusiva; (b) realizar a contratação de profissionais técnicos de notória
especialização para compor a comissão de avaliação de critérios de técnica; (c) realizar contratação que
tenha por objeto hortifrutigranjeiro, no período necessário para a realização do processo licitatório
correspondente.
Nessa situação hipotética, a licitação será
a) dispensável nos casos (b) e (c).
b) dispensável nos casos (a), (b) e (c).
c) inexigível nos casos (a) e (b).
d) dispensável nos casos (a) e (b).
e) inexigível nos casos (b) e (c).
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema da contratação direta, via dispensa ou inexigibilidade de licitação.
Para a identificação da alternativa correta, deve-se, primeiro, analisar as três hipóteses de contratação citadas
no enunciado da questão.
O item (a) revela caso de inexigibilidade de licitação, por força do art. 74, I, da Lei 14.133/2021: “É inexigível
a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de: aquisição de materiais, de equipamentos
ou de gêneros ou contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante
comercial exclusivos;”.
O item (b) também constitui hipótese de inexigibilidade de licitação, porquanto amparado no art. 74, III, “b”,
da Lei 14.133/2021: “É inexigível a licitação quando inviável a competição, em especial nos casos de: (...)
contratação dos seguintes serviços técnicos especializados de natureza predominantemente intelectual com
profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
divulgação: (...) pareceres, perícias e avaliações em geral;”.
O item (c), por fim, consiste em caso de licitação dispensável, na forma do art. 75, IV, “e”, da Lei 14.133/2021,
que assim estabelece: “É dispensável a licitação: (...) para contratação que tenha por objeto: (...)
hortifrutigranjeiros, pães e outros gêneros perecíveis, no período necessário para a realização dos processos
licitatórios correspondentes, hipótese em que a contratação será realizada diretamente com base no preço do
dia;”.
Do exposto, vejamos as opções lançadas pela Banca:
A alternativa A está incorreta, pois a licitação não seria dispensável no caso (b), mas sim inexigível.
A alternativa B está incorreta, porquanto a licitação, na verdade, seria inexigível nos casos (a) e (b), e não
dispensável.
A alternativa C está correta, uma vez que indicou, com acerto, que a licitação seria inexigível nos casos (a) e
(b).
A alternativa D está incorreta, eis que a licitação seria inexigível nos casos (a) e (b), e não dispensável.
A alternativa E está incorreta, na medida em que a licitação seria dispensável no caso (c), e não inexigível.

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QUESTÃO 14. Quando a administração pública utiliza propriedade particular, mediante indenização
dos prejuízos que venha a causar, para prestar comodidade/utilidade à comunidade, a exemplo da
passagem de um gasoduto, ocorre a intervenção do Estado denominada
a) limitação administrativa.
b) ocupação administrativa.
c) requisição administrativa.
d) tombamento administrativo.
e) servidão administrativa.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão aborda o tema das diferentes formas de intervenção do Estado na propriedade.
A alternativa A está incorreta, uma vez que a limitação administrativa tem caráter genérico, incidindo sobre
bens indeterminados, ao passo que o enunciado revela hipótese de restrição a uma propriedade específica.
Ademais, a passagem de gasoduto constitui clássico exemplo de servidão administrativa, e não de limitação
administrativa.
A alternativa B está incorreta, pois a passagem de gasoduto, tal como indicado no enunciado da questão,
apresenta a natureza da perpetuidade, própria da servidão administrativa, e não da ocupação temporária, que,
como o próprio nome revela, tem natureza eminentemente transitória.
A alternativa C está incorreta, na medida em que a requisição administrativa pressupõe utilização temporária
de bens ou serviços em situação de iminente perigo público, o que não é o caso descrito pela Banca.
A alternativa D está incorreta, porquanto o tombamento tem por escopo central a proteção de bens que
apresentem relevante valor histórico, artístico, cultural, paisagístico, etc. Não é esse o caso, por óbvio, da
instalação de um gasoduto em propriedade particular.
A alternativa E está correta, uma vez que todas as características indicadas no enunciado da questão são
pertinentes, de fato, à modalidade de intervenção denominada servidão administrativa.

QUESTÃO 15. Quando a administração pública avoca atribuições que não sejam da competência
exclusiva do órgão subordinado, delega atribuições que não lhes sejam privativas, e cria limitações
administrativas, ela exerce, respectivamente, os poderes
a) de polícia, hierárquico e de polícia.
b) de polícia, de polícia e de polícia.
c) hierárquico, hierárquico e hierárquico.
d) hierárquico, de polícia e de polícia.
e) hierárquico, hierárquico e de polícia.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão exigiu domínio acerca dos poderes administrativos.
Para a identificação da resposta acertada, deve-se analisar os atos indicados no enunciado da questão, em
ordem a reconhecer qual o poder administrativo que confere suporte a cada um deles.

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Vejamos, portanto, cada ato descrito pela Banca:
A avocação de atribuições que não sejam de competência exclusiva do órgão subordinado constitui
manifestação do poder hierárquico.
A delegação de atribuições não privativas também vem a ser decorrência do poder hierárquico.
Por fim, a criação de limitações administrativas, conforme remansoso entendimento doutrinário, deriva do
poder de polícia.
Do exposto, a alternativa E está correta, pois indicou, com acerto, que, nos casos acima citados, a
Administração teria exercido, respectivamente, os poderes hierárquico, hierárquico e de polícia.
As alternativas A, B, C e D estão incorretas, por conseguinte, uma vez que sustentaram outras sequências, em
manifesto desacordo às premissas teóricas acima estabelecidas.

QUESTÃO 16. No que se refere aos atos administrativos, são passíveis de revogação
I as férias concedidas a servidor e completamente gozadas.
II os atestados e pareceres expedidos.
III as portarias publicadas com a finalidade de nomear comissão para apresentar proposta de
regulamento de determinado órgão.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão demandou conhecimentos relativos aos limites da revogação de atos administrativos.
O item I está incorreto, uma vez que as férias concedidas a servidor público e que já tenham sido inteiramente
fruídas não são mais passíveis de revogação, por se tratar de ato que exauriu os seus efeitos.
O item II está incorreto, pois atestados e pareceres são exemplos de atos enunciativos, categoria essa apontada
por firme doutrina como inserida dentre os atos tidos como irrevogáveis.
O item III está correto, porquanto a nomeação de uma comissão para apresentar proposta de regulamento de
determinado órgão é um ato sujeito a critérios de conveniência e oportunidade da Administração, de maneira
que admite revogação por parte da autoridade competente.
Do exposto, a alternativa B está correta, ao sustentar que apenas o item III vem a ser exemplo de ato revogável,
ao passo que as alternativas A, C, D e E estão incorretas, eis que sustentaram conclusões em manifesta
divergência às premissas teóricas acima fixadas.

QUESTÃO 17. Com base no disposto na Lei n.º 9.784/1999, julgue os itens a seguir, no que se refere à
possibilidade de delegação de cada uma das competências administrativas descritas.

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I edição de atos normativos
II decisão acerca de recursos administrativos por meio da autoridade de maior hierarquia
III deliberação sobre matérias de competência não exclusiva do órgão
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item III está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão exigiu domínio acerca da delegação de competências, nos moldes definidos pela Lei 9.784/99.
O item I está incorreto, pois, nos termos do art. 13, I, do citado diploma legal, é vedada a delegação de
competência de atos de caráter normativo. No ponto, é ler: “Não podem ser objeto de delegação: a edição de
atos de caráter normativo;”.
O item II está incorreto, porquanto a decisão de recursos administrativos também não admite delegação de
competências, na forma do art. 13, II, da Lei 9.784/99: “Não podem ser objeto de delegação: (...)a decisão de
recursos administrativos;”.
O item III está correto, uma vez que a deliberação sobre matérias de competência não exclusiva do órgão não
encontra semelhante vedação, de modo que, em não havendo proibição expressa, a delegação mostra-se
juridicamente viável.
Do exposto, a alternativa B está correta, ao afirmar que apenas o item III está certo. Por seu turno, as
alternativas A, C, D e E estão incorretas, ao divergirem das premissas teóricas anteriormente estabelecidas.

QUESTÃO 18. No estado X, houve a concessão de determinado serviço público, tendo o poder
concedente retomado o serviço durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante
lei autorizativa específica e após prévio pagamento de indenização. Nessa situação hipotética, a extinção
da concessão do serviço público, nos termos da Lei n.° 8.987/1995, é denominada
a) caducidade.
b) extinção.
c) encampação.
d) reversão.
e) rescisão.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema das diferentes formas de extinção do contrato de concessão de serviços públicos.
A alternativa A está incorreta, eis que a caducidade constitui forma de extinção que tem origem em
comportamento culposo atribuível ao concessionário, vale dizer, em inexecução total ou parcial do contrato,

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e não por razões de interesse público. Nesse sentido, o art. 38, caput, da Lei 8.987/95: “A inexecução total ou
parcial do contrato acarretará, a critério do poder concedente, a declaração de caducidade da concessão ou a
aplicação das sanções contratuais, respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as normas
convencionadas entre as partes.”
A alternativa B está incorreta, pois a “extinção” é apenas uma denominação genérica por meio da qual se
pretende fazer referência ao término do contrato de concessão. Não se cuida, portanto, de hipótese específica,
derivada de razões de interesse público, tal como colocado no enunciado da questão.
A alternativa C está correta, porquanto a hipótese de extinção do contrato de concessão, descrita no enunciado,
corresponde à chamada encampação, consoante definida no art. 37 da Lei 8.987/95 “Considera-se encampação
a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público,
mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, na forma do artigo anterior.”
A alternativa D está incorreta, tendo em vista que a reversão não é uma forma de extinção do contrato de
concessão. Trata-se apenas da transferência ao patrimônio do poder concedente dos bens afetados à prestação
do serviço, de modo a assegurar sua continuidade, mediante a devida indenização, nos termos da lei.
A alternativa E está incorreta, uma vez que a rescisão vem a ser hipótese de extinção antecipada, por iniciativa
do concessionário, em caso de inadimplemento imputável ao poder concedente, conforme se depreende do art.
39, caput, da Lei 8.987/95: “O contrato de concessão poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária,
no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial
especialmente intentada para esse fim.”

QUESTÃO 19. Determinado órgão público do estado de Pernambuco celebrou os seguintes contratos
administrativos de concessão: Contrato A – contrato de prestação de serviços em que a administração
pública é a usuária direta, envolvendo a instalação de bens; Contrato B – contrato de prestação de
serviços em que a administração pública é a usuária indireta, envolvendo a execução de obra; Contrato
C – concessão de serviço público, previsto na Lei n.º 8.987/1995, envolvendo, adicionalmente à tarifa
cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Na situação
hipotética apresentada, ocorreram, de acordo com a Lei n.º 11.079/2004, parcerias público-privadas na
modalidade
a) administrativa, nos contratos A, B e C.
b) patrocinada, apenas nos contratos A e B.
c) patrocinada, apenas nos contratos A e C.
d) administrativa, apenas nos contratos A e B.
e) patrocinada nos contratos A, B e C.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema das modalidades de parcerias público-privadas.
Para a identificação da opção acertada, devem ser analisados os contratos descritos no enunciado da questão.
O Contrato A constitui hipótese de concessão administrativa, porquanto se amolda, com exatidão, à definição
contida no art. 2º, §2º, da Lei 11.079/2004: “Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços
de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou
fornecimento e instalação de bens.”

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O Contrato B, consistente em prestação de serviços em que a administração pública é a usuária indireta,
envolvendo a execução de obra, também vem a ser caso de concessão administrativa, pois se afina com o
mesmo conceito legal acima transcrito.
O Contrato C, por fim, representa hipótese de concessão patrocinada, eis que em linha com a definição
normativa vazada no art. 2º, §1º, da Lei 11.079/2004: “Concessão patrocinada é a concessão de serviços
públicos ou de obras públicas de que trata a Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro
privado.”
Vejamos, então, cada opção lançada pela Banca:
A alternativa A está incorreta, eis que o Contrato C seria hipótese de concessão patrocinada, e não
administrativa.
A alternativa B está incorreta, pois os Contratos A e B seriam caso de concessão administrativa, e não
patrocinada.
A alternativa C está incorreta, na medida em que o Contrato A constituiria hipótese de concessão
administrativa, e não patrocinada.
A alternativa D está correta, ao sustentar que os Contratos A e B seriam hipóteses de parcerias público-privada,
na modalidade administrativa.
A alternativa E está incorreta, porquanto os Contratos A e B, na verdade, não seriam concessões patrocinadas,
mas sim administrativas.

QUESTÃO 20. A prerrogativa da administração pública de invalidar atos administrativos ilegítimos e


revogar atos administrativos inoportunos caracteriza a aplicação do princípio administrativo da
a) continuidade.
b) autotutela.
c) indisponibilidade.
d) finalidade.
e) supremacia do interesse público.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão demandou conhecimentos referentes aos princípios da administração pública.
A alternativa A está incorreta, pois o princípio da continuidade relaciona-se, na verdade, com a ideia de que
os serviços públicos não podem sofrer interrupções, ressalvadas exceções legais.
A alternativa B está correta, uma vez que, de fato, pelo princípio da autotutela, a Administração tem a
prerrogativa de rever seus próprios atos, seja para invalidar aqueles que apresentarem vícios de legalidade,
seja para revogar os atos que, apesar de válidos, tenham deixado de atender ao interesse público, sob o ângulo
da conveniência e da oportunidade.
A alternativa C está incorreta, na medida em que o princípio da indisponibilidade refere-se ao fato de que a
Administração é mera gestora de bens e interesses alheios, do que resultam restrições especiais a ela impostas,
materializadas pelos deveres administrativos. Não é disso que se trata no enunciado da questão.

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A alternativa D está incorreta, porquanto o princípio da finalidade diz respeito à necessidade de que todos os
atos e decisões da Administração devem estar voltados, necessariamente, à satisfação do interesse público,
sob pena de desvio de finalidade e, por conseguinte, nulidade dos atos daí resultantes.
A alternativa E está incorreta, eis que o princípio da supremacia do interesse público é aquele em vista do qual
havendo colisão entre interesses da coletividade e interesses particulares, são aqueles primeiros, em regra, que
devem prevalecer.

QUESTÃO 21. Em determinada secretaria de estado de Pernambuco, ocorreram as seguintes situações,


envolvendo funcionárias públicas no exercício de suas funções: Cecília percebeu vantagem econômica
indireta para facilitar a alienação de bem público; Tatiana facilitou a aquisição de bem pelo órgão por
preço superior ao valor de mercado; Cíntia revelou fato de que teve ciência em razão das atribuições e
sobre o qual deveria ter permanecido em segredo, propiciando beneficiamento de outrem por
informação privilegiada. Os atos praticados pelas três funcionárias públicas ocorreram por omissão
dolosa. A partir da situação hipotética apresentada, é correto afirmar, com base na Lei n.º 8.429/1992,
que responderá(rão) por ato de improbidade administrativa
a) Cecília e Cíntia, apenas.
b) Cecilia, apenas.
c) Tatiana e Cecília, apenas.
d) Tatiana, apenas.
e) Tatiana e Cíntia, apenas.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão em exame demandou conhecimentos relativamente aos atos de improbidade administrativa,
disciplinados pela Lei 8.429/92 (LIA).
Para a identificação da resposta acertada, devem ser analisadas as condutas praticadas por cada hipotética
servidora pública. Vejamos:
A conduta de Cecília, em tese, poderia, numa primeira leitura, ser enquadrada no ato de improbidade gerador
de enriquecimento ilícito versado no art. 9º, III, da LIA, que assim estabelece: “Constitui ato de improbidade
administrativa importando em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de ato doloso, qualquer tipo
de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego ou de
atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: (...) perceber vantagem econômica, direta
ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o fornecimento de serviço por
ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;”.
No entanto, os atos de improbidade que acarretam enriquecimento ilícito somente podem ser praticados por
condutas comissivas, e não omissivas. Ora, como a banca informou que todas as condutas aqui analisadas
teriam sido cometidas por omissão, é de se concluir que Cecília não teria praticado ato ímprobo.
A conduta de Tatiana se amolda ao ato de improbidade administrativa causador de lesão ao erário, versado no
art. 10, V, da LIA: “Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão dolosa, que enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente:
(...) permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;”.

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Finalmente, a conduta de Cíntia está tipificada como ato de improbidade violador de princípios da
administração pública, a teor do art. 11, III, da LIA: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta
contra os princípios da administração pública a ação ou omissão dolosa que viole os deveres de honestidade,
de imparcialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes condutas: (...) revelar fato ou
circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer em segredo, propiciando
beneficiamento por informação privilegiada ou colocando em risco a segurança da sociedade e do Estado;”.
Portanto, apenas Tatiana e Cíntia teriam, realmente, cometido atos de improbidade administrativa.
A alternativa A está incorreta, seja porque Cecília não teria cometido ato de improbidade, seja porque o item
deixou de indicar o cometimento de improbidade por Tatiana.
A alternativa B está incorreta, seja porque Cecília não teria cometido ato de improbidade, seja porque Tatiana
e Cíntia teriam praticados atos ímprobos.
A alternativa C está incorreta, seja porque Cecília não teria cometido ato de improbidade, seja porque a
assertiva deixou de incluir Cíntia dentre as que cometeram atos ímprobos.
A alternativa D está incorreta porque deixou de mencionar Cíntia dentre aquelas que incorreram em atos de
improbidade.
A alternativa E está correta, ao sustentar que teriam cometido atos ímprobos Tatiana e Cíntia, apenas, conforme
anteriormente sustentado.

QUESTÃO 22. A distribuição de competência dentro de uma mesma pessoa jurídica de direito público;
a criação de uma autarquia para lhe atribuir a titularidade e a execução de determinado serviço público;
e a transferência da execução de determinado serviço público, por meio de contrato ou ato
administrativo unilateral, caracterizam-se, respectivamente, como
a) descentralização funcional, descentralização funcional e descentralização por colaboração.
b) desconcentração, descentralização funcional e descentralização funcional.
c) descentralização por colaboração, descentralização por colaboração e descentralização funcional.
d) descentralização funcional, descentralização por colaboração e descentralização funcional.
e) desconcentração, descentralização funcional e descentralização por colaboração.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata das diferentes técnicas de organização administrativa, em especial a desconcentração e a
descentralização administrativas.
A alternativa A está incorreta, pois a distribuição de competência dentro de uma mesma pessoa jurídica de
direito público não representa caso de descentralização funcional, e sim de desconcentração.
A alternativa B está incorreta, uma vez que a transferência da execução de determinado serviço público, por
meio de contrato ou ato administrativo unilateral, não constitui hipótese de descentralização funcional, mas
sim de descentralização por colaboração.
A alternativa C está incorreta, tendo em vista que a distribuição de competência dentro de uma mesma pessoa
jurídica de direito público não consiste em descentralização funcional, e sim desconcentração administrativa.
Ademais, a criação de uma autarquia para lhe atribuir a titularidade e a execução de determinado serviço
público vem a ser hipótese de descentralização funcional, e não por colaboração, como dito pela Banca. Por
fim, o presente item também se equivoca na parte final, pois a transferência da execução de determinado

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serviço público, por meio de contrato ou ato administrativo unilateral, não é definida como descentralização
funcional, e sim por colaboração.
A alternativa D está incorreta, uma vez que reincide nos mesmos erros indicados nos comentários ao item
anterior.
A alternativa E está correta, ao asseverar, com exatidão, que os casos versados no enunciado da questão
corresponderiam, respectivamente, a hipóteses de desconcentração, de descentralização funcional e de
descentralização por colaboração.

QUESTÃO 23. No que se refere à vinculação e à discricionariedade dos atos administrativos em espécie,
é correto afirmar que as autorizações administrativas, as permissões e as licenças são, respectivamente,
atos administrativos
a) vinculados, discricionários e vinculados.
b) discricionários, vinculados e discricionários.
c) vinculados, discricionários e discricionários.
d) vinculados, vinculados e discricionários.
e) discricionários, discricionários e vinculados.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão em exame exigiu domínio acerca de atos administrativos em espécie, sob o ângulo de sua natureza
discricionária ou vinculada.
Com efeito, autorizações e permissões são apontadas pela doutrina, de modo tranquilo, como exemplos de
atos discricionários, ao passo que as licenças devem ser classificadas como atos vinculados. Vejamos, então,
cada opção lançada.
A alternativa A está incorreta, pois as autorizações não são atos vinculados, e sim discricionários.
A alternativa B está incorreta, uma vez que: i) permissões são atos discricionários, e não vinculados; e ii)
licenças são atos vinculados, e não discricionários.
A alternativa C está incorreta, porquanto: i) autorizações são atos discricionários, e não vinculados; e ii)
licenças são atos vinculados, e não discricionários.
A alternativa D está incorreta, pois inverteu as classificações de todos os atos. Na verdade, os dois primeiros
– autorizações e permissões – são discricionários, ao passo que as licenças são atos vinculados.
A alternativa E está correta, ao sustentar, de maneira escorreita, que as autorizações, permissões e licenças
devem ser classificadas, respectivamente, como atos discricionários, discricionários e vinculados.

QUESTÃO 24. A Secretaria de Estado X do estado Y praticou os seguintes três atos administrativos: o
primeiro foi praticado com vício de forma, não sendo esta essencial à validade do ato; o segundo foi
praticado por sujeito incompetente, não tendo tratado de competência exclusiva; e o terceiro foi
praticado com vício de finalidade.
Os atos administrativos descritos na situação hipotética apresentada são, respectivamente,
a) nulo, anulável e anulável.

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b) nulo, nulo e nulo.
c) anulável, nulo e nulo.
d) anulável, anulável e nulo.
e) nulo, nulo e anulável.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão sob análise exigiu domínio acerca do caráter nulo ou anulável de determinados atos administrativos,
de acordo com os vícios neles existentes.
Para a identificação da opção acertada, devem ser analisados os diferentes atos referidos no enunciado.
Vejamos:
Ato praticado com vício de forma, não sendo esta essencial à validade do ato, apresenta vício passível de
convalidação, de maneira que o ato é meramente anulável.
Ato praticado por sujeito incompetente, não tendo tratado de competência exclusiva, também constitui
hipótese de vício de caráter relativo, suscetível de convalidação, razão pela qual o ato é anulável.
Ato praticado com vício de finalidade deve ser tido como nulo. Afinal, nesse caso, a doutrina é firme em
sustentar a natureza absoluta da mácula, a incidir sobre o elemento finalidade, de maneira que o ato é
insuscetível de convalidação.
Do acima exposto, a alternativa D está correta, ao aduzir que os atos seriam, respectivamente, anulável,
anulável e nulo.
As alternativas A, B, C e E estão incorretas, por conseguinte, uma vez que propuseram combinações
sequenciais em claro desacordo às premissas teóricas acima fixadas.

QUESTÃO 25. De acordo com o entendimento jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal (STF)
acerca dos princípios penais fundamentais, a aplicabilidade do princípio da insignificância deve ser
analisada em conexão com os postulados
a) da subsidiariedade e da intervenção mínima.
b) do controle social e da subsidiariedade.
c) do controle social e da intervenção mínima.
d) da fragmentariedade e da intervenção mínima.
e) do controle social e da fragmentariedade.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata sobre princípios penais.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa D está correta. Conforme estabelecido pelo STF, no julgamento do HC 84.412-SP: “O princípio
da insignificância - que deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da

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intervenção mínima do Estado em matéria penal - tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade
penal, examinada na perspectiva de seu caráter material.”
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

QUESTÃO 26. De acordo com o que prevê o Código Penal (CP) acerca dos crimes contra a pessoa,
caracteriza, obrigatoriamente, uma qualificadora do crime de homicídio o seu cometimento
a) contra a mulher, apenas no caso de menosprezo ou discriminação em razão do seu gênero.
b) por motivo de vingança.
c) com emprego de arma de fogo de uso restrito.
d) contra primo de policial civil, em razão da função exercida.
e) contra vítima menor de 14 anos, apenas quando praticado na modalidade culposa.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre o homicídio.
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 121, §2º, VI, do CP, ocorrerá o crime de feminicídio
quando o homicídio for praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. O §2º-A do
mencionado artigo define que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência
doméstica e familiar, ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
A alternativa B está incorreta. A vingança não consta como qualificadora do crime de homicídio.
A alternativa C está correta. De acordo com o art. 121, §2º, VIII, do CP, o crime de homicídio será qualificado
pelo emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
A alternativa D está incorreta. Será qualificado o homicídio praticado contra parentes de até terceiro grau de
autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF, ou integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
de Segurança Pública (art. 121, §2º, VII, do CP). Primo, por ser parente de 4º grau, não atrai a incidência da
qualificadora em questão.
A alternativa E está incorreta. Em verdade, o art. 121, §4º, do CP, dispõe que apenas o homicídio doloso contra
menor de 14 anos ensejará modalidade mais grave do delito. Ademais, se trata de hipótese de causa de
aumento, e não de qualificadora.

QUESTÃO 27. Conforme o que dispõe o CP quanto aos crimes de infanticídio, cuja pena aplicável é de
detenção de dois a seis anos, a prescrição, em regra, ocorrerá em
a) 6 anos.
b) 8 anos.
c) 16 anos.
d) 12 anos.
e) 4 anos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata sobre prescrição.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

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A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa D está correta. Conforme se depreende do artigo 109, III, do CP, penas que são superiores a 4
anos e inferiores a 8 anos prescreverão em 12 anos. Sendo assim, considerando que o delito em apreço tem
pena máxima em abstrato de 6 anos, o prazo prescricional máximo é de 12 anos: Art. 109. A prescrição, antes
de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo
da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a
doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos,
se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena
é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior
a 1 (um) ano.”
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

QUESTÃO 28. No que se refere aos crimes contra o patrimônio previstos no CP, de acordo com a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a restituição imediata, voluntária e integral do
bem furtado constitui, por si só, motivo suficiente para
a) aplicação do instituto do arrependimento eficaz.
b) incidência do princípio da insignificância.
c) aplicação do instituto do arrependimento posterior.
d) desclassificação do crime para mera contravenção penal.
e) conversão do fato em irrelevante penal.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre arrependimento posterior.
A alternativa A está incorreta. Não resta configurado o arrependimento eficaz, pois o furto já estava consumado
no momento da reparação, sendo assim, conforme previsto no artigo 15 do CP, o arrependimento eficaz
pressupõe a conclusão da fase executória, atuando o agente para impedir o resultado.
A alternativa B está incorreta. O STJ fixou a seguinte tese no REsp n. 2.062.095/AL: “Recurso especial
desprovido, com a fixação da seguinte tese: a restituição imediata e integral do bem furtado não constitui, por
si só, motivo suficiente para a incidência do princípio da insignificância.”
A alternativa C está correta. O art. 16 do CP dispõe que se o crime for cometido sem violência ou grave ameaça
à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário
do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da alternativa C.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa C.

QUESTÃO 29. João, às 4 h da manhã, arrombou o cadeado da residência de Sebastião, adentrando o


interior da casa da vítima. De forma sorrateira e sem fazer barulho, para evitar que acordasse a família
da vítima, que lá dormia, João subtraiu uma televisão de 48 polegadas, levando-a consigo. Dez minutos
após sair da casa de Sebastião, ao ser abordado por policiais militares, João acabou confessando a
prática delituosa.

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Na situação hipotética apresentada, segundo o entendimento Jurisprudencial do STJ, João praticou
a) furto qualificado.
b) furto qualificado com causa de aumento relativa ao repouso noturno.
c) tentativa de furto qualificado com causa de aumento de pena relativa ao repouso noturno.
d) tentativa de furto com causa de aumento de pena relativa ao repouso noturno.
e) furto simples com a causa de aumento relativa ao repouso noturno.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata sobre crime de furto.
A alternativa A está correta. Faticamente, a conduta perpetrada por João se amolda tanto à forma qualificada
do delito de furto, em virtude do rompimento de obstáculo (art. 155, §4º, I, do CP), quanto à causa de aumento
de pena por ter sido praticada durante o repouso noturno (art. 155, §1º, do CP). Contudo, a Terceira Seção do
STJ, em julgamento de recursos especiais repetitivos (Tema 1.087), estabeleceu que a causa de aumento de
pena pela prática de furto no período noturno não incide na forma qualificada do crime. Um dos principais
argumentos utilizados para se chegar a este entendimento é de que §1º se refere à pena do furto simples,
prevista no caput do art. 155, e não à do furto qualificado, descrita três parágrafos depois. Ademais, a aplicação
da majorante à forma qualificada do delito feriria o princípio da proporcionalidade, uma vez que em sua pena
máxima atingiria sanção superior até à do crime de roubo.
A alternativa B está incorreta. Vide comentário da alternativa A.
A alternativa C está incorreta. Vide comentário da alternativa A.
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da alternativa A.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa A.

QUESTÃO 30. De acordo com o entendimento do STJ, ainda que o agente não seja reincidente em crime
doloso e as circunstâncias judiciais lhes sejam favoráveis, é vedada a substituição da pena privativa de
liberdade por outra pena restritiva de direitos na hipótese de condenação por
a) homicídio culposo.
b) roubo tentado praticado com simulacro de arma de fogo.
c) corrupção ativa.
d) furto qualificado.
e) peculato doloso.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata sobre substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.
A alternativa B está correta. A possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por pena
restritiva de direitos da é trazida no artigo 44 do Código Penal, e exige que se considere a pena efetivamente
aplicado ao crime, deste modo, tal pena não pode ser superior a quatro anos. Todas as alternativas
apresentadas possibilitam, conforme as circunstâncias, a aplicação de uma pena não superior a quatro anos.

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Todavia, o inciso I do artigo 44 também estabelece que o crime não pode ser cometido com violência ou
grave ameaça à pessoa. Nestes termos, a Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, no Tema 1.171,
estabeleceu que: “a utilização de simulacro de arma configura a elementar "grave ameaça" do tipo penal do
roubo (artigo 157 do Código Penal), enquadrando-se na hipótese legal que veda a substituição da pena
privativa de liberdade.”.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.

QUESTÃO 31. Durante o carnaval, Alberto supôs que Bruno estaria olhando para sua namorada.
Estando sob efeito de álcool, Alberto agrediu Bruno com chutes e joelhadas na região do abdômen que
ocasionou a queda de Bruno, fazendo-o chocar-se contra o meio-fio da calçada, onde bateu a cabeça.
vindo a óbito. No exame pericial, constatou-se que a causa da morte foi hemorragia encefálica em razão
da ruptura de um aneurisma cerebral congênito, situação desconhecida tanto pelo autor, como pela
vítima e por seus familiares.
Nessa situação hipotética, de acordo com o entendimento do STJ, a conduta de Alberto configura
a) lesão corporal de natureza grave.
b) lesão corporal seguida de morte.
c) lesão corporal simples.
d) homicídio qualificado pela torpeza.
e) fato atípico.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre nexo de causalidade.
A alternativa A está incorreta. Vide comentário da alternativa C.
A alternativa B está incorreta. Vide comentário da alternativa C.
A alternativa C está correta. Trata-se de caso exposto no julgamento do AgRg no REsp 1.094.758/RS:
“Segundo consta dos autos, o recorrente foi denunciado pela prática do crime de lesão corporal qualificada
pelo resultado morte (art. 129, § 3º, do CP), porque, durante um baile de carnaval, sob efeito de álcool e por
motivo de ciúmes de sua namorada, agrediu a vítima com chutes e joelhadas na região abdominal, ocasionando
sua queda contra o meio-fio da calçada, onde bateu a cabeça, vindo à óbito. Ocorre que, segundo o laudo
pericial, a causa da morte foi hemorragia encefálica decorrente da ruptura de um aneurisma cerebral congênito,
situação clínica desconhecida pela vítima e seus familiares. A questão diz respeito a aferir a existência de nexo
de causalidade entre a conduta do recorrente e o resultado morte (art. 13 do CP). Nesse contexto, a Turma
entendeu que, nesse tipo penal, a conduta precedente que constitui o delito-base e o resultado mais grave
devem estar em uma relação de causalidade, de modo que o resultado mais grave decorra sempre da ação
precedente, e não de outras circunstâncias. Entretanto, asseverou que o tratamento da causalidade, estabelecido
no art. 13 do CP, deve ser emoldurado pelas disposições do art. 18 do mesmo codex, a determinar que a
responsabilidade somente se cristalize quando o resultado puder ser atribuível ao menos culposamente.
Ressaltou que, embora alguém que desfira golpes contra uma vítima bêbada que venha a cair e bater a cabeça
no meio-fio pudesse ter a previsibilidade objetiva do advento da morte, na hipótese, o próprio laudo afasta a
vinculação da causa mortis do choque craniano, porquanto não aponta haver liame entre o choque da cabeça
contra o meio-fio e o evento letal. In casu, a causa da morte foi hemorragia encefálica decorrente da ruptura

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de um aneurisma cerebral congênito, situação clínica de que sequer a vítima tinha conhecimento. Ademais,
não houve golpes perpetrados pelo recorrente na região do crânio da vítima. Portanto, não se mostra razoável
reconhecer como típico o resultado morte, imantando-o de caráter culposo. Dessa forma, restabeleceu-se a
sentença de primeiro grau que desvinculou o resultado do comportamento do agente, que não tinha ciência da
particular, e determinante, condição fisiológica da vítima.”
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da alternativa C.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa C.

QUESTÃO 32. De acordo com o entendimento jurisprudencial do STJ, o agente que, mediante violência
ou grave ameaça pelo uso de arma fogo, subtrai coisa alheia móvel para usá-la, sem intenção de tê-la
como própria, ou seja, sem o ânimo de apossamento definitivo, configura
a) constrangimento ilegal.
b) roubo consumado.
c) furto consumado.
d) conduta atípica.
e) tentativa de roubo.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata sobre crime de roubo.
A alternativa A está incorreta. Vide comentário da alternativa B.
A alternativa B está correta. Ao contrário do que ocorre com o furto, delito que atinge apenas o patrimônio,
em relação ao qual a jurisprudência entende ser possível o reconhecimento da atipicidade da conduta quando
a intenção do agente for a de uso momentâneo, embora não autorizado, do bem alheio, com imediata
restituição, no roubo, por serem também afetadas a incolumidade física e a liberdade da vítima pelo emprego
da violência ou grave ameaça, não se reconhece a intenção de uso momentâneo como hipótese de atipicidade.
Nesse sentido: “O ânimo de apossamento — elementar do crime de roubo — não implica, necessariamente, o
aspecto de definitividade. Ora, apossar-se de algo é ato de tomar posse, dominar ou assenhorar-se do bem
subtraído, que pode trazer o intento de ter o bem para si, entregar para outrem ou apenas utilizá-lo por
determinado período, como no caso em tela. O agente que, mediante grave ameaça ou violência, subtrai coisa
alheia para usá-la, sem intenção de tê-la como própria, incide no tipo previsto no art. 157 do Código Penal”
(STJ — REsp 1.323.275/GO — Rel. Min. Laurita Vaz — 5ª Turma — julgado em 24-4-2014 — DJe 8-5-
2014).
A alternativa C está incorreta. Vide comentário da alternativa B.
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da alternativa B.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa B.

QUESTÃO 33. Considere que João tenha induzido Maria, menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de
Paulo. seu irmão. Nesse caso, João praticou o crime de
a) registro não autorizado da intimidade sexual.
b) estupro de vulnerável.
c) corrupção sexual de menores.

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d) importunação sexual.
e) satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre crimes sexuais contra vulnerável.
A alternativa A está incorreta. Vide comentário da alternativa C.
A alternativa B está incorreta. Vide comentário da alternativa C.
A alternativa C está correta. Conforme o art. 218, do CP, o agente que induz menor de 14 anos a satisfazer a
lascívia de outrem comete o crime de corrupção sexual de menores.
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da alternativa C.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa C.

QUESTÃO 34. Carlos, policial militar, em policiamento ostensivo, deu ordem legal de parada ao veículo
dirigido por Marcos, que tinha acabado de praticar um roubo. Mesmo recebendo a ordem de parada
do policial, Marcos saiu em fuga, tendo sido capturado posteriormente.
Na situação hipotética apresentada, conforme o entendimento do STJ, Marcos praticou
a) roubo em concurso com o crime de resistência
b) roubo em concurso com o crime de evasão mediante violência contra a pessoa.
c) roubo, apenas
d) roubo em concurso com o crime de desobediência.
e) O roubo em concurso com o crime de desacato.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata sobre concurso de crimes.
A alternativa A está incorreta. Vide comentário da alternativa D.
A alternativa B está incorreta. Vide comentário da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Vide comentário da alternativa D.
A alternativa D está correta. Sob o rito dos recursos repetitivos, no julgamento do Tema 1.060, a Terceira
Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que é crime de desobediência ignorar a ordem de parada
de veículo emitida por policial no exercício de atividade ostensiva de segurança pública. Por maioria, foi fixada
a seguinte tese: "A desobediência à ordem legal de parada, emanada por agentes públicos em contexto de
policiamento ostensivo, para prevenção e repressão de crimes, constitui conduta penalmente típica, prevista
no artigo 330 do Código Penal Brasileiro". O STJ refutou o argumento de que o desrespeito à ordem de parada
emanada de policial encontra-se abarcado pelo direito à não autoincriminação, por entender que este direito
não é absoluto e, portanto, não pode ser invocado para justificar condutas consideradas penalmente relevantes
pelo ordenamento jurídico. Vale ressaltar, no entanto, que o STJ fez um distinguishing com relação aos casos
em que o condutor do veículo desobedece ordem de parada dada pela autoridade de trânsito ou por seus
agentes, ou por policial ou outros agentes públicos no exercício de atividades relacionadas ao trânsito. Nesses
casos, não há crime de desobediência, vez que há previsão de sanção administrativa específica no art. 195 do
CTB, o qual não estabelece a possibilidade de cumulação de punição penal.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa D.

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QUESTÃO 35. No que se refere aos crimes contra a paz pública, caracteriza, crime de constituição de
milicia privada a conduta de
a) associarem-se três pessoas para o fim específico de cometer crimes com a participação de criança ou
adolescente.
b) policial integrar grupo criminoso juntamente com mais três pessoas visando à prática de crimes.
c) integrar organização paramilitar com a finalidade de praticar crimes exclusivamente previstos no
Código Penal.
d) custear organização paramilitar com a finalidade de praticar crimes de qualquer espécie, inclusive
aqueles previstos em legislação penal especial.
e) associarem-se quatro pessoas para o fim específico de cometer crimes.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre Crime de constituição de milícia.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa C está correta. O crime de constituição de milícia provada está tipificado no artigo 288-A do CP,
conforme se depreende da leitura do tipo penal, não há estabelecimento de uma quantidade mínima de
integrantes, diferentemente do que ocorre com o delito de associação criminosa (art. 288 do CP, o qual exige
associação de 3 ou mais pessoas) ou organização criminosa (art. 1º,§1º, da Lei 12.850/13, que traz a quantidade
mínima de 4 pessoas).
Ademais, o artigo 288-A estabelece uma finalidade específica, qual seja, a prática de crimes previstos no
Código Penal, nos seguintes termos: “Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear
organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos
crimes previstos neste Código.”
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.

QUESTÃO 36. No âmbito dos crimes contra a administração pública, o ato de solicitar para si vantagem
a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público, insinuando o agente que a vantagem é
também destinada ao funcionário público, caracteriza o crime de
a) tráfico de influência na modalidade comum.
b) tráfico de influência com causa de aumento de pena.
c) prevaricação.
d) corrupção ativa.
e) corrupção passiva.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata sobre crimes contra a administração pública.
A alternativa A está incorreta. Vide comentário da alternativa B.

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A alternativa B está correta. De acordo com o art. 332, do CP, pratica tráfico de influência o agente que solicita,
exige, cobra ou obtém, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em
ato praticado por funcionário público no exercício da função. Já o parágrafo único do mencionado artigo dispõe
que aplica-se uma causa de aumento de pena de metade se o agente alega ou insinua que a vantagem é também
destinada ao funcionário.
A alternativa C está incorreta. Vide comentário da alternativa B.
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da alternativa B.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa B.

QUESTÃO 37. No que se refere a prescrição conforme o CP assinale a opção correta.


a) Aplica-se a redução do prazo prescricional ao maior de 60 anos, na data da sentença, conforme
recente entendimento do STJ.
b) Aplica-se a redução do prazo prescricional na hipótese de o acusado completar 70 anos entre a data
de prolação da sentença condenatória e a data do trânsito em julgado para a condenação.
c) Aplica-se a redução do prazo prescricional ao indivíduo que tenha respondido ao processo penal e
que possua 20 anos de idade na data da sentença,
d) A prescrição da pretensão executória não se aplica aqueles que estejam submetidos ao regime de
medida de segurança.
e) Calcula-se a prescrição, antes do trânsito em julgado, pela pena em abstrato, incluindo-se as causas
de aumento de pena, entre elas eventual concurso de crimes.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre prescrição.
A alternativa A está incorreta. Conforme o art. 115 do CP, são reduzidos de metade os prazos prescricionais
quando o agente era, na data da sentença, maior de 70 anos. Não há entendimento do STJ no sentido de rebaixar
a idade exigida para se alcançar tal redução.
A alternativa B está incorreta. Conforme dito no comentário da alternativa A, a redução do prazo prescricional
ocorrerá se até a data da sentença, o agente tiver idade igual ou superior a 70 anos. Contudo, o STJ possui
entendimento no sentido de que, se entre a sentença condenatória e o julgamento dos embargos de declaração,
o réu atinge a idade superior a 70 anos, terá direito à redutora, tendo em vista que a decisão que julga os
embargos integra a própria sentença condenatória (AgRg no REsp 1.877.388-CE). Contudo, o mesmo
raciocínio não se aplica quando o réu completa 70 anos entre a data da sentença e o julgamento de apelação
ou de recurso extraordinário lato sensu, pois o termo “sentença” trazida no art. 115 deve ser compreendido
como a primeira decisão condenatória (HC 503.356/SP).
A alternativa C está correta. Conforme o art. 115 do CP, são reduzidos de metade os prazos prescricionais
quando o agente era, ao tempo do crime, menor de 21 anos. Ora, se ao tempo da prolação da sentença o agente
tinha a idade de 20 anos, por óbvio que no momento da prático do crime era menor de 21 anos, fazendo jus à
redução do prazo prescricional.
A alternativa D está incorreta. Havia no passado divergência a respeito da possibilidade de prescrição das
medidas de segurança em relação aos inimputáveis, na medida em que eles são absolvidos e as medidas são
decretadas por tempo indeterminado, até que verificada pericialmente a cessação da periculosidade (art. 97, §
1º, do CP). Os tribunais superiores, entretanto, pacificaram o entendimento no sentido de que, por serem
também sanções penais, devem sujeitar-se a regime de prescrição, pois o contrário violaria o princípio

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constitucional da prescritibilidade. Ademais, o art. 96, parágrafo único, do Código Penal expressamente dispõe
que “extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta”,
deixando claro que elas também se sujeitam ao regime prescricional, quer em relação à pretensão punitiva,
quer em relação à pretensão executória.
A alternativa E está incorreta. Em regra, as causas de aumento e diminuição serão levadas em consideração,
de forma a se chegar à pena máxima em abstrato e assim definir o prazo prescricional da pretensão punitiva.
Contudo, o STF excepcionou essa regra, ao editar a súmula n. 497, que dispõe que, quando se tratar de crime
continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na sentença, não se computando o acréscimo decorrente
da continuação. Apesar desta súmula tratar apenas do crime continuado, deve-se projetar seus efeitos também
para o concurso formal próprio, que também utiliza o sistema da exasperação.

QUESTÃO 38. Entre os crimes contra as instituições democráticas, a conduta de tentar depor, por meio
de grave ameaça, o governo legitimamente constituído é considerada
a) crime definido pelo CP como golpe de Estado, não havendo previsão de redução da pena em razão
da tentativa.
b) crime à luz do Código Penal, inclusive quando praticada por meio de manifestação crítica aos poderes
constitucionais.
c) crime definido pelo CP como violência política, quando ocasionar a destruição de estabelecimentos,
instalações ou serviços destinados à defesa nacional.
d) atípica.
e) crime definido pelo CP como golpe de Estado, devendo ser aplicada a redução da pena de um a dois
terços em razão da tentativa.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata sobre Crimes contra as instituições democráticas.
A alternativa A está correta. O artigo 359-M do Código Penal traz o delito de “Golpe de Estado”, tipificando
a conduta daquele que tenta: “depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente
constituído”. Tal tipo penal é classificado como crime de atentado ou de empreendimento, ou seja, um tipo
penal que traz a descrição típica da tentativa, de modo que alei pune de igualmente o crime praticado na sua
forma tentada e consumada.
A alternativa B está incorreta. O artigo 359-T afasta a tipicidade nestes casos: “Não constitui crime previsto
neste Título a manifestação crítica aos poderes constitucionais nem a atividade jornalística ou a reivindicação
de direitos e garantias constitucionais por meio de passeatas, de reuniões, de greves, de aglomerações ou de
qualquer outra forma de manifestação política com propósitos sociais.”
A alternativa C está incorreta. O crime de violência política é tipificado no artigo 359-P., do CP: “Restringir,
impedir ou dificultar, com emprego de violência física, sexual ou psicológica, o exercício de direitos políticos
a qualquer pessoa em razão de seu sexo, raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.

QUESTÃO 39. No que se relaciona à incomunicabilidade do acusado, julgue os itens a seguir, de acordo
com o Código de Processo Penal (CPP).

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I A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
II A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do
juiz, a requerimento da autoridade policial, desde que oficiada pelo órgão do Ministério Público.
III Nos crimes contra a saúde pública, a incomunicabilidade só poderá ser decretada se houver
requerimento do ministro da Justiça.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas o item I está certo.
c) Apenas o item II está certo.
d) Apenas o item III está certo.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata sobre incomunicabilidade.
A alternativa A está correta. O artigo 21 do CPP trata da incomunicabilidade do indiciado, estabelecendo, em
sua literalidade, que: “art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e
somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Parágrafo
único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias, será decretada por despacho fundamentado do
Juiz, a requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público(...)”
Tal dispositivo não foi recepcionado pela Constituição Federal. Ora, o art. 5°, inc. LXII, da CF estabelece que
“a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente
e à família do preso ou à pessoa por ele indicada”, ou seja, há um direito fundamental à comunicação da prisão.
Ademais, o artigo 136, §3º,IV, da CF, o qual trata do Estado de Defesa, situação que ocorrem em grave
instabilidade institucional, veda, expressamente, a incomunicabilidade do preso. Portanto, se até nesses casos
a incomunicabilidade é vedada, em situações ordinárias, não há razão para autorizar que um despacho a
estabeleça.
Ademais, nem mesmo os presos submetidos ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) estão
incomunicáveis, conforme estabelece o artigo 52, III e V, da LEP: Art. 52. A prática de fato previsto como
crime doloso constitui falta grave e, quando ocasionar subversão da ordem ou disciplina internas, sujeitará o
preso provisório, ou condenado, nacional ou estrangeiro, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar
diferenciado, com as seguintes características: III - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por vez, a serem
realizadas em instalações equipadas para impedir o contato físico e a passagem de objetos, por pessoa da
família ou, no caso de terceiro, autorizado judicialmente, com duração de 2 (duas) horas; V - entrevistas sempre
monitoradas, exceto aquelas com seu defensor, em instalações equipadas para impedir o contato físico e a
passagem de objetos, salvo expressa autorização judicial em contrário;”
Sendo assim, todas os itens estão equivocados. Salienta-se, todavia, que o item I traz a literalidade do
dispositivo.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa A. Destaca-se que o item I traz a
literalidade do artigo 21 do CPP, logo, a banca poderá entender que esta alternativa está correta.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.

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A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.

QUESTÃO 40. Assim que a autoridade policial tomar conhecimento da ocorrência de infração penal,
deverá, dentre outras providências,
a) dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem estado e conservação das coisas até a
chegada dos peritos criminais e apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados
pelos peritos criminais.
b) dirigir-se ao local, providenciar a simulação do fato utilizando-se dos objetos encontrados em posse
do(s) agente(s), enquanto a perícia criminal se inicia.
c) encaminhar os objetos que tiverem relação com o fato, providenciando a liberação do local onde
ocorreu a prática delituosa para a execução da perícia criminal.
d) oficiar o juiz de garantias, dirigir-se ao local, apreender os menores infratores que tiverem relação
com o fato, providenciando para que não se alterem estado e conservação das coisas após o término da
perícia criminal.
e) dirigir-se ao local, apreender os objetos que tiverem relação com o fato, providenciando para que não
se alterem estado e conservação das coisas após o término da perícia criminal.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata sobre Investigação Criminal.
A alternativa A está correta. A alternativa traz a literalidade do artigo 6, I, do CPP: “Art. 6 Logo que tiver
conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá: I - dirigir-se ao local, providenciando
para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;”
A alternativa B está incorreta. A reprodução simulada dos fatos é uma atuação que poderá ocorrer após as
medidas estabelecidas no artigo 6º do CPP.
A alternativa C está incorreta. Conforme a alternativa A, a autoridade policial deve preservar o local dos fatos,
o qual será analisado pelos peritos.
A alternativa D está incorreta. Não há tal previsão no artigo 6 do CPP.
A alternativa E está incorreta. A apreensão dos objetos apenas se da quando estes forem liberado pelos peritos,
nos termos do artigo 6,II, do CPP: “apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;”

QUESTÃO 41. No que se relaciona à produção de provas no processo penal, julgue os itens seguintes.
I A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, não sendo facultado ao juiz de oficio ordenar, antes de
iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas, ainda que consideradas urgentes e relevantes,
em razão do respeito às garantias constitucionais do indiciado.
II O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não
judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
III São inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de
causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte
independente das primeiras.

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Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata sobre provas.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa D está correta. O Item I está equivocado, pois o juiz poderá, de ofício, determinar a produção de
provas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida: Art.
156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício: I – ordenar,
mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes,
observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;”.
O Item II está correto, pois traz a literalidade do artigo 155 do CPP: “ O juiz formará sua convicção pela livre
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não
repetíveis e antecipadas.”
O Item III também está correto e traz a literalidade do artigo artigo 157 do CPP: “§ 1o São também
inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas
e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras.”
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

QUESTÃO 42. No que diz respeito ao termo circunstanciado de ocorrência assinale a opção correta,
com base na Lei nº 9.099/1995.
a) Cabe ao Ministério Público, ao tomar conhecimento da ocorrência, lavrar o termo circunstanciado e
encaminhá-lo imediatamente à autoridade policial, com o autor do fato e a vítima, para que sejam por
esta providenciadas as requisições dos exames periciais necessários.
b) Cabe à autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência requerer a prisão preventiva ao
parquet, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários.
c) Ao autor de crime inafiançável que, após a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente
encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em
flagrante.
d) Na audiência preliminar, presente o representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima
e, se possível, o responsável civil, acompanhados por seus advogados, o juiz esclarecerá sobre a
possibilidade da composição dos danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena em
regime semiaberto.

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e) Cabe à autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrar o termo circunstanciado e
encaminhá-lo imediatamente ao juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata sobre crimes de menor potencial ofensivo.
A alternativa A está incorreta. Conforme o art. 69 da lei n. 9.099/95, o termo circunstanciado será lavrado pela
autoridade policial, ao tomar conhecimento da ocorrência de infrações sujeitos ao procedimento do Juizado
Especial Criminal.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 311, do CPP, caberá ao juiz decretar a prisão preventiva,
devendo a autoridade policial que entender cabível tal medida oferecer representação ao juiz pela prisão
preventiva do acusado.
A alternativa C está incorreta. O art. 69, parágrafo único, da lei 9.099/95 dispõe que ao autor do fato que, após
a lavratura do termo circunstanciado, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso
de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Nota-se que o dispositivo não
faz menção à aplicação dessa regra aos crimes inafiançáveis.
A alternativa D está incorreta. Conforme o art. 72 da Lei 9.099/95, na audiência preliminar, presente o
representante do Ministério Público, o autor do fato e a vítima e, se possível, o responsável civil,
acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá sobre a possibilidade da composição dos danos e da
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de liberdade. Assim, não poderá se
transacionar acerca da aplicação de penas privativas de liberdade.
A alternativa E está correta. Conforme o art. 69 da lei n. 9.099/95, a autoridade policial que tomar
conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o
autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

QUESTÃO 43. Na execução penal, o ato praticado além dos limites fixados na sentença, em normas
legais ou regulamentares, caracteriza
a) aplicação da imputação objetiva.
b) cerceamento de defesa.
c) excesso ou desvio de execução.
d)exacerbação do ius puniendi em confronto com o princípio da proporcionalidade.
e) violação do contraditório.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre execução de penas.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa C está correta. O artigo 185 da LEP traz o conceito de excesso ou desvio de execução, o que se
coaduna com o cabeçalho da questão: “Art. 185. Haverá excesso ou desvio de execução sempre que algum ato
for praticado além dos limites fixados na sentença, em normas legais ou regulamentares.”
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.

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QUESTÃO 44. No que se relaciona ao indulto individual, julgue os itens seguir.
I O indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério
Público, do Conselho Penitenciário, ou da autoridade administrativa.
II A petição do indulto, acompanhada dos documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho
Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da Justiça.
III O indulto individual não poderá ser concedido pelo Conselho Penitenciário sem iniciativa prévia do
Ministério Público e da autoridade administrativa.
IV Se o sentenciado for beneficiado por indulto coletivo, o juiz, de oficio a requerimento do interessado,
do Ministério Público, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário ou da autoridade administrativa,
providenciará escolta policial para a condução do apenado ao instituto de criminalística.
Estão certos apenas os itens
a) I e ll.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata sobre indulto.
A alternativa A está correta. Conforme o art. 188, da Lei de Execução Penal, o indulto individual poderá ser
provocado por petição do condenado, por iniciativa do Ministério Público, do Conselho Penitenciário, ou da
autoridade administrativa, tornando correto o item I.
O art. 189 dispõe que a petição do indulto, acompanhada dos documentos que a instruírem, será entregue ao
Conselho Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da Justiça, o
que torna correto o item II.
O item III se encontra incorreto, pois vai de encontro ao já mencionado art. 188, vez que este confere
legitimidade autônoma ao Conselho Penitenciário para solicitar a concessão de indulto. Por fim, o ponto IV
se encontra incorreto, posto que a Lei de Execução Penal não exige a submissão do apenado a exame
criminológico para fins de concessão do indulto.
A alternativa B está incorreta. Vide comentário da letra A.
A alternativa C está incorreta. Vide comentário da letra A.
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da letra A.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da letra A.

QUESTÃO 45. O juiz, para decretar a prisão preventiva, deverá


a) empregar conceitos jurídicos indeterminados, explicitando os motivos jusfilosóficos que condicionam
sua incidência teórica.
b) indicar concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da
medida adotada.

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c) invocar precedente ou enunciado de súmulas e construir teses novas sobre os fundamentos
determinantes que afastam a inimputabilidade do agente.
d) limitar-se à indicação de ato normativo, prescindindo de explicações quanto à sua relação com a
causa ou a questão decidida.
e) abster-se de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte,
justificando sua posição no princípio do in dubio pro societate.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata sobre prisão preventiva.
A alternativa A está incorreta. A afirmativa contraria o artigo 315, §2º, II, do CPP, o qual estabelece
características de decisões não fundamentadas: § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial,
seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem
explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;”
A alternativa B está correta. A afirmativa está de acordo com o artigo 315,§1º, do CPP, que dispõe: “§ 1º Na
motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o juiz deverá indicar
concretamente a existência de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.”
A alternativa C está incorreta. A afirmação contraria o inciso V do §2º do artigo 315: “§2º Não se considera
fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: V - limitar-se a
invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar
que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;”
A alternativa D está incorreta. A afirmação contraria o inciso I do §2º do artigo 315: “§2º Não se considera
fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - limitar-se à
indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão
decidida;
A alternativa E está incorreta. Para não aplicar precedente invocado pela parte, o juiz deve aplicar a distinção
ou superação deste e não justificar a decisão com base no princípio in dubio pro societate, conforme estabelece
o inciso VI do §2º do artigo 315: “§2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que: VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou
precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a
superação do entendimento.”

QUESTÃO 46. Assinale a opção que apresenta e descreve corretamente as fases do procedimento
probatório.
a) A proposição é a etapa em que se requer a produção dos meios de prova; a admissão consiste na
avaliação dos requerimentos feitos na fase anterior com deferimento ou indeferimento; a produção
corresponde à realização dos atos processuais destinados à produção da prova; e a valoração ocorre no
momento em que o juiz aprecia as provas produzidas ao longo da fase probatória e profere a decisão.
b) As preliminares são a etapa em que se requer a produção dos meios de prova; a revisão consiste na
avaliação dos requerimentos feitos na fase anterior com deferimento ou indeferimento; a produção
corresponde à realização dos atos processuais destinados à produção da prova; e a verificação ocorre
no momento em que o juiz aprecia as provas produzidas ao longo da fase probatória e profere a decisão.
c) O indiciamento é a etapa em que se requer a produção dos meios de prova; a triagem consiste na
avaliação dos requerimentos feitos na fase anterior com deferimento ou indeferimento; a argumentação

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corresponde à realização dos atos processuais destinados à produção da prova; e a valoração ocorre no
momento em que o juiz aprecia as provas produzidas ao longo da fase probatória e profere a decisão.
d) A investigação é a etapa em que se requer a produção dos meios de prova; a pronúncia consiste na
avaliação dos requerimentos feitos na fase anterior com deferimento ou indeferimento; a
fundamentação corresponde à realização dos atos processuais destinados à produção da prova; a
sentença ocorre no momento em que o juiz aprecia as provas produzidas ao longo da fase probatória e
profere a decisão.
e) A tese é a etapa em que se requer a produção dos meios de prova; a antítese consiste na avaliação dos
requerimentos feitos na fase anterior com deferimento ou indeferimento; a conclusão corresponde à
realização dos atos processuais destinados à produção da prova; e o recurso ocorre no momento em que
o juiz aprecia as provas produzidas ao longo da fase probatória e profere a decisão.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata sobre procedimento probatório.
A alternativa A está correta. Conforme a doutrina, o procedimento probatório é dividido em quatro fases,
sendo estas: 1) proposição; 2) admissão; 3) produção; 4) valoração.
A proposição “refere-se ao momento em que as partes manifestam o seu desejo no tocante a produção de
determinada prova” (REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito
Processual Penal Esquematizado).
A admissão é a fase em que o juiz analisa a viabilidade da prova, deferindo ou não a sua produção, a partir de
sua legalidade.
A produção se refere a realização destas perante o juízo, a materialização daquilo que foi postulado.
Já a valoração é o momento que o juiz atribui valor aquilo que foi produzido, para sustentar uma futura decisão.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa A.

QUESTÃO 47. O princípio do devido processo legal


a) tem origem no sistema inquisitorial misto das tribos germânicas e serviu de base para a teoria do
direito penal do inimigo de Gunther Jakobs.
b) se baseia no eficientismo penal e no movimento da Lei e da Ordem (Law and Order) de Dahrendorf.
c) tem suas raízes no princípio da legalidade e garante que o indivíduo somente seja processado e punido
se houver lei penal anterior definindo determinada conduta como crime, cominando-lhe pena.
d) se baseia na tradição romana do fas e no uso do fascio como instrumento de dominação usado pelos
patres familiae.
e) tem sua fundamentação na teoria da imputação objetiva e expressa uma concepção puramente
legalista, excludente e supremacista do processo penal.
Comentários
A alternativa correta é a letra C. A questão trata sobre princípios processuais penais.

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A alternativa A está incorreta. O sistema acusatório não é marcado por um processo devido, uma vez que, em
tal sistema, há uma confusão entre os sujeitos processuais, principalmente entre as funções da acusação e
julgamento, quebrando, assim, a imparcialidade. Aury Lopes Jr. afirma: “é a separação de funções e, por
decorrência, a gestão da prova na mão das partes e não do juiz (juiz-espectador), que cria as condições de
possibilidade para que a imparcialidade se efetive. Somente no processo acusatório-democrático, em que o
juiz se mantém afastado da esfera de atividade das partes, é que podemos ter a figura do juiz imparcial,
fundante da própria estrutura processual.”(LOPES JR, Aury, Direito Processual Penal, Saraiva 17ª edição,
2020).
A alternativa B está incorreta. O movimento Lei e ordem remonta a década de 70, nos EUA, se caracterizando
como uma política criminal, não relacionada, à origem do devido processo legal.
A alternativa C está correta. O princípio do devido processo legal é a base principal do Direito Processual
brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra, encontram nele seu fundamento. Conforme Aury
Lopes Jr. “Existe uma íntima relação e interação entre a história das penas e o nascimento do processo penal,
na medida em que o processo penal é um caminho necessário para alcançar-se a pena e, principalmente, um
caminho que condiciona o exercício do poder de penar (essência do poder punitivo) à estrita observância de
uma série de regras que compõe o devido processo penal (...) O processo penal atrela-se à evolução da pena,
definindo claramente seus contornos quando a pena adquire seu caráter verdadeiro, como pena pública, quando
o Estado vence a atuação familiar” (LOPES JR, Aury, Direito Processual Penal, Saraiva 17ª edição, 2020).
Guilherme de Souza Nucci também afirma: “o devido processo legal guarda suas raízes no princípio da
legalidade, garantindo ao indivíduo que somente seja processado e punido se houver lei penal anterior
definindo determinada conduta como crime, cominando-lhe pena”.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa C.

QUESTÃO 48. Julgue os itens a seguir, no que se refere ao sistema inquisitivo.


I O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentração de poder nas mãos do julgador, que exerce,
também, a função de acusador.
II No sistema inquisitivo, a confissão do réu é considerada a rainha das provas.
III O sistema inquisitivo privilegia os debates orais, com procedimentos escritos formalizados.
IV No sistema inquisitivo, o procedimento é público, pautado pelo princípio do contraditório, e a defesa
do réu é atuante.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) l e IV.
c) II e III.
d) I, III e IV.
e) II, III e IV.
Comentários
A alternativa correta é a letra A. A questão trata sobre sistemas processuais penais.

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A alternativa A está correta. O ponto I está correto, pois de fato no sistema inquisitivo cabe a um só órgão
acusar e julgar; o juiz dá início à ação penal e, ao final, ele mesmo profere a sentença. O ponto II também se
mostra correto, tendo em vista que o sistema inquisitório se pautava pelo princípio da verdade real, em que se
buscava a verdade absoluta do que ocorreu no momento do crime e, por isso, a confissão dispunha de maior
valor probatório que as demais provas, obtida, muitas vezes, através de tortura e outros métodos coativos. O
ponto III se encontra incorreto, posto que no sistema inquisitivo não há debates orais, predominando os
procedimentos escritos. Por fim, o ponto IV está incorreto, uma vez que no sistema inquisitivo não há o que
se falar em contraditório, o qual nem sequer seria concebível em virtude da falta de contraposição entre
acusação e defesa.
A alternativa B está incorreta. Vide comentário da alternativa A.
A alternativa C está incorreta. Vide comentário da alternativa A.
A alternativa D está incorreta. Vide comentário da alternativa A.
A alternativa E está incorreta. Vide comentário da alternativa A.

QUESTÃO 49. No sistema misto, o processo se divide em


a) três fases distintas: na primeira, há predominância do viés inquisitorial, com formalismo excessivo e
pouco espaço para a ampla defesa e o contraditório; na segunda fase, predomina a argumentação e o
contraditório; na terceira fase, há a participação popular efetivada pela atuação dos tribunos e dos
juízes leigos.
b) três fases distintas e interligadas: na primeira, há predominância do viés inquisitorial, com
formalismo nas reduções a termo e pouco espaço para a ampla defesa e o contraditório; na segunda
fase, predomina a consulta popular com a participação dos jurisconsultos que mediam os debates; na
terceira, há o envio dos autos para o oficial da ouvidoria real para a chancela do soberano.
c) duas fases: na primeira fase há predominância da oralidade, o libelo acusatório é lido e a pronúncia
é formalizada; e, na segunda fase, ocorre o debate entre defesa e acusação.
d) duas grandes fases: na fase de instrução preliminar, com os elementos do sistema inquisitivo,
predomina a procedimento secreto, escrito e sem contraditório; enquanto, na fase de julgamento, com
a predominância do sistema acusatório, presentes se fazem a oralidade, a publicidade, o contraditório,
a concentração dos atos processuais, a intervenção de juízes populares e a livre apreciação das provas.
e) duas grandes fases: na fase de instrução preliminar, com elementos do sistema acusatório, predomina
o procedimento público, escrito e sujeito ao contraditório, enquanto, na fase de julgamento, com a
predominância do sistema inquisitivo, a oralidade, o sigilo e a intervenção de juízes togados conduzem
a valoração das provas.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata sobre sistema processuais penais.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa D está correta. Conforme Aury Lopes Jr.: “O chamado “Sistema Misto” nasce com o Código
Napoleônico de 1808 e a divisão do processo em duas fases: fase pré-processual e fase processual, sendo a
primeira de caráter inquisitório e a segunda acusatória. É a definição geralmente feita do sistema brasileiro

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(misto), pois muitos entendem que o inquérito é inquisitório e a fase processual acusatória (pois o MP acusa).”
(LOPES JR, Aury, Direito Processual Penal, Saraiva 17ª edição, 2020).
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

QUESTÃO 50. No que concerne à nulidade absoluta, julgue os itens a seguir.


I O reconhecimento de uma nulidade absoluta está condicionado à comprovação do prejuízo.
II A nulidade absoluta pode ser declarada de oficio ou mediante invocação da parte interessada.
III O prejuízo e o não atingimento dos fins são presumidos na nulidade absoluta.
IV A nulidade absoluta é insanável, não se convalida e tampouco é convalidada pela preclusão ou
trânsito em julgado.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I, II e III estão certos.
b) Apenas os itens I, II e IV estão certos.
c) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
d) Apenas os itens II, III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D . A questão trata sobre nulidades.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.
A alternativa D está incorreta. Sobre as características da nulidade absoluta, Aury Lopes Jr. afirma que: “É
recorrente a classificação das nulidades em absolutas e relativas, sendo as primeiras definidas como aquelas
em que: 1) ocorre uma violação de norma cogente, que tutela interesse público; 2) pode ser declarada de ofício
ou mediante invocação da parte interessada; 3) o prejuízo e o não atingimento dos fins são presumidos; 4) é
insanável, não se convalida e tampouco é convalidada pela preclusão ou trânsito em julgado.”. (LOPES JR,
Aury, Direito Processual Penal, Saraiva 17ª edição, 2020).
Portanto, nas nulidades absolutas, o prejuízo é presumido, carecendo de comprovação específica pela parte.
Vale destacar, todavia, que este tema não é pacífico, havendo decisões do STF que tem aplicado o princípio
do pas de nullité sans grief (não há nulidade sem prejuízo) para ambos os tipos de nulidade, sendo assim, em
todos os casos, apenas com a comprovação do prejuízo, poderia ser levantada a nulidade: “Nenhum ato será
nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa. até a nulidade absoluta exige prova
do prejuízo (STF, RHC nº 117102/SP, Rel. Ricardo Lewandowski).
Portanto, tomando como base a clássica diferenciação entre nulidades absolutas e relativas, estão certos os
itens II, III e IV.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa D.

QUESTÃO 51. No que concerne à nulidade relativa, julgue os itens a seguir.

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I Caracteriza nulidade relativa a violação de norma infraconstitucional que tutela interesse
preponderante das partes.
II A nulidade relativa não pode ser conhecida de oficio, dependendo da postulação da parte interessada
e a parte deve demonstrar o prejuízo sofrido.
III A nulidade relativa não convalida com a preclusão.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas os itens I e II estão certos.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata sobre nulidades.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.
A alternativa B está correta. Sobre as características da nulidade relativa, Aury Lopes Jr. afirma que: Em
linhas gerais, define-se a nulidade relativa a partir dos seguintes aspectos: 1) viola uma norma que tutela um
interesse essencialmente da parte, ou seja, um interesse privado; 2) não pode ser conhecida de ofício,
dependendo da postulação da parte interessada; 3) convalida com a preclusão; 4) a parte deve demonstrar o
prejuízo sofrido. Nessa modalidade, segundo o senso comum teórico, não havendo a arguição no momento
oportuno ou não havendo demonstração do efetivo prejuízo para a parte que o alegou, não haverá a nulidade
do ato.”.
Sendo assim, apenas os itens I e II estão certos.
A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.
A alternativa E está incorreta. Conforme comentários da alternativa B.

QUESTÃO 52. Define-se fumus commissi delicti como


a) o fato que dá origem à ação penal por crime de deserção no Superior Tribunal Militar.
b) o objeto da ação penal em sua fase recursal frente aos tribunais superiores.
c) o elemento central do libelo acusatório apresentado nos tribunais de exceção da Idade Média.
d) o fato constante na delatio criminis que dá ensejo à pronúncia
e) o fato constante na notitia criminis, objeto da investigação preliminar que dá origem à investigação e
sobre o qual recai a totalidade dos atos desenvolvidos nessa fase.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata sobre efeitos da condenação.
A alternativa A está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.
A alternativa B está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.

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A alternativa C está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.
A alternativa D está incorreta. Conforme comentários da alternativa E.
A alternativa E está correta. O fumus comissi delicti se refere ao fato com aparência de delito. Neste sentido,
Aury Lopes Jr. afirma que: “O objeto da investigação preliminar é o fato constante na notitia criminis, isto é,
o fumus commissi delicti que dá origem à investigação e sobre o qual recai a totalidade dos atos desenvolvidos
nessa fase. Toda a investigação está centrada em esclarecer, em grau de verossimilitude, o fato e a autoria,
sendo que esta última (autoria) é um elemento subjetivo acidental da notícia-crime. Não é necessário que seja
previamente atribuída a uma pessoa determinada. A atividade de identificação e individualização da
participação será realizada no curso da investigação preliminar.” (LOPES JR, Aury, Direito Processual Penal,
Saraiva 17ª edição, 2020).

QUESTÃO 53. Com base na Lei n.° 13.869/2019 (Lei de Abuso de Autoridade), julgue os itens a seguir.
I Ainda que primário, o condenado por crime de abuso de autoridade previsto na Lei n.º 13.869/2019
deve ser condenado a perder o cargo, o mandato ou a função pública.
Il Comete crime de abuso de autoridade o agente que praticar uma das condutas delituosas previstas
na lei, ainda que sem a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro,
ausente mero capricho ou satisfação pessoal.
Ill Comete crime de abuso de autoridade quem antecipa o responsável pelas investigações, por meio de
comunicação, inclusive em rede social, e atribui culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada
a acusação, podendo ser condenado a pena de detenção.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas o item I está certo.
c) Apenas o item Il está certo
d) Apenas o item Ill está certo.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
O item I está incorreto. De acordo com o artigo 4º, parágrafo único, da Lei de Abuso de Autoridade, Lei n.
13.869/2019, a aplicação do efeito de perda do cargo, mandato ou função pública depende da verificação da
reincidência do réu em crime de abuso de autoridade. Veja o que dispõe o aludido dispositivo: “São efeitos da
condenação: I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a
requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração,
considerando os prejuízos por ele sofridos; II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função
pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Parágrafo único. Os efeitos previstos nos incisos II e III do caput deste artigo são condicionados à ocorrência
de reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados
motivadamente na sentença.”
O item II está incorreto. Nos termos do artigo 1º, §1º, Lei de Abuso de Autoridade, Lei n. 13.869/2019: “As
condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo agente com a
finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho
ou satisfação pessoal.”

42
91
O item III está correto. Trata-se do crime previsto no artigo 38 da Lei de Abuso de Autoridade, Lei n.
13.869/2019: “Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social,
atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: Pena - detenção, de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos, e multa.”
Assim, considerando que apenas o item III está correto, a alternativa correta a ser assinalada é a letra D.

QUESTÃO 54. Assinale a opção correta de acordo com a Lei n.º 14.344/2022 (Lei Henry Borel).
a) A autoridade policial poderá conceder fiança na hipótese de prisão em flagrante por descumprimento
de decisão judicial que defere medida protetiva de urgência prevista na Lei Henry Borel.
b) Caso a lei comine pena máxima não superior a dois anos por prática de crime cometido contra a
criança e o adolescente, será possível o julgamento do caso por juizado especial criminal.
c) Na hipótese de crimes, previstos na Lei Henry Borel, de violência doméstica e familiar contra a
criança e o adolescente punidos com pena de detenção, é possível a substituição da pena privativa de
liberdade pela restritiva de direitos na modalidade de prestação pecuniária.
d) Configura violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente qualquer ação ou omissão
que lhe cause dano patrimonial, em qualquer relação doméstica e familiar na qual o agressor conviva
ou tenha convivido com a vítima, independentemente de coabitação.
e) Apesar de seu combate ter ampla relevância social, a violência doméstica e familiar contra a criança
e o adolescente não constitui uma das formas de violação dos direitos humanos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 25, §2º, da Lei n.º 14.344/2022 (Lei Henry Borel): Art.
25. Descumprir decisão judicial que defere medida protetiva de urgência prevista nesta Lei: Pena - detenção,
de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. [...] § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial
poderá conceder fiança.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do artigo 226, § 1º, do ECA, inserido pela Lei n.º 14.344/2022 (Lei
Henry Borel): Aos crimes cometidos contra a criança e o adolescente, independentemente da pena prevista,
não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do artigo 226, § 2º, do ECA, inserido pela Lei n.º 14.344/2022 (Lei
Henry Borel): § 2º Nos casos de violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente, é vedada a
aplicação de penas de cesta básica ou de outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que
implique o pagamento isolado de multa.
A alternativa D está correta. Trata-se da literalidade do artigo 2º, inciso III, da Lei n.º 14.344/2022 (Lei Henry
Borel): [...] III - em qualquer relação doméstica e familiar na qual o agressor conviva ou tenha convivido com
a vítima, independentemente de coabitação.
A alternativa E está incorreta. Nos termos do artigo 3º, da Lei n.º 14.344/2022 (Lei Henry Borel): Art. 3º A
violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente constitui uma das formas de violação dos
direitos humanos.

QUESTÃO 55. Com base na Lei n.° 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), julgue os itens a
seguir.

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I Comete crime, punido com pena de detenção, a fornecedor de produtos ou serviços que permitir o
ingresso em estabelecimentos comerciais de um número maior de consumidores que o máximo fixado
pela autoridade administrativa.
Il As infrações penais previstas na Lei n.° 8.078/1990 demandam, necessariamente, a existência de dolo
para que haja condenação.
III Constitui infração penal empregar, na reparação de produtos, peça ou componentes de reposição
usados, sem autorização do consumidor.
IV Além das penas privativas de liberdade e de multa, é possível a imposição, cumulativa ou
alternadamente, de publicação em órgãos de comunicação de grande circulação ou audiência, às
expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) I, III, IV.
e) II, III e IV.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
O item I está correta. Prevê o artigo 65, §2º, da Lei n.° 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor): Art.
65. Executar serviço de alto grau de periculosidade, contrariando determinação de autoridade competente:
Pena Detenção de seis meses a dois anos e multa. [...] § 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta
Lei também caracteriza o crime previsto no caput deste artigo.
Por sua vez, prevê o artigo 39, XIV, do CDC a prática abusiva consistente em: XIV - permitir o ingresso em
estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade
administrativa como máximo.
O item II está incorreto. Há dois crimes culposos na Lei n.° 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor),
a saber aqueles descritos nos artigos 63, §2º, e 66, §2º.
O item III está correto. Trata-se do crime previsto no artigo Art. 70 do CDC: Art. 70. Empregar na reparação
de produtos, peça ou componentes de reposição usados, sem autorização do consumidor: Pena Detenção de
três meses a um ano e multa.
O item IV está correto. Conforme previsto no artigo 78 do CDC: Art. 78. Além das penas privativas de
liberdade e de multa, podem ser impostas, cumulativa ou alternadamente, observado odisposto nos arts. 44 a
47, do Código Penal: I - a interdição temporária de direitos; II - a publicação em órgãos de comunicação de
grande circulação ou audiência, às expensas do condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação; III - a
prestação de serviços à comunidade.
Assim, considerando que os itens I, III e IV estão corretos, a alternativa correta a ser assinalada é a letra D.

QUESTÃO 56. À luz da Lei n.° 9.807/1999, que disciplina, eminentemente, a proteção a vítimas e
testemunhas, assinale a opção correta.

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a) O juiz pode conceder o perdão judicial e a consequente extinção da punibilidade ao acusado que,
sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal,
desde que dessa colaboração tenha resultado a recuperação total ou parcial do produto do crime
b) Ainda que por solicitação do próprio interessado, não poderá haver a exclusão da pessoa protegida
de programa de proteção a vítimas e a testemunhas enquanto não expirado o prazo inicialmente
determinado.
c) As medidas de proteção requeridas por testemunhas de crimes que estejam coagidas a grave ameaça
em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal serão prestadas pela União, pelos
estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios no âmbito das respectivas competências.
d) A proteção oferecida pelos programas especiais de proteção a vítimas e testemunhas deve ter a
duração máxima de dois anos, sendo tal período improrrogável.
e) É possível a proteção concedida pelos programas a indiciados ou acusados sob prisão cautelar em
qualquer de suas modalidades.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. Trata-se da literalidade do artigo 13, III, da Lei n. 9.807/1999: Art. 13. Poderá o
juiz, de ofício ou a requerimento das partes, conceder o perdão judicial e a conseqüente extinção da
punibilidade ao acusado que, sendo primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação
e o processo criminal, desde que dessa colaboração tenha resultado: [...]III - a recuperação total ou parcial do
produto do crime.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do artigo 10, inciso I, da Lei n. 9.807/1999: Art. 10. A exclusão da
pessoa protegida de programa de proteção a vítimas e a testemunhas poderá ocorrer a qualquer tempo: I - por
solicitação do próprio interessado;
A alternativa C está incorreta. Conforme prevê o artigo 1º, da Lei n. 9.807/199, o município não está incluído:
Art. 1 As medidas de proteção requeridas por vítimas ou por testemunhas de crimes que estejam coagidas ou
o

expostas a grave ameaça em razão de colaborarem com a investigação ou processo criminal serão prestadas
pela União, pelos Estados e pelo Distrito Federal, no âmbito das respectivas competências, na forma de
programas especiais organizados com base nas disposições desta Lei.
A alternativa D está incorreta. Consoante dispõe o artigo 11, parágrafo único, da Lei n. 9.807/1999: Art. 11.
A proteção oferecida pelo programa terá a duração máxima de dois anos. Parágrafo único. Em circunstâncias
excepcionais, perdurando os motivos que autorizam a admissão, a permanência poderá ser prorrogada.
A alternativa E está incorreta. Nos termos do artigo 2º, §2º, da Lei n. 9.807/1999: § 2 Estão excluídos da
o

proteção os indivíduos cuja personalidade ou conduta seja incompatível com as restrições de comportamento
exigidas pelo programa, os condenados que estejam cumprindo pena e os indiciados ou acusados sob prisão
cautelar em qualquer de suas modalidades. Tal exclusão não trará prejuízo a eventual prestação de medidas de
preservação da integridade física desses indivíduos por parte dos órgãos de segurança pública.

QUESTÃO 57. A respeito dos crimes de trânsito, julgue os itens a seguir, com base na Lei n.° 9.503/1997.
I A penalidade de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo
automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver em regime
aberto, na modalidade de prisão domiciliar.

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Il Constitui crime, punido com reclusão a participação, na direção de veículo automotor, na via pública,
em corrida, disputa ou competição automobilística ou ainda em exibição ou demonstração de perícia
em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade competente, que gere situação de
risco à incolumidade pública ou privada.
III Em determinados crimes previstos no Código de Trânsito Brasileiro, é permitida a substituição de
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, na modalidade de prestação de serviços à
comunidade, consistente em trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate dos corpos de
bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no atendimento a vítimas de trânsito.
Assinale a opção correta.
a) Nenhum item está certo.
b) Apenas o item I está certo.
c) Apenas o item Il está certo.
d) Apenas o item III está certo.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
O item I está incorreto. Conforme dispõe o artigo 293, §2º, da Lei n.° 9.503/1997 (CTB): § 2º A penalidade
de suspensão ou de proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor não se
inicia enquanto o sentenciado, por efeito de condenação penal, estiver recolhido a estabelecimento prisional.
O item II está incorreto. Nos termos do artigo 308 da Lei n.° 9.503/1997 (CTB), o crime é punido com
detenção: Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou
competição automobilística ou ainda de exibição ou demonstração de perícia em manobra de veículo
automotor, não autorizada pela autoridade competente, gerando situação de risco à incolumidade pública ou
privada: Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.
O item III está correto. Trata-se de previsão contida no artigo 312-A, I, da Lei n.° 9.503/1997 (CTB): Art.
312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a
substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de
serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma das seguintes atividades: I - trabalho, aos fins de
semana, em equipes de resgate dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis especializadas no
atendimento a vítimas de trânsito.
Assim, considerando que apenas o item III está correto, a alternativa a ser assinalada é a letra D.

QUESTÃO 58. Acerca da Lei n.° 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos), assinale a opção correta.
a) O delito de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum é insuscetível de indulto.
b) o delito de extorsão, quando praticado com emprego de arma de fogo, é inafiançável.
c) Nos crimes hediondos, a prisão temporária terá o prazo de trinta dias, podendo ser prorrogada, de
forma automática, por igual período.
d) O condenado unicamente por crime de importunação sexual somente poderá obter livramento
condicional após o cumprimento de mais de dois terços da pena.

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e) Após as alterações promovidas na Lei de Crimes Hediondos pelo Pacote Anticrime, o crime de roubo
circunstanciado, em qualquer de suas modalidades, passou a ser considerado delito hediondo.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. O crime de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo
que cause perigo comum está previsto como crime hediondo no artigo 1º, inciso IX, da Lei n.° 8.072/1990
(Lei de Crimes Hediondos), e como tal é insuscetível de indulto, nos termos do artigo 2º do aludido diploma
legislativo: Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins
e o terrorismo são insuscetíveis de: I - anistia, graça e indulto.
A alternativa B está incorreta. O delito de extorsão na sua modalidade simples não está previsto como crime
hediondo na Lei n.° 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos) e, portanto, não há previsão legal para a vedação
à fiança.
A alternativa C está incorreta. Conforme dispõe o artigo 2º, §4º, da Lei n.° 8.072/1990 (Lei de Crimes
Hediondos): § 4 A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos
o o

crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade.
A alternativa D está incorreta. O crime de importunação sexual não está arrolado como crime hediondo no
artigo 1º da Lei n.° 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos).
A alternativa E está incorreta. Somente configuram crime de roubo as modalidades majoradas previstas no
artigo 1º, inciso II, alíneas "a", "b", e "c", da Lei n.° 8.072/1990 (Lei de Crimes Hediondos): I - roubo: a)
circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V); b) circunstanciado pelo emprego
de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso proibido ou restrito (art.
157, § 2º-B); c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);

QUESTÃO 59. Acerca dos ditames legais referentes ao instituto da saída temporária, assinale a opção
correta, com base na Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal - LEP).
a) Não terá direito à saída temporária o condenado que estiver cumprindo pena pela prática de crime
hediondo que tenha resultado em morte.
b) A autorização para saída temporária será concedida pelo prazo de sete a quinze dias, podendo ser
renovada mais quatro vezes durante o ano.
c) A lei determina que o gozo do benefício da saída temporária deve ocorrer sem vigilância direta,
impedindo, portanto, que o juízo determine a utilização de equipamento de monitoração eletrônica pelo
condenado.
d) Se primário, o condenado por delito hediondo praticado após a vigência da Lei n.° 13.964/2019
somente fará jus ao benefício de saída temporária após o cumprimento de 40% da pena,
independentemente de seu total.
e) O condenado em regime inicial semiaberto poderá usufruir do benefício de saída temporária
imediatamente após o início do cumprimento da pena.
Comentários.
A alternativa correta é a letra A.

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A alternativa A está correta. Trata-se da literalidade do artigo 122, §2º, da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal - LEP): § 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o condenado que
cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do artigo 124 da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal - LEP):
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por mais
4 (quatro) vezes durante o ano.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o artigo 122, §1º e artigo 146-B da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de
Execução Penal - LEP): § 1º A ausência de vigilância direta não impede a utilização de equipamento de
monitoração eletrônica pelo condenado, quando assim determinar o juiz da execução.
Art. 146-B. O juiz poderá definir a fiscalização por meio da monitoração eletrônica quando: II - autorizar a
saída temporária no regime semiaberto;
A alternativa D está incorreta. Conforme dispõe o artigo 122, §2º, da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal - LEP): § 2º Não terá direito à saída temporária a que se refere o caput deste artigo o condenado que
cumpre pena por praticar crime hediondo com resultado morte.123
A alternativa E está incorreta. Nos termos do artigo 123, II, da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal -
LEP): Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos: [...] II -
cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se
reincidente;

QUESTÃO 60. Ainda no que se refere à Lei de Execução Penal e às suas alterações, assinale a opção
correta.
a) É autorizada a utilização da amostra biológica eventualmente coletada do condenado por crime
doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem como por crime contra a vida, contra a
liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, para fins de busca familiar, caso o condenado
não tenha familiares conhecidos.
b) A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime
menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 30% da pena, se
o apenado for primário e o crime tiver sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça.
c) No caso de mulher gestante ou que seja mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência,
um dos requisitos para a progressão de regime é o cumprimento de ao menos um oitavo da pena no
regime anterior.
d) O condenado que cumpre pena em regime aberto e o que usufrui liberdade condicional poderão
remir, por trabalho, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova à razão de um dia de
pena a cada três dias de trabalho.
e) O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem como por crime
contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, poderá ser submetido,
a critério do juiz, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA, a partir de técnica
adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.

48
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A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 9º-A, §5º, da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal
- LEP): § 5º A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o único e exclusivo fim de permitir a
identificação pelo perfil genético, não estando autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou de busca
familiar.
A alternativa B está incorreta. O percentual correto é de 25%, nos termos do artigo 112, inciso III, da Lei n.°
7.210/1984 (Lei de Execução Penal - LEP): Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma
progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver
cumprido ao menos: [...] III - 25% (vinte e cinco por cento) da pena, se o apenado for primário e o crime tiver
sido cometido com violência à pessoa ou grave ameaça;
A alternativa C está correta. De acordo com o artigo 112, §3º, III, da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal - LEP): § 3º No caso de mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com
deficiência, os requisitos para progressão de regime são, cumulativamente: III - ter cumprido ao menos 1/8
(um oitavo) da pena no regime anterior;
A alternativa D está incorreta. Fazem jus à remição o condenado que cumpre pena em regime fechado ou
semiaberto, nos termos do artigo 126 da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal - LEP): Art. 126. O
condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo,
parte do tempo de execução da pena.
A alternativa E está incorreta. Consoante ao artigo 9º-A da Lei n.° 7.210/1984 (Lei de Execução Penal - LEP):
Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, bem como por crime
contra a vida, contra a liberdade sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será submetido,
obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA (ácido desoxirribonucleico),
por técnica adequada e indolor, por ocasião do ingresso no estabelecimento prisional.

QUESTÃO 61. Assinale a opção correta de acordo com a Lei n.º 11.343/2006 (Lei de Drogas).
a) Ao agente que pratica o delito de tráfico ilícito de entorpecentes e, em razão da dependência, era, ao
tempo da ação, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, deve ser imposta uma causa
de diminuição de pena, de metade a dois terços.
b) Ocorrendo prisão em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, em até 24 horas, comunicação
ao juiz competente, remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao Ministério Público,
em no máximo 48 horas.
c) Verificando-se a conduta de posse de entorpecentes, o autor do fato será preso em flagrante, devendo
ser encaminhado, em até 24 horas, para a autoridade judicial, a fim de que seja submetido à audiência
de custódia.
d) O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo
criminal na identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial
do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
e) É possível a concessão de indulto à pena imposta por condenação relativa ao crime de associação para
a prática de tráfico ilícito de entorpecentes.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 46 da Lei n. 11.343/2006: Art. 46. As penas podem ser
reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45 desta Lei, o agente não

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possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
A alternativa B está incorreta. Conforme dispõe o artigo 50 da Lei n. 11.343/2006: Art. 50. Ocorrendo prisão
em flagrante, a autoridade de polícia judiciária fará, imediatamente, comunicação ao juiz competente,
remetendo-lhe cópia do auto lavrado, do qual será dada vista ao órgão do Ministério Público, em 24 (vinte e
quatro) horas.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do artigo 48, § 2º, da Lei n. 11.343/2006: § 2º Tratando-se da
conduta prevista no art. 28 desta Lei, não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser
imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta deste, assumir o compromisso de a ele
comparecer, lavrando-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições dos exames e perícias
necessários.
A alternativa D está correta. Trata-se da literalidade do artigo 41 da Lei n. 11.343/2006: Art. 41. O indiciado
ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na identificação
dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do crime, no caso
de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
A alternativa E está incorreta. De acordo com o artigo 44 da Lei n. 11.343/2006: Art. 44. Os crimes previstos
nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia
e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos. Parágrafo único. Nos
crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á o livramento condicional após o cumprimento de dois terços
da pena, vedada sua concessão ao reincidente específico.

QUESTÃO 62. Há quase duas décadas, vigora no Brasil a Lei n.° 11.340/2006, denominada Lei Maria
da Penha. Com relação a este diploma legal, assinale a opção correta.
a) Resta configurada a violência doméstica e familiar contra a mulher em qualquer ação ou omissão
baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
patrimonial, em qualquer relação intima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a
ofendida, desde que haja ou tenha havido coabitação.
b) Uma das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher é a violência psicológica, entendida
como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
c) Nas causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, a ofendida tem
a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável em juizado de violência doméstica
e familiar contra a mulher.
d) Verificada a existência de risco atual ou iminente ou a integridade física e psicológica da mulher em
situação de violência doméstica e familiar a autoridade policial, quando o município não for sede de
comarca, poderá aplicar, provisoriamente, até deliberação judicial, a medida protetiva de urgência
consistente em encaminhamento da ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de
proteção ou de atendimento.
e) O delegado de polícia, nos termos da Lei Maria da Penha, assegurará à mulher em situação de
violência doméstica e familiar, para preservar sua integridade física e psicológica, acesso prioritário à
remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.

50
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A alternativa A está incorreta. Nos termos do artigo 5º, inciso III, da Lei n. 11.340/2006, não se exige
coabitação: Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial: [...] III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
A alternativa B está incorreta. Trata-se de violência moral, nos termos do artigo 5º, inciso V, da Lei n.
11.340/2006: Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: [...] V - a
violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
A alternativa C está correta. Trata-se da literalidade do artigo 14-A, caput, da Lei n. 11.340/2006: Art. 14-A.
A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher.
A alternativa D está incorreta. A medida a ser aplicada é o afastamento do agressor do lar, nos termos do artigo
12-C, II, da Lei n. 11.340/2006: Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à
integridade física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida:
[...II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou
A alternativa E está incorreta. A medida será aplicada pelo juiz, nos termos do artigo 9º, §2º, I, da Lei n.
11.340/2006: § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar
sua integridade física e psicológica: I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da
administração direta ou indireta;

QUESTÃO 63. De acordo com a Constituição do Estado de Pernambuco, a repressão da criminalidade


cabe
I à polícia civil.
II à polícia militar.
III à polícia penal.
IV ao corpo de bombeiros militar.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas os itens I e Il estão certos.
c) Apenas os itens III e VI estão certos.
d) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
De acordo com o artigo 103, II, da Constituição do Estado de Pernambuco, cabe à Polícia Civil a atribuição
de repressão da criminalidade. Veja o que dispõe o artigo dispositivo:
Art. 103. À Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia, ocupante do último nível da carreira, incumbem,
privativamente, ressalvada a competência da União:
I - as funções de Polícia Judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares;

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II - a repressão da criminalidade;

QUESTÃO 64. De acordo com a Lei Estadual nº. 6.425/1972, que dispõe sobre o regime jurídico dos
policiais civis da Secretaria da Segurança Pública do Estado de Pernambuco (Estatuto Policial), a
remoção do policial civil por conveniência da disciplina deverá ser expressamente justificada pelo
a) diretor do departamento de pessoal.
b) governador do estado.
c) secretário da segurança pública.
d) Conselho Superior de Polícia.
e) chefe do serviço em que estiver lotado.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
Trata-se da literalidade do artigo 14 da Lei Estadual n. 6.123/1968, segundo o qual: “A remoção por
conveniência da disciplina deverá ser expressamente justificada pelo chefe do serviço em que estiver lotado o
funcionário e acarretará ao mesmo a perda dos direitos e vantagens atribuídas às outras formas de remoção”.

QUESTÃO 65. De acordo com a Lei Estadual nº. 6.123/1968, na promoção por antiguidade de servidor
público do Estado de Pernambuco, havendo empate na classificação por antiguidade na classe, o
primeiro critério de preferência a ser adotado será o(a)
a) tempo de serviço público prestado ao Estado e respectivas autarquias.
b) exercício de substituição não remunerada.
c) tempo no serviço público.
d) número de filhos.
e) idade.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
De acordo com o artigo 61, §5º, I, da Lei Estadual n. .123/1968, o primeiro critério de desempate na promoção
por antiguidade será o tempo de serviço público prestado ao Estado e respectivas autarquias.
Veja o que dispõe o aludido dispositivo:
Art. 61. § 5º quando houver empate na classificação por antiguidade na classe, terá preferência,
sucessivamente:
I - O funcionário de maior tempo de serviço público prestado ao Estado e respectivas autarquias.
II - O que houver exercido substituição não remunerada prevista na presente Lei.
III - O de maior tempo de serviço público.
IV - O de maior prole.
V - O mais idoso.

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QUESTÃO 66. De acordo com a Lei Complementar Estadual nº. 137/2008, que institui o plano de
cargos, carreiras e vencimentos no âmbito da Polícia Civil do Estado de Pernambuco, julgue os itens
seguintes.
I A carreira de policial civil caracteriza-se pela autonomia e independência funcional, exigência de
formação especificamente policial e multidisciplinariedade de conhecimento técnico-científico em
situações que implicam risco de vida ou saúde de seus integrantes.
II É vedada a cessão de servidores ocupantes de cargos integrantes do grupo ocupacional de polícia civil,
salvo para o exercício de cargo em comissão compatível com as atribuições do cargo de provimento
efetivo, em que a cessão é condicionada à prévia anuência do Conselho Superior de Política de Pessoal
(CSPP)
III O servidor que tiver sido condenado criminalmente por sentença transitada em julgado ou punido
disciplinarmente com pena de suspensão somente poderá concorrer à progressão se já houver cumprido
a pena ou punição disciplinar que lhe tenha sido imputada.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item II está certo.
b) Apenas o item IlI está certo.
c) Apenas os itens I e II estão certos.
d) Apenas os itens I e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A afirmativa I está incorreta. Nos termos do artigo 2º, da Lei Complementar Estadual nº. 137/2008, o serviço
da carreira policial civil é caracterizado pela autonomia e interdependência, e não independência funcional:
Art. 2º. Observado o disposto nos artigos antecedentes, o exercício das atividades da carreira policial civil
caracteriza-se pela autonomia e interdependência funcional, exigência de formação especificamente policial e
multidisciplinaridade de conhecimento técnico-científico em situações que implicam risco de vida ou saúde
de seus integrantes.
A afirmativa II está incorreta. De acordo com artigo 20 da Lei Complementar Estadual nº. 137/2008, é
necessária a prévia anuência do Secretário de Defesa Social para a cessão de servidores ocupantes de cargos
integrantes do Grupo Operacional de Polícia Civil: Art. 20. É vedada a cessão de servidores ocupantes de
cargos integrantes do Grupo Ocupacional de Polícia Civil, salvo para o exercício de cargo em comissão
compatível com as atribuições do cargo de provimento efetivo, ou para composição de Assistência Policial
Militar e Civil, estabelecida por Lei Complementar específica. § 1° A cessão de que trata o caput deste artigo
fica condicionada à prévia anuência do Secretário de Defesa Social, respeitado o limite máximo de 5% (cinco
por cento) do quantitativo de cargos efetivos ocupados.
A afirmativa III está correta. Trata-se da literalidade do artigo 15, inciso V, da Lei Complementar Estadual nº.
137/2008: Art. 15. Não concorrerá à progressão o servidor: V – que tiver sido condenado criminalmente por
sentença transitada em julgado ou punido disciplinarmente com pena de suspensão. Parágrafo único. No caso
do inciso V, o servidor só poderá concorrer à progressão, após decorrido o cumprimento da pena ou da punição
disciplinar imputada.

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QUESTÃO 67. De acordo com a Lei Complementar Estadual n.° 317/2015, que regulamenta a
Constituição do Estado de Pernambuco, julgue os itens seguintes.
I As funções de polícia judiciária e de apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia
são de natureza administrativa, jurídica e policial, essenciais e exclusivas de Estado.
Il No ato da posse para o ingresso no cargo de delegado de polícia, exigem-se o diploma de bacharel em
direito e a comprovação de três anos de atividade jurídica ou policial.
III A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato devidamente fundamentado.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo
b) Apenas o item Il está certo
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A afirmativa I está incorreta. Nos termos do artigo 1º da Lei Complementar Estadual n.° 317/2015: Art. 1º O
cargo, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo Delegado de Polícia são
de natureza jurídica e policial, essenciais e exclusivas de Estado.
A afirmativa II está correta. Trata-se da literalidade do artigo 2º da Lei Complementar Estadual n.° 317/2015:
Art. 2º O ingresso no cargo de Delegado de Polícia dar-se-á sempre na faixa e na classe iniciais, mediante
prévia aprovação em concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do
Brasil, sendo exigido diploma de bacharel em Direito e, no mínimo, 3 (três) anos de atividade jurídica ou
policial, comprovados no ato da posse. (V)
A afirmativa III está correta. Conforme dispõe o artigo 3º da Lei Complementar Estadual n.° 317/2015: Art.
3º A remoção do Delegado de Polícia dar-se-á somente por ato devidamente fundamentado.

QUESTÃO 68. Medicina Legal No âmbito das lesões corporais, a sugilação


a) caracteriza-se por uma pequena área de efusão sanguínea.
b) é uma lesão equimótica com aspecto de petéquia.
c) apresenta espectro equimótico que não sofre variação na sua coloração durante sua evolução
temporal.
d) apresenta-se sempre na forma de petéquias dispersas.
d) é um aglomerado de petéquias
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A equimose pode ser caracterizada por lesões que se traduzem por infiltração hemorrágica nas malhas dos
tecidos. Para que ela se verifique, é necessária a presença de um plano mais resistente abaixo da região
traumatizada e de ruptura capilar, permitindo, assim, o extravasamento sanguíneo.

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Em geral, são superficiais, mas podem surgir nas massas musculares, nas vísceras e no periósteo. Thoinot dizia
que a equimose era uma prova irrefutável de reação vital. Quando se apresenta em forma de pequenos grãos,
recebe o nome de sugilação e, quando em forma de estrias, toma a denominação de víbice. E petéquias,
pequenas equimoses, quase sempre agrupadas e caracterizadas por um pontilhado hemorrágico. Equimona,
como sinônimo de equimose de grande proporção, é expressão pouco usada entre especialístas.
A tonalidade da equimose é outro aspecto de grande interesse médico-pericial. De início, é sempre
avermelhada. Depois, com o correr do tempo, ela se apresenta vermelho escura, violácea, azulada, esverdeada
e, finalmente, amarelada, desaparecendo, em média, entre 15 e 20 dias.
O França menciona, em seu livro, essa mudança de tonalidades que se processa em uma equimose tem o nome
de “espectro equimótico de Legrand du Saulle”, que tem valor relativo em sua cronologia. Em geral, é:
vermelha no primeiro dia; violácea no segundo e no terceiro; azul do quarto ao sexto; esverdeada do sétimo
ao 10°; amarelada por volta do 12º dia; desaparecendo em torno do 15º ao 20º. O valor cronológico dessas
alterações é relativo.
Fonte: Ebook, Estratégia Carreira Jurídica Delegado de Polícia - Medicina Legal - Prof.: Alexandre Herculano.

QUESTÃO 69. Para analisar um corpo humano em estado adiantado de putrefação encontrado em um
manguezal, é necessário o conhecimento dos fenômenos cadavéricos. A esse respeito, assinale a opção
correta.
a) Nos cadáveres em decúbito dorsal, a rigidez se inicia pela face, pela mandíbula e pela nuca, seguidas
pelos músculos do tronco, os membros superiores e, por último, os membros inferiores, desaparecendo
a rigidez, posteriormente, na mesma ordem em que surgiu.
b) A saponificação que pode ocorrer após a morte é um fenômeno transformativo destrutivo.
c) A perda da consciência e a abolição do tônus muscular com imobilidade são fenômenos bióticos
imediatos.
d) Manchas de hipóstase e livores cadavéricos são fenômenos bióticos imediatos e intempestivos.
e) À maneira das hipóstases viscerais, os livores cutâneos, constantes, são vistos nas primeiras 8 a 12
horas após o óbito e podem deslocar-se com as mudanças de posição do cadáver dentro das próximas
16 a 24 horas, após as quais fixam-se definitivamente.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A alternativa A está correta. Conforme vimos, a rigidez pode manifestar-se tardia ou precocemente. Segundo
Nysten-Sommer, ocorre obedecendo à seguinte ordem: na face, nuca e mandíbula, 1 a 2 horas; nos membros
superiores, 2 a 4 horas; nos músculos tóraco-abdominais, 4 a 6 horas; nos membros inferiores, 6 a 8 horas pós
morte. A rigidez cadavérica desaparece progressivamente seguindo a mesma ordem de seu aparecimento,
cedendo lugar à flacidez muscular, após 36 a 48 horas de permanência do óbito.
A alternativa B está incorreta. A doutrina menciona que os fenômenos transformativos, compreendem os
destrutivos (autólise, putrefação e maceração) e os conservadores (mumificação, saponificação, calcificação e
corificação). Resultam de alterações somáticas tardias tão intensas que a vida se torna absolutamente
impossível.
A alternativa C está incorreta. A perda da consciência e a abolição do tônus muscular com imobilidade são
fenômenos abióticos imediatos.

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A alternativa D está incorreta. Manchas verdes abdominal, de hipóstase e livores cadavéricos (livor mortis)
são fenômenos abióticos consecutivos.
A alternativa E está incorreta. Em regra, as manchas hipostáticas fixam-se com 12 horas após a morte.

QUESTÃO 70. As oito legiões de Mégnin são grupos de insetos que compõem a fauna cadavérica, cujo
estudo é importante no âmbito da cronotanatognose por serem as evidências entomológicas um dos
elementos mais relevantes na estimativa do intervalo post mortem. A esse respeito, assinale a opção
correta.
a) A 2ª legião da fauna cadavérica aparece em média entre 3 a 6 meses após a morte, com a fermentação
ácida das substâncias graxas do corpo.
b) A 8ª legião consome, cerca de 3 anos após a morte, todos os resquícios orgânicos porventura deixados
pelas precedentes.
c) A 1ª legião da fauna cadavérica surge com o odor cadavérico e permanece, conforme a temperatura
do meio ambiente, por cerca de 15 a 20 dias.
d) A 7ª legião desseca todos os humores que ainda restam no cadáver.
e) O uso da fauna cadavérica no estudo em relação ao cadáver exposto ao ar livre tem valor conclusivo
absoluto na determinação da cronotanatognose.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
Na putrefação aparecem quatro períodos transformativos: Período de coloração ou cromática; Período gasoso,
e; Período coliquativo.
Período coliquativo - A coliquação é a dissolução pútrida das partes moles do cadáver pela ação conjunta das
bactérias e da fauna necrófaga. Os gases se evolam, o odor é fétido e o corpo perde gradativamente a sua
forma. Dependendo das condições de resistência do corpo e do local onde está inumado, esse período pode
durar um ou vários meses, terminando pela esqueletização;
“(...) foi Mégnin quem estabeleceu com segurança como surgem os trabalhadores ou legionários da morte,
dando acentuada importância ao fato. Surgem com certa regularidade, preparando terreno aos outros grupos,
sendo as etapas das diversas turmas distintas e em número de oito. A primeira legião é composta dos dípteros
da espécie Musca domestica, Muscina stabulans e Calliphora vomitoria, cujo tempo de aparecimento é de 8 a
15 dias iniciando a marcha dos trabalhos até o aparecimento dos ácidos graxos”.
De acordo com Fransciso Maia, “para Mégnin (1894), os ‘trabalhadores da primeira legião’ ocupavam o
cadáver entre 16 e 23 dias (tanto as fases de larva quanto de pupa, dependendo da temperatura ambiente), pois
preferiam os estágios iniciais da morte onde a carne era fresca, podendo ser vistos oviporem adicionalmente
em carnes imperfeitamente salgadas. Ex.: Musca domestica, Calliphora vomitoria (Diptera: Calliphoridae).
A segunda legião iniciava a colonização logo que o odor cadavérico se fazia sentir, concomitante ao abandono
pelas espécies da primeira legião, dentre outras pela Lucilia coesar (Diptera: Calliphoridae), Sarcophaga
carnaria.
A terceira legião, composta por coleópteros (bezouros), tinha início quando os dípteros Sarcophaga
terminavam de cumprir sua função, de 3 a 6 meses depois da morte. Ex.: coleópteros Dermetes lardarius.
A quarta legião, pouco depois de instalada a fermentação butírica (reação química realizada por bactérias na
ausência de oxigênio, através da qual se forma o ácido butírico). Processo descoberto por Louis Pasteur em

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1861, se caracteriza pelo surgimento de odores pútridos e desagradáveis. Ex.: Pyophila petasionis (Diptera:
Piophilidae).
A quinta legião, comandada pela fermentação amoniacal (cerca de um ano após a morte) onde é observada a
liquefação enegrecida das substâncias animais que não foram consumidas pelos trabalhadores das legiões
antecessoras. Ex.: Ophyra cadaverina (Diptera: Muscidae). A sexta legião absorveria todos os humores que
ainda restam no cadáver resultando em dessecação completa ou mumificação das partes orgânicas que
resistiriam às diversas e sucessivas fermentações, freqüentada por acarinos. Ex.: Uproda nummularia
A sétima legião vem para consumir as partes remanescentes do corpo tais como os tecidos membranosos
pergaminhados, os ligamentos e os tendões transformados em matéria dura de aparência resinosa. Ex.:
Antherenus museorum (Coleoptera).
Oitava legião faz “desaparecer” todos os detritos que os outros insetos deixaram e que assinalaram sua
passagem. Dizia Mégnin (1894) que “se estes insetos predecessores da oitava legião desaparecerem sem deixar
vestígios, a apreciação da data da morte seria muito difícil; ter-se-á, entretanto, a certeza de que remonta a
mais de três anos, época em que os detritos da 7ª legião são presentes e acusam o fim completo de seu trabalho
preparado pelos antecessores”. Ex.: Ptinus bruneus (Coleoptera)”.
Fonte: Ebook, Estratégia Carreira Jurídica Delegado de Polícia - Medicina Legal - Prof.: Alexandre Herculano.
Francisco Silvio Maia. Criminalística Geral. Fortaleza, 2012. Disponível em
https://www.bibliotecadeseguranca.com.br/wp-content/uploads/2019/07/criminalistica-geral.pdf.

QUESTÃO 71. A respeito de acidentes seguidos ou não de mortes decorrentes da ação elétrica, da ação
térmica ou de baropatias, assinale a opção correta.
a) A eletricidade industrial que age letalmente sobre o homem e os animais é denominada fulminação e,
quando apenas determina danos corporais, fulguração.
b) A marca elétrica de Jellineck tem valor médico-legal para indicar a porta de saída da corrente elétrica
no organismo.
c) A intermação é uma termonose que se manifesta em espaços abertos e bem arejados.
d) Com a frequência de aumento das tempestades, observam-se acidentes denominados eletroplessões
ocasionados pelos raios cósmicos (naturais).
e) A diminuição da pressão atmosférica é a responsável pela patogenia de descompressão em
mergulhadores, podendo ocasionar a morte por embolias gasosas formadas pelo nitrogênio
anteriormente dissolvido sob pressão no soro sanguíneo.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A alternativa A está incorreta. A eletricidade atmosférica, representada especialmente pelos raios, agindo
letalmente sobre o homem e animais, chama-se fulminação, e, quando apenas determina danos corporais,
fulguração. A fulminação é eletricidade natural.
A alternativa B está incorreta. As lesões superficiais dessa forma de eletricidade alteram-se de acordo com a
corrente de alta ou baixa tensão. A lesão mais típica é conhecida como marca elétrica de Jellinek (foto abaixo),
embora nem sempre esteja presente. Constitui-se em uma lesão da pele, tem forma circular, elítica ou estrelada,
de consistência endurecida, bordas altas, leito deprimido, tonalidade branco-amarelada, fixa, indolor, asséptica
e de fácil cicatrização. Pode apresentar também a forma do condutor elétrico.

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A alternativa C está incorreta. Na intermação o calor age sobre o corpo em espaços confinados (calor
industrial) sem arejamento. A intermação decorre capitalmente do excesso de calor ambiental, lugares mal
arejados, quase sempre confinados ou pouco abertos e sem a necessária ventilação, surgindo, geralmente, de
forma acidental. Alguns fatores, como alcoolismo, falta de ambientação climática, vestes inadequadas, são
elementos consideráveis.
A alternativa D está correta. A ação da eletricidade industrial ou artificial pode provocar lesões corporais, com
ou sem êxito letal, denominadas eletroplessão, frequentemente ocasionadas por defeito de instalações
(campainhas, telefones, chuveiros elétricos), mau isolamento dos fios condutores, imperícia ou negligência da
vítima. Alguns autores mencionam a eletrocussão como sendo a descarga letal.
A alternativa E está incorreta. É o aumento da pressão atmosférica e não a diminuição. O aumento da pressão
atmosférica, ao mesmo tempo que acarreta uma patologia de compressão, caracterizada pela intoxicação por
oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, produz também uma patologia de descompressão, proveniente do
fenômeno da embolia, consequente à maior concentração dos gases dissolvidos no sangue. Segundo o França,
são conhecidas por “barotrauma".
Fonte: Ebook, Estratégia Carreira Jurídica Delegado de Polícia - Medicina Legal - Prof.: Alexandre Herculano

QUESTÃO 72. A respeito de asfixias, que ocorrem em diversos tipos de crimes e acidentes, assinale a
opção correta.
a) A procidência da língua é característica exclusiva no enforcamento.
b) As manchas de Tardieu são encontradas exclusivamente nas pleuras pulmonares.
c) As manchas de Paltauf são as petéquias encontradas frequentemente no timo dos indivíduos
enforcados.
d) A fase de esgotamento envolve o período de dispneia inspiratória, com cerca de um minuto de
duração, durante o qual o asfíxico, sem perder a consciência, sorve desordenadamente, em grandes
haustos, o ar.
e) Não há sinais patognomônicos característicos nas asfixias mecânicas em geral.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A alternativa A está incorreta. A procidência da língua também pode ser sinal de estrangulamento.
A alternativa B está incorreta. As manchas de tardieu são a equimoses viscerais, comum nas asfixias
mecânicas. vamos ver, logo abaixo, que a metalização elétrica é o destacamento da pele, com o fundo da lesão
impregnado de partículas da fusão e vaporização dos condutores elétricos. Não são exclusivas das pleuras
pulmonares.
Nos casos de asfixia mecânica, os pulmões ficam com pequenas manchas avermelhadas (hemorrágicas) que
decorrem da alta pressão arterial provocada pelo aumento da concentração de gás carbônico no sangue. Tais
manchas são chamadas de “Manchas de Tardieu”. Esses sinais podem variar dependendo da espécie de asfixia.
A alternativa C está incorreta. Os achados necroscópicos frequentes, segundo o França, no afogamento são:
sinais internos: diluição do sangue (em razão da ingestão de grande quantidade de líquido); presença de água
no estômago; enfisema hidroaéreo do pulmão; manchas de “Paltauf” (hemorragias pleurais no pulmão);
presença de plâncton e água nas vias respiratórias (nariz e boca); presença de líquido nos ouvidos.
A alternativa D está incorreta. Segundo Hoffman, a morte por afogamento é constituída de três fases: 1ª Fase
de Defesa ou Resistência: a vítima tenta conter a respiração o máximo possível, ocorrendo a contenção e a

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pausa, ou suspensão da respiração (apneia); 2ª Fase de Exaustão: ocorre atos respiratórios desordenados
(respiração forçada e difícil), por reflexo, a vítima começa a inspirar líquido profundamente (dispneia); 3ª Fase
de Asfixia: a vítima perde a consciência, tem convulsões e morre.
A alternativa E está correta. As asfixias mecânicas, em geral, não têm sinais patognomônicos. Há sinais
externos e internos, mas não há sinal patognomônicos.

QUESTÃO 73. Assinale a opção correta, com referência ao abortamento e ao infanticídio.


a) A mera tentativa de abortamento não caracteriza crime, por não ser hipótese tipificada
criminalmente pelo Código Penal.
b) Não será punido o aborto praticado por médico se não houver outro meio de salvar a vida da gestante
ou se a gravidez tiver decorrido de estupro e o aborto for precedido do consentimento da gestante.
c) A docimásia de Icard na avaliação de infanticidio embasa-se na diferença entre a densidade do
pulmão que respirou e a do que não respirou.
d) O abortamento criminoso é caracterizado pela ocorrência após a 20ª semana de gestação ou no caso
de o feto apresentar massa corporal igual ou superior a 500 gramas.
e) No abortamento espontâneo, não ocorrem fatores gametogênicos masculinos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A alternativa A está incorreta. É admitida a tentativa do crime de aborto por se tratar de crime material.
A alternativa B está correta. Trata-se da previsão contida no artigo 128, inciso II, do Código Penal: Art. 128 -
Não se pune o aborto praticado por médico: II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
A alternativa C está incorreta. A avaliação do infanticídio é avaliada por meio da docimásia de Galeno.
A alternativa D está incorreta. O abortamento criminoso é caracterizado pela ocorrência após a 22ª semana de
gestação ou no caso de o feto apresentar massa corporal igual ou superior a 500 gramas.
A alternativa E está incorreta. Fatores masculinos podem influenciar na ocorrência do aborto espontâneo.

QUESTÃO 74. Assinale a opção em que são apresentados corretamente dois exemplos de formas de
prevenção terciária do crime.
a) programas de reabilitação do recluso e financiamento estudantil
b) práticas de ressocialização e de reabilitação dos apenados
c) financiamento de moradias e programas de combate ao desemprego
d) programas de combate à fome e financiamento de moradias
e) financiamento estudantil e programa de incentivo ao primeiro emprego
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata do tema prevenção do crime.
A prevenção terciária do crime foca em indivíduos que já cometeram delitos, com o objetivo de reduzir a
reincidência e facilitar a reintegração na sociedade.

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A alternativa A está incorreta. O financiamento estudantil, embora importante para a educação e prevenção
primária ou secundária do crime, não se enquadra na prevenção terciária, pois não se destina especificamente
a indivíduos que já cometeram delitos.
A alternativa B está correta. As práticas de ressocialização e reabilitação são exemplos clássicos de prevenção
terciária, pois se dirigem a pessoas que já foram condenadas por crimes, com o objetivo de prevenir a
reincidência, promovendo sua reintegração como membros produtivos da sociedade.
A alternativa C está incorreta. Financiamento de moradias e programas de combate ao desemprego, embora
importantes para a estabilidade social e econômica, são mais preventivas e gerais, podendo ser classificadas
como prevenções primária ou secundária, pois visam evitar a ocorrência de crimes por meio da eliminação de
condições propícias ao crime, mas não se focam especificamente na população já condenada.
A alternativa D está incorreta. Programas de combate à fome e financiamento de moradias são preventivas de
forma mais geral e não se concentram em indivíduos que já cometeram crimes, portanto, não são exemplos de
prevenção terciária.
A alternativa E está incorreta. Financiamento estudantil e programa de incentivo ao primeiro emprego são
estratégias de prevenção primária ou secundária, pois visam fornecer oportunidades educacionais e de
emprego para evitar que o crime ocorra inicialmente, e não se focam na reintegração de delinquentes.

QUESTÃO 75. Entre as teorias sociológicas do crime, aquela que buscou explicar os crimes de colarinho
branco (white-collar crimes) foi a
a) escola de Chicago, cujos estudos se iniciaram nas décadas de 20 e 30 do século XX.
b) teoria da subcultura delinquente, desenvolvida por Erving Goffman e Howard Becker, na década de
50 do século XX.
c) teoria do labelling approach, desenvolvida a partir do trabalho do sociólogo holandês Bonger, na
década de 60 do século XX.
d) teoria da associação diferencial, desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland, com base
nos pensamentos de Gabriel Tarde.
e) teoria da anomia, desenvolvida por Robert King Merton, com base na doutrina de Durkheim.
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata do tema teorias sociológicas do crime.
A alternativa A está incorreta. A Escola de Chicago focava principalmente no impacto do ambiente urbano e
da desorganização social sobre o comportamento criminoso, com ênfase nas taxas de criminalidade em
diferentes áreas urbanas. Embora inovadora, não focava especificamente nos crimes de colarinho branco.
A alternativa B está incorreta. A Teoria da Subcultura Delinquente foi desenvolvida por sociólogos como
Erving Goffman e Howard Becker, esta teoria se concentra mais na forma como certos grupos criam normas
e valores que divergem dos padrões sociais aceitáveis, levando ao crime e à delinquência. Essa teoria não foca
especificamente nos crimes de colarinho branco, mas na delinquência juvenil e na criminalidade ligada a
subculturas.
A alternativa C está incorreta. A Teoria do Labelling Approach, também conhecida como teoria da rotulação
ou etiquetamento, foca em como a definição e a aplicação de rótulos de "criminoso" por parte da sociedade e
das autoridades podem influenciar a identidade de um indivíduo e promover a continuação do comportamento
criminoso. Embora relevante para entender as consequências da criminalização, não foi desenvolvida
especificamente para explicar os crimes de colarinho branco.

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A alternativa D está correta. A Teoria da Associação Diferencial, desenvolvida por Edwin Sutherland, explica
que o crime é aprendido através da associação com outros que cometem crimes, incluindo os comportamentos,
técnicas e motivações para o crime. Sutherland é notavelmente conhecido por introduzir o conceito de crime
de colarinho branco, argumentando que esses crimes são cometidos no contexto de uma ocupação respeitável.
Portanto, esta teoria foi uma das primeiras a abordar diretamente e explicar os crimes de colarinho branco.
A alternativa E está incorreta. A Teoria da Anomia, desenvolvida por Robert King Merton, foca na disjunção
entre as metas culturais da sociedade e os meios institucionais disponíveis para alcançar essas metas. Embora
ofereça uma explicação para o crime em termos da pressão para alcançar o sucesso, ela não foi desenvolvida
especificamente com o foco nos crimes de colarinho branco.

QUESTÃO 76. Assinale a opção que apresenta corretamente o teórico que classificava os criminosos
nas três categorias seguintes: criminoso assassino, criminoso enérgico ou violento, e ladrão ou
neurastênico.
a) Giovanni Carmignani
b) Raffaele Garofalo
c) Francesco Carrara
d) Cesare Lombroso
e) Enrico Ferri
Comentários
A alternativa correta é a letra B. A questão trata do tema teóricos da criminologia.
A alternativa A está incorreta. Giovanni Carmignani foi um jurista italiano, professor de direito, que não se
destacou por classificar criminosos em categorias específicas, como as mencionadas na questão. Seu trabalho
não está diretamente associado ao estudo da criminologia na forma como Lombroso fez.
A alternativa B está correta. Raffaele Garofalo ficou conhecido por seus trabalhos sobre o conceito de
"criminologia natural". Sua abordagem estava mais voltada para a identificação de traços psicológicos e
comportamentais que levariam ao crime. Assim, classificou os criminosos nas três categorias seguintes:
criminoso assassino, criminoso enérgico ou violento, e ladrão ou neurastênico.
A alternativa C está incorreta. Francesco Carrara, outro renomado penalista italiano, não está associado à
classificação de criminosos em categorias específicas como as descritas. Carrara é mais conhecido por seus
contributos teóricos ao direito penal e à defesa dos direitos do acusado.
A alternativa D está incorreta. Lombroso é considerado o pai da criminologia moderna e é famoso por sua
teoria do "criminoso nato", na qual argumentava que os criminosos nascem com predisposições físicas e
mentais para o crime. Ele classificou os criminosos em várias categorias, incluindo o criminoso nato,
criminoso louco (incluindo loucos morais, epilépticos, e alcoólatras), e o criminoso ocasional, mas não fez a
classificação indicada no enunciado.
A alternativa E está incorreta. Enrico Ferri foi um sociólogo e criminologista italiano, aluno de Lombroso, e
um dos fundadores da Escola Positivista de Criminologia. Embora tenha contribuído significativamente para
a criminologia com sua ênfase nas causas sociais e econômicas do crime, não é conhecido por classificar
criminosos nas categorias mencionadas.

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QUESTÃO 77. Ao contrário do direito penal, se utiliza do método empírico e intuitivo, observando todo
o processo criminógeno. No que se refere às técnicas de investigação utilizadas pelo método empírico-
indutivo no âmbito da criminologia, assinale a opção correta.
a) Os testes de personalidade prospectivos são aqueles que buscam medir a personalidade do agente por
meio do uso de jogos, quadros e figuras, que imprimem estímulos na pessoa examinada e que,
consequentemente, provocam reações das quais resultam as respostas que servirão de base para a
interpretação dos resultados desejados.
b) O teste de Rorschach possui a finalidade de traçar a personalidade do indivíduo por meio do desenho
de uma árvore, de uma casa e de uma pessoa.
c) Os testes de inteligência, na criminologia, não buscam medir a inteligência por meio do quociente de
inteligência (QI), mas pela capacidade de raciocínio e entendimento da pessoa examinada.
d) Os testes de personalidade projetivos compreendem a emprego de técnica direcionada a explorar
minuciosamente as intenções presentes e futuras do agente, retraindo-lhe, entre outros aspectos, as suas
crenças e potencialidades lesivas, os freios de contenção de boas condutas, o estilo de vida, o porquê da
vida criminal e o porquê da imposição de sofrimento às vítimas.
e) A técnica de perfilamento criminal (criminal profiling) reflete a aplicação de conhecimentos
multidisciplinares à investigação criminal, sendo considerada uma técnica de investigação criminal que
adiciona às competências do investigador o conhecimento sobre o comportamento humano do
criminoso.
Comentários
A alternativa correta é a letra E. A questão trata do tema métodos da criminologia.
A alternativa A está incorreta. Os testes de personalidade prospectivos não são comumente descritos como
aqueles que usam jogos, quadros, e figuras para medir a personalidade. Embora haja métodos que utilizam
estímulos visuais para provocar respostas, a descrição fornecida mistura aspectos de diferentes tipos de testes
sem uma correspondência direta com práticas específicas da criminologia.
A alternativa B está incorreta. O teste de Rorschach é de fato um teste projetivo de personalidade que utiliza
manchas de tinta para que o indivíduo interprete, mas a descrição fornecida está incorreta. O teste não envolve
o desenho de uma árvore, uma casa, e uma pessoa; esses elementos são parte de outro tipo de teste psicológico,
o Teste da Casa-Árvore-Pessoa (HTP), que é distinto do Rorschach.
A alternativa C está incorreta. Os testes de inteligência na criminologia de fato não se limitam a medir o QI,
mas a descrição simplifica excessivamente a complexidade e a variedade de testes de inteligência utilizados,
e não especifica como esses testes são aplicados ou interpretados no contexto criminológico.
A alternativa D está incorreta. Os testes de personalidade projetivos são utilizados para revelar aspectos
inconscientes da personalidade através da interpretação de estímulos ambíguos. No entanto, a descrição
fornecida exagera e distorce a aplicação e os objetivos desses testes. Eles são projetados para revelar conflitos
internos, motivações, e aspectos da personalidade que podem não ser imediatamente evidentes, mas não são
tão direcionados a explorar intenções futuras ou específicas crenças e potencialidades lesivas de forma tão
detalhada como sugerido.
A alternativa E está correta. A técnica de perfilamento criminal é a correta. Esta técnica realmente reflete a
aplicação de conhecimentos multidisciplinares (incluindo psicologia, criminologia e ciências forenses) à
investigação criminal. É utilizada para identificar características comportamentais e psicológicas de
criminosos com base em evidências de cenas de crime e outros dados relevantes, auxiliando na identificação
e captura de suspeitos. Esta descrição se alinha corretamente com o uso do método empírico-indutivo na

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criminologia, que envolve a observação, coleta de dados, e análise para formular perfis e teorias sobre o
comportamento criminoso.

QUESTÃO 78. Assinale a opção que apresenta corretamente a teoria que defende a ideia de que a
conduta criminosa resulta de uma série de estímulos contínuos na vida do indivíduo, sendo produto de
suas experiências passadas.
a) teoria dos instintos
b) teoria do condicionamento operante
c) teoria dos tipos de autor
d) teoria do reforço diferencial
e) teoria da identificação diferencial
Comentários
A alternativa correta é a letra D. A questão trata do tema criminologia.
A alternativa A está incorreta. A Teoria dos Instintos sugere que o comportamento, incluindo o comportamento
criminoso, é impulsionado por instintos inatos. Não se concentra na ideia de que a conduta criminosa é
resultado de experiências passadas ou de estímulos contínuos, mas sim na premissa de que certos
comportamentos são naturais e inerentes ao ser humano.
A alternativa B está incorreta. Embora a Teoria do Condicionamento Operante, desenvolvida por B.F. Skinner,
também envolva a aprendizagem de comportamentos através de reforços e punições, ela não especifica a ideia
de que a conduta criminosa é produto de experiências passadas de forma tão direta quanto a teoria do reforço
diferencial. O condicionamento operante é um princípio mais geral de aprendizagem que pode ser aplicado a
uma ampla gama de comportamentos, não focando exclusivamente no comportamento criminoso.
A alternativa C está incorreta. A Teoria dos Tipos de Autor classifica criminosos em diferentes categorias ou
tipos com base em características psicológicas, sociais, ou biológicas. Não se concentra na aprendizagem do
comportamento criminoso através de experiências passadas ou estímulos contínuos.
A alternativa D está correta. A Teoria do Reforço Diferencial parte da teoria da associação diferencial de
Edwin Sutherland, argumenta que os comportamentos criminosos são aprendidos através da associação com
outros e são reforçados por recompensas e punições. Esta teoria enfatiza que a conduta criminosa é o resultado
de um processo de aprendizagem que envolve a exposição a estímulos específicos ao longo do tempo, o que
está em linha com a descrição fornecida.
A alternativa E está incorreta. A Teoria da Identificação Diferencial sugere que os indivíduos se envolvem em
comportamento criminoso porque se identificam com outros criminosos, mas não foca especificamente na
ideia de que a conduta criminosa resulta de uma série de estímulos contínuos ou é produto das experiências
passadas da mesma maneira que a teoria do reforço diferencial.

QUESTÃO 79. No que se refere à vigência e à revogação das leis disciplinadas na Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (LINDB), assinale a opção correta.
a) Em caso de não se destinar à vigência temporária, a lei
vigorará até que outra a modifique ou revogue.
b) A lei revogada se restaura automaticamente por ter a lei revogadora perdido a vigência.

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c) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, revoga ou modifica
a lei anterior.
d) A obrigatoriedade da lei brasileira admitida nos Estados estrangeiros se inicia 45 dias após
oficialmente publicada.
e) Quando a lei não estabelece, expressamente, a data do inicio de sua vigência, ela começa a vigorar no
dia seguinte à sua publicação.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda sobre vigência e revogação de leis, segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro.
A alternativa A está correta. art. 2º da LINDB, quando a lei não for temporária, terá vigência até que outra
lei revogue ou a modifique.
A alternativa B está incorreta. Nos termos do art. 1º, §3º da LINDB, salvo disposição em contrário, a lei
revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
A alternativa C está incorreta. Nos termos do art. 1º, §2º da LINDB, lei nova, que estabeleça disposições gerais
ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
A alternativa D está incorreta. O prazo está incorreto. Conforme o art. 1º, §1º da LINDB, a lei brasileira terá
obrigatoriedade nos Estados estrangeiros, quando admitida, três meses depois que for oficialmente publicada.
A alternativa E está incorreta. Quando não há disposição de quando a lei vigorará, ela passara a ter vigor em
todo o país 45 dias após publicada oficialmente, nos termos do art. 1º, caput, da LINDB.

QUESTÃO 80. Acerca da classificação da posse, assinale a opção correta.


a) Quanto a existência de vício, a posse é classificada com título e posse sem título.
b) Quanto à proteção, a posse é classificada em posse ad interdicta e posse ad usucapionem.
c) Quanto à legitimidade do título, a posse é classificada em posse direta e posse indireta.
d) Quanto ao tempo, a posse é classificada em posse nova e posse velha.
e) Quanto ao exercício e ao gozo, a posse é classificada em posse de boa-fé e posse de má-fé.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda sobre a classificação da posse, exigindo conhecimento doutrinário sobre a matéria.
A alternativa A está incorreta. O justo título da posse se dá com a existência de título ou não. A posse com
título, o possuidor adquire a posse com uma "causa representativa de transmissão", já na posse sem título,
também conhecida como posse natural, o possuidor apreende a coisa mesmo sem um título representativo da
causa, como na acessão causada pela formação de ilhas.
A alternativa B está incorreta. É incorreto afirmar que posse ad usucapionem se refere à legitimidade. A posse
ad usucapionem não tem relação à proteção, e sim, se a posse está qualificada para usucapião.
A alternativa C está incorreta. A posse direta ou indireta se refere ao desdobramento da posse.
A alternativa D está correta. Quanto ao tempo, a posse será classificada como nova quando tiver menos de um
ano e dia e velha quando tiver mais de ano e dia. Nova é a posse que conta com menos de um ano e um dia,

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ou seja, aquela que tem até um ano. Velha é a posse que conta com mais de um ano e um dia, ou seja, aquela
que tem um ano e um dia ou mais.
A alternativa E está incorreta. A posse de boa-fé e posse de má-fé é quanto ao vício subjetivo da posse, não se
relacionando com o seu exercício. Segundo Venosa, a boa-fé se equipara ao erro, daí sua vinculação com a
“ignorância”. No entanto, sempre se a analisa subjetivamente. Segundo Pontes de Miranda, há má-fé quando
o possuidor está convencido de que sua posse não goza de legitimidade jurídica, mas, ainda assim, mantém-
se na posse da coisa.

QUESTÃO 81. São requisitos para a aquisição da propriedade de bem imóvel na modalidade usucapião
ordinária
a) animus domini; inexistência de oposição à posse; posse ininterrupta por cinco anos; utilização do
imóvel para moradia; imóvel de área não superior a 50 hectares e não propriedade de outro imóvel,
urbano ou rural.
b) animus domini; inexistência de oposição à posse; existência de justo título; existência de boa-fé; e
posse ininterrupta por dez anos.
c) animus domini; inexistência de oposição à posse; posse
ininterrupta por cinco anos; utilização do imóvel para moradia própria ou da família; imóvel de área
não superior 250 m²; não propriedade de outro imóvel, urbano ou rural; inexistência de reconhecimento
anterior dessa usucapião.
d) animus domini; inexistência de oposição à posse; posse
ininterrupta por dois anos; utilização do imóvel para moradia própria ou da família; imóvel de área
não superior 250 m²; não propriedade de outro imóvel, urbano ou rural; abandono do lar pelo outro
cônjuge.
e) animus domini; inexistência de oposição à posse; e posse
ininterrupta por quinze anos.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda sobre a usucapião ordinária, cuja previsão está no art.1.242 do Código Civil.
A alternativa B está correta. A usucapião ordinária possui previsão no art. 1.242 do Código Civil e estabelece
o seguinte: "Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo
título e boa-fé, o possuir por dez anos. Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o
imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada
posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos
de interesse social e econômico.".
Note que, será de dez anos quando a posse for de justo título e boa-fé e esse prazo decai para cinco anos,
quando houver o cancelamento do registro.
As alternativas A, C, D e E estão incorretas, conforme o comentário da alternativa B.

QUESTÃO 82. A respeito de recuperação judicial e extrajudicial, assinale a opção correta.


a) O devedor pode requerer recuperação judicial desde que não tenha, há menos de dois anos, obtido
concessão de recuperação judicial.

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b) O plano de recuperação extrajudicial poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas que
alcancem até vinte por cento do total sujeito à recuperação.
c) Pode requerer recuperação judicial o devedor que não seja falido; caso o tenha sido, as
responsabilidades daí decorrentes devem estar declaradas extintas, por sentença transitada em julgado.
d) Estão sujeitos à recuperação extrajudicial todos os créditos existentes na data do pedido de
recuperação extrajudicial.
e) No momento do pedido de recuperação judicial, o devedor deve estar exercendo regularmente suas
atividades há pelo menos cinco anos.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema recuperação judicial e extrajudicial.
A alternativa A está incorreta, pois um dos requisitos para a concessão da recuperação judicial é o de que o
devedor não tenha, há menos de cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial, diferentemente do prazo
de dois anos apresentado pela alternativa. É o que enuncia a Lei nº 11.101/2005, vejamos: "Art. 48. Poderá
requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há
mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: II – não ter, há menos de 5
(cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial;".
A alternativa B está incorreta, pois contraria o art. 161, § 2º da Lei nº 11.101/2005, que veda a abrangência de
pagamento antecipado de dívidas pelo plano de recuperação extrajudicial, diferentemente do que traz a
alternativa, vejamos: "Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e
negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. § 2º O plano não poderá contemplar o pagamento
antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos."
A alternativa C está correta, pois é a literalidade do art. 48, I, da Lei nº 11.101/2005: "Poderá requerer
recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2
(dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam
declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;".
A alternativa D está incorreta, pois não são todos os créditos existentes na data do pedido de recuperação
extrajudicial que estão sujeitos à mesma, consoante art. 161, § 1º da Lei nº 11.101/2005, vejamos: "O devedor
que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de recuperação
extrajudicial. § 1º Estão sujeitos à recuperação extrajudicial todos os créditos existentes na data do pedido,
exceto os créditos de natureza tributária e aqueles previstos no § 3º do art. 49 e no inciso II do caput do art. 86
desta Lei, e a sujeição dos créditos de natureza trabalhista e por acidentes de trabalho exige negociação coletiva
com o sindicato da respectiva categoria profissional."
A alternativa E está incorreta, tendo em vista que o prazo de atividades regulares a serem exercidas pelo
devedor, quando do pedido de recuperação judicial, é de mais de dois anos. Vejamos o que dispõe a Lei nº
11.101/2005: "Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça
regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos,
cumulativamente:".

QUESTÃO 83. Com base na Lei nº 11.101/2005, assinale a opção correta acerca de recuperação judicial.
a) O deferimento da recuperação judicial suspende as execuções ajuizadas contra o devedor relativas a
créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial.

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b) O deferimento do processamento da recuperação judicial não implica a suspensão do curso da
prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime da recuperação.
c) O processamento da recuperação judicial torna ineficaz a convenção de arbitragem, impedindo a
instauração de procedimento arbitral.
d) É competente para deferir a recuperação judicial o juízo de onde se localize qualquer estabelecimento
do devedor.
e) São exigíveis do devedor todas as despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação
judicial.
Comentários
A alternativa correta é a letra A.
A questão aborda o tema da recuperação judicial.
A alternativa A está correta, pois é uma das consequências da decretação de falência ou do deferimento do
processamento de recuperação judicial, conforme determina o art. 6º, II da Lei nº 11.101/2005, veja: "A
decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica: II - suspensão das
execuções ajuizadas contra o devedor, inclusive daquelas dos credores particulares do sócio solidário, relativas
a créditos ou obrigações sujeitos à recuperação judicial ou à falência;".
A alternativa B está incorreta, pois contraria o art. 6º, I da Lei nº 11.101/2005, que prevê a suspensão do curso
da prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime da recuperação. Veja: "Art. 6º A decretação da
falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial implica: I - suspensão do curso da
prescrição das obrigações do devedor sujeitas ao regime desta Lei;".
A alternativa C está incorreta, pois o processamento da recuperação judicial não inviabiliza a convenção de
arbitragem. É o que dispõe a Lei nº 11.101/2005, veja: "Art. 6º A decretação da falência ou o deferimento do
processamento da recuperação judicial implica: § 9º O processamento da recuperação judicial ou a decretação
da falência não autoriza o administrador judicial a recusar a eficácia da convenção de arbitragem, não
impedindo ou suspendendo a instauração de procedimento arbitral."
A alternativa D está incorreta, pois contraria a Lei nº 11.101/2005, que determina como competente para
deferir a recuperação judicial o juízo do local do principal estabelecimento entre os dos devedores, veja: "Art.
3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou
decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha
sede fora do Brasil."
A alternativa E está incorreta, tendo em vista que, conforme a Lei nº 11.101/2005, as despesas que os credores
fizeram, para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, estão entre aquelas que não serão exigíveis
do devedor. Vejamos: Art. 5º Não são exigíveis do devedor, na recuperação judicial ou na falência: II – as
despesas que os credores fizerem para tomar parte na recuperação judicial ou na falência, salvo as custas
judiciais decorrentes de litígio com o devedor."

QUESTÃO 84. No âmbito dos tipos de créditos existentes na falência, consideram-se créditos
extraconcursais
a) As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, incluídas
as multas tributárias.
b) Os créditos derivados da legislação trabalhista e os créditos tributários.
c) Os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do bem gravado.

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d) As custas judiciais relativas às ações em que a massa falida tenha sido vencida.
e) Os créditos quirografários e os créditos subordinados.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão aborda o tema dos créditos extraconcursais.
A alternativa A está incorreta, pois as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou
administrativas não se encontram no rol de créditos extraconcursais previstos no art. 84 da Lei nº 11.101/2005,
que trata do tema.
A alternativa B está incorreta, pois os créditos derivados da legislação trabalhista e os créditos tributários não
se encontram no rol de créditos extraconcursais previstos no art. 84 da Lei nº 11.101/2005, que trata do tema.
A alternativa C está incorreta, pois os créditos gravados com direito real de garantia até o limite do valor do
bem gravado não se encontram no rol de créditos extraconcursais previstos no art. 84 da Lei nº 11.101/2005,
que trata do tema.
A alternativa D está correta, pois as custas judiciais relativas às ações em que a massa falida tenha sido vencida
estão no rol de créditos extraconcursais aduzido pela Lei nº 11.101/2005, veja: "Art. 84. Serão considerados
créditos extraconcursais e serão pagos com precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem
a seguir, aqueles relativos: V - às custas judiciais relativas às ações e às execuções em que a massa falida tenha
sido vencida;”.
A alternativa E está incorreta, pois os créditos quirografários e os créditos subordinados não se encontram no
rol de créditos extraconcursais previstos no art. 84 da Lei nº 11.101/2005, que trata do tema.

QUESTÃO 85. Segundo o Código de Processo Civil, as partes podem eleger foro em que será proposta
ação oriunda de direitos e obrigações. Nesse caso, antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se
abusiva, pode ser reputada
a) ineficaz, desde que haja requerimento da parte.
b) nula, desde que haja requerimento da parte.
c) ineficaz de ofício pelo juiz.
d) anulável, desde que haja requerimento da parte.
e) nula de ofício pelo juiz.
Comentários
A alternativa correta é a letra C.
A questão aborda o tema da cláusula de eleição de foro dentro do processo civil.
A alternativa C está correta, pois sua redação está de acordo com o art. 63, §3º, do CPC, que prevê o seguinte:
“Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu”.
No processo civil, existem algumas situações nas quais uma regra de competência estabelecida na legislação
pode ser afastada, seja pela vontade das partes ou, também, pela incidência de uma hipótese legal de
modificação de competência. Dentre essas situações, podemos destacar a conexão, a continência e a cláusula
de eleição de foro, também chamada de “foro de eleição”.

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Em suma, a cláusula de eleição de foro constitui um negócio jurídico no qual as partes, por vontade própria,
elegem o foro competente para o julgamento de um eventual litígio decorrente de uma determinada relação
jurídica existente entre elas. Por exemplo, se A e B formularem um contrato de prestação de serviços, será
possível que eles, de comum acordo, estipulem qual será o juízo competente para julgar uma eventual ação
advinda daquele contrato.
Todavia, esse direito potestativo das partes não é absoluto. A cláusula de eleição de foro só pode modificar as
regras de competência relativa, pois as regras de competência absoluta, por outro lado, são inderrogáveis pela
vontade das partes. Isso está expresso no caput do art. 63 do CPC, que dispõe que as partes podem modificar
a competência em razão do valor e do território, as quais são, justamente, as hipóteses de competência relativa.
E, mesmo quando a cláusula de eleição de foro tratar de uma regra de competência relativa, ela poderá ser
considerada ineficaz pelo juiz se for considerada como abusiva (por exemplo, pelo fato de dificultar o exercício
do direito de defesa). Isso costuma ocorrer nos contratos de adesão, nos quais o aderente não tem a
oportunidade de negociar o conteúdo de nenhuma das cláusulas do contrato.
Ainda, o art. 63, §3º, do CPC é expresso ao estabelecer que, antes da citação, a cláusula pode ser reputada
ineficaz de ofício pelo juiz, o que torna correta a alternativa C.
As alternativas A, B, D e E estão incorretas, pois contrariam o dispositivo acima citado.

QUESTÃO 86. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, impõe-se aos juízes o dever de facultar prévia
manifestação dos sujeitos processuais a respeito de elementos a serem considerados pelo órgão julgador.
Tal exigência aplica-se
a) unicamente em caso de elementos fáticos e matérias necessariamente de ordem pública e cognoscíveis
de ofício.
b) em caso de elementos fáticos e jurídicos, tratando-se ou não de matérias de ordem pública e
cognoscíveis de ofício.
c) unicamente em caso de elementos fáticos e matérias necessariamente não de ordem pública ou não
cognoscíveis de ofício.
d) O unicamente em caso de elementos jurídicos e matérias necessariamente não de ordem pública ou
não cognoscíveis de ofício.
d) unicamente em caso de elementos jurídicos e matérias necessariamente ordem pública e cognoscíveis
de ofício.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata dos princípios da não surpresa e do contraditório dentro do processo civil.
O art. 10 do CPC, que auxilia a encontrar a resposta correta para essa questão, expõe o seguinte: “O juiz não
pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às
partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”.
Portanto, de acordo com esse dispositivo, mesmo que a matéria em questão seja de ordem pública e
cognoscível de ofício (como, por exemplo, uma prescrição), o juiz, antes de proferir a sua decisão, possui o
dever de facultar a prévia manifestação das partes. Essa lógica se aplica tanto para os elementos fáticos quanto
para os elementos jurídicos.
A jurisprudência do STJ entende no mesmo sentido: “Decorrente do princípio do contraditório, a vedação a
decisões surpresa tem por escopo permitir às partes, em procedimento dialógico, o exercício das faculdades

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de participação nos atos do processo e de exposição de argumentos para influir na decisão judicial, impondo
aos juízes, mesmo em face de matérias de ordem pública e cognoscíveis de ofício, o dever de facultar prévia
manifestação dos sujeitos processuais a respeito dos elementos fáticos e jurídicos a serem considerados pelo
órgão julgador” (REsp 2.016.601, 2022).
A alternativa B está correta, pois a sua redação vai ao encontro da fundamentação exposta acima.
As alternativas A, C, D e E estão incorretas, tendo em vista que contrariam a jurisprudência do STJ e o art. 10
do CPC.

QUESTÃO 87. De acordo com o Código de Processo Civil, a concessão da tutela de urgência
a) pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia e exige caução real, não sendo admitida
caução fidejussória.
b) deve ser concedida liminarmente e exige que seja prestada caução fidejussória, não sendo admitida
caução real.
c) pode ser concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão de natureza
cautelar ou antecipada.
d) deve ser concedida liminarmente e exige que seja prestada caução real, não sendo admitida caução
fidejussória.
e) pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia, admitindo-se a dispensa da caução
quando a parte não puder oferecê-la por ser economicamente hipossuficiente.
Comentários
A alternativa correta é a letra E.
A questão trata das tutelas de urgência no processo civil.
A resposta da questão pode ser encontrada nos seguintes dispositivos do CPC: “Art. 300. [...] §1º Para a
concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real ou fidejussória idônea para
ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la. §2º A tutela de urgência pode ser concedida
liminarmente ou após justificação prévia. §3º A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida
quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão”.
As alternativas A, B e D estão incorretas, tendo em vista que o CPC admite (art. 300, §1º) tanto a caução
fidejussória quanto a caução real para a concessão da tutela de urgência. Ainda, não existe a obrigatoriedade
de concessão da tutela de modo liminar, pois é possível a realização de uma justificação prévia, se o magistrado
entender mais adequado.
A alternativa C está incorreta, pois, havendo perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão, a tutela de
urgência de natureza antecipada não deve ser concedida (art. 300, §3º, CPC).
A alternativa E está correta. Como já visto acima, a concessão da tutela de urgência pode se dar de maneira
liminar ou após justificação prévia, sendo possível que o magistrado dispense a caução se a parte for
economicamente hipossuficiente e não puder oferecê-la (art. 300, §§1º e 2º, CPC).

QUESTÃO 88. O Código de Processo Civil estabelece que o ônus da prova compete ao
a) réu, quando se tratar da existência de fato extintivo do direito do autor, sendo admitida a distribuição
diversa do ônus da prova em qualquer situação em que as partes considerarem conveniente.

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b) réu, quando se tratar da existência de fato modificativo do direito do autor, sendo admitida a
distribuição diversa do ônus da prova por convenção entre as partes, não podendo esse ajuste recair
sobre direito indisponível de alguma delas.
c) autor, quando se tratar de prova excessivamente difícil de ser produzida, sendo vedado às partes
convencionarem a distribuição do ônus probatório de modo diverso.
d) autor em qualquer hipótese, mas se admite que as partes convencionem a distribuição do ônus
probatório para o fim de atribuí-lo ao réu.
e) autor, quando se tratar do fato constitutivo do seu direito, sendo vedado às partes convencionarem a
distribuição do ônus probatório de modo diverso.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata do ônus da prova no processo civil.
A alternativa A está incorreta. A distribuição diversa do ônus da prova por convenção das partes é permitida,
mas ela deve observar os limites expostos no art. 373, §3º, do CPC, não podendo recair sobre direito
indisponível da parte ou tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. Portanto, não é
possível a distribuição diversa do ônus da prova em qualquer situação em que as partes considerarem
conveniente.
A alternativa B está correta. Como regra geral, o réu possui o ônus de provar os fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos do direito do autor (art. 373, II, CPC), mas a distribuição diversa por convenção
das partes também é perfeitamente admissível, desde que não recaia sobre direito indisponível ou torne
excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito (art. 373, §3º, CPC).
A alternativa C está incorreta, pois, como já visto acima, é possível que as partes convencionem uma
distribuição diversa do ônus da prova (art. 373, §3º, CPC).
A alternativa D está incorreta. O ônus da prova não incumbe sempre ao autor, pois, além da distribuição diversa
do ônus da prova por convenção das partes, a própria legislação pode estabelecer a inversão em certos casos,
e, em outros, o magistrado, atento às peculiaridades da causa, pode determinar essa inversão (art. 373, §1º,
CPC). Além disso, o próprio CPC já estabelece, no art. 373, II, alguns encargos probatórios que recaem sobre
o réu, o que também torna essa alternativa incorreta.
A alternativa E está incorreta. Aqui, aplica-se a mesma fundamentação das alternativas anteriores, pois a
distribuição do ônus probatório por vontade das partes é perfeitamente admissível (art. 373, §3º, CPC).

QUESTÃO 89. De acordo com o Código de Processo Civil, a ação em que o incapaz for réu será proposta
a) no foro de residência de seu representante ou assistente.
b) no foro de sua residência.
c) em qualquer foro localizado no território nacional desde que não lhe cause prejuízo.
d) no foro de domicílio de seu representante ou assistente.
e) no foro de seu domicílio.
Comentários
A alternativa correta é a letra D.
A questão trata das regras de competência territorial no processo civil.

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A alternativa D está correta. A sua redação vai ao encontro do art. 50 do CPC, que estabelece o seguinte: “A
ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu representante ou assistente”.
As alternativas A, B, C e E estão incorretas, pois trazem disposições que contrariam frontalmente a regra
estabelecida no dispositivo acima citado. Preste atenção para o fato de que a alternativa A menciona “foro de
residência de seu representante ou assistente”, razão pela qual está incorreta, tendo em vista que a residência
não se confunde com o domicílio.

QUESTÃO 90. Determinado estado da Federação editou lei estadual por meio da qual foi criada uma
vara especializada que, localizada na capital do estado, seria juízo privativo para o processo e
julgamento das ações coletivas que fossem propostas na justiça estadual daquela unidade federativa.
Considerando-se a situação hipotética precedente e o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
acerca desse tema, e de acordo com a Lei nº 7.347/1985 (Lei de Ação Civil Pública), é correto afirmar
que a existência de vara privativa instituída por lei estadual
a) apenas não altera a competência territorial que esteja prevista na Constituição Federal de 1988.
b) não altera a competência territorial resultante das leis de processo.
c) altera a competência territorial estabelecida na Constituição Federal de 1988.
d) altera a competência territorial estabelecida em leis de processo.
e) apenas não altera a competência territorial que esteja prevista no regimento interno dos tribunais.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão trata da competência no processo civil.
A alternativa B está correta, pois está de acordo com a Súmula 206 do STJ: “A existência de vara privativa,
instituída por lei estadual, não altera a competência territorial resultante das leis de processo”.
A criação de varas privativas por meio de uma lei estadual somente pode ocorrer se não resultar na alteração
de competência estabelecida pelas leis de processo. Não é possível, por exemplo, que uma lei estadual
estabeleça que todas as ações coletivas propostas no Estado serão julgadas por um juízo privativo da capital,
tendo em vista que isso acaba alterando as regras de competência territorial da legislação processual.
Por outro lado, é possível que, dentro de uma determinada comarca (ou subseção judiciária, no caso da Justiça
Federal), seja criada uma vara privativa para o julgamento de todas as ações relativas a um determinado tema
que sejam ajuizadas naquela localidade, pois isso não altera a competência territorial das leis de processo. Essa
criação geralmente ocorre por meio das normas de organização judiciária dos Tribunais.
Por exemplo, tratando das ações civis públicas, o art. 2º da Lei 7.347/85 estabelece que elas devem ser
ajuizadas no foro do local onde ocorrer o dano. Imagine que um dano ambiental tenha ocorrido na comarca de
Petrolina/PE, sendo essa, portanto, a comarca competente para julgar a ação. Então, se uma norma de
organização judiciária determinar que aquela ação coletiva seja julgada por uma vara privativa situada na
capital do Estado, estará sendo violada a Súmula 206 do STJ, pois a regra de competência do art. 2º da Lei
7.347/85 terá sido desrespeitada; por outro lado, se uma norma de organização judiciária determinar que as
ações coletivas de competência da comarca de Petrolina/PE serão julgadas por uma vara privativa situada
naquela localidade, não haverá problema algum, pois a competência definida na legislação ainda estará sendo
respeitada.
As alternativas A, C, D e E estão incorretas, pois contrariam a Súmula 206 do STJ, conforme exposto acima.

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QUESTÃO 91. Com base na jurisprudência predominante, na legislação vigente e na doutrina
majoritária, julgue os itens a seguir.
I Sujeita-se ao princípio da anterioridade a norma legal que altera o prazo de recolhimento de obrigação
tributária.
II O princípio da legalidade tributária impede a instituição de quaisquer impostos mediante medida
provisória.
III O princípio da irretroatividade veda a cobrança de tributos em relação a fatos geradores pretéritos
ao início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado.
IV O Estado tributa com a finalidade precípua, mas não exclusiva, de arrecadar recursos para os cofres
públicos.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e IV estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D
A questão aborda o tema dos princípios tributários.
O item I está incorreto, pois contraria a Súmula Vinculante 50: “Norma legal que altera o prazo de
recolhimento de obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.”
O item II está incorreto, pois os impostos que não devam ser instituídos por lei complementar podem ser
veiculados por medida provisória, conforme art. 62, §2º, da CF: “§ 2º Medida provisória que implique
instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá
efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi
editada.”
O item III está correto, pois revela o conteúdo da Constituição Federal: “Art. 150. Sem prejuízo de outras
garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver
instituído ou aumentado”.
O item IV está correto, conforme entendimento doutrinário. O tributo possui duas finalidades, quais sejam
fiscal, que é carrear dinheiro aos cofres públicos e extrafiscal, que é a utilização do tributo como meio de
fomento ou inibição de condutas e intervenção no domínio econômico.
A alternativa A está incorreta, uma vez que os itens I e II estão incorretos.
A alternativa B está incorreta, uma vez que o item I está incorreto.
A alternativa C está incorreta, uma vez que o item II está incorreto.
A alternativa D está correta, uma vez que os itens III e IV estão corretos.
A alternativa E está incorreta, pois os itens I e II estão incorretos.

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QUESTÃO 92. A partir da jurisprudência dos tribunais superiores, da legislação vigente e da doutrina
majoritária, julgue os próximos itens, relativos a tributos.
I Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
ainda que constituidora de sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada por meio de atividade
administrativa preferencialmente vinculada.
II Enquanto o Código Tributário Nacional (CTN) adota a teoria tripartite, tripartida ou tricotômica
para a classificação das espécies tributárias, o Supremo Tribunal Federal (STF) o faz mediante a adoção
da teoria pentapartite, pentapartida ou quinquipartida.
III É defeso instituir taxa para remunerar o serviço de iluminação pública.
IV É competência da União a instituição de imposto sobre produção, extração, comercialização ou
importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos de lei
complementar.
V Na iminência de guerra externa, a União poderá instituir impostos extraordinários, desde que
compreendidos em sua competência tributária, que serão suprimidos, gradativamente, após cessadas as
causas de sua criação.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e IV estão certos.
b) Apenas os itens I, II e V estão certos.
c) Apenas os itens I, III e IV estão certos.
d) Apenas os itens II, III e V estão certos.
e) Apenas os itens II, III, IV e V estão certos.
Comentários
A questão não apresenta alternativa inteiramente correta.
A questão aborda os temas tributo e competência tributária.
O item I está incorreto, pois tributo não pode constituir sanção por ato ilícito e a atividade deve
obrigatoriamente ser vinculada, conforme art. 3º do CTN: "Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada."
O item II está correto, pois o artigo art. 5º do CTN dispõe serem tributos os impostos, taxas e contribuições de
melhoria, mas o STF adotou a teoria pentapartida incluindo ao rol os empréstimos compulsórios e as demais
contribuições, como se observa no RE 111.954 e no AI 658576 AgR.
O item III está correto, pois, nos termos da Súmula Vinculante 41, "O serviço de iluminação pública não pode
ser remunerado mediante taxa."
O item IV está correto, pois revela o teor atualizado da Constituição, após a reforma tributária: “Art. 153.
Compete à União instituir impostos sobre: VIII - produção, extração, comercialização ou importação de bens
e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos de lei complementar. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 132, de 2023)”.
O item V está incorreto, pois a União pode instituir imposto extraordinário de guerra ainda que não incluído
em sua competência tributária, conforme a Constituição: "Art. 154. A União poderá instituir: II - na iminência
ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária,
os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação."

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Ocorre que a questão não apresenta nenhuma alternativa apontando como itens corretos apenas os itens II, III
e IV ou como incorretos apenas os itens I e V.
Não apresentando alternativa inteiramente correta, a questão merece anulação.

QUESTÃO 93. Segundo o CTN, na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para
aplicar a legislação tributária utilizará, prioritariamente,
a) A equidade.
b) os princípios gerais de direito público.
c) os costumes.
d) a analogia.
e) os princípios gerais de direito tributário.
Comentários
A alternativa correta é a letra D, pois está conforme a literalidade do CTN: “Art. 108. Na ausência de
disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na
ordem indicada: I - a analogia; II - os princípios gerais de direito tributário; III - os princípios gerais de direito
público; IV - a equidade.”
A questão aborda o tema interpretação e integração da legislação tributária.
As demais hipóteses indicadas nas alternativas A, B, C e E não se adequam à ordem estabelecida, razão pela
qual estão incorretas.

QUESTÃO 94. De acordo com o CTN, excluem o crédito tributário


a) as reclamações e os recursos.
b) a anistia e a isenção.
c) o pagamento e a transação.
d) a prescrição e a decadência.
e) a moratória e o parcelamento.
Comentários
A alternativa correta é a letra B.
A questão aborda o tema exclusão do crédito tributário.
A alternativa A está incorreta, pois as reclamações e os recursos suspendem a exigibilidade do crédito
tributário, conforme o CTN: “Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: III - as reclamações
e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo”.
A alternativa B está correta, pois isenção e anistia realmente excluem o crédito tributário, conforme o CTN:
“Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia”.
A alternativa C está incorreta, pois o pagamento e a transação extinguem o crédito tributário, conforme o CTN:
“Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; III - a transação”.
A alternativa D está incorreta, pois o a prescrição e a decadência extinguem o crédito tributário, conforme o
CTN: “Art. 156. Extinguem o crédito tributário: V - a prescrição e a decadência”.

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A alternativa E está incorreta, pois a moratória e o parcelamento suspendem a exigibilidade do crédito
tributário, conforme o CTN: “Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; VI – o
parcelamento”.

QUESTÃO 95. No que se refere ao ilícito tributário, julgue os itens a seguir, com fundamento na
jurisprudência dos tribunais superiores e na legislação vigente.
I Constitui mero ilícito administrativo tributário fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre
rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento
de tributo.
II De acordo com a jurisprudência do STF, os crimes contra a ordem tributária são consumados, em
regra, com a constituição do crédito tributário.
III Excepcionalmente, a jurisprudência do STF admite que se inicie a persecução penal antes de
encerrado o procedimento administrativo, nos casos de embaraço à fiscalização tributária ou diante de
indícios da prática de outros delitos, de natureza não fiscal.
Assinale a opção correta.
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item II está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra D
A questão aborda o tema ilícitos tributários.
O item I está incorreto, pois a conduta é narrada é tipificada como crime contra a ordem tributária, nos termos
da Lei nº 8.137/1990: “Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: I - fazer declaração falsa ou omitir
declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de
pagamento de tributo”.
O item II está correto, pois revela o teor da Súmula Vinculante 24: “Não se tipifica crime material contra a
ordem tributária, previsto no art. 1º, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do
tributo”.
O item III está correto, pois revela o entendimento do STF: “Não obstante a jurisprudência pacífica quanto ao
termo inicial dos crimes contra a ordem tributária, o Supremo Tribunal Federal tem decidido que a regra
contida na Súmula Vinculante 24 pode ser mitigada de acordo com as peculiaridades do caso concreto, sendo
possível dar início à persecução penal antes de encerrado o procedimento administrativo, nos casos de
embaraço à fiscalização tributária ou diante de indícios da prática de outros delitos, de natureza não fiscal.
[ARE 936.653 AgR, rel. min. Roberto Barroso, 1ª T, j. 24-5-2016, DJE 122 de 14-6-2016.]”.
A alternativa A está incorreta, uma vez que o item I está incorreto.
A alternativa B está incorreta, uma vez que o item III também está correto.
A alternativa C está incorreta, uma vez que o item I está incorreto.
A alternativa D está correta, uma vez que os itens II e III estão corretos.

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A alternativa E está incorreta, uma vez que o item I está incorreto.

QUESTÃO 96. Acerca dos princípios do direito ambiental, julgue os itens a seguir, com base nas
jurisprudências do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
I. O princípio da prevenção impede o estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental
estadual que torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de
mineração.
II. O afastamento do licenciamento de atividades potencialmente poluidoras afronta os princípios da
prevenção, da precaução e da proibição de retrocesso em matéria socioambiental.
III. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, a responsabilidade
civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do
poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação X e do favor debilis.
Assinale a opção correta
a) Apenas o item I está certo.
b) Apenas o item Il está certo.
c) Apenas os itens I e III estão certos.
d) Apenas os itens II e III estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra E, tendo em vista que todas as afirmativas (itens I, II e III) estão corretas.
A questão exigiu, basicamente, o conhecimento sobre a jurisprudência do STJ e STF em matéria de princípios
ambientais.
O item I está certo, pois está de acordo com o que decidiu no STF no julgamento da ADI n.º 6.650: “É
inconstitucional norma estadual que estabelece hipóteses de dispensa e simplificação do licenciamento
ambiental para atividades de lavra a céu aberto por invadir a competência legislativa da União para editar
normas gerais sobre proteção do meio ambiente, nos termos previstos no art. 24, §§ 1º e 2º, da Constituição
Federal. Vale ressaltar também que o estabelecimento de procedimento de licenciamento ambiental estadual
que torne menos eficiente a proteção do meio ambiente equilibrado quanto às atividades de mineração afronta
o caput do art. 225 da Constituição por inobservar o princípio da prevenção”. (ADI n.º 6.650/SC, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 26/4/2021, Informativo n.º 1.014).
O item II está certo, pois está de acordo com o que decidiu no STF no julgamento da ADI n.º 4.529: “[...] 3.
O afastamento do licenciamento de atividades potencialmente poluidoras afronta o art. 225 da Constituição da
República. Empreendimentos e atividades econômicas apenas serão considerados lícitos e constitucionais
quando subordinados à regra de proteção ambiental. A atuação normativa estadual flexibilizadora caracteriza
violação do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e afronta a obrigatoriedade da
intervenção do Poder Público em matéria ambiental. Inobservância dos princípios da proibição de retrocesso
em matéria socioambiental, da prevenção e da precaução. Inconstitucionalidade material caracterizada [...]”.
(ADI n.º 4.529/MT, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 21/11/2022, Informativo n.º 1.076).
O item III está certo, pois está de acordo com o que decidiu no STJ no julgamento do REsp n.º 1.071.741/SP:
“[...] 4. Qualquer que seja a qualificação jurídica do degradador, público ou privado, no Direito brasileiro a
responsabilidade civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva, solidária e ilimitada, sendo regida pelos
princípios do poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor

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debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à Justiça, entre as quais se inclui
a inversão do ônus da prova em favor da vítima ambiental. Precedentes do STJ [...]” (REsp n.º 1.071.741/SP,
Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 24/3/2009).
Assim, as alternativas A, B, C e D estão incorretas.

QUESTÃO 97. Considerando as disposições da Constituição Federal de 1988 (CF) acerca do meio
ambiente, assinale a opção correta.
a) A proteção do meio ambiente e o combate à poluição em qualquer de suas formas integram o rol de
competências exclusivas da União.
b) A União, mediante lei complementar, poderá autorizar os estados a legislar sobre questões específicas
acerca de florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
proteção do meio ambiente e controle da poluição.
c) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas
físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.
d) Embora todos tenham direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações é imposto privativamente ao poder público.
e) Qualquer pessoa é parte legítima para propor ação civil pública que vise a anular ato lesivo ao meio
ambiente.
Comentários
A alternativa correta é a letra C, pois está de acordo com o art. 225, § 3º, da CF: “Art. 225 [...] § 3º As condutas
e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a
sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
A alternativa A está incorreta, pois nos termos do art. 23, VI, da CF, a proteção ao meio ambiente e combate
à poluição é competência é comum de todos os entes (União, Estados, DF e Municípios): “Art. 23. É
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] VI - proteger o meio
ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas”.
A alternativa B está incorreta, pois a competência legislativa sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação
da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição não é
exclusiva da União, mas concorrente entre a União, os Estados e o DF, conforme art. 24, VI, da CF, portanto,
não há o que se falar em obrigatoriedade de lei complementar federal para autorizar os Estados e o DF a
legislarem: “Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...]
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
meio ambiente e controle da poluição”.
A alternativa D está incorreta, pois nos termos do art. 225, “caput”, da CF, é dever do Poder Público e da
coletividade defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrada em prol das gerações futuras,
não havendo o que se falar em dever privativo do Poder Público: “Art. 225. Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações”.
A alternativa E está incorreta, pois somente os legitimados podem propor ação civil pública, conforme se
infere do art. 5º da LACP: “Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: I - o
Ministério Público; II - a Defensoria Pública; III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; IV

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- a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; V - a associação que,
concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre
suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à
ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico”.

QUESTÃO 98. Nos termos da Lei n.º 12.651/2012 (Código Florestal), a área protegida, coberta ou não
por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, bem como facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas, é denominada
a) área rural consolidada.
b) reserva legal.
c) área verde urbana.
d) Amazônia Legal
e) área de preservação permanente.
Comentários
A alternativa correta é a letra E, conforme dispõe o art. 3º, II, do Código Florestal: “Art. 3º Para os efeitos
desta Lei, entende-se por: [...] II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas”.
A alternativa A está incorreta, pois a área rural consolidada é, nos termos do art. 3º, IV, do Código Florestal:
“Art. 3º [...] IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de
julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a
adoção do regime de pousio”.
A alternativa B está incorreta, pois a reserva legal é, nos termos do art. 3º, III, do Código Florestal: “Art. 3º
[...] III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos
do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel
rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa”.
A alternativa C está incorreta, pois a área verde urbana é, nos termos do art. 3º, XX, do Código Florestal: “Art.
3º [...] XX - área verde urbana: espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação,
preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano
e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de
recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou
melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais”.
A alternativa D está incorreta, pois a Amazônia Legal é, nos termos do art. 3º, I, do Código Florestal: “Art. 3º
[...] I - Amazônia Legal: os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e
as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de
44º W, do Estado do Maranhão”.

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QUESTÃO 99. No que se refere aos crimes e às infrações administrativas contra o meio ambiente, julgue
os próximos itens, com base na Lei n.º 9.605/1998.
I. A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua
apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de corresponsabilidade.
II. Não configura crime contra a fauna o abate de animal, quando realizado para proteger lavouras,
pomares e rebanhos da ação predatória, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade
competente.
III. A mera fabricação de balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de
vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano, não configura crime contra a
flora.
IV. Ainda que o infrator cometa, simultaneamente, duas ou mais infrações administrativas, a legislação
veda expressamente a aplicação cumulativa das sanções a elas cominadas, com fundamento no princípio
do non bis in idem.
Assinale a opção correta.
a) Apenas os itens I e II estão certos.
b) Apenas os itens I e IV estão certos.
c) Apenas os itens II e III estão certos.
d) Apenas os itens III e IV estão certos.
e) Todos os itens estão certos.
Comentários
A alternativa correta é a letra A, pois apenas os itens I e II estão certos.
O item I está certo, pois é exatamente o que dispõe o art. 70, § 3º, da Lei n.º 9.605/1998: “Art. 70 [...] § 3º A
autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração
imediata, mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade”.
O item II está certo, pois é exatamente o que dispõe o art. 37, II, da Lei n.º 9.605/1998: “Art. 37. Não é crime
o abate de animal, quando realizado: [...] II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória
ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente”.
O item III está incorreto, pois a conduta descrita constitui crime previsto no art. 42 da Lei n.º 9.605/1998, com
detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente: “Art. 42. Fabricar, vender,
transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em
áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano: Pena - detenção de um a três anos ou multa, ou ambas
as penas cumulativamente”.
O item III está incorreto, pois nos termos do art. 72, § 1º, da Lei n.º 9.605/1998, as penas na hipótese do
enunciado serão aplicadas de forma cumulativa: “Art. 72 [...] § 1º Se o infrator cometer, simultaneamente,
duas ou mais infrações, ser-lhe-ão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas”.
Assim, as alternativas B, C, D e E estão incorretas.

QUESTÃO 100. Segundo a Lei n.º 9.985/2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação da Natureza (SNUC), a unidade de conservação que tem como objetivo básico a
preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a

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realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação
ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico é denominada
a) estação ecológica.
b) monumento natural.
c) parque nacional.
d) refúgio de vida silvestre.
e) reserva biológica
Comentários
A alternativa correta é a letra C, pois está de acordo com o art. 11 da Lei n.º 9.985/2000: “Art. 11. O Parque
Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e
beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de
educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico”.
A alternativa A está incorreta, pois o objetivo da estação ecológica é a preservação da natureza e a realização
de pesquisas científicas, nos termos do art. 9º da Lei n.º 9.985/2000: “Art. 9º A Estação Ecológica tem como
objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas”.
A alternativa B está incorreta, pois o monumento natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais
raros, singulares ou de grande beleza cênica, nos termos do art. 12 da Lei n.º 9.985/2000: “Art. 12. O
Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza
cênica”.
A alternativa D está incorreta, pois o refúgio de vida silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais
onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da
fauna residente ou migratória, nos termos do art. 13 da Lei n.º 9.985/2000: “Art. 13. O Refúgio de Vida
Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou
reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória”.
A alternativa E está incorreta, pois a reserva biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e
demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo
necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos
naturais, nos termos do art. 10 da Lei n.º 9.985/2000: “Art. 10. A Reserva Biológica tem como objetivo a
preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana
direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados
e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os
processos ecológicos naturais”.

QUESTÕES DISCURSIVAS E PEÇA PRÁTICA


QUESTÃO 01. Fabiana e João, auditores fiscais estaduais, chegaram à sede administrativa de
determinada sociedade empresária, a fim de realizar seu trabalho de fiscalização tributária, conforme
o planejamento do órgão fazendário. Lá, embora não lhes tenha sido permitida a entrada, os auditores
fiscais, sob a justificativa do exercício da autoexecutoriedade dos atos administrativos, ingressaram no
escritório da empresa e coletaram informações e documentos, mestre contra vontade dos responsáveis

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pela empresa, que lá trabalhavam no momento do ingresso. Após a diligência, os auditores lavraram os
documentos previstos na legislação tributária.
Considerando a situação hipotética apresentada e com fundamento no texto constitucional, redija um
texto dissertativo, respondendo aos questionamentos a seguir.
1. O que dispõe a Constituição Federal de 1988 a respeito da inviolabilidade domiciliar?
2. A atuação dos auditores fiscais Fabiana e João foi juridicamente correta?
Comentários
De acordo com o artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal, “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.”
A Constituição Federal, ao estabelecer que a casa é o asilo inviolável do indivíduo, objetivou garantir uma das
vertentes do direito à privacidade. Asilo é lugar de abrigo, de proteção, de maneira que a todo indivíduo é
garantido o direito de encontrar, em sua casa, proteção à individualidade e à vida privada.
O conceito de casa é abrangente e ultrapassa a moradia. Contempla qualquer local fechado, habitado e não
aberto ao público. Nessa toada, alcança escritórios profissionais, consultórios, estabelecimentos comerciais e
industriais, hotéis, motéis, barcos, trailer, barracas, dentre outras hipóteses. Agora, para ser casa, para fins
constitucionais, é preciso que o ambiente não seja aberto a terceiros, de maneira que quando se pensa em
estabelecimentos comerciais ou industriais, a proteção constitucional seria reservada aos locais restritos ao
público, como escritórios de direção ou local em que se guarda o cofre e documentos, por exemplo. É também
aplicada a garantia da inviolabilidade domiciliar quando as atividades diárias já foram encerradas (fábrica
fechada). De igual maneira, a recepção de um hotel não pode ser considerada casa, eis que aberta ao público,
mas o quarto de hotel, após a locação, materializa o direito à privacidade. Note que o ânimo de permanecer se
opõe ao ânimo de locomover e não exige um tempo mínimo de permanência.
A entrada na casa de alguém depende, em regra, de autorização, ressalvadas as hipóteses taxativamente
descritas na Constituição Federal. O consentimento para entrada no domicílio só poderá ser dado por morador
(não proprietário; não empregado). Deve ser sempre espontâneo e manifestado pelo titular do direito, pelo
ocupante do local.
Excepcionalmente, sem que haja consentimento do ocupante, é permitida a entrada na casa, a qualquer hora,
em casos de flagrante delito (próprio ou impróprio), desastre (inundações, desmoronamentos) ou prestação de
socorro.
Durante o dia, sem autorização do morador, será possível ainda entrar na casa mediante ordem judicial. Nesta
hipótese, nota-se a reserva de jurisdição: somente por ordem judicial. Autoridades administrativas, policiais
ou membros do Ministério Público apenas poderão requerer a entrada no domicílio às autoridades judiciais.
Determinações administrativas de buscas e apreensões de documentos, ainda que haja indícios de existência
de provas contundentes, são inconstitucionais e geram provas ilícitas.
A respeito do conceito de “dia”, não há na doutrina consenso, mas a doutrina é tendente a conceituar que “dia”
a partir do critério físico-astronômico, que compreende o interregno que vai da aurora ao crepúsculo.
A atuação dos auditores fiscais não foi judicialmente correta, uma vez que não são absolutos os poderes de
que se acham investidos os órgãos e agentes da administração tributária, pois o Estado, em tema de tributação
inclusive em matéria tributária, está sujeito à observância de um complexo de direitos e prerrogativas que
assistem, constitucionalmente, aos contribuintes e aos cidadãos em geral.
Nesse sentido decidiu o Supremo Tribunal Federal, no HC 93.050, onde restou consignado que "O atributo da
autoexecutoriedade dos atos administrativos, não prevalece sobre a garantia constitucional da inviolabilidade

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domiciliar, ainda que se cuide de atividade exercida pelo poder público em sede de fiscalização tributária.
Assim, nenhum agente público poderá entrar, inclusive os da administração tributária, contra a vontade de
quem de direito, em espaço privado em que se exerce atividade profissional, sem ordem judicial”. (HC 93.050).
De acordo com a Suprema Corte, a administração tributária, por isso mesmo, embora podendo muito, não
pode tudo. É que o Estado, é somente lícito atuar, “respeitados os direitos individuais e nos termos da lei” (CF,
art. 145, §1º), consideradas, sobretudo, e para esse específico efeito, as limitações jurídicas decorrentes do
próprio sistema instituído pela Lei Fundamental, cuja eficácia – que prepondera sobre todos os órgãos e
agentes fazendários – restringe-lhe o alcance do poder de que se acham investidos, especialmente quando
exercido em face do contribuinte e dos cidadãos da República, que são titulares de garantias impregnadas de
estatura constitucional e que, por tal razão, não podem ser transgredidas por aqueles que exercem a autoridade
em nome do Estado.
Fonte: Ebook, Estratégia Carreira Jurídica, Magistratura Estadual, Direito Constitucional - LDI

QUESTÃO 02. À luz do direito penal, conceitue o excesso e explique as quatro formas de excesso
existentes (doloso, culposo, acidental e exculpante).
Comentários
A conduta acobertada por uma excludente da ilicitude deve ser praticada com razoabilidade, dentro dos limites
da lei. Caso contrário, configurar-se-á o excesso, que deve ser punido no âmbito penal. Sobre o tema, prevê o
artigo 23 do Código Penal:
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
O excesso pode ser doloso ou culposo. Desse modo, excedendo-se o agente em sua conduta, ainda que
justificada por uma excludente de ilicitude, deve por ela responder, tenha ele agido com dolo ou com culpa.
O excesso doloso ocorre quando o agente, deliberadamente, decide violar o bem jurídico alheio além dos
limites autorizados pela descriminante. É o caso de o sujeito, que recebe um soco em um bar, não se limita a
revidar, mas, cessada a agressão, resolve continuar a agressão até matar o indivíduo que iniciou a briga.
O excesso é culposo quando o agente está atuando sob uma descriminante, mas, por imprudência, negligência
ou imperícia, se excede. Imagine que, para se defender de uma agressão, o sujeito vai utilizar uma arma que
não conhece e, assim, ao invés de atirar nas pernas do sujeito que vem atacá-lo, atira em sua cabeça, o que era
claramente desnecessário, considerando que o agressor estava desarmado e era mais fraco do que ele. Ele o
fez não por desejar matar, mas por não ter conhecimento de técnica de tiro.
O excesso punível pode ser classificado, ainda, em intensivo ou extensivo:
Excesso intensivo (ou próprio) é aquele que se relaciona com os meios utilizados para repelir a agressão ou ao
grau de sua utilização. O excesso é chamado intensivo devido à intensidade da conduta do agente. Dito de
outra forma, os requisitos ainda estão presentes, mas há desproporcionalidade.
Imaginem que um lutador de jiu-jitsu, em uma discussão de bar, começa a ser agredido por alguém que possui
força física muito inferior à dele e, portanto, que ele pode facilmente conter. Entretanto, o atleta retira uma
arma do coldre e dispara até acabar sua munição, levando o outro indivíduo a óbito. Ele responde por esse
excesso.
Excesso extensivo (ou impróprio), por sua vez, se configura quando a conduta para repelir a agressão se
prolonga no tempo em período superior ao da própria agressão. Os requisitos da excludente de ilicitude já não
estão presentes.

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É o caso da mulher, chamada Joana, que leva vários tapas de sua colega de trabalho. Então, revida. A agressora
desiste e, quando está deixando o ambiente, é alcançada por Joana, que resolve agredi-la até lhe causar lesão
corporal de natureza grave. Seu excesso é denominado extensivo, pois se estende, no tempo, mais do que dura
a injusta agressão. Por isso, Joana deve responder pelo excesso.
Na visão de Juarez Cirino dos Santos, excesso intensivo, na legítima defesa, se referiria ao uso de meio
desnecessário (o que parece compatível com a ideia de intensidade: usa um canhão para se defender de uma
idosa, que ataca com sua bolsa). O excesso extensivo, por sua vez, diria respeito ao uso imoderado do meio
necessário na legítima defesa, o que se configuraria na não coincidência temporal entre a atuação do agente e
a agressão (o que, para o autor, poderia ocorrer no caso de continuar socando o agressor depois de ele já estar
caído no chão).
Entretanto, tal classificação é controversa, razão pela qual muitos autores sequer a utilizam, quer por
entenderem confusa, quer por entenderem que o excesso intensivo é uma contradição em termos (os requisitos
não estariam presentes se há desproporção). Para exemplificar o problema, Cláudio Brandão relaciona o
excesso intensivo ao medo, confusão ou susto do agente, defendendo a exclusão da culpabilidade no caso.
Conforme ensina Cleber Masson, “O excesso acidental, ou fortuito, é a modalidade que se origina de caso
fortuito ou força maior, eventos imprevisíveis e inevitáveis. Cuida-se de excesso penalmente irrelevante.
O excesso exculpante é o excesso decorrente da profunda alteração de ânimo do agente, isto é, medo ou susto
provocado pela situação em que se encontra. Essa espécie de excesso encontra certa dose de rejeição pela
doutrina e pela jurisprudência. Os concursos para ingresso no Ministério Público, em geral, não reconhecem
essa tese, sob a alegação de que não possui amparo legal, e, por ser vaga, levaria muitas vezes à impugnidade.
Há entendimentos, contudo, no sentido de que o excesso exculpante exclui a culpabilidade, em razão da
inexigibilidade de conduta diversa”.
Fonte: Ebook, Estratégia Carreira Jurídica, Magistratura Estadual, Direito Penal - Prof.: Michael Procópio
Masson, Cleber. Direito Penal: parte geral, vol. 01, 17ed. Rio de Janeiro: Método, 2023, p. 376.

PEÇA PROCESSUAL - Em 1º/1/2024, Flávio e sua companheira, Soraia, ameaçaram de morte


Mercedes e Sarah, respectivamente genitora e irmã de Flávio. O casal utilizou-se de arma de fogo -
tendo atirado em objetos do imóvel com o objetivo de intimidá-las - e de dois porretes, com os quais
agrediram Mercedes e Sarah, tendo-lhes causado lesões corporais de natureza grave. O motivo da
agressão e da ameaça foi a insatisfação com o valor da mesada que a idosa concedia a ambos. O casal
manteve Sarah e Mercedes trancadas no imóvel, sob constante ameaça e agressões físicas e verbais,
enquanto exigia delas depósitos de valores em dinheiro em suas contas-correntes. O casal já havia sido
intimado sobre deferimento de medidas protetivas (fixadas pelo juízo do Juizado da Violência
Doméstica e Familiar competente em 12/12/2023) que os proibiam de se aproximarem das vítimas e de
manterem contato com elas. Temendo por sua integridade física, bem como pela de sua mãe, Sarah
conseguiu escapar do apartamento onde se encontrava com sua mãe e buscou pela ajuda de dois policiais
militares que faziam a ronda nas imediações. Ao chegarem ao local do crime, os policiais efetuaram a
prisão em flagrante dos autores do fato.
Na Delegacia da Polícia Civil, Sarah deu ciência do ocorrido à autoridade policial, tendo sido, então,
acostados a decisão anterior que deferiu medidas protetivas, os mandados de intimação de Flávio e
Soraia, além da folha de antecedentes criminais, os quais indicavam que os agentes, embora
considerados tecnicamente primários, possuíam diversas anotações sem trânsito em julgado por
agressão contra as vítimas Sarah e Mercedes.
Nesse mesmo dia, compareceu à delegacia Antônio, vizinho das vítimas, acompanhado de Rogério, seu
irmão, para dar ciência à autoridade policial de conversa que presenciaram entre Flávio, Soraia e

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Francisco, conhecido chefe de facção, dias antes da prisão em flagrante mencionada. Na conversa, Flávio
e Soraia negociaram comprar explosivos de Francisco com o objetivo de provocar o desabamento do
edifício onde Mercedes e Sarah residiam para receber os valores da apólice de seguro de vida de ambas.
Francisco e Rogério afirmaram que ouviram Francisco dizer que foi fácil obter os explosivos, pois já
havia feito a encomenda de uma grande quantidade para realizar um ataque a uma escola da capital na
qual os filhos de um rival estudavam. Afirmaram, ainda, que Flávio e Soraia aparentavam saber onde
e quando tal ação criminosa teria curso.
Considerando a situação hipotética apresentada, na qualidade de autoridade policial responsável pelo
procedimento, elabore a peça cabível, expondo as teses de direito material e processual necessárias. As
formalidades legais exigidas devem ser observadas em seu texto.
Comentários
O enunciado da questão não é preciso no tocante à fase investigatória que se apresenta. Assim, verifica-se
cabível duas peças distintas, a depender da interpretação que será dada pelo examinador. A primeira peça é a
representação pela conversão do flagrante em preventiva, caso se entenda que foi lavrado o auto de prisão em
flagrante, devendo ser direcionada ao juízo responsável pela realização da audiência de custódia.
Por outro lado, entende-se possível, ainda, o despacho pós-flagrancial, figura doutrinária que vem sendo
aplicada na prática pelos Delegados de Polícia e adotada por algumas bancas examinadoras, e é endereçado
ao juízo da causa.
A seguir serão apresentados os gabaritos da representação pela conversão da prisão em flagrante em preventiva
e do despacho pós-flagrancial, pela ordem.

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito do Juízo de Audiência de Custódia do Tribunal de Justiça do Estado de
Pernambuco
REPRESENTAÇÃO PARA CONVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA

Referência: Autos do Inquérito Policial nº___ /____ – __ª DP.

Trata-se de Inquérito Policial instaurado por meio de auto de prisão em flagrante, para apurar os crimes
previstos artigos 147, 129, §1º, 158, §3º, todos do Código Penal, art. 15, da Lei n. 10.826/2003, art. 24-A da
Lei n. 11.340/2006, em concurso material, praticados por Flávio e Soraia, já qualificados, no dia 1º de janeiro
de 2024, no Município xxxxx.
Aos 1º/01/2024, Flávio e sua companheira, Soraia, ameaçaram de morte Mercedes e Sarah, respectivamente
genitora e irmã de Flávio. O casal utilizou-se de arma de fogo - tendo atirado em objetos do imóvel com o
objetivo de intimidá-las - e de dois porretes, com os quais agrediram Mercedes e Sarah, tendo-lhes causado
lesões corporais de natureza grave. O motivo da agressão e da ameaça foi a insatisfação com o valor da mesada
que a idosa concedia a ambos.
O casal manteve Sarah e Mercedes trancadas no imóvel, sob constante ameaça e agressões físicas e verbais,
enquanto exigia delas depósitos de valores em dinheiro em suas contas-correntes. O casal já havia sido
intimado sobre deferimento de medidas protetivas (fixadas pelo juízo do Juizado da Violência Doméstica e
Familiar competente em 12/12/2023) que os proibiam de se aproximarem das vítimas e de manterem contato
com elas.

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Temendo por sua integridade física, bem como pela de sua mãe, Sarah conseguiu escapar do apartamento onde
se encontrava com sua mãe e buscou pela ajuda de dois policiais militares que faziam a ronda nas imediações.
Ao chegarem ao local do crime, os policiais efetuaram a prisão em flagrante dos autores do fato.
Na Delegacia da Polícia Civil, Sarah deu ciência do ocorrido à autoridade policial, tendo sido, então, acostados
a decisão anterior que deferiu medidas protetivas, os mandados de intimação de Flávio e Soraia, além da folha
de antecedentes criminais, os quais indicavam que os agentes, embora considerados tecnicamente primários,
possuíam diversas anotações sem trânsito em julgado por agressão contra as vítimas Sarah e Mercedes.
Foi determinada a realização de exame de corpo de delito, em razão das graves lesões corporais que as vítimas
sofreram.
Após a lavratura do auto de prisão, Flávio e Soraia foram recolhidos à Carceragem, onde aguardaram a
realização da Audiência de Custódia.
No exercício do juízo provisório de tipicidade, o subscritor deste os autuou por ameaça, lesão corporal grave,
extorsão com a restrição da liberdade da vítima, disparo de arma de fogo e descumprimento de medida
protetiva de urgência.
Com fulcro nos artigos 311, 312 e 313, todos do Código de Processo Penal, diante dos fatos apurados no
caderno investigatório em epígrafe vem à presença de Vossa Excelência, representar pela conversão da prisão
em flagrante em preventiva de Flávio e Soraia.
Embora os agentes sejam considerados tecnicamente primários, possuem diversas anotações sem trânsito em
julgado por agressão contra as vítimas Sarah e Mercedes.
No Processo Civil, os requisitos para uma ação cautelar são os seguintes: o fumus boni juris e o periculum in
mora. Eles mostram que para ocorrer a prestação jurisdicional antecipada, o juiz tem de se convencer de que
há a “fumaça do bom direito” e o “perigo da demora”. No Processo Penal, vários doutrinadores fizeram uma
analogia diante dos institutos mencionados, para se mostrar como eles funcionariam neste ramo do Direito.
Em matéria de prisão preventiva devem estar presentes os seguintes requisitos: fumus comissi delicti e o
periculum libertatis.
No fumus comissi delicti (pressupostos) deve haver a existência de crime e indícios de autoria. No caso em
tela, temos a comprovação da existência dos delitos narrados por conta do auto de prisão em flagrante, e das
visíveis lesões graves sofridas pelas vítimas, bem como dos disparos efetuados nos objetos da casa, além do
depoimento das vítimas, que assumem especial importância em crimes dessa natureza.
Para haver o periculum libertatis é necessária a presença de um dos seguintes fundamentos: a garantia da
ordem pública, a garantia da ordem econômica, a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal.
No caso em comento, os autores Flávio e Soraia foram presos em flagrante e já possuem anotação criminal
por violência doméstica contra as mesmas vítimas.
Em favor das vítimas há medidas protetivas de urgência concedidas nos autos da ação n. xxxxx.
Às fls xxxx foram acostados a decisão anterior que deferiu medidas protetivas e os mandados de intimação
de Flávio e Soraia.
Conforme dispõe o artigo 313, III, do Código de Processo Penal:
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva:
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo
ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência;
Ademais, há notícias de que os réus estavam negociando a compra de explosivos para provocar o desabamento
do prédio em que residiam as vítimas.

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Assim, presentes os pressupostos e fundamentos da prisão preventiva, imperativo se revela a segregação
cautelar dos representados, para se garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
O Princípio da Atualidade, inserido no Código de Processo Penal com o Pacote Anticrime, e que está
relacionado com a "provisionalidade", diz que para que uma prisão preventiva seja decretada, é necessário que
o periculum libertatis seja atual, presente, não passado e tampouco futuro e incerto. A "atualidade do perigo"
é elemento fundante da "natureza" cautelar.
Como se vislumbra pela leitura do auto de prisão em flagrante, os indiciados continuam sua empreitada
criminosa.
O art. 311 do Código de Processo Penal, que dispõe sobre o momento da persecução penal em que é possível
a decretação da prisão preventiva, e quais são os legitimados para o requerimento ou representação da detenção
cautelar em comento, teve a redação alterada pela Lei Anticrime:
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada
pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da
autoridade policial.
De antemão, verifica-se que o legislador suprimiu a expressão de “ofício” do dispositivo em comento,
impossibilitando que o Magistrado decrete a prisão preventiva sem provocação dos legitimados.
Antes de adentrarmos no assunto, cumpre ressaltar que o art. 310 do CPP também sofreu alterações provocadas
pela Lei Anticrime:
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após
a realização da prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado, seu advogado
constituído ou membro da Defensoria Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz
deverá, fundamentadamente:
I - relaxar a prisão ilegal; ou
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste
Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (...)
§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra organização criminosa armada ou milícia, ou
que porta arma de fogo de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares.
(...)
Pela leitura dos autos, verifica-se que Flávio e Soraia descumpriram medidas protetivas, já possuem anotações
pela prática de crimes envolvendo a violência doméstica, razão pela qual é inviável a concessão de liberdade
provisória com ou sem fiança.
Destaca-se que, nos termos do artigo 24-A, §2º, da Lei n. 11.340/2006, na hipótese de prisão em flagrante,
apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança, no caso de crime de descumprimento de medida protetiva.
Vale lembrar que a Lei 12.403/11 já havia alterado o art. 311 do CPP, possibilitando que o Juiz decretasse de
ofício a prisão preventiva apenas no curso da ação penal, impedindo-o de decretá-la, sem provocação do
legitimado, no curso do inquérito policial.
Diante das alterações promovidas pela Lei Anticrime nos arts. 310 e 311 do CPP, o Delegado de Polícia, que
presidiu o auto de prisão em flagrante, ou o Órgão Ministerial, com atribuição para oficiar no feito, devem,
respectivamente, representar ou requerer a prisão preventiva do indiciado, uma vez que o Juiz, que preside a
audiência de custódia, está impedido de decretá-la de ofício, ou seja, sem a provocação dos legitimados.

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Em um primeiro momento, o Superior Tribunal de Justiça entendeu que era possível a conversão pelo juiz, de
ofício, do flagrante em prisão preventiva, porém o entendimento foi alterado mais recentemente.
A 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no HC nº 590039, alterou entendimento e anulou a conversão de
ofício da prisão em flagrante para preventiva
O Ministro do STF Edson Fachin concedeu “writ” de “habeas corpus” a um homem que teve a prisão em
flagrante convertida em preventiva, sem que o juiz fosse provocado por um dos legitimados, no HC 193.053
– MG.
Tendo em vista que Vossa Excelência não pode decretar de ofício a prisão preventiva, o Delegado de Polícia
vem representar pela conversão do flagrante em preventiva.
Diante das razões de fato e de direito expostas, a Autoridade Policial ao final firmada representa pela conversão
da prisão em flagrante de Flávio e Soraia em prisão preventiva.
Local, data, ano.
Delegado de Polícia Civil

DESPACHO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Criminal da Comarca de _______.

Trata-se de despacho de conclusão de auto de prisão em flagrante lavrado em desfavor de Flávio e Soraia, já
qualificado nos autos, com representação de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva.
Dos Fatos
Aos 1º/01/2024, Flávio e sua companheira, Soraia, ameaçaram de morte Mercedes e Sarah, respectivamente
genitora e irmã de Flávio. O casal utilizou-se de arma de fogo - tendo atirado em objetos do imóvel com o
objetivo de intimidá-las - e de dois porretes, com os quais agrediram Mercedes e Sarah, tendo-lhes causado
lesões corporais de natureza grave. O motivo da agressão e da ameaça foi a insatisfação com o valor da mesada
que a idosa concedia a ambos.
O casal manteve Sarah e Mercedes trancadas no imóvel, sob constante ameaça e agressões físicas e verbais,
enquanto exigia delas depósitos de valores em dinheiro em suas contas-correntes. O casal já havia sido
intimado sobre deferimento de medidas protetivas (fixadas pelo juízo do Juizado da Violência Doméstica e
Familiar competente em 12/12/2023) que os proibiam de se aproximarem das vítimas e de manterem contato
com elas.
Temendo por sua integridade física, bem como pela de sua mãe, Sarah conseguiu escapar do apartamento onde
se encontrava com sua mãe e buscou pela ajuda de dois policiais militares que faziam a ronda nas imediações.
Ao chegarem ao local do crime, os policiais efetuaram a prisão em flagrante dos autores do fato.
Na Delegacia da Polícia Civil, Sarah deu ciência do ocorrido à autoridade policial, tendo sido, então, acostados
a decisão anterior que deferiu medidas protetivas, os mandados de intimação de Flávio e Soraia, além da folha
de antecedentes criminais, os quais indicavam que os agentes, embora considerados tecnicamente primários,
possuíam diversas anotações sem transito em julgado por agressão contra as vítimas Sarah e Mercedes.
Nesse mesmo dia, compareceu à delegacia Antônio, vizinho das vítimas, acompanhado de Rogério, seu irmão,
para dar ciência à autoridade policial de conversa que presenciaram entre Flávio, Soraia e Francisco, conhecido
chefe de facção, dias antes da prisão em flagrante mencionada. Na conversa, Flávio e Soraia negociaram

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comprar explosivos de Francisco com o objetivo de provocar o desabamento do edifício onde Mercedes e
Sarah residiam para receber os valores da apólice de seguro de vida de ambas.
Francisco e Rogério afirmaram que ouviram Francisco dizer que foi fácil obter os explosivos, pois já havia
feito a encomenda de uma grande quantidade para realizar um ataque a uma escola da capital na qual os filhos
de um rival estudavam. Afirmaram, ainda, que Flávio e Soraia aparentavam saber onde e quando tal ação
criminosa teria curso.
Da Situação Flagrancial
Flávio e Soraia foram presos em flagrante delito durante a prática do crime de extorsão com restrição da
liberdade da vítima e também do descumprimento de medida protetiva de urgência.
Trata-se de crime permanente, cuja consumação se protrai no tempo, configurando hipótese do art. 302, I, do
CPP, tendo sido ratificada a prisão captura por se tratar de prisão em flagrante válida e regular.
Do Indiciamento
Os investigados devem ser indiciados por infração, em tese, aos artigos 147, 129, §1º, 158, §3º, todos do
Código Penal, art. 15, da Lei n. 10.826/2003, art. 24-A da Lei n. 11.340/2006.
A materialidade dos crimes de ameaça, lesão corporal grave, extorsão com a restrição da liberdade da vítima,
disparo de arma de fogo e descumprimento de medida protetiva de urgência restou demonstrada pelo auto de
prisão em flagrante, bem como pelo depoimento das vítimas.
Ainda, foi acostada aos autos a decisão que deferiu medidas protetivas, os mandados de intimação de Flávio
e Soraia, além da folha de antecedentes criminais.
A autoria dos mesmos crimes restou igualmente demonstrada. Os indiciados foram presos em flagrante. As
vítimas sofreram lesões graves. Além disso, as vítimas foram ouvidas e confirmaram o ocorrido. Assim sendo,
restou demonstrada a prática dos crimes.
Ao crime de lesão corporal grave deve ser aplicada a causa de aumento prevista no artigo 129, §10, do Código
Penal, uma vez que se trata de hipótese de violência doméstica.
Por outro lado, também foi praticado um crime de extorsão qualificada pela restrição da liberdade das vítimas
(Art. 158, §3º, CP), considerando que a restrição ocorreu por tempo significativo e que essa condição era
indispensável para obtenção da vantagem, já que a vítima precisava ir ao caixa do banco para fornecer sua
senha e realizar o saque de valores. Cabível ainda a imputação da causa de aumento do Art. 158, §1º, do CP
sobre a pena prevista para o Art. 158, §3º, do CP de acordo com a jurisprudência do STJ.
Os crimes supracitados (ameaça, lesão corporal grave, disparo de arma de fogo, extorsão com restrição da
liberdade da vítima e descumprimento de medidas protetivas) foram praticados em concurso material. Resta
afastada qualquer e eventual tese defensiva quanto a existência de continuidade delitiva pois não se trata de
crimes da mesma espécie.
Em relação ao crime de extorsão, não há que se falar em escusa absolutória, uma vez que uma das vítimas é
idosa. Além disso, o crime foi cometido com violência e grave ameaça às vítimas, conforme dispõe o artigo
183, I e II, do Código Penal.
Posto isto, com fulcro no art. 2º, § 6º, da Lei nº 12.830/13, indicio Flávio e Soraia pela prática dos crimes de
ameaça, lesão corporal grave, extorsão com restrição da liberdade da vítima, disparo de arma de fogo e
descumprimento de medidas protetivas, em concurso material, (artigos 147, 129, §1º, 158, §3º, todos do
Código Penal, art. 15, da Lei n. 10.826/2003, art. 24-A da Lei n. 11.340/2006).
Da representação pela conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva

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Cabível a prisão preventiva com base no art. 313, inciso I, do CPP, haja vista se tratarem de crimes com pena
privativa de liberdade que, somadas, são superiores a 4 anos.
Os indícios de autoria e materialidade foram exaustivamente tratados nos tópicos dos fatos e do indiciamento,
restando presentes fortes indícios da prática dos crimes, tendo sido os réus presos em flagrante delito.
O periculum libertatis é demonstrado na necessidade de manutenção da ordem pública, em razão do risco
concreto trazido pelos fatos narrados, bem como pela possibilidade de reiteração delitiva, tendo em vista que
em sua Folha de Antecedentes Criminais Flávio e Soraia conta com diversas anotações pela prática de crime
no âmbito da violência doméstica contra as mesmas vítimas.
Ademais, houve o descumprimento das medidas protetivas, que ensejaram, na consumação do risco que se
pretendia evitar. Nesse passo, conforme previsto no artigo 313, III, do Código de Processo Penal, a prisão
preventiva é necessária para assegurar a execução das medidas protetivas de urgência.
Assim sendo, com fulcro nos artigos 311, 312 e 313, III, todos do CPP, represento pela conversão da prisão
em flagrante de Flávio e Soraia em prisão preventiva.
Das Providências
Determino ao escrivão atuante no feito que adote as seguintes providências:
1. Dê-se nota de culpa aos presos Flávio e Soraia;
2. Adote as providências necessárias para a formalização do indiciamento, nos termos deste despacho;
3. Comunique-se a prisão em flagrante ao Poder Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria
Pública, caso não tenha advogado constituído encaminhando-se cópia do auto de prisão em flagrante
e das principais peças produzidas;
4. Junte-se cópia deste procedimento ao RO xxxxx;
5. Expeça-se ofício ao Setor de Perícias para realização de exame de corpo de delito
6. Junte-se o laudo do exame de local
7. Encaminhem-se os presos para realização de audiência de custódia;
8. Providencie a realização de diligências com objetivo de identificar e qualificar Francisco e investigar
a localização dos explosivos;
9. Após, retorne os autos conclusos para continuidade das investigações.
10. Cumpra-se.

Delegado de Polícia Civil

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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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