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Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com
o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros
da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e
os seguintes preceitos:
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no
exercício do mandato e na circunscrição do Município;
IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no
que couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso
Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os membros da
Assembléia Legislativa;
X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara
Municipal;
XII - cooperação das associações representativas no planejamento
municipal;
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do
Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo
menos, cinco por cento do eleitorado;
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único .
A título exemplificativo, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro publicou um ato no Diário
Oficial, baseado na Lei Orgânica do Município, para estabelecer os limites e direitos dos
vereadores para visitas de fiscalização em órgãos públicos. A legislação, de mais de 30
anos atrás, deixa claro que os parlamentares têm total acesso aos órgãos públicos, sem
necessidade de agendamento ou autorização. Documentos precisam ser requisitados com
24 horas de antecedência.
No entanto, imperioso mencionar teoria da separação dos poderes, que é uma forma de
descentralizar o poder e evitar abusos, fazendo com que um poder controle o outro ou, ao
menos, seja um contrapeso. Essa teoria é derivada do pensamento de Montesquieu, que
afirmava que Todo homem que detém o poder tende a abusar dele. Seguindo o
pensamento dessa corrente, tudo estaria perdido se o poder de fazer as leis, o de executar
as resoluções públicas e o de punir crimes ou solver pendências entre particulares se
reunissem num só homem ou associação de homens.
Assim, esse mecanismo assegura que nenhum poder irá sobrepor-se ao outro, trazendo
uma independência harmônica nas relações de governança.
Lei municipal que "dispõe sobre o livre acesso dos vereadores aos
órgãos e repartições públicas". Previsão de acesso irrestrito de
vereadores a locais e documentos do Poder Público. Afronta à
separação dos poderes. Previsão ampla, genérica e ilimitada.
Ausência de fixação de quaisquer critérios, como justificativa da
diligência ou pertinência temática com o trabalho parlamentar.
Excesso verificado. Fiscalização pelo Poder Legislativo. Função
constitucional típica. Controle externo do Executivo pelo Legislativo
deve ser dar em consonância com as demais regras e princípios
constitucionais. Previsão na Constituição Estadual de ferramentas
para exercício do controle externo pelo Legislativo. Ação julgada
procedente. (TJSP; Direta de Inconstitucionalidade
2120320-50.2020.8.26.0000; Relator: Márcio Bartoli; Órgão Especial;
Data do Julgamento: 03/02/2021)
Em que pese haja a disposição de livre acesso do vereador às repartições públicas, não lhe
confere o direito de abusar de suas prerrogativas e violar direitos assegurados.
Pode-se dar o ponto de partida para uma eventual quebra de decoro parlamentar,
exatamente por um abuso no exercício de direito (tese que deverá ser construída e
avaliados impactos políticos em tal atuação do Sindicato).