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PARECER
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créditos de ICMS nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da
CR
mesma pessoa jurídica
ES
SUMÁRIO: 1. A Consulta. 2. Ampla extensão dos embargos de
M
declaração no controle concentrado de constitucionalidade. 3. O fato
:11 O
gerador do ICMS e o descabimento do estorno fundado no art. 155, §
:26 L G
2º, II, CF/88. 4. A não cumulatividade do ICMS e os problemas gerados
pelo julgamento da ADC nº 49 para contribuintes, estados e sociedade.
5. Modulação temporal e apelo ao legislador. Aplicação da técnica ao
22 AE
caso. 6. Resposta aos Quesitos
2 - CH
02 MI
1. A Consulta
2/2 2 -
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Consulta-nos a Via S.A., por intermédio do seu advogado Maurício Pereira Faro,
: 2 801
a propósito dos embargos de declaração opostos pelo Estado do Rio Grande do Norte
diante da decisão do Supremo Tribunal Federal proferida na Ação Declaratória de
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embargos de declaração pelo Estado do Rio Grande do Norte, visando a sanar omissões
e obter a modulação temporal dos efeitos da decisão de inconstitucionalidade ante a
possíveis danos à segurança jurídica, para que ela passe a surtir efeitos apenas a partir do
exercício financeiro subsequente ao término do julgamento. O ente federativo sustenta
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O recurso passou a ser apreciado, no Plenário Virtual, a partir de 10 de setembro,
CR
tendo o relator, Min. Edson Fachin, votado (i) para explicitar que a decisão não afasta o
direito ao crédito de ICMS relativo à operação anterior, sendo inexigível o estorno dos
ES
créditos; (ii) para esclarecer que a declaração de inconstitucionalidade da autonomia dos
M
estabelecimentos deu-se tão somente com o fim de afastar a cobrança do ICMS “na
:11 O
transferência de mercadorias entre estabelecimentos de titularidade da mesma pessoa
:26 L G
jurídica, não repercutindo em deveres instrumentais”; e (iii) para modular os efeitos da
22 AE
decisão de inconstitucionalidade, a fim de que essa tenha eficácia a partir do início do ano
de 2022. Os Ministros Alexandre de Moraes e Carmen Lúcia acompanharam o relator, e
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um pedido de vista do Min. Luís Roberto Barroso suspendeu o julgamento, que retornará
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ajustes, acarreta grave insegurança jurídica e pode causar enormes danos econômicos,
especialmente ao setor varejista, bem como aos próprios consumidores. Como explica a
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Consulente, as grandes redes varejistas contam com Centros de Distribuição (“CDs”), que
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por vezes atendem a quase todo o território nacional. Nesses CDs, concentram-se as
compras de mercadorias para revenda, que são, então, transferidas para os diversos
2
federação. Na entrada das mercadorias nesses CDs, é tomado o crédito de ICMS pela
po
respectiva aquisição. Contudo, como depois da decisão do STF o ICMS não irá mais ser
exigido em caso de transferências de mercadoria entre estabelecimentos do mesmo titular,
sso
estorno do crédito do imposto nas entradas? Em não sendo devido o estorno, os CDs
poderão transferir esses créditos aos estabelecimentos varejistas, inclusive os localizados
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do voto do Min. Edson Fachin –, os CDs não conseguirão utilizá-los em curto espaço de
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tempo, ao passo que os estabelecimentos varejistas deverão desembolsar recursos em
valor bem maior, em razão da cobrança do imposto no estado destino, sem que tenham
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como compensar o que foi pago nos estados em que localizados os CDs.
M
A Consulente nos apresentou estudo elaborado pela Tendências Consultoria
:11 O
Integrada, intitulado “Consequências e impactos econômicos da mudança imediata na
:26 L G
cobrança do ICMS (ADC 49) para o varejo”, em que se aponta que a decisão proferida
22 AE
na referida ação declaratória de constitucionalidade tende a gerar dramáticas
consequências financeiras para o setor do varejo, já fortemente debilitado pela crise
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econômica que o país atravessa, impactando, ainda, a arrecadação dos estados, os
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ICMS?
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2. Ampla extensão dos embargos de declaração no controle concentrado de
CR
constitucionalidade
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Disciplinados pelos arts. 1.022 a 1.026 do CPC/15, os embargos de declaração
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se voltam ao esclarecimento de obscuridades, à eliminação de contradições, ao
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:26 L G
enfrentamento de omissões e à correção de erros materiais em qualquer decisão judicial.
Para Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, trata-se de recurso que visa a
22 AE
assegurar a observância do art. 93, inciso IX, CF/88, segundo o qual “todos os
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julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade [...]”. Isso porque, como pontuam os autores, “[a]
02 MI
material”.1
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a aspectos relevantes não só para o resultado do julgamento, mas para a própria realidade
fática e para os interesses sociais subjacentes ao processo. Tais vícios também podem ser
2
r: 0
função que vai além da garantia da coerência interna do julgado. Eles servem também
Im
para aperfeiçoar o exercício do papel do STF de guardião da Constituição (art. 102, caput,
1
Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3. Salvador:
Juspodivm, 2017, p. 286.
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Ademais, os acórdãos de mérito proferidos pelo Plenário do STF em ações no
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controle abstrato de constitucionalidade são irrecorríveis, ressalvada justamente a
possibilidade de oposição de embargos de declaração (art. 26 da Lei n° 9.868/1999 e art.
ES
11 da Lei n° 9.882/1999). Desse modo, o manejo do único recurso cabível nessas ações
M
deve ser visto com maior generosidade, para evitar lesão irreparáveis a valores
:11 O
constitucionais
:26 L G
Vejam-se, nessa linha, os seguintes trechos de julgados do STF, proferidos em
sede de embargos de declaração: 22 AE
2 - CH
“Se a matéria não foi suscitada pelas partes e o Tribunal não apreciou
02 MI
processo, ou mesmo por seu receio de enfraquecer sua tese, que haja
consequências adversas ao princípio da segurança jurídica ou a
2
interpretação constitucional.”2
pre
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STF. ADI n° 3.601-ED, Tribunal Pleno, Rel. Min. Dias Toffoli, DJ 15/12/2010.
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Direito panoramas caóticos, do ângulo dos fatos e relações sociais. É
dizer, panoramas em que a não salvaguarda do protovalor da
CR
segurança jurídica implica ofensa à Constituição ainda maior do que
aquela declarada na ação direta. Passando o sistema constitucional a
experimentar desequilíbrio entre o que se perde e o que se ganha com
ES
a declaração mesma de inconstitucionalidade.”3
M
:11 O
Assim, para integrar e sanar os vícios da decisão proferida na ADC nº 49, o STF
:26 L G
pode e deve considerar outros elementos e possibilidades, além daqueles aventados pelo
embargante – o Estado do Rio Grande do Norte –, inclusive no que concerne à sua
proposta de modulação temporal da decisão. 22 AE
2 - CH
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II, CF/88
6/0 15
: 2 801
estabelecimentos de mesma pessoa jurídica, foi o de que essa remessa não corresponde
2
ao fato gerador do imposto estadual, nos termos em que delineado pelo art. 155, inciso II,
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da CF/88.4 Para a Suprema Corte brasileira, esses meros deslocamentos físicos não
po
3
STF. ADI n° 2.797-ED, Tribunal Pleno, Rel. Min. Menezes Direito, Red. p/ ac. Min. Ayres Britto, DJe
28/02/2012.
4
“Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...] II - operações relativas
à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior”
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gerador do tributo. Ainda nos anos 70, o Tribunal editara a Súmula nº 573 (DJ de
3/1/1977), segundo a qual “não constitui fato gerador do imposto de circulação de
mercadorias a saída física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato”.
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Nos precedentes que serviram de base ao referido verbete,5 ficou assentado que não é
CR
“qualquer saída” do bem que configura o fato gerador do ICM, mas apenas aquela a
revelar “etapa do processo de circulação de mercadoria, integrando o complexo de
ES
sucessivas transferências desta, desde o produtor até o consumidor”.
M
Após a CF/88, o STF ampliou e sofisticou essa linha de entendimento, deixando
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clara a necessidade de transferência de titularidade da mercadoria para configuração do
:26 L G
fato gerador do ICMS. No RE nº 158.834/SP,6 por exemplo, o STF afastou a cobrança de
22 AE
ICMS sobre a integração ao ativo fixo de bens produzidos pelo próprio contribuinte. No
voto vencedor, o Min. Marco Aurélio que, para a caracterização do fato gerador do ICMS,
2 - CH
“[r]equer-se, como consta do próprio texto constitucional, a existência de uma operação
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que faça circular algo passível de ser definido como mercadoria, pressupondo, portanto,
[...] a transferência de domínio”. Desde então, em diversos precedentes, o STF tem
2/2 2 -
5
STF – Pleno, RE 70.538/GB, Rel. Min. Thompson Flores, DJ de 1/10/1971; STF – 2ª T., RE 79.335/GB,
Rel. Min. Leitão de Abreu, DJ 22/11/1974; STF – 2ª T., RE 74.850/SP, Rel. Min. Thompson Flores, DJ
29/3/1974; STF – 1ª T., RE 72.283/SP, Rel. Min. Osvaldo Trigueiro, DJ 14/4/1972.
Im
6
STF – Pleno, RE 158.834/SP, Rel. p/ ac. Min. Marco Aurélio, DJ 5/9/2003.
7
STF – 2ª T., Ag. Rg. no RE 596.983/MG, Rel. Min. Eros Grau, DJ 29/5/2009. Outros, no mesmo sentido:
STF – 2ª T., Ag. Rg. no AI 618.947/MG, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 26/3/2010; STF – 2ª T.; STF – 1ª
T., Ag. Rg. no AI 693.714/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ 21/8/2009; Ag. Rg. no RE 267.599/MG,
Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 11/12/2009.
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ou ato mercantil. Circulação jurídica de mercadoria. Existência de
matéria constitucional e de repercussão geral. Reafirmação da
CR
jurisprudência da Corte sobre o tema. Agravo provido para conhecer
em parte do recurso extraordinário e, na parte conhecida, dar-lhe
ES
provimento de modo a conceder a segurança. Firmada a seguinte tese
de repercussão geral: Não incide ICMS no deslocamento de bens de
M
um estabelecimento para outro do mesmo contribuinte localizados em
:11 O
estados distintos, visto não haver a transferência da titularidade ou a
:26 L G
realização de ato de mercancia.”8
22 AE
Como se sabe, nossa Suprema Corte voltou a enfrentar o tema na ADC nº 49,
2 - CH
assentando que a transferência de mercadorias entre estabelecimentos da mesma pessoa
02 MI
jurídica, inclusive entre estados diferentes, configura mero deslocamento físico dos bens,
incapaz de configurar fato gerador do imposto. Como consignou o voto do relator, Min.
2/2 2 -
Edson Fachin:
6/0 15
: 2 801
[...]
Há anos os julgamentos que discorrem sobre fato gerador do ICMS se
po
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STF – Pleno, ARE 1.255.885, Relator Ministro Presidente, j. 14/08/2020, DJ 15/09/2020.
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[...]
Dessa forma, interpretando-se segundo a Constituição da República, a
circulação de mercadorias que gera incidência de ICMS é a jurídica.
Entendo, assim, que o mero deslocamento entre estabelecimentos do
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mesmo titular, na mesma unidade federada ou em unidades diferentes,
não é fato gerador de ICMS, sendo este o entendimento consolidado
CR
nesta Corte, guardiã da Constituição, que o aplica há anos e até os dias
atuais.”
M ES
Portanto, não se trata de hipótese de não incidência ou de isenção, mas pura e
:11 O
simplesmente de inexistência de fato gerador. O ponto é extremamente importante, diante
:26 L G
do que prevê o artigo 155, § 2º, II, da Constituição, segundo o qual, em matéria de ICMS,
22 AE
“a isenção ou não incidência, salvo determinação em contrário da legislação: a) não
implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou
2 - CH
prestações seguintes; (b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações
02 MI
anteriores”. Trata-se de regra que impõe o estorno de créditos do ICMS das operações
tributadas anteriormente, nas hipóteses de não incidência ou de isenção.
2/2 2 -
6/0 15
Foi o que corretamente esclareceu o Min. Edson Fachin, no voto proferido nos
embargos de declaração, já acompanhado pelos Ministros Alexandre de Moraes e Cármen
po
Lúcia:
sso
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À vista disso, fica evidente que devido a sua irrelevância jurídica para
tributação, trata-se de hipótese integralmente alheia ao disposto no
art.155, §2º, II da Constituição Federal. A transferência interestadual
da mercadoria entre estabelecimentos de uma mesma pessoa jurídica
UZ
equivale, portanto, a mera movimentação física.
Na perspectiva apresentada, a movimentação interestadual em
CR
discussão, por ser meramente física, seria equivalente a trocar a
mercadoria de prateleira, o que configura, indiscutivelmente, hipótese
ES
estranha ao ICMS (DOC. 88, p.13).
A decisão proferida não afasta o direito ao crédito da operação
M
anterior conforme jurisprudência deste E. STF (RE 1.141.756, Tribunal
:11 O
Pleno, relator Marco Aurélio, j.28.09.2020, DJ 10.11.2020) ao que, em
:26 L G
respeito ao princípio da não-cumulatividade, restam mantidos os
créditos da operação anterior.
22 AE
Portanto, inviável o estorno do crédito pelos argumentos suso
mencionados [...].”
2 - CH
02 MI
Como bem destacou o Min. Marco Aurélio, relator do feito, “a saída física de máquinas,
utensílios e implementos, a título de comodato, não constitui fato gerador de ICMS.
Em 889
9
STF – Pleno, RE 1.141.756, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 10/11/2020. Eis a ementa do julgado: “ICMS –
CREDITAMENTO – EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE TELEFONIA MÓVEL – APARELHO
CELULAR – CESSÃO EM COMODATO – POSSIBILIDADE. Observadas as balizas da Lei Complementar
nº 87/1996, é constitucional o creditamento de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de
Mercadorias – ICMS cobrado na entrada, por prestadora de serviço de telefonia móvel, considerado
aparelho celular posteriormente cedido, mediante comodato”.
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4. A não cumulatividade do ICMS e os problemas gerados pelo julgamento da ADC
CR
nº 49 para contribuintes, estados e sociedade
M ES
Outro aspecto fundamental para a compreensão dos efeitos do que foi decidido
:11 O
na ADC nº 49 – e diretriz necessária para o julgamento dos respectivos embargos de
:26 L G
declaração – diz respeito ao princípio da não cumulatividade do ICMS.
22 AE
Como se sabe, o ICMS é imposto que incide sobre sucessivas etapas de
2 - CH
circulação de mercadorias até o consumo final. Por isso, para evitar a sua cobrança “em
02 MI
cascata”, foi imprescindível estruturar o imposto mediante técnica que evitasse a oneração
excessiva sobre o preço final das mercadorias. É aí que entra em cena a não
2/2 2 -
[...]
Portanto, o princípio da não cumulatividade garante, ao contribuinte,
pre
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Roque Antonio Carraza. ICMS. 16ª ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 399-400.
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transferência de saldo credor de ICMS a terceiros, o Tribunal decidiu:
CR
“EMENTA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.
TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO
ES
AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA.
EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS
M
A TERCEIROS. [...] III – A apropriação de créditos de ICMS na
:11 O
aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não
:26 L G
cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei
Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere
22 AE
demasiadamente a atividade econômica e gere distorções
concorrenciais. [...]”11
2 - CH
Qualquer medida que venha a restringir indevidamente esse princípio estará, em última
Im
11
STF – Pleno, RE 606.107/RS, Rel.ª Min.ª Rosa Weber, DJ 25/11/2013.
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STF – 2ª T., RE 325.623 Ag.Rg., Rel.ª Min.ª Ellen Gracie, DJ 7/12/2006.
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plenamente utilizados pelo contribuinte. Porém, o julgamento da ADC nº 49 levantou
CR
graves problemas práticos para viabilização desse uso, especialmente no setor econômico
do varejo que realiza transferências interestaduais de mercadorias. Senão, vejamos.
ES
Suponha-se um contribuinte que seja uma rede de varejo, com diferentes Centros
M
:11 O
de Distribuição (“CDs”), localizados em diversos estados, e estabelecimentos varejistas,
:26 L G
espalhados por todo o país. Essa pessoa jurídica adquire de terceiros, por seus CDs,
mercadorias para revenda futura. Esses CDs, por sua vez, distribuem essas mesmas
22 AE
mercadorias para os estabelecimentos varejistas, para que estes efetuem as vendas ao
2 - CH
consumidor final. Quando esses CDs adquirem as mercadorias, estas vêm tributadas pelo
ICMS (normalmente, pela alíquota interna do estado), dando direito a créditos do
02 MI
imposto.
2/2 2 -
recolhiam o ICMS pela alíquota interna do estado de sua localização – superior à alíquota
interestadual –, mas descontavam do valor devido os créditos da operação anterior de
2
r: 0
transferência interestadual.
po
mercadorias para revenda futura, tomando créditos do ICMS em razão dessa operação.
Se não lhes for aplicada a regra do estorno – na linha do voto do Min. Edson Fachin nos
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a legislação vigente, não terão como remeter essas mercadorias acompanhadas dos
créditos correspondentes de ICMS.
UZ
tornarão “depósitos” de créditos acumulados do ICMS, e será impossível, no mais das
CR
vezes, utilizar integralmente esses créditos; (ii) ao passo que os estabelecimentos
varejistas, em outros estados, terão que recolher o ICMS, devido por ocasião da venda ao
ES
consumidor final, “pela alíquota interna cheia”, uma vez que não terão recebido os
M
créditos por ocasião das transferências interestaduais. Tudo isso em clara afronta ao
:11 O
princípio da não cumulatividade, uma vez que se trata de estabelecimentos da mesma
:26 L G
pessoa jurídica. O custo final da mercadoria evidentemente aumentará, em detrimento do
22 AE
consumidor. Ou seja, haverá grave prejuízo para empresas – em momento em que já estão
debilitadas pela crise econômica –, aumento de preços em desfavor dos contribuintes e
2 - CH
consequente pressão inflacionária.
02 MI
primeiro fazia jus à alíquota interestadual (menor), e o segundo recebia a diferença entre
a alíquota interna (maior) e a interestadual. Com o julgamento da ADC nº 49, não haverá
2
cobrança do ICMS no estado dos CDs (origem), pela sua transferência aos
r: 0
créditos tomados pelos CDs nele localizados, que realizem essas operações interestaduais,
já que os créditos não poderão ser transferidos para estabelecimentos situados em outras
sso
varejistas ficará com a arrecadação integral do imposto, cobrado pela “alíquota interna
cheia”, estando, a princípio, desobrigado de aceitar o desconto dos créditos tomados nos
Im
UZ
imposto relativos à operação anterior em outro estado. Certamente, alguns estados
CR
perderão muito, em detrimento de outros.
ES
ponto até de afetar a higidez do pacto federativo13 – pela relevância da arrecadação do
M
ICMS para os entes subnacionais.
:11 O
:26 L G
Em resumo, o julgamento da ADC nº 49, sem as explicitações e ajustes
necessários, terá efeitos negativos muito graves, seja para contribuintes – especialmente
22 AE
para os que promovem remessas interestaduais de mercadorias entre os seus
2 - CH
estabelecimentos –, seja para os estados, ou pelo menos para boa parte deles.
02 MI
É preciso, portanto, engendrar soluções para equacionar esse problema, até para
preservar a ratio inerente à decisão de mérito da ADC nº 49. Do referido racional, infere-
2
se que a transferência interestadual deve ser vista e tratada como mera etapa intermediária
r: 0
contribuinte deve ter a faculdade de manter e transferir a titularidade do crédito que tomou
sso
13
Uma das exigências mais importantes da federação é o acesso a fontes próprias de receita pelos entes
federados subnacionais, que lhes possibilitem o exercício autônomo das próprias competências. Cf. Daniel
Sarmento e Cláudio Pereira de Souza Neto. Direito Constitucional: teoria, história e métodos de trabalho.
Belo Horizonte: Fórum, 2ª ed., 2014, p. 301-302.
15
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destinatários, que, subsequentemente, promoverão saídas tributadas em direção ao
CR
consumo final, mesmo quando esses últimos se localizem em outro estado da federação.
Assim, evita-se a acumulação inconstitucional de créditos no estabelecimento remetente,
ES
com a oneração excessiva do imposto em relação ao estabelecimento destinatário. A
dinâmica de aproveitamento dos créditos deve, desse modo, basear-se na pessoa jurídica,
M
e não em cada um dos seus estabelecimentos.
:11 O
:26 L G
Na verdade, tal proposição corresponde à explicitação de consequências
22 AE
inerentes a lógica da decisão de mérito da ADC nº 49, no que concerne à autonomia dos
estabelecimentos. Todavia, concretizá-la demanda a adoção de providências normativas
2 - CH
complexas, além de trabalhosos ajustes nas práticas e rotinas dos fiscos estaduais, bem
02 MI
Seria necessário que a Corte, além de explicitar essa consequência lógica de sua
6/0 15
estabelecimentos.
r: 0
po
modulação temporal mais ampla dos efeitos da decisão, em tempo bastante superior ao
pre
proposto pelo Min. Edson Fachin, no voto proferido nos embargos declaratórios. É disso
que tratará o próximo item deste parecer.
Im
16
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Como se sabe, na jurisdição constitucional brasileira, as decisões declaratórias
de inconstitucionalidade proferidas pelo Supremo Tribunal Federal têm, em regra, efeitos
CR
retroativos (ex tunc), já que pertence à tradição do Direito Constitucional brasileiro a ideia
ES
de que lei inconstitucional é lei nula desde o seu nascedouro.14 Contudo, o princípio da
retroatividade não configura dogma absoluto, nem no Brasil, nem na maior parte dos
M
sistemas constitucionais,15 uma vez que, em determinadas hipóteses, a atribuição de
:11 O
efeitos ex tunc ao julgado pode lesar intensamente bens jurídicos tutelados pela
:26 L G
Constituição. Nesses casos, portanto, abre-se margem para a utilização da técnica da
22 AE
modulação temporal de efeitos, prevista, como visto, no art. 27 da Lei n° 9.868/1999.
2 - CH
Na modulação temporal, o que ocorre não é a relativização da supremacia da
Constituição. Afinal, não se admite que lei alguma se sobreponha à própria Carta Maior,
02 MI
ainda que durante algum lapso de tempo. Pelo contrário, cuida-se de buscar, em cenário
2/2 2 -
pode se afigurar até mais danosa a princípios e valores tutelados pela Constituição, do
Em 889
14
No final do século XIX, Ruy Barbosa já afirmava que “toda medida legislativa, ou executiva, que
desrespeitar preceitos constitucionais, é, de sua essência, nula” (Ruy Barbosa. Os atos inconstitucionais
pre
do Congresso e do Executivo. Rio de Janeiro: Companhia Impressora, 1893, p. 47), entendimento que
continua plasmado na doutrina e na jurisprudência nacionais. O paradigma contrário tem como principal
referência a obra de Hans Kelsen, que defendia a mera anulabilidade das leis inconstitucionais, e,
Im
UZ
constitucionais extremamente relevantes – como a proteção da segurança jurídica e do
CR
interesse social –, cuja garantia não pode ficar à mercê de juízos discricionários dos
órgãos julgadores.17
ES
Na ordem jurídica brasileira, a modulação temporal não se limita à atribuição de
M
efeitos ex nunc à decisão proferida pelo STF no controle de constitucionalidade. Dentre
:11 O
outras técnicas decisórias disponíveis, também é possível a manutenção provisória dos
:26 L G
efeitos dos atos normativos questionados – a chamada eficácia pro futuro. Essa
possibilidade foi expressamente contemplada pelo legislador, que, no já citado art. 27 da
22 AE
Lei nº 9.868/1999, estabeleceu que o STF poderá determinar que a decisão de
2 - CH
inconstitucionalidade “só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
momento que venha a ser fixado” (grifos acrescentados).
02 MI
a Corte julgou inconstitucional a lei estadual que instituíra o Município de Luís Eduardo
6/0 15
Magalhães, sem a observância dos requisitos constitucionais para a criação de novos entes
: 2 801
normativo pelo prazo de 24 meses – tempo concedido para que fossem adotadas as
2
federativo.18
po
rateio do Fundo de Participação dos Estados nos tributos federais. Porém, o Tribunal
pre
determinou a continuidade da aplicação das normas vigentes por mais quase três anos,
Im
16
Veja-se, a propósito, Ana Paula Ávila. A Modulação dos Efeitos Temporais pelo STF no Controle de
Constitucionalidade. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009, p. 63-67.
17
Cf. Fredie Didier Jr. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 2. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 572 (grifos
acrescentados).
18
Cf. STF. ADI 2.240, Tribunal Pleno, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 03/08/2007.
18
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pela própria Constituição. Trata-se daqueles casos em que a aplicação da lei mostra-se,
CR
do prisma constitucional, indispensável no período de transição, até a promulgação de
nova lei.”19
ES
Na ADI n° 1.842, o STF declarou a inconstitucionalidade de normas que tinham
M
atribuído ao Estado do Rio de Janeiro a titularidade do poder concedente para a prestação
:11 O
de serviços públicos de saneamento básico em região metropolitana.20 A Corte firmou a
:26 L G
orientação de que a titularidade de tal serviço, em regiões metropolitanas, cabe a um órgão
colegiado, com participação dos municípios envolvidos e do Estado. O Tribunal, porém,
22 AE
determinou a vigência excepcional das normas invalidadas pelo prazo de 24 meses, a
2 - CH
contar do fim do julgamento.
02 MI
Mendes. Contudo, como o mesmo vício contaminava inúmeras outras leis, o STF
6/0 15
Esses são apenas alguns exemplos de decisões de modulação que vão além da
r: 0
da atribuição de eficácia prospectiva às suas decisões. Ela preservou efeitos futuros das
pre
19
STF. ADI n° 875, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 30/04/2010.
20
STF, ADI 1842, Rel. Min. Luiz Fux, Red. para o ac. Min. Gilmar Mendes, julg. 06/03/2013.
21
Cf. STF. ADI 4.029, Tribunal Pleno, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 27/06/2012.
19
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O seu uso, mais do que possível, afigura-se muitas vezes indispensável para a
UZ
promoção da solução constitucional adequada para problemas complexos, considerando
CR
todas as suas variáveis e os múltiplos valores e princípios envolvidos. Como consignou
Gilmar Ferreira Mendes, “em determinados casos, a aplicação excepcional da lei
ES
inconstitucional traduz exigência do próprio ordenamento constitucional”.22
M
Uma das hipóteses de decisão com eficácia pro futuro é conhecida como a das
:11 O
“lacunas perigosas”. É o caso em que a falta de norma tratando de determinado assunto –
:26 L G
gerada pela declaração de inconstitucionalidade – pode provocar dano ainda maior do que
22 AE
a preservação temporária da eficácia da norma invalidada. Com a fixação do prazo de
eficácia ulterior da norma declarada inconstitucional, concede-se uma margem para que
2 - CH
o próprio legislador – ou o órgão competente para a edição da norma – supra a lacuna,
02 MI
equacionando a questão que carece de regulação, só que, desta vez, de acordo com as
prescrições constitucionais, tal como definidas pelo STF. Nesse ínterim, preservam-se,
2/2 2 -
no todo ou em parte, os efeitos da norma invalidada, já que tal solução se afigura melhor,
6/0 15
do tema.
Em 889
período, e formula apelo ao legislador para que, dentro dele, atue, produzindo uma
norma que se ajuste ao parâmetro constitucional, sob pena de, em não o fazendo, ensejar
sso
uma situação de vácuo normativo que poderá ser prejudicial à comunidade”.23 Nessas
pre
hipóteses, há modulação temporal, com atribuição de eficácia pro futuro à decisão, que
Im
22
Gilmar Ferreira Mendes. Jurisdição Constitucional. São Paulo: Saraiva, 1996, p. 297.
23
Luís Roberto Barroso e Patrícia Perrone Campos Mello. “O papel criativo dos tribunais – técnicas de
decisão em controle de constitucionalidade”. Revista da Ajuris, n. 146, p. 295-334, 2019.
20
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vem acompanhada de exortação do órgão legislativo competente, para que edite a norma
necessária ao equacionamento da questão constitucional.
UZ
CR
Em primeiro lugar, porque a aplicação retroativa ou mesmo imediata dos efeitos
da ADC nº 49 geraria efeitos verdadeiramente dramáticos, em detrimento da segurança
ES
jurídica dos contribuintes e dos próprios entes federativos. Além disso, ela atingiria
gravemente interesses sociais relevantes, pela crise gigantesca que precipitaria para as
M
:11 O
empresas, para os consumidores e para os próprios entes federativos, com reflexos sobre
:26 L G
toda a economia do país. Portanto, estão mais que satisfeitos os requisitos para a
modulação, previstos no art. 27 da Lei nº 9.868/1999.
22 AE
As dimensões jurídicas desse impacto adverso já foram esclarecidas no item
2 - CH
anterior. As dimensões econômicas, por sua vez, foram assim sintetizadas pela
02 MI
uma vez que a incidência do ICMS nas etapas seguintes não terá o
creditamento;
b. Majoração da Carga Tributária Efetiva: considerando o cenário
2
r: 0
existir;
c. Insegurança Jurídica: devido à possibilidade de haver
pre
UZ
alterações e custos operacionais);
e. Elevação da inflação: o fim dos benefícios fiscais, a perda dos
CR
créditos acumulados de ICMS e o aumento da alíquota efetiva no
destino resultaria em elevação efetiva da carga tributária, com
consequente repasse para o consumidor final, o que pressionaria ainda
ES
mais os índices de inflação em um ambiente macroeconômico de
inflação elevada, de perda de renda dos consumidores e de alto
M
desemprego.
Para as companhias do setor de varejo, pode-se adicionar os seguintes
:11 O
impactos específicos:
:26 L G
f. Reestruturação da cadeia logística e dos centros de distribuição
com prejuízo às áreas afetadas: centros de distribuição são
22 AE
construídos em locais estratégicos para maximizar a eficiência
logística e tributária, tendo sido investidos recursos ao longo dos anos
2 - CH
para diminuir seus custos gerais e permitir que sejam oferecidos preços
mais competitivos. A mudança súbita das regras sem a devida
adequação das Secretarias da Fazenda estaduais pode forçar a
02 MI
13-15)
Im
de modulação por eles estabelecido – de menos de três meses, com a decisão valendo a
partir de janeiro de 2022 – revela-se absolutamente insuficiente.
UZ
contribuintes, especialmente para os envolvidos em comércio interestadual, que precisam
CR
de mais tempo para se adaptar. O período é curtíssimo para os contribuintes se adequarem
à nova realidade, sendo necessários esforços que demandam tempo, gastos e energia para
ES
reorganizações estruturais, principalmente em relação aos mencionados Centros de
M
Distribuição, peças-chave na dinâmica do comércio varejista envolvido em transferências
:11 O
interestaduais.
:26 L G
Há necessidade, por outro lado, da edição de normas que assegurem o direito à
22 AE
compensação dos créditos de ICMS nas operações estaduais que envolvam
2 - CH
estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, como já ressaltado. O papel precípuo de
normatização nessa matéria é do legislador complementar nacional, nos termos do
02 MI
deve ser envolvido, para que adapte sua legislação sobre ICMS, não apenas à decisão do
STF na ADC nº 49, como também à lei complementar nacional e aos regramentos do
2
r: 0
24
Art. 146. Cabe à lei complementar (...) I- dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária,
entre a União, os Estado, o Distrito Federal e os Município; (...) III- estabelecer normas gerais sobre: a)
definição de tributos e suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição,
a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes.
23
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sentido fixar como marco final da modulação pro futuro um prazo que, desde já, sabe-se
irrealizável, como é o caso de janeiro de 2022.
UZ
interesse social, de a modulação temporal contemplar o início da vigência da decisão a
CR
partir de janeiro de 2023, e não de janeiro de 2022, como foi proposto no voto do Min.
Edson Fachin.
ES
Pode-se, porém, ressalvar dessa modulação aqueles contribuintes que preferirem
M
:11 O
não destacar o ICMS nas operações de transferência de mercadorias entre
:26 L G
estabelecimentos de sua titularidade, inclusive interestaduais. Esses poderão se beneficiar
imediatamente do reconhecimento da inconstitucionalidade realizado no julgamento da
22 AE
ADC nº 49. Desse modo, a modulação não ofenderá a segurança jurídica de nenhum
2 - CH
contribuinte do ICMS.
02 MI
Não. Pelo contrário, a decisão afirmou que não ocorre o fato gerador do ICMS,
por ocasião de transferência de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular. Não
pre
se trata de isenção ou de não incidência, o que afasta a aplicação do art. 155, § 2º, II, da
Constituição. O estorno afrontaria, por outro lado, o princípio constitucional da não
Im
cumulatividade do ICMS.
b) Se não for exigível o estorno, é possível a transferência desses créditos de ICMS entre
os estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, inclusive na hipótese de transferências
24
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UZ
Sim. Na realidade, mais do que possível, essa transferência é uma exigência
CR
constitucional, na medida em que serve ao cumprimento pleno do princípio da não
cumulatividade do ICMS. Ademais, a transferência de créditos, na hipótese, consiste em
ES
decorrência lógica da declaração de inconstitucionalidade da autonomia dos
M
estabelecimentos para fins de incidência e exigência do ICMS no âmbito das
:11 O
transferências interestaduais de mercadorias entre estabelecimentos de mesma
:26 L G
titularidade, promovida no julgamento do mérito da ADC nº 49.
22 AE
2 - CH
c) Se existir o direito à transferência dos créditos do ICMS, o que seria necessário para
a sua operacionalização segura?
02 MI
Uma vez assentado esse direito, seria necessário assegurá-lo por meio da edição
2/2 2 -
de normas próprias: lei complementar nacional, Convênio CONFAZ e adaptações das leis
6/0 15
sociais, ligados aos contribuintes, aos estados e à toda a economia nacional. Diante da
Im
Min. Edson Fachin, proferido nos embargos de declaração opostos contra o acordão
proferida na ADC nº 49.
Por outro lado, é razoável excluir dessa modulação aqueles contribuintes que
UZ
optem por deixarem de destacar, imediatamente, o ICMS nas operações de transferência
CR
de mercadorias entre estabelecimentos de sua titularidade, inclusive interestaduais. Esses
poderão se beneficiar, também imediatamente, do reconhecimento da
ES
inconstitucionalidade realizado no julgamento da ADC nº 49. Desse modo, a modulação
M
não ofenderá a segurança jurídica de nenhum contribuinte do ICMS.
:11 O
:26 L G
22 AE É o parecer.
2 - CH
02 MI
26
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