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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro

PJe - Processo Judicial Eletrônico

08/07/2023

Número: 0803454-57.2022.8.19.0008
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 1º Juizado Especial Cível da Comarca de Belford Roxo
Última distribuição : 23/05/2022
Valor da causa: R$ 40.098,50
Assuntos: Contratos Bancários
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LUIZ ALBERTO DE MELO (AUTOR) ALANA DA SILVA DA ROCHA (ADVOGADO)
BANCO SANTANDER (RÉU) JORGE DONIZETI SANCHEZ (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
21902 23/06/2022 16:09 Luiz Alberto de Melo - contestação Petição
812
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DO JUIZADO
ESPECIAL CIVEL DA COMARCA DE BELFORD ROXO - RJ

Processo nº: 0803454-57.2022.8.19.0008


Requerente: Luiz Alberto de Melo

BANCO SANTANDER (BRASIL) S/A, pessoa jurídica de direito privado,


inscrito no CNPJ/MF sob o nº 90.400.888.0001-42, com sede na Avenida Presidente Juscelino
Kubitschek, n°2.235 e 2.041 – Bloco A - São Paulo/SP, por seus advogados, que subscrevem a
presente (atos/procuração em anexo), vem, à presença de V. Exa, apresentar sua CONTESTAÇÃO,
pelas razões a seguir aduzidas:

DO PEDIDO DO REQUERENTE

Requerente vem na presente demanda contestar descontos em sua conta


corrente referente a cobrança de pacote de serviços, pois, de acordo com ele, nunca realizou a
contratação.

Por tais motivos ajuizou a presente demanda a fim de que seja procedente
indenização por danos morais e materiais em dobro.

DAS RAZÕES QUE LEVARÃO À IMPROCEDÊNCIA

Antes de adentrarmos nas questões fáticas mais detidamente ou mesmo no


mérito, adiante destacamos os pontos que levarão a total improcedência da ação.

✓ A conta corrente é movimentada normalmente, sendo que a tarifa de pacote é cobrada com base
na utilização que o cliente faz da conta.

✓ Ao longo do tempo, o valor do pacote de serviços sofreu os reajustes permitidos pelo contrato
vigente e regras do Banco Central, inclusive no que tange a comunicação através da tabela de
serviços bancários afixadas em locais visíveis nas agências e no site do Banco Santander;

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A estas questões juntam-se outras que ora se apresentam para que esta ação
seja acertadamente julgada improcedente ao final.

DA REALIDADE DOS FATOS

A presente demanda é improcedente, nos termos a seguir expostos.

Prima facie, Excelência, deve-se destacar que a cobrança realizada pela


requerida diz respeito a pacote de dados contratados pela requerente.

Outrossim, a tarifa de pacote é cobrada com base em Termo de Adesão de


Pacote de Serviços contratado pela requerente

Ainda, Excelência, esclarece que o Pacote de Serviços é um produto


especialmente feito para suprir as suas necessidades de acordo com o seu perfil de consumo e é uma
maneira mais econômica de utilizar produtos e serviços bancários, pagando um valor fixo mensal.

É importante destacar que todos os procedimentos previstos nos normativos


editados pelo BACEN foram devidamente observados pela contestante, no momento da prestação do
serviço.

Deste modo, suas alegações de que não contratara tais serviços são totalmente
infundadas, vez que ele mesmo confirma que assinou o contrato e, portanto, o fez de forma consciente,
sabedor dos direitos e deveres de ambas as partes.

Assim sendo, resta claro que não há qualquer prejuízo que justifique os
alegados danos morais, pois não houve falha na prestação de serviços, muito pelo contrário, tendo a
instituição financeira tomado as providências cabíveis para regularização do caso.

Importante ressaltar que a conta corrente é movimentada normalmente, sendo


que a tarifa de pacote é cobrada com base em Termo de Adesão de Pacote de Serviços que foi assinado
pelo cliente.

O Pacote de Serviços é um produto especialmente feito para suprir as


necessidades de acordo com o perfil de consumo, e é uma maneira mais econômica de utilizar produtos
e serviços bancários, pagando um valor fixo mensal.

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Ao longo do tempo, o valor do pacote de serviços sofreu os reajustes


permitidos pelo contrato vigente e regras do Banco Central, inclusive no que tange a comunicação
através da tabela de serviços bancários afixadas em locais visíveis nas agências e no site do Banco
Santander.

Ademais, vale dizer que não se verifica qualquer ocorrência de ato ilícito por
parte do ora contestante, eis que sempre agiu em exercício regular de um direito, devendo a presente
ação ser julgada totalmente improcedente.

A instituição bancária requerida não procedeu ilegalmente e não causou


qualquer ato apto a ensejar os supostos danos, genericamente mencionados na inicial.

Notório que tais alegações em face da requerida não merecem prosperar,


diante dos fatos supra mencionados.

Não há nos autos elementos para configurarem qualquer indenização em danos


morais sobre a o banco Santander.

Ademais, vale dizer que não se verifica qualquer ocorrência de ato ilícito por
parte do ora contestante, eis que sempre agiu em exercício regular de um direito, devendo a presente
ação ser julgada totalmente improcedente.

Ou seja, a instituição bancária requerida não procedeu ilegalmente e não


causou qualquer ato apto a ensejar os supostos danos, genericamente mencionados na inicial.

Assim, mero aborrecimento, irritação ou sensibilidade exacerbada, que fazem


parte do dia-a-dia das pessoas, fogem da esfera do abalo moral. Ademais, as situações narradas nos
autos não possuem intensidade suficiente a fim de abalar o equilíbrio psicológico do indivíduo.

Nesse sentido:

“Não cabem no rótulo de 'dano moral' os transtornos, aborrecimentos ou


contratempos que sofre o homem no seu dia a dia, absolutamente normais
na vida de qualquer um”.(TJ/SP - Relator: Pinheiro Franco - Apelação Cível
n. 217.320-2). Grifos nossos

“CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. MERO ABORRECIMENTO. DANO

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MORAL.INOCORRÊNCIA.1 - Meros aborrecimentos e incômodos não são


elementos capazes de gerar a indenização por danos morais, eis que, para
tanto, impõe-se a existência de um sentimento contundente de dor,
sofrimento ou humilhação. Precedentes deste TJAP.2 - Apelo
provido.”(Apelação Cível nº 2543 (9239), Câmara Única do TJAP, Rel. Luiz
Carlos). Grifos nossos.

Ainda que se reconheça que requerente possa ter suportado aborrecimentos em


razão do ocorrido, não se vislumbra como os fatos descritos nos autos possam ter ocasionado
sensações mais duradouras e perniciosas ao psiquismo humano, além do incômodo, do transtorno ou
do contratempo, característicos da vida moderna e que não configuram o dano moral.

A situação posta se configura como mero dissabor ou transtorno comum do


cotidiano, o que não é suficiente a caracterizar a ocorrência de dano passível de indenização. Logo,
improcede o pedido de danos morais.

Por fim, incabível prevalecer os cálculos unilaterais da requerente, pois


ele não comprova efetivamente os valores que pagou, motivo pelo qual, em caso de procedência,
o que não se espera, deverá ser instaurado fase de liquidação de sentença a fim de saber qual
valor efetivamente pagou.

Portanto, não há que se falar em responsabilidade da Ré em proceder ao


pagamento de danos materiais em dobro e morais experimentados pelo autor, tendo em vista a
inexistência de qualquer ato ilícito pela instituição financeira, conforme dispõe o art. 188, I do Código
Civil Brasileiro, devendo ser a ação julgada totalmente improcedente.

AUSÊNCIA DE DANOS MORAIS

O pedido de indenização por dano moral não pode ser acolhido, pois não houve
falha na prestação de serviços por parte do requerido, tampouco a prática de ato ilícito, posto que este
agiu no exercício regular de direito, conforme previsto no art. 188, I do CC.

Tais fatos, por si só, já afastam qualquer ilícito, não havendo que se falar em
indenização por danos morais.

Contudo, destaca que o inadimplemento contratual que se traduz em mero


dissabor da vida cotidiana, não pode ser ensejador de dano moral, conforme inúmeros precedentes do

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Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.399.931, REsp 1.269.246, REsp 1.234.549). Seguindo essa
mesma linha o TJ/RJ sumulou o seguinte entendimento: “O simples descumprimento de dever legal
ou contratual, por caracterizar mero aborrecimento, em princípio, não configura dano moral, salvo
se da infração advém circunstância que atenta contra a dignidade da parte”.

Através da análise dos fatos que embasam o pedido indenizatório, conclui-se


que o requerente não sofreu qualquer violação aos seus direitos inerentes à personalidade, tais como a
honra, a imagem, a reputação ou a sua intimidade, entre outros, bem como não houve violação à sua
dignidade, fatos esses sim que autorizariam uma eventual indenização por danos morais.

DO VALOR DO DANO MORAL

Para fixação do valor de indenização a título de dano moral, inicialmente deve-


se ter em mente o princípio de que o dano moral não pode se tornar fonte de lucro, a fim de que não
se contribua para a tão famigerada “indústria do dano moral”.

De outro lado, o reconhecimento do dano moral não pode prescindir de uma


análise, caso a caso, da efetiva situação de prejuízo, sem o que as indenizações se tornariam injustas,
excessivas e, sobretudo, desmoralizadoras.

Ainda que se entenda cabível a indenização por dano moral, o respectivo valor
deve respeitar os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, salientando que eventual
indenização em patamar elevado importará em enriquecimento sem causa em favor do requerente.

INEXISTÊNCIA DO DANO MATERIAL

A alegação de dano material é totalmente infundada, tendo em vista que o


autor, na data da abertura da conta, aderiu volitivamente ao pacote de serviços, possuindo plena ciência
quanto aos termos contratuais.

Além disso, consta nas cláusulas do Termo de Contratação de Pacote que o


Banco poderá acolher e efetivar lançamentos a débito na conta corrente do cliente, referente a pacote
de serviços e tarifas esporádicas ou até mesmo pela utilização dos demais serviços como lançamentos
que ultrapassem o limite de cheque especial, sem que haja saldo disponível suficiente para este serviço.

Por estas razões, fica evidente que não houve qualquer prejuízo que o autor
deva ser indenizado, não havendo o que se falar em restituição de valores.

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DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Pretende o requerente seja deferido a inversão do ônus da prova, com base no


CDC, no entanto, caso entenda V. Exa. pela aplicação do referido diploma legal, esta não pode ser
deferida ao livre alvedrio da parte, senão vejamos.

Nossa sistemática jurídica exige para sua concessão a caracterização de dois


requisitos para sua concessão: a hipossuficiência do requerente e a verossimilhança de suas alegações.

Portanto, essa proteção somente pode ser concedida em circunstâncias especiais, de conformidade
com o art. 6º, inciso VIII, da lei consumerista, ou seja, apenas se houver a constatação real da
ocorrência de um destes, ou ambos, é que poderá ser concedida a inversão do ônus probatório.

PEDIDOS

Ante o exposto requer:

I) Seja a ação julgada IMPROCEDENTE, devendo a parte autora arcar com


todo o ônus decorrente da sucumbência.

II) Caso reste acolhido o pedido indenizatório, sejam considerados os


princípios de proporcionalidade e razoabilidade, face aos danos alegados pelo requerente;

Protesta o requerido por todas as provas em direito admitidas.

Os documentos que instruem a presente Contestação são declarados pelos


signatários da presente como autênticos, tratando-se de cópias fidedignas dos respectivos originais, o
que declaram sob as penas da lei e calcados no art. 219 do Código Civil/02 e no art. 424 do CPC.

Por fim, requer que as intimações/notificações sejam feitas em nome do


advogado Dr. Jorge Donizeti Sanchez – OAB/ CE 45240-A, sob pena de nulidade dos atos
processuais.

Termos em que
Pede deferimento,
Ribeirão Preto, 23 de junho de 2022.

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___________________________________________
Jorge Donizeti Sanchez

OAB/SP 73.055 OAB/MG 146.662 OAB/PR 69.841 OAB/ES 23.902


OAB/RJ 186.878 OAB/RS 109.41 OAB/SC 55.613 OAB/GO 508.494-S
OAB/CE 45.240-A OAB/DF 67.961 OAB/AL 18.432/A OAB/MA 22.951-A
OAB/AM A1736

__________________________________ ____________________________________
Helga Lopes Sanchez Rubens Zampieri Filardi
OAB/SP 355.025 OAB/SP 212.835

_____________________________________
Rafael Barioni
OAB/SP 281.098

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