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Vital Moreira explica que a "Constituição de 1976 significou uma verdadeira «revolução
administrativa». Nunca até então a Administração tinha tido tanta atenção constitucional":
MOREIRA, Vital, "Constituição e Direito Administrativo (A «Constituição Administrativa
Portuguesa»)", Ab Vno Ad Omnes. 75 Anos de Coimbra Editora, Coimbra Editora, Coimbra, 67
. . ·vas que esta desenvolve no exercício da COMENTÁRIOS ;\O CÓDIGO 00 PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
interogânicas e mtersubJec~ ectos procedimentais e d .acth'id,~
. . . também os asp ema1s "'lle
administrativa, mas .. trati·va e os que respeitam ao rela . asp~fA
· , · 'dad admifllS ' c1on 'lls disciplina se reflectirá, tanto na conformação procedimental, como no
relativos a act1v1 e . lares aí se incluindo as ga . <lnient.
. . _ m os part1cu , rantias '\) grau de protecção conferido pelos direitos fundamentais dos particulares
da Admm1straçao co , . em esquecer as garantia deste
, dm. . - pubhca, s s e Sol s face à Administração 4 .
face a A m1 straça 0 'd tificar a influência detenn · Uçõe Percebe-se, por isso, que o presente trabalho não pretenda ser uma análise
. i curando-se I en . , . Inante s
processuais - pro . ·onal de regras e de pnnc1p1os relativa deste da jurisprudência do Tribunal Constitucional relativa a temas genéricos
enquadramento const1~c~_..1 te definidas no Código do n.. ~ente a de Direito Administrativo5 . Estará longe, sequer, de constituir um exame da
. - s IDOVi:Woramen . . .rrOCedirn jurisprudência constitucional respeitante às normas inscritas em preceitos
algumasconcreaz.açoe d em 20 14 e pubhcado a 7 de Janeiro de 20 ctito
Admini str ti aprova o ' Is do Código do Procedimento Administrativo, já que as decisões actualmente
ª vo, . d d sua natureza essencialmente procedim ·
Neste em vlftu e ª • • • enta1 existentes não se debruçaram, no momento em que escrevemos, sobre
' t 1·mposições const1tuc10na1s delineado ,
t
encon rar emo s respos a a • ,
p Mas dele tambem brotar~ ras d e normas do texto em vigor.
aspectos do procedimento em gera · . ao soluções Excluída do âmbito deste trabalho está, igualmente, a identificação
. d d ;i:reitos e garantias dos particulares, nonnas respeitan de hipotéticas soluções legislativas potencialmente contrárias ao texto
concretiza oras e uu ~ . les
, . . d . . t tiva assim como soluçoes orgamzatórias . constitucional, que jamais nos cumpriria trazer a debate. Escolheu-se a
a act1v1dade a m1ms ra ' cuJa
perspectiva inversa: a de somente apontar, embora de fonna não exaustiva,
algumas opções inovadoras do legislador que, de algum modo, reforçadamente
6
concretizam detenninações constitucionais •
1998 p. 1141 e ss. (p. 1145). Também dando n?~ de ~ue ~onstituições ~teriores a Esse caminho procurará demonstrar, no que às novas soluções do
, dramento desenhado para a Admimstraçao Publica, quase se lunitavarn Código diz respeito, que o Direito Administrativo é concretização do Direito
1976, no enqua. t' . s· CORREIA José Manuel Se'rvulo, "A J • d" . a
n. unspru encia Constitucionol
aspectos orgarnza ono . , . • . U4(
Constitucional, sendo a Constituição fonte de Direito Administrativo,
Direito Administrativo", XfV Anos de Junsprudencza Constitucional
Portuguesa e O . (p 93 ) A C . ._ .. embora sem com isto fazer prevalecer a tese de Wemer, segundo o qual o
Portuguesa, Coimbra Editora, Coimbra, 2009, p. 93 e ss. . . . . - onstitw~ao ~strativa 7
veio, ainda, a ampliar-se significativam~nte nas suc~ss1vas rev1soes_ c~nstJtuc10nai~ de que Direito Administrativo não passaria de Direito Constitucional concretizado •
foi objecto a Constituição de 1976. VeJa-se, tambem, para uma v1sao nas Constituições Apesar de as disposições do Código, como outras disposições reguladoras
anteriores a 1976: MIRANDA, Jorge, "A Administração Pública nas Constituições em matéria administrativa, concretizarem normas constitucionais, não
Portuguesas", O Direito, Ano 120, 1988, p. 607 e ss: Idem, ''A Administração Pública na se ignora que as Constituições contemporâneas constitucionalizaram a
Constituição Portuguesa", Revista da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa,
Volume XLIII, 2002, p. 963 e ss. Em especial sobre a Constituição de 1976: MARCOS,
Rui Manuel de Figueiredo, História da Administração Pública, Almedina, Coimbra,
2016, p. 375 e ss. Sobre essa mesma Constituição e sobre evoluções posteriores: MONIZ, 4 Neste último sentido AMARAL, Diogo Freitas do, "Direitos Fundamentais dos
Ana Raquel Gonçalves, "Traços da Evolução do Direito Administrativo Português", Administrados", Nos 1OAnos da Constituição, INCM, Lisboa, 1986, p. 11 e ss. (p. 11 ).
5 Para esse efeito, pode ver-se MOREIRA, Vital, "Constituição e Direito Administrativo
Boletim da Faculdade de Direito de Coimbra, Vol. LXXXVII, 2001, p. 243 e ss.
2
_S?bre_ a Constituição administrativa: MOREIRA, Vital, "Constituição e Direito (A «Constituição Administrativa Portuguesa»)", Ab Vno Ad Omnes. 75 Anos de Coimbra
Adnúnistrativo (A «Constituição Administrativa Portuguesa»)" Ah Vno Ad Omnes 75 Anos Editora, Coimbra Editora, Coimbra, 1998, p. 1141 e ss.; COSTA, José Manuel M.
Cardoso da, "A Jurisprudência Constitucional Portuguesa em Matéria Administrativa",
de • . •Editora, ?Coimbra Editora, cmm
Coimbra
a Cons · bra, 1998, p. 1141 e' ss.; Sobre a sua relaçao
· _ com
Estudos em Homenagem ao Prof Doutor Rogério Soares, Coimbra Editora, Coimbra,
°
. bl!tuiçª Políl!ca: OTERO, Paulo, Manual de Direito Administrativo Vol. I A!medina,
2002, p. 177 e ss.; CORREIA, José Manuel Sérvulo, "A Jurisprudência Constitucional
~~:~das
Cmm ra, 2014 P 331 e ss Pa ,· ' '
Constituição A ~ trati · _ra um c?mentano sobre cada uma das disposições da Portuguesa e o Direito Administrativo", XXV Anos de Jurisprudência Constitucional
José Joaquim!MOR~mtt ! 1 1
no ~ ~ IX da Constituição veja-se: CANOTILHO, Portuguesa, Coimbra Editora, Coimbra, 2009, p. 93 e ss.
II, 4.ª Edição, Coimbra Ed't 'go_nShtuiçao da República Portuguesa Anotada, Vol. 6 Sem prejuízo de, num preceito, poder vir a ser identificada, em sede competente,
ConstituiçãoPortuguesaA~o~:Ja ~imbra, 20I~; MIRANDA, Jorge/MEDEIROS, Rui, uma especial norma, ou dimensão normativa, cujo sentido individualizado venha a ser
iErnbora,nocasodoscontrato ' orno III, Coimbra Editora, Coimbra 2007 considerado inconstitucional.
àdl' · sasnormas · ' · 7 WERNER, Fritz, "Verwaltungsrecht ais Konkretisiertes Verfassungdrecht", DVBI,
e i~1tação do regime aplicáveÍ e à re . p_rev1stasno CPA procedam, fundamentalmente, 69
(,8
para lei especial, quando for o caso. m1ssao para o Código dos Contratos Públicos, ou 1959, p. 527 e ss.
. . octante do Direito Administrativo relativo à organ;..,._ "'-
parte IJ181S unp dmini. ~ Públ · -«<-étçà
. d articulares perante a A straçao 1ca, entre n , o, ªºs COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
di[e1tos os P . . . , . os e}~
. . fundamentais, assim como a prmc1p1os gerais d <Idos
a d1Ce1tos . . e Di .
. . trativos. o que também não significa que se possa defende re,t0 Ocupar-nos-emos, de modo breve, dos direitos fundamentais dos
AdminlS " D. . e . r, no 01.1 particulares na sua relação com a Administração, destacando que, na matéria,
1 da discussão, com Otto Mayer, que o rre1to onstitucionai !to
~o. -~ Administrativo fica", sendo 10·ru~1erente a muta~ çoes constitu . e o as principais inovações do Código respeitam à utilização dos mecanismos
Drreho A • • c1onais9 de Administração electrónica. Como veremos, com a sua utilização estes
Num primeiro momento, faremos referencia ao impulso do le . •
g1sJado direitos, nwn ambiente de crescente cidadania digital, ganham novas formas
constituinte quanto à aprovação de um Código do Procedimento Adtninistni . r de realização concreta.
Avançaremos, seguidamente, para a identificação das finalidades livo. Reservaremos algumas linhas para focarmos a atenção na inclusão,
Constituição define para a estruturaçao ~ da Adm"101s ~ Pública que
· traçao E a pelo Código, de um artigo respeitante à protecção de dados pessoais que
objectivos determmarao as so uçoes re a IVas as estruturas orgân. stes
. ~ 1 ~ 1 t· , . tem como referente o artigo 35.º da CRP, matéria que ganha especial
com algumas novidades contempladas no eo'd"1go, mas, como vere icas' acuidade face à utilização de mecanismos electrónicos de tratamento de
. h., lllos informação na Administração Pública. De seguida, referir-nos-emos à
são finalidades que não devem ser a1 e1as a estrutura procedimental .'
actividade administrativa em geral. 'e a norma do Código especificamente dedicada ao uso de meios electrónicos.
A finalizar, não deixaremos também de dar conta da - necessária -
No âmbito dos princípios gerais da actividade administrativa expressamente abertura do Código do Procedimento Administrativo às soluções que
formulados pela Constituição daremos especial atenção ao princípio da convoquem a cooperação com a Administração europeia.
igualdade, já que este assume particular importância no âmbito da
Administração electrónica.
B. AConstituição, o Código do Procedimento Administrativo e a imposição
constitucional legiferante
e ª participação dos cidadãos na fonnação das decisões ou de;1 eficác~º roJC1w1 a atmgir C O '
de P administrativa. Note-se, contudo que t ~ om desenho da
que lhes respeitem. beraç¾ tf1.ltuf3 ' es es sao vai ,
es ·rnples consequência da estruturação d Adm· . ores autónomos
Ao longo do texto constitucional e de modo especial n0 1 • o si . . ª 1rustr p • . 11
ellª desíanios constitucionais para estrutura açao ubhca •
N
' '
a estrutura da Ailn..:_ •
~tulo l): e,--
mente de referente conformador para a 1h imstraçao nao
sendo
_ definid
. . , . fl .....llllls1-,...
os pnncipios gerais com re exos orgamcos e procect· "''%i, rveJll So esco a da
se . a estritamente entendida, mas tambe'm sua estrutura
A •
sao densificados direitos e enunciados princípios fundamentais d 11llenta~ rgan1c , aos demai
~nirantes da Administração, com ela relacionados. Aestru~:p~c~os
que se_ repercutirão no desenho da Lei básica do Procedimento~~: , .otimamente ligada com o desenho procedimental _ b rgaruca
e, assim, na concreta definição das estruturas, dos modos de ~tivo esta 1 . asta pensar-se
por e,cernplo, . na crescente . cornp
. . ex1ficação das rel açoes adm"m1strativas
. . '
1 N
conjunto, tem
A
1
•
~egundo O artigo 267·0 da CRP, a Administração estruturar-se-á de modo 11 Neste sentido, OLIVEIRA, Mário Esteves de/GONÇALVES, Pedro Costa/AMO~,
as soluçoes
. . . que melh or sirvam
• '
a descentralização e a desconcentraçao • Portuguesa Anotada, Vol. II, 4.ª Edição, Coimbra Editora, Coimbra, 2010; e e~ MIRM_IDA,
admm1strat1vas Jor~e/MEDEIROS, Rui, Constituição Portuguesa Anotada, Tomo m, Coimbra Editora, 73
da Ad • . : tendo por 1imite
. . matenal . a eficácia e unidade de acçao•
72 mm1straçao (n.º 2). Coimbra, 2007.
N~0 se estranha, por isso mesmo, que o mesmo artigo da
a Admini. ~ .. Co
refere à estrutura da straçao exiJa a consacn-.-. ll.stit. .. COMENT ARIOS AO CÓDIGO DO PROCEDIME NlO ADMINISiRA1WO
que se . . c:,•<lÇao le '1t1ç,
ento administrativo (artigo 267. , no seu n.º 5) ).r gal ,L ¾
0
. fi açao entre ~ d , . 1c
à transmissão de m orm duza à notificaçao a propna decis' 08, da digital divide, e do que incumbe ao Estado fazer para a solucion~•- ou,
. ~ 0 u se recoo . d . ti· d ao.
necessária à decisao, os refendos 01s pos e proxitnin.J pelo menos, para disponi~ilizar alte~~tiva~ de i~teracç~~ ou a~10 -
º da CRP encontram d "4\Je· que entendemos, ainda assim, que a utthzaçao da mformattca apro_x imou
No artigo 267. d ndo resultar do esenho procedi..... ·
d• tal eve ... ,,en~1 Administração e particulares 18•
a estritamente proce imen ' encionada no n. O 5 - e aquela que s ,
1g islador - m . . •
seleccionado pe1o e
era
~ das truturaS administrativas em si llles
. nfi açao es . llJas
consequência da co orm C tt"tuição alguns dos meios a utilizar 16
Embora não deva esquecer-se que na vigência do anterior Código fora aprovada a
consideradas (enuncia . ndo a. ons º ,a
Lei n.º 135/99, de 22 de abril, modificada pela Lei n.º 73/2014, de 13 de maio .
. · ) prevista no n. 2 · 17
Em matéria de notificações, ainda que apreciando norma inserida no Código anterior,
título exemplificativo ' . particulares sofreu, com a utiliz.açãod"'
. ~ d serviços aos ,, vale18a pena ter em conta os Acórdãos n. º 383/2005 e n.º636/2013, do Tribunal Constitucional.
A aproxtmaçao os volução. Foi sobretudo a disponibiliz.açào Esta preocupação está presente, por exemplo, no disposto no Decreto-Lei n.º 74/2014,
. I ...o·ru·cos uma enorme re A . ·to . . de 13 de maio, que estabelece a regra de prestação digital de serviços públicos, e consagra
meios e ecU' . • . . trativos que teve consequenc1as mw significativas,
o atendimento digital assistido como seu complemento indispensável. Gomes Canotilho
online de semços ~ s anente disponibilidade dos serviços, 24 horas referia-se à necessidade de o Estado dar hoje resposta à "violência pós moderna" - a
por exemplo em relaçao a perm ignorância, tendência em que se insere o combate à "info-exclusão". Segundo o autor,
o Estado deve transformar-se em Estado da ciência e do saber, enfrentando a iliteracia
científica, informática e comunicativa: CANOTILHO, José Joaquim Gomes, "O Direito
15 - na lei·, onde existiam já estas soluções, por exempt.
_ o sao Constitucional Passa; o Direito Administrativo Passa Também", Estudos em Homenagem
'dad Código nao
ao Prof. Doutor Rogério Soares, Coimbra Editora, Coimbra, 2002, p. 705 e ss. (p. 710-711).
Sendo
. noVJ. e no
• t zero (Decreto- Le1• n. o 48/2001 , alterado pelos. Decretos-ui
' , . .
no regune do L1cenc1amen o . ~ da "Directiva de Servtços' (Drrect111 Também defendendo que o progresso tecnológico contribui para a aproximação entre
n.º 141/2012 e n.º 10/2015), bem como na transi'stç!o 2/2010 de 26 de julho). Veja-si a Administração Pública e os particulares: ROQUE, Miguel Prata, "O procedimento
n.º 20!0/123/CE, transposta pelo De~reto- e1 n., 9. ' . entoAdministraliw", Administrativo Electrónico", Comentários ao Novo Código do Procedimento Administrativo,
MJRANDA, João, ' .A. Comunicação Prévia no Novo Código do ri:~ Feman~ coord. de Carla Amado Gomes, Ana F. Neves e Tiago Serrão, 2.ª Edição, Lisboa, 2015,
Lisboa, 2015, p. 495 e ss.; MARQUES, Maria Manue! Le1_tao/~LIVEIRA,,0Re ·m1 p. 377 e ss.; CARVALHO, Carlos, "O Procedimento Administrativo -Tramitações e
Paula, GUEDES, Ana Cláudia/ RAFEIRO, Mariana Mata, L1cenc1amento Ze Formalidades. Algumas Questões e Reflexões a Propósito da Revisão do CPA'', Cadernos
7(, Comentado, A Imedi na, Coimbra, 2012. de Justiça Administrativa, n.º 100, Julho-Agosto de 2013, p. 98 e ss. (p. 99).
77
(ASTRO
nàAfNT(J f
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de simph caçao e de apr
°' rAfl,NA
.
rtante .
io unPº _ ecessanamente electróni· "••a~_
O)(ih.
,cemP nao n . ca '"ll COMENTÁRIOS AO CÔOICO 00 PROCEOIMENlO ADMINISTRATIVO
vm outr~ eao particul~, 41 º do CPA, que ob_nga a t\~- r~~i \
dJ1linístr8çao .sta no artigo ~ do cidadão, a redrreccionar lllis~.~I
A . ão previ u1 ável ou nao, o se1.1 ""\ .
S. A racionalimçào dos meios utilizados pelos serviços, · · nalmente
. ·
•rriposiÇ desc P 19
i te o erro, . ornpetente . " mais
prevista no n.º 5 do artigo 267. , aponta para a procura uma · · ·
0
de eficiente
d
pef811 0,rgão inc
dirigido ª _ formadora dos interessados satisfação das necess.idades colectivas, i.e., com menos custos. de~oran °
. • açao con . . na~ menos tempo, e fazendo uma melhor gestão dos recursos cons~d_os _para
. ora particip sou quer na part1cipaça.. o <=>es~
A irnP • · ~0 pen ' estri "li)~ realiz.ação de um fim pré estabelecido2J. Este princípio de efic1ê~~ 1a e~
3._ -..ção, a Const1tu1ça º 5) quer numa participação n-. . verdadeiro princípio jurídico fundamental estruturante da Adm1mstraçao
,i..,..inis.... . 267 o n. ' ·••ais 1 \
Aw» . ntal (artigo · ' _ ode ser, nomeadamente a~-,' Pública24•
cedirne · · a ao P . , cola ,.~
pro_ 267.º n.º 1). part1c1p ç . iciativas dos particulares bol'aoi Também em matéria de eficiência, o uso dos mecanismos electrónicos,
(artigo ' , ulo de 10 · , ac 11
. te apoio e est1m u prestação de mfonnação 0llleit/ designadamente o procedimento electrónico, e o balcão único electrónico
rned1an 1 º do CPA), o . 1 neces, "l (artigo 62.º do CPA), são instrumentos que podem contribuir decisivamente.
t ~es (artigo 1 . - 0 do part1cu ar no processo d Sátiai
suges o . tervença . ~ , . e fo • Por exemplo, permitindo encurtar prazos de realização de actos e de
articipação, bem como~ ediante aud1çao previa, Partic· '
p . ~ administrativas, m IPaçào formalidades, evitando duplicação de actos repetitivos e diligências inúteis
das dec1soes ública. ,. . (desde logo, porque a própria automatização obriga à reconfiguração
. trução ou consulta P aqui importancia a opção pi
IDS ' s assume asillada simplificada dos procedimentos)25, autorizando a emissão electrónica de
Em qualquer dos cas_o ' , •iização O meios electrónicos (por e actos meramente certificativos, ou a notificação electrónica de decisões
artigo 61.º do CPA ,relativa a ~tl 61 oº 1, do CPA). Xelll~io, (artigo 62, n.º 4 do CPA)26 •
. -artigo ,
nams . troça~ o electromca
,. ão administrativa prende-se com ateali,,_, 6. Todas estas dimensões ajudam a caracterizar o princípio da boa
da ficacta da acç •d 20 N administração.
4.Aprocura e 'blico pré defini os . uma J)erspectiva .
. . d interesse pu . d · · ~ 1ll1i
dos obJectlv~s e . . ão de meios v1san. o a maxuruzaçao dos resut~
0
exigente, sena a P ~ . de fins, mediante a escolha dos meios .
ou seja, a realizaçao opt1ma ll!aú 23
Também apontando que "racionalização" é muitas vezes sinónimo de "eficiência":
21
adequados • • a eficácia constitui uma das vertentes~ LOUREIRO, João Carlos Simões, O Procedimento Administrativo, entre a Eficiência e
d Iguma doutnna, . as Garantias dos Particulares, Coimbra Editora, Coimbra, 1995, p. 128.
Segun ª ° d ta numa acepção mais ampla22 •
eficiência, quando toma a es
24
Neste sentido: ANDRADE, José Carlos Vieira de, Lições de Direito Administrativo,
4ª Edição, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2015, p. 109. O autor menciona este
princípio a propósito do "modelo de equilíbrio eficiente" da organização administrativa,
referindo a necessidade de se fazer actuar wn princípio constitucional de eficiência máxima
para, juntamente com o princípio da unidade de acção e da descentraliz.ação, vir configurar
o desenho da organiz.ação administrativa (p. 108). Note-se, contudo, que este funcionamento
João Tiago, "A simplificação administrativanorm triangular não poderá esquecer o princípio da autonomia local (como nós, também
19 Sobre o assunto, SILVEI~,. d Procedimento Administrativo, coord. deCfl
o relembrando: OLNEIRA, Fernanda Paula/DIAS, José Eduardo Figueiredo, Noções
CPA", Comentários ao Novo C~ ig~ ~ão 2.ª Edição, Lisboa, 2015, p.117 ess.w.l~ Fundamentais de Direito Administrativo, 4.ª Edição, Ahnedina, Coimbra, 2015, p. 98-99).
Amado Gomes Ana F. Neves eTiago e ' . . IJ.á o afinnara LOURI 25
' ., · , digru"clade constltuciona Como também lembrou CARVALHO, Carlos, "O Procedimento Administrativo -
20 Que a eficácia e a efic1enc1a tem . . . Eficiência e as Garar/J
João Carlos Simões, O Procedimento Admm1strat1vo, entre a Tramitações e Formalidades. Algumas Questões e Reflexões a Propósito da Revisão do
CPA'', Cadernos de Justiça Administrativa, n. 0 100, Julho-Agosto de 2013, p. 98 e ss. (p. 102
dos Particulares, Coimbra Editora, Coimbra, 1995, p. 133. l D" ·to do ProcedimtJ e 103).
21 Veja-se O que a este propósito escreve OTERO, Pau o,
26
irei
. ~felizmente, a actual configuração do balcão único não aproveita todas as suas
Administrativo, Vol. I,Almedina, Coimbra, 2016, P· lO?. . . tiva entreaEfa/i,i virtualidades, acabando este por ser regulado como mero veículo de transmissão de
22
LOUREIRO, João Carlos Simões, OProcediment? Admzmstra i
ess. comunicações, e não wn local electrónico que concentre a prestação de serviços.
79
78 e OJ Garantias dos Particulares, Coimbra Editora, Counbra, 1995 , P· 31
CATARINA SARMENTO E CASTRO
2
7
Como também defende OTERO, Paulo, Direito do Procedimento Administrativo,
Vol. I, Almedina, Coimbra, 2016, p. 108. 31
Embora deva referir-se que o artigo 10.º do anterior Código com a epígrafe "Princípio
28
Paulo Otero considera-o um princípio geral sem expressa formulação na Constituição: da desburocratização e da eficiência" já dispunha que "a Administração Pública deve ser
OTERO, Paulo, Direito do Procedimento Administrativo, Vol. I, Almedína, Coimbra, 20ló, estruturada de modo a aproximar os serviços das populações e de fonna não burocratizada,
p. 106 e ss. e p. 271 e ss. . a fim de assegurar a celeridade, a economia e a eficiência das suas decisões". Assim, a
29
Veja-se, VIANA, Cláudia, "Comentário ao artigo 4I. 0 da Carta dos Direitos FundamentaJS novidade não está nas dimensões contidas na norma, mas no assumi-las como vertentes
da União Europeia", Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia Comentada, de um princípio fundamental estruturante de boa administração.
32
Almedina, Coimbra, 2013,p. 483 e ss.; GOMES, Carla Amado "A boa administraçãono Sobre este princípio, OTERO, Paulo, Direito do Procedimento Administrotivo, Vol. I,
Projec~ de R:visão do Código do Procedimento Administrativo: Depressa e Bem...", Direito Almedina, Coimbra, 2016, p. 83; FERNANDEZ, Elizabeth, "O Princípio da Adequação
Procedimental", Comentários ao Novo Código do Procedimento Administrotivo, coord. de
& Polztrca, n. 3, 2013: p. 142 e ss., disponível em http://www.icjp.pt/debate/4~
15 Carla Amado Gomes,AnaF. Neves e Tiago Serão, 2.ª Edição, Lisboa, 2015, p. 341 e ss.
~cons~l~~ ª deª~~! de 20!6). Esta conexão ressalta do destaque dado, nomeadameD~, 33
Concordando que o princípio da boa administração é justiciável: OTERO, Paulo, Direito
as ex1genc1as de dec1sao num prazo razoável ao dire. t d d. ~ de fundatnentaça 0 do Procedimento Administrativo, Vol. I, Almedina, Coimbra, 2016, p. 274; RAIMUNDO,
ou de acesso aos processos. ' 1 0 e au 1çao,
30 Miguel Assis, "Os Princípios no Novo CPA e o Princípio da Boa Administração em
O que, em si, não é roblem, · . en~
revisto na Carta que se 1·mppo· atico, vi sto estarmos perante um direito funda!l1rr,,A, Particular", Comentários ao Novo Código do Procedimento Administrativo, coord. de
P ' e na nossa ord . , . diz u,v, Carla Amado Gomes, Ana F. Neves e Tiago Serrão, 2.ª Edição, Lisboa, 2015, p. 169
Vasco Pereira da "Primeiro C ,. em1und1ca. Tome-se nota do que 5 .i,r
' omentário Ac d p . ,A ( ReCOill"' e ss. (p. 197 e ss). Sobre o princípio da proporcionalidade no controlo judicial da boa
um Texto de Steinbeck)" Cad erca o COJecto de Revisão do CP~ a ()Utllb~ administração: LOUREIRO, João Carlos Simões, O Procedimento Administrativo, entre 81
IJO 2013, p. 83 e ss. (p. 85).' ernos de Justiça Administrativa, n.º 101, Setembro/
CATARINA SARMENTO ECASTRO
. .
. . .
controlável pelos tribunais administrativos.
.
°
O contr IO de conveniê llletro .
nc,ae
oportunidade, por força deste mstrumento que permtte sopesar os objel'h.. Os já mencionados princípios materiais da actividade administrativa,
h tradi . v,1vos expressamente fonnulados na Constituição, como o princípio da igualdade,
os meios utilizados e os resultados a que se c egou, c10nahnente afastact '
da proporcionalidade, da justiça, da imparcialidade, da boa fé, da juridicidade
dos tribunais transforma-se num controlo que pode aferir do maIU·~ 0
' (todos no artigo 266. º, n. 2), da prossecução do interesse público e do respeito
desacerto dos meios utilizados por confronto com os fins projectado
pelos direitos e interesses legítimos dos cidadãos (artigo 266.º, n.º l, da
É uma ostensiva desadequação, por demonstrar de forma evidentement: CRP), e da responsabilidade (artigos 22.º e 62.º, n.º 2, da CRP), que obrigam
clara a desconformidade entre objectivos programados, meios utilizados e a Administração Pública, encontram reflexo no Código do Procedimento
resultados atingidos, que pode justificar que se considere violado o princípio Administrativo, devendo orientar a actividade da Administração.
da boa administração. E sendo assim, este não é um mero dever jurídico Escolhemos destacar uma especial preocupação do legislador, no Código
do Procedimento Administrativo, respeitante ao princípio da igualdade,
que assume particular importância no âmbito da Administração electrónica,
a Eficiência e as Garantias dos Particulares, Coimbra Editora, Coimbra, 1995, p. 137. e que foi consagrada no artigo 14.º, n.º 5 e 6 do Código35 •
Admitindo, embora discordando, que a sua inclusão no Código abre aos tribunais o O n.º 5 define um "direito de igualdade" no acesso aos serviços da
controlo de, pelo menos, uma parte do mérito, o que até aqui lhes estaria vedado, GOMES, Administração, numa decorrência do princípio constitucional da igualdade,
Carla Amado, ''A boa administração no Projecto de Revisão do Código do Procedimento previsto no artigo 13.º da CRP, consagrando uma garantia de não
Administrativo: Depressa e Bem...", Direito & Política, n.º 3, 2013, p. 142 e ss., disponível discriminação36 • O texto do Código estabelece que "os interessados têm direito
em http://www.icjp.pt/debate/4268/4337 (consultado a 15 de abril de 2016); Idem, "A
«~e:ogação» do ~cto Administrativo: uma Noção Pequena". Comentários ao Novo
Co11go do Procedimento Administrativo, coord. de Carla Amado Gomes Ana E Neves
1s Sobre a questão: PINHEIRO, Alexandre Sousa, Questões Fundamentais para a
e Tiago _Serrão, ~-• Edição, Lisboa, 2015, p. 1005 e ss. (nota 17, p. 1010). Pode ver-se,
em sentido negativo quanto à sua justiciabilidade "ou, pel 1n·ti· " PINHEIRO, Aplicação do CPA, Almedina, Coimbra, 2016, p. 90 e ss. . ,. . .
Alexandre s Ques - , o menos, res vo , 16 Embora não neste campo específico, mas sobre o controlo do pnnc1p10 da igualdade,
ousa, . toes Fu ndam~nt~i~ para a Aplicação do CPA, Almedina, Coimbra,
2016 75 veja-se O Acórdão do STA, de 23 de junho de 2013, processo 0611/ l2, disponível em http://
'. ~- e_ ss. Ameia sobre este pnnc1p10: "MOTA Nuno Miguel "O Princípio da Boa
Adm m1straçao no N eO,d· ' , www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbt22e 1bb 1e680256f8e003ea93 l/b6953655ce3tb~0580257b9f
.
do Procedzmento ovo · t igo
Adm' R Procedimento Administrativo", ", O Novo Código
• do 005012d9?QpenDocwnent&ExpandSection=l# Sectionl. O STA vem considerando que
UMINHOINED' B mzs ratzvo. ara o Professor António Cândido de Oliveira, Elsa a violação do princípio da igualdade pode gerar nulidade do acto (enquanto acto
C lp, raga, 20 J5, p. J73 e SS. ofende O conteúdo essencial de um direito fundamental), mas apena_s_quando se atmJa
orno escreve OTERO Paul D. . I 83
H2
Almedina, Coimbra, 2016 , p. 2' 71 e o, 0 núcleo essencial deste direito, que a jurisprudência identifica, restntivamente, com as
ss. ire1to do Procedimento Administrativo, Vol. '
E(ASTRO
CATARINA SARMENTO COMENTÁRIOS AO CÓ0ICO IX) PROCEOIMEN'TO AOMINISTJIATIVO
. .stração, não pod~ndo, etq
. os da ..A~ restrições ou discrirnin ¾
à igualdade no acesso aos se~nçi·cos iJllPbc~ a Administração Por aç¾ código do Procedimento Administrativo contém disposições re lativa.,; a
· s electro co,.. llle-
algum, o uso de meio relacione~ . u-ação fica vedado sacriti 11ls ~itos de participaç~o dos a~inistrados na formaçiio de dec isões e
. os que se ,.1.,,,inis - d
deliberações que lhes digam respeito (artigo 267.". n.º s. 2.• parte, da CRP).
célt
não previstas para . do à .ÂlJl'' . te a adopçao os mecan,· o
, . " Ass1111 sen • edian Stq
não electromcos · . . tivos, J1l e não possam deles faze lls as sim como o direito de informação
. sobre o andamento dos processos em
. administra . aos qu º 1 . r Uso que sejam directamente interessados (268.ª, n.º 1, da CRP)JQ. 0 direito de
acesso aos serviços _ trónica, artigo 14. , o eg1slador tix .
1
típicos da Administraçao e e~ 6 do mes~º pepüis de proibir o tratam ao conhecer as decisões/resoluções definitivas que sobre ele forem tomadas
Consequentemente, no n. via altemattv:da. ...-.ecanismos electrón,· etlto (artigo 268.º, n.º 1, da CRP) e à notificação dos actos administrativos
t deUfllª co
direito ao accionamen
. . , .
° . ~o e"'
,.1,, iJllPosiça
u}tante lW •vesse a
berta uma outra via de ac ' 110
. eSso
(artigo 268.º, ~-º 3, da CRP), bem com~ direito à fundamentação
discnmmatono r~s ue se matlº tilização, concedida como gélran ., expressa e acess1vel dos actos que afectem direitos ou interesses legalmente
s,
n.º 0 legislador 1111p~s q Poio à sua 0 _ 37
VIa de a . açao .
lia protegidos (artigo 268.º, n.º 3, da C~)~º· Ap~sar de nos encontrarmos,
ou, pelo menos, uma di'scriJllin fundamentalmente, em terreno de d1re1tos, liberdades e garantias, de
· sem aplicabilidade ~cta, e ~s _preceitos constitucionais sendo "imediatamente
do acesso aos serviços
imento Administrativo e eficazes e actuais, por via duecta da Constituição", independentemente de
do proced intervenção legislativa, não constituindo, por isso, meras normas de produção
•• - Código
E. A Const1tuiçao, 0 de outras normas41 , as disposições do Código relativas aos direitos dos
. . d administrados administrados assumem particular importância quando algumas posições
d1re1tos os . . nal dos direitos e garantias do
~ onst1tuc10 . - . . s subjectivadas, não sendo completa e imediatamente exequíveis, designadamente
e ampliaçao e _ sucessiv:as revisoes constitucionais,
O re fiorço . ·gtraçao, nas - . . .. por insuficiente determinabilidade, requerem definições concretizantes,
. ui s perante a AdJl1101 ante ao nível da protecçao Junsdic1on,1
partlc are odo marc fl . -....., por exemplo, quanto ao modo de exercício em algum dos feixes de direitos
ocorreram de m osso estudo - re echram-se na
que também . b. ecto deste n . . . constitutivos de um direito fundamental.
e
mbora esta não seJa O
. b do proce t
d'rnento adm1111strat1vo no que respej.
. . - p, o Código anteriormente em vigor já dispunha de preceitos relativos a
densificação da let ase . perante a Admm1straçao ublicais_
1
. 'd' o do part1cu ar . . - . . estes direitos dos particulares. A novidade consiste no facto de o Código
ta ao estatuto JUfl ic . flectindo as dispos1çoes constitucionais, vir simplificar o exercício destes direitos, contribuindo para a sua efectiva
No seguimento do texto antenor, e re
que, não estando elencadas, pudessem encontrar-se fo~a d_o elenco do_ n. ,2: ou de outros
0
processos. O Código do Procedimento Administrativo regula o acesso à informação na
factores de discriminação também considerados const1tuc1onalmente Ileg1ttmos (embora vertente prevista no n.º 1 do artigo 268. (infonnação procedimental), e a Lei n.º 26/2012, de
0
afinnando que "dificilmente se vislumbram outras hipóteses"). 22 de agosto, assegura o acesso aos documentos administrativos (princípio da Administração
37
Explicando como os serviços multiplataforma ajudam a solucionar a digital divide: aberta).
VALERO TORRIJOS, Julián, "Relationships between Public Administration, Citizens 40
Direito que obteve consagração constitucional após a revisão de 1982, embora estivesse
and Other ICT Actors", Solutions for eGovernment, 2007. consagrado na lei desde 1977, no Decreto-Lei n.º 256-A/77, de 17 de junho. Em 91,
38
Para ~ma introdução ao tema leia-se AMARAL, Diogo Freitas do, "Direitos integrou o artigo 124.º do CPA, e no CPA consta do artigo 152.º.
Fundamentais dos Administrados", Nos 10 Anos da Constituição INCM Lisboa 1986, 41
CANOTILHO, José Joaquim Gomes, Direito Constitucional e Teoria da Constituição,
04 p. 11 e ss. ' ' ' 85
Almedina, Coimbra, 7.ª Edição, Reimpressão, 2015, p. 438 e ss.
damentalmente, reflexo da ur . COMENTÁRIOS AO Cóo1co
0 q
ue é, fun . •h~a , Do PROCEDIMENTO AD
rática, . N eiectrón1ca. Çall
MINISlRArrvo
reaJizaçao pde AdIJ1ÍI11straçaot s da Administração electrónic
ecanisDlºs . trUJJlen o .. a, p A via electrónica é hoje um mod .
m ·1·zação 1 de ms N vulsa além de fac1htar o exercíci0 revis1. . . d'
fundamentais, m 1spensâvel à cid d .
o ma,s de
concretização de d' .
A utJ 1 ·slaçao a ' . . ~ . de d' "'l
,Aigo ou ern e~ (mediante d1spos1çoes relativas à in" ltej1• . . a1 a an,a ele t . . 1re1tos
no C(.)U' edirnento . l'fi iol'llJ. 'Ili constttuc1on em que se encontra co c ron,ca, num co t
ãrJJbito do proc tificações, etc.), s1mp I ca e amplia o d' a~ . º º nsagrado . · n exto
00 artigo 35. , n. 6, da CRP, 0 direito d 'como direito fundame tal
no . ntos a no . ltft , e acesso às n '
s requerune : , blica não proced1menta1' e toma possível ' ll
ao • . fi rrnaçao pu . d oa
° .
acesso. a 111adJninistrat:J.VOS .c.omecidos
u
em rede, mmtos os quais
~
Q~ CeR,.
uq() &>,.._.""li
a serviços ecimento de prestaçoes essenciais42 ·~, VJ~ f. A Constituição e os novos di're·t
.e. 1 os no Cód·
. dos para o iom ,. . . . •
Administrativo (artigo 18.!! do CPA _ _•go do Procedimento
-vocaciona 1 no Código, preve-se que a participação do . . º d protecçao de d d
· por exemp , 0 s C1cb,b artigo 14.- o CPA - Administração elect . a os pessoais·
AsSun, . speitante aos regulamentos tenha lugar, em r6nica) '
rocedunento re . 1 , . caso
no P d d interessados, mediante consu ta pubhca anun . 1. O Código do Procedimento Admm ' 1. tra . .
úmero eleva o e º º ciacta s tivo ao mtr0d ·
n . 100 º n ° 3 alínea e), e 101. , n. 1, do CPA)43 na inovador na lei geral de procedimento admini : uzir, de modo
/ntemet (art:J.go ·' · ' · • , .. _ strattvo portuguesa, .
~-.e. aN sobre O andamento dos processos, ou, de tnod respeitantes a utl 1izaçao de mecanismos d Adm' . preceitos
A~W~ O . o~ . 14.º), igualmente
•
-J:~ ·to de acesso aos documentos que mtegram o procect· is (artigo contemplou tamb'e m1stração
. eIec tró nica
·
amplo, o uuei . llllent ' em como nov1dad •
·t , transpare"ncia documental no procedimento), consagrado no 18.º, uma disposição específica em matéria de t • e, no artigo
(direioa . . arti 0 . pro ecçao de dados pessoais
º n º 1 da CRP. sai agora reforçado uma vez que os mteressados p g· (e, por causa deles, uma garantia extensiva , " .
268 .,. ' . ,. assain · . ª segurança e mtegridade
a ter direito de conhecer, por ~eios elec~omco~, o es~do da tramitaç~ dos suportes, sistemas e aplicações utilizados p 1: • ,, •
. . . ara o e1e1to ). Este artigo
hrrutou-se a remeter o regime de tal protecção p d' .
dos procedim~ntos q~e lhes digam respeito (artigo 61. , ~·º 3, a~íneaa), . . _ . . ara o 1sposto na le1.
A d1spos1çao agora mtroduztda não acarreta . •
do CPA, e artigo 82. , do CPA), e, para tal, tendo, tarnbem, 0 drreito de . , . . qua1quer mod1ficaçao
Jund1ca . . especial
. para os. operadores suieitos ao Co'digo do Procedimento
obter os instrumentos necessários a esta comunicação por via electrónica
Administrativo.
. . • Um. regune
, específico relativo à protecção das infionnaçoes •
(nome de utilizador, palavra passe, correio electrónico e assinatura digital
pes~oa1~ era Ja ap 1ic~vel na vigência do Código anterior, sendo aplicável
certificada, nos termos do artigo 61.º, n.º 3, alínea b), do CPA)44 • OCódigo n? amb1to do procedimento administrativo, ainda que aquele Código não
consagrou também normas relativas à emissão de certidões electrónicas dispusesse de qualquer previsão especial neste âmbito.
(artigo 84.º, n.º 3). As disposições em matéria de protecção de dados pessoais radicam,
Também a notificação dos actos administrativos, incluindo, quando entre nós, no disposto no artigo 35.º da Constituição, respeitante à utiliz.ação
for caso disso, a sua fundamentação, pode realizar-se electronicamente, da informática.
conforme estabelece o artigol 12.º do CPA. ,. fl"o primeiro regime legal de protecção de dados pessoais fora instituído pela
Lei n.º l0/9.1, havendo sido aprovado na sequência do Acórdão do Tribunal
Constitucional n. 0 182/89 que deu por verificada uma inconstitucionalidade
por omissão, relativa ao artigo 35.º da Constituição46 • Este preceito, a par
42
O acesso a estes serviços não está previsto no Código, mas regulado em normas
especiais, relativas a procedimentos administrativos diversos. 1
43
Sobre a questão do direito de participação procedimental na formação de nonn~ 45
CASTRO, Catarina Sarmento e, "Direito à Internef', Cyberlaw, cmc, n.º 2, 2016,
regu~amentares ver o Acórdão do Tribunal Constitucional n. 0 163/2007. disponível em httJ}://www.cijic.orgLpublicacao/. .
. _Sobre O acesso à informação e os mecanismos eletrónicos: DIAS, José Ed~ 46
O que esteve, então, na origem da verificada inconstitucionalidade por omissão foi
Figueiredo, "O Direito à Informação no Novo Código do Procedimento Admini str; a ausência de wna definição legal de dados pessoais, imprescindível, para "tornar plenam~te
87
86 gomentários ªº Novo Código do Procedimento Administrativo coord. de Carla ) exequivelfa garantia" de proibição do acesso, por terceiros, a ficheiros de dados pessoais,
ornes, Ana F. Neves eTiago Serrão, 2.ª Edição, Lisboa, 2015, p.'581 e ss. (p. 600 ess,,
=
CA~I~A:Rl:N:A:_S~
ARM
=E :__N_To_t_U\
_:>•- "-~- - - ~ COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DO
PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO
. t de direitos fundamentais dos cida
da consagração de um conJun;dos que lhes digam respeito, o dir ~os,
como o direito de acesso aos . ~o O direito de eliminação d eito rl. A inclusão formal . no. Código de um· princi'pi·o de respeito · pe 1as
. - d' · d actuahzaça , . . e r1. "' ,_, rmações pessoais obJecto de tratamento, não modificand •
rectificaçao, o rreito e . difundidos, o direito à Pro·b· ""do8 uu•0 . . . , . o o regime,
d não seJaffi 1 1ç0 , já antes indistmtamente aphcavel a entidades públicas ou privadas, assume
0 direito a que os
da os . ensíveis, o direito de ver p . ª do iJnportância de reafirmar ª necessidade de ter em conta o direito à
d dos mais s ro,b •
tratamento de certo,s ª , . 0 direito de conhecer a finalida 'eia a :utodete~ação ~forma~va dos titulares de ~dos pessoais, que encontra
atribuição de um n~er~~:~ acesso à rede -, prevê que a lei d:e dos consagraça~ no artigo 3S. da C~_num ambiente procedimental em que
tratamentos, ou o direito as condições para o seu tra fina o assUlile maior relevo a troca, a partilha, a reutilização, e O tratamento em
· bem como íatn.e 47
conceito de dados pessoais, . t à protecção das infonn. nto , geral, de inform~ç~o pe~srn:1 indispensáveis ao desenvolvimento electrónico
l t matéria atmen e açoes das tarefas administrativas .
9
Actua men e, a . .dentificar uma pessoa singular, dire que
identifiquem, ou permitam i recurso a um identificador cta ou A utilização de mecanismos electrónicos no âmbito do procedimento
indirectamente, nomeadamente por . _ corno l!ll) administrativo levanta questões de protecção de dados de diferente
, d 'd tificação, dados de locahzaçao ou complexidade. Se algumas são relativamente simples de resolver, como
nome um numero e i en outros
. .' , • bem como outros elementos que a singuJan~.. as suscitadas pela utilização dos mecanismos electrónicos para comunicação
identificadores electromcos, ,. , . --in
na sua identidade física, fisiológica, genetica, mental, economica, cultura] entre os administrados e a Administração, já outras, pela menor sensibilidade
ou social, encontra-se definida no Regulament? (EU)_ 2016/679, do e volume de informação em causa, apresentam maior delicadeza, ao
Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de abnl, relativo à protecção implicarem a comunicação ou partilha de grandes quantidades de dados
das pessoas singulares no que diz respeito ao tratamento de dados pessoa~, pessoais, por vezes sensíveis, entre entidades administrativas, ou, até, entre
estas e entidades privadas no exercício de funções públicas, sendo tais
acto que é directamente aplicável ~m cada es~do mem?ro: Em tudo quanto
operações muitas vezes justificadas pela sua indispensabilidade para a
não contrarie o aí disposto, mantem-se em vigor a Lei n. 67/98, de 26 de
concretização de medidas de simplificação administrativa que procuram,
Outubro (Lei da Protecção de Dados), que vincula ao cumprimento das
afinal, a aprofundar a desburocratização, promover a eficácia e eficiência,
disposições em matéria de protecÇão de dados, quer as entidades privadas, e, em geral, a boa administração.
quer as entidades públicas que procedam a tratamentos de dados pessoais,
sendo ainda convocáveis outras disposições específicas, como as relativas 2. Como fomos verificando ao longo do texto, em diversas disposições
aos dados tratados na área das comunicações electrónicas48 • do Código do Procedimento Administrativo o legislador consagrou o uso
de mecanismos de Administração electrónica. Nos exemplos já referidos,
tratou-se sobretudo de encontrar uma nova forma, agora desmaterializada,
~bé~ ~nstituc_ionaimente prevista. Para além da verificada ausência legal, naquele tellljX)
nao e~stia, também, regulamentação europeia que pudesse colmatar essa ausência por 49 Sobre a protecção de dados pessoais pode ler-se, entre outros: PINHEIRO, Alexandre
ser d1rectarnente aphcá_vel, com~ hoje o Regulamento (EU) 2016/679. Só em 1995 foi
Sousa, Privacy e protecção de dados pessoais: a construção dogmática do direito à
aprovada regulamentaçao europeia que, assumindo forma de Directiva (95/46/CE), ainda
onerava o Estado com a sua transpos1çao,• - tendo dado origem à actual Lei da protecçao . identidade informacional, AAFDL, Lisboa, 2015; Idem, "A Protecção de Dados no Novo
de dados. Código dó Procedimento Administrativo", Comentários ao Novo Código do Procedimento
47
Sobre estes direitos e · , • . Administrativo, coord. de Carla Amado Gomes, Ana F. Neves e Tiago Serrão, 2.ª Edição,
Sarmento e Direito da J. pnn~1~1os escrevemos, designadamente, em CASTRO, Catafllll Lisbo~, 2015, p. 251 e ss. CASTRO, Catarina Sarmento e, Direito da Informática,
2005. ' nformahca, Privacidade e Dados Pessoais, Almedina, Coimbra. Privacidade e Dados Pessoais, Almedina, Coimbra, 2005; Idem, "A Jurisprudência do
Tribunal de Justiça da União Europeia, o Regulamento Geral sobre a Protecção de Dados
Sobre o Regulamento· CASTR! . . -·'
de Justiça da União Eur .· O, Catarina Sarmento e ''A Jurisprudência do TnbUJll" Pessoais e as Novas Perspectivas para um Direito ao Esquecimento na Europa", Estudos
N ope1a, o Regul ' · as em 'Homenagem ao Conselheiro Presidente Rui Moura Ramos, Almedina, Coimbra,
ovas Perspectivas para um D' . amento Geral sobre a Protecção de Dados Pessoais e 89
86 2016, p. 1047 e ss.
ao Conselheiro Presidente Ru~~: ao Esquecimento na Europa", Estudos em Homenagem
ura Ramos, Almedina, Coimbra, 2016, p. 1047 ess,
(ASTRO
RMENTOE COMENTÁRIOS AO CÓDIGO DO PROCEDIMENTO AD MINISTRATIVO
(ATARINASA
·c1ades ou diligências, com o que isso .
foflllªb - d . Sllh-,;,-
. as rnesrnas 1 a apresentaçao e requenmentos a ""'-11(',, J..oica, e em que cada vez mais se vai valorii.ando O direito fundam tal
1j_zal' exemP o, . - d · , · ' trr._ "<l etecuv fun . . en
de l"tiD' ,~ ça~0 - püf _ ou a notificaçao o IIllc10 do Pr0c -."l:lt
--n
. , em que a mfc reJev ·,q :jnistrativa, na p~e referente _aos aspectos orgânicos, procedimentais,
a sua ~artilha, e crescentemente assumida onnação, nollJ. ¾tes de
procedimento administrativos6_ como elemento fuJc:~eriie e de direitos e garantia~ d?s parnc~~es ~entr? e fora do procedimento,
firmando que o Direito Admm1strattvo e, em boa parte, Direito
Apesar da existência de normas eur . Para o con . d 58
dm. . . ope1as que re I cons tI
·tucional concretiza o .
a . m1strativos especiais, e que determin . am Procect·
nac10nal, o artigo 19. º procur l am a activ1dade ar1-• ~entos
, . a co matar a nece •d "'1un1s1ra .
genenca de cooperação entre diferentes n' . d ss1 ade de lllna ijva
E , 1ve1s e Adm • . norni
sta ~era, no entanto, vir a ser, em breve, uma . . I~1stração. a
uma_s?luç~ normativa que discipline, de modo g:=:au11rap<lSsada~
administrativo europeu - ou, até, um procedimento admini, prOCedimento
europeu -, solução não já meramente sector· l Slrativo electrónico
g lobalmente
. determmar . o procedimento admm·. trIa '. mas pensada Para
da U •~ . is ativo daAdm· .
ruao Europeia, esta entendida num sentido amplo b. Inlstraçào
as Adm · · tr ~ • . ' ª rangendo tam1.L
m1s açoes nac10nais, quando apliquem O Direito da U ·~ uçin
qualquer forma, seja num sentido amplo ou mais restriti·vo d ru.ªº· De
tal d e ap11caçã0
um or enamento procedimental, inevitavelmente sempre co tri'b . '
denc1al ... ~ ' nu1rá
para
. uma ten . , umform1zaçao de soluções estaduais , quand •
o nao
drrectamente apl1cavel5 7•
55
• Que ~o a ~ca que reflecte a importância do Direito da União Europeia. Veja-se os 58 Naturalmente, não se afirma que o é na totalidade, pois também se reconhece que
artigos 143. - mvaltdade dos regulamentos em desconformidade com o Direito da União o Direito Administrativo vai muitas vezes além das exigências constitucionais, nomeadamente
Europeia; 146. º - revogação de regulamentos que executam r;>ireito da União Europeia; no que respeita à consagração de direitos dos administrados. Neste sentido veja-se o que
168.º, n.º 4 e 7 - anulação de actos administrativos constitutivos de direitos. escreveu MIRANDA, Jorge, "A Administração Pública nas Constituições Portuguesas",
56
Sobre as relações transnacionais e as normas de Direito Administrativo que as regem, O Direito, Ano 120, 1988, p. 607 e ss. (p. 616). Esta caracteriz.ação do Direito Administrativo
ainda que numa perspectiva que não se confina à escala europeia: ROQUE, Miguel Prata, enquanto Direito Constitucionai concretizado sai reforçada se olharmos a Constituição
A Dimensão Transnacional do Direito Administrativo, MFDL, Lisboa, 2014. Acercado Administrativa também nos seus aspectos jurisdicionais (por exemplo, direitos e garantias
princípio agora abordado: OTERO, Paulo, Direito do Procedimento Administrativo, Vol. l, jurisdicionais dos particulares; autonomia da justiça administrativa, de natureza obrigatória
Almedina, Coimbra, 2016, p. 125. desde a revisão de 1989), relativamente à qual, aliás, abunda a jurisprudência do Tribunal
57 Constitucional. No entanto, estas questões não faziam parte do nosso objecto de estudo.
Para além das fontes de Direito da União Europeia de forma vinculativa ou, pelo
' • do Salientando a importância da Constituição como "factor de progresso do sistema de garantias
menos, nao sendo o caso, enquanto fonte orientadora também as Recomendaçoes ~os administrados": CAUPERS, João, Introdução ao Direito Administrativo, 11 .ª Edição,
Conselho da Europa e a Convenção Europeia dos Direit~s do Homem vêm condicionando Ancora Editora, Lisboa, 2013, p. 48 e ss.
93
1]
ou influenciando o procedimento administrativo.