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Texto a integrar os Estudos em Homenagem ao Doutor João Caupers – no prelo
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Aprovado Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, também ele objeto de várias alterações.
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Importa referir, ainda, que a escola de Coimbra, na qual nos “situamos” − na senda das posições de
ROGÉRIO SOARES e VIEIRA DE ANDRADE − sempre propôs uma noção de ato administrativo que,
comparada com a conceção tradicional (da escola de Lisboa), era assumida como uma noção estrita,
substancial e não puramente adjetiva, ainda que a mesma fosse também orientada pela preocupação
finalística de realização do princípio da garantia constitucional à tutela jurisdicional efetiva dos particulares
face aos órgãos administrativos. Cfr. ROGÉRIO SOARES, Direito Administrativo – Lições ao Curso
Complementar de ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito de Coimbra no ano de 1977/78,
Coimbra, 1978 e VIEIRA DE ANDRADE, Lições de Direito Administrativo, 5.ª edição, Imprensa da
Universidade de Coimbra, p. 164 e ss.
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ii). Feitas estas considerações iniciais, cabe identificar aquela que é a questão
central que pretendemos abordar com o presente texto: saber se pode − em que termos e
com que limitações −, sujeitar-se um ato administrativo de gestão urbanística − ato este
que, por regra, é um ato administrativo constitutivo de direitos – a uma condição
(suspensiva ou resolutiva), a um termo (inicial ou final), a um modo ou a uma reserva
(seja de revogação, seja de modo). A possibilidade de mobilização destas cláusulas
acessórias nunca é referida no RJUE, mas cumpre saber se as mesmas, que encontram
previsão e regulamentação expressas no CPA (artigo 149.º) têm aplicação, e em que
termos, aos atos administrativos praticados no âmbito dos procedimentos regulados no
RJUE.
Para o efeito iniciaremos o nosso percurso com uma breve caraterização e análise
de cada uma destas cláusulas acessórias e respetivo regime, que consta do artigo 149.º do
CPA (II). Debruçar-nos-emos, de seguida, sobre a sua aplicação a atos administrativos de
gestão urbanística, em particular sobre aqueles que conferem direitos urbanísticos aos
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Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 555/99, de 16 de dezembro, e alterado sucessivamente pelo Decreto-Lei
n.º 177/2001, de 4 de junho, pela Lei n.º 15/2002, de 22 de fevereiro, pela Lei n.º 4-A/2003, de 19 de
fevereiro, pelo Decreto-Lei n.º 157/2006, de 8 de agosto, pela Lei n.º 60/2007, de 4 de setembro, pelos
Decretos-Leis n.os 18/2008, de 29 de janeiro, 116/2008, de 4 de julho, 26/2010, de 30 de março, 28/2010,
de 2 de setembro, 266-B/2012, de 31 de dezembro, 136/2014, de 9 de setembro – este último retificado pela
Declaração de Retificação n.º 46-A/2014, de 10 de novembro –, 214-G/2015, de 2 de outubro, e 97/2017,
de 10 de agosto, pela Lei n.º 79/2017, de 18 de agosto, pelo Decreto-Lei n.º 121/2018, de 28 de dezembro,
pelo Decreto-Lei n.º 66/2019, de 21 de maio, e pela Lei n.º 118/2019, de 17 de setembro).
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Basta atentar, para compreender esta relação, que o RJUE regula a atuação da Administração, através da
prática de atos administrativos (licenças, autorizações, informações prévias, ordens de demolição, ordens
de embargo, decisões de legalização, etc.), da aprovação de regulamentos administrativos (v.g. artigo 3.º
do RJUE) e da celebração de contratos (v.g. artigos 25.º, 46.º e 47.º do RJUE), precisamente matéria que é
tratada, de forma genérica, no CPA.
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TIAGO SERRÃO e DIOGO CALADO, “RJUE e CPA: algumas interseções”, in. Ordenamento do
Território, Urbanismo e Cidades. Que Rumo?, Vol. 2, Coord. Fernanda Paula Oliveira, Almedina, 2017,
p. 190.
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Exemplos de atos de gestão urbanística com efeitos permissivos são a licença e a autorização (aplicada,
exclusivamente à utilização dos edifícios, tal como previsto no n.º 5 do artigo 4.º do RJUE); exemplos de
atos sem efeitos permissivos são as informações prévias favoráveis.
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Isto sem prejuízo de não se poder falar hoje de atos totalmente vinculados e de atos totalmente
discricionários; o que temos são atos mais ou menos vinculados e atos mais ou menos discricionários (isto
é, atos vinculados quanto a certos aspetos e vinculados quanto a outros), numa graduação entre estes dois
polos.
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FERNANDA PAULA OLIVEIRA e JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, Noções Fundamentais de
Direito Administrativo, Coimbra, Almedina, 5.ª edição, 2017, p. 271.
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Como melhor veremos infra, o n.º 2 do artigo 149.º admite a aposição de cláusulas acessórias a atos
administrativos de conteúdo vinculado, mas apenas quando a lei o preveja ou quando se vise assegurar a
verificação futura de pressupostos legais ainda não preenchidos no momento da prática do ato.
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ALEXANDRE SOUSA PINHEIRO et alii, Questões Fundamentais de aplicação do CPA, Coimbra,
Almedina, 2017, p. 233.
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FILIPA URBANO CALVÃO, “As cláusulas acessórias e o novo regime do Código do Procedimento
Administrativo”, in. Nos 20 Anos dos CJA, Coord. Carla Amado Gomes / Filipa Urbano Calvão / José
Eduardo Figueiredo Dias, CEJUR, Braga, 2017, p. 172.
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VIEIRA DE ANDRADE, ob. cit. p. 211.
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Sobre as cláusulas acessórios no novo CPA cfr. FILIPA URBANO CALVÃO, ob. cit., p. 173 a 175
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A incerteza do evento futuro é a marca da condição: incerteza quer quanto à ocorrência do evento, quer
ao momento em que se vai verificar (incertus an, incertus quando).
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No caso do termo, sabe-se que o evento futuro acontecerá seguramente (certus an), podendo ou não,
saber-se quanto ocorrerá. Se se souber, temos um termo certo (certus an, certus quando); se não se souber,
temos um termo incerto (certus an, incertus quando).
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Note-se que o legislador do CPA, provavelmente por lapso, alude à “condição ou termo suspensivos” na
alínea b) do artigo 157.º.
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Nem sempre é fácil distinguir um modo de uma condição potestativa. Em caso de dúvida, considera-se,
em regra, mais adequado considerar estarmos em face de um modo, uma vez que este é mais vantajoso para
os particulares, já que não influi sobre a eficácia do ato administrativo. Apenas se deverá concluir que
estamos perante uma condição se a cláusula for indispensável para o sentido do ato, ou seja, se não se
entender razoável a produção de efeitos sem se ter verificado a cláusula. É o caso do exemplo dado por
Vieira de Andrade, da licença para instalar um andaime, com a condição de fazer um seguro ou assinar um
“termo de responsabilidade”, já que nestes casos faz sentido que o ato não comece a produzir os seus efeitos
enquanto o evento futuro, que depende da vontade do destinatário, não ocorrer. FERNANDA PAULA
OLIVEIRA, JOSÉ EDUARDO FIGUEIREDO DIAS, ob. cit., p. 272-273 e VIEIRA DE ANDRADE, ob.
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Tratando-se de uma cláusula acessória, o modo não pode ser visto como um ato
autónomo: as dúvidas que se possam suscitar a este respeito são dissipadas pela
circunstância de a subsistência do modo depender da subsistência do ato principal, na
medida em que a invalidade deste implica a invalidade daquele.
Referindo-nos, por fim, à reserva, esta constitui um poder excecional que a
Administração poderá guardar para si de influir futuramente no conteúdo do ato
administrativo, seja pela aposição superveniente de um ou de vários modos (reserva de
modo), seja por poder vir a revogar, no futuro, o ato (reserva de revogação)21.
Feita esta caraterização geral das cláusulas acessórias legalmente previstas, cumpre
referir, desde já, que pelo menos algumas delas têm como efeito tornar os atos
administrativos a que são apostas em atos precários. Um ato precário é, precisamente,
aquele que, ou está sujeito a uma revogação – uma revogação discricionária, seja por
disposição legal seja por reserva de revogação –, ou cujos efeitos dependem de condições
resolutivas (condições resolutivas legais ou apostas ao ato pelo órgão administrativo seu
autor) ou, mesmo, termos finais. Pela sua própria natureza, os efeitos jurídicos criados
pelo ato precário apenas existem “por mera tolerância” da Administração, que pode
modificá-los ou extingui-los em todos os casos e em qualquer momento.
Ora, como parece resultar claro do que vimos de afirmar, esta precarização tem
consequências imediatas na caraterização dos efeitos dos atos administrativos: um ato
precário não pode ser visto como um ato administrativo constitutivo de direitos (neste
sentido cfr. n.º 3 do artigo 167.º do CPA), donde parece resultar a impossibilidade da sua
aposição a atos administrativos que são, “pela sua própria natureza”, atos constitutivos
de direitos, como sucede, em regra, com os atos administrativos de gestão urbanística
regulados pelo RJUE. A esta questão voltaremos mais adiante. Para já vejamos, ainda que
em traços breves, o que determina o CPA quanto à possibilidade/condições de validade
da aposição de cláusulas acessórias.
iii. Nos termos do n.º 1 artigo 149.º do CPA, os atos administrativos podem ser
sujeitos, pelo seu autor, mediante decisão fundamentada, a condição, termo, modo ou
reserva, desde que estes não sejam contrários à lei ou ao fim a que o ato se destina,
tenham relação direta com o conteúdo principal do ato e respeitem os princípios jurídicos
cit., p. 212.
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Estas são as reservas mais comuns, não ficando, porém, afastada a possibilidade de existir outras
faculdades reservadas: uma reserva de praticar outro ato que não a revogação (como a modificação) e de
aposição de outras cláusulas acessórias que não o modo (como o termo final ou a condição resolutiva).
Neste sentido cfr. FILIPA URBANO CALVÃO, ob. cit., p. 175.
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Para uma abordagem mais desenvolvida (e geral) de cada uma destas exigências cfr. FILIPA URBANO
CALVÃO, ob. cit., p. 175 e ss.
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relacionadas, não com a definição das regras (tarefa dos planos), mas antes com a
concretização das várias intervenções no território, quer elas sejam realizadas
diretamente pela Administração Pública, quer pelos particulares sob a direção, promoção,
coordenação ou controlo daquela23.
Num momento em que praticamente todo o território nacional se encontra
abrangido pelos mais diversos instrumentos de planeamento (em especial, por planos
municipais, que são aqueles que classificam e qualificam os solos24) –, a temática da
gestão urbanística confunde-se com a temática da execução de planos nas mais variadas
dimensões em que esta tarefa se traduz (ainda que esta coincidência não seja total porque
podemos ter gestão urbanística em situações desprovidas de instrumentos planeamento,
designadamente por estes se encontrarem suspensos).
Temos é, hoje em dia, diferentes formas (e diferentes instrumentos) de gestão
urbanística. A mais tradicional é aquela que é feita pelos municípios a pedido dos
interessados quando pretendem levar a cabo operações urbanísticas, por exemplo, obras
de construção, operações de loteamento, obras de urbanização, utilização dos edifícios25.
Neste caso, os instrumentos típicos de gestão urbanística são os atos ou atividades de
controlo público (preventivo ou sucessivo) dessas pretensões (licenças, autorizações,
comunicações prévias, fiscalizações, medidas de tutela de legalidade26), matéria que é
23
FERNANDO ALVES CORREIA, As Grandes Linhas da Recente Reforma do Direito do Urbanismo
Português, Coimbra, Almedina, 1993, cit., p. 65.
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Por via da classificação, que determina o destino básico dos terrenos, os planos identificam os solos
urbanos e os solos rurais. Por sua vez, a qualificação consiste na definição, pelo plano, com respeito pela
sua classificação, do conteúdo do seu aproveitamento, por referência às potencialidades de
desenvolvimento do território, fixando os respetivos usos dominantes e, quando admissível, a
edificabilidade. Temos assim, por força dos planos, as classes de solos urbanos e de solos rurais e, dentro
de cada um destes, diferentes categorias (por exemplo, espaços residenciais ou espaços centrais no solo
urbano e espaços agrícolas ou espaços florestais nos solos rústicos). Sobre estas diferentes classes e
categorias cfr. o Decreto Regulamentar n.º 15/2015.
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O RJUE formula um conceito amplo operações urbanísticas, como todas as intervenções nos solos para
fins “artificiais” – isto é, não naturais. No conceito legal, as operações urbanísticas são todas as “operações
materiais de urbanização, de edificação, de utilização dos edifícios ou do solo desde que, neste último caso,
para fins não exclusivamente agrícolas, pecuários, florestais, mineiros ou de abastecimento público de
água” [alínea j) do artigo 2.º], englobando, por isso, as obras de urbanização [alínea h) do artigo 2.º]; as
operações de loteamento urbano [alínea i) do artigo 2.º]; os trabalhos de remodelação de terrenos [alínea
m) do artigo 2.º]; e as obras de edificação, sejam elas de nova construção [alínea b) do artigo 2.º], sejam
de intervenção em edificações existentes, podendo, neste caso, traduzir-se em obras de conservação [alínea
f) do artigo 2.º], de reconstrução [alínea c) do artigo 2.º], de alteração [alínea d) do artigo 2.º] e de
ampliação [alínea g) do artigo 2.º].
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As medidas de tutela de legalidade não devem confundir-se com medidas sancionatórias (como as
contraordenacionais), que também estão previstas no RJUE. Sobre esta diferença vide FERNANDA
PAULA OLIVEIRA, et alii, in. Regime Jurídico da Urbanização e Edificação. Comentado, 4.ª Edição,
Coimbra, Almedina, p. 653-654. Sobre o regime sancionatório no RJUE cfr. as medidas sancionatórias no
RJUE, cfr. FERNANDA PAULA OLIVEIRA, Direito do Urbanismo. Do Planeamento à Gestão, 4.ª
edição, Braga, AEDREL, p. 409 e ss.
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Estamos aqui no âmbito do que podemos designar de pré-decisões, na categoria de atos administrativos
prévios: atos que decidem de forma antecipada uma pretensão, mas não têm efeitos permissivos, não
habilitando o particular-destinatário ao exercício de qualquer atividade. Dos atos prévios distinguem-se os
atos parciais (decisões finais/definitivas relativas a uma parte do objeto do procedimento e que têm em si
mesmo um caráter permissivo, embora circunscrito à parte da decisão que já foi objeto de apreciação, p.
ex., a licença parcial para a construção da estrutura ou a autorização para a realização das escavação e
contenção periférica necessárias no início da construção.
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Esta confere um direito a urbanizar uma determinada área e a constituir nela lotes urbanos, que são
unidades prediais dotadas de uma edificabilidade que fica logo estabilizada com a concessão da licença de
loteamento, ainda que esta posição seja incompleta porque dela não decorre o direito a construir, já que
esse apenas surge com um procedimento subsequente, em regra uma comunicação prévia da obra de
construção.
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Estas conferem o direito de construir nos termos que nelas forem definidos.
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Trata-se de um ato que permite utilizar o edifício para uma certa finalidade que nela fica definida.
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Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, alterada pela Lei n.º 74/2017, de 16 de agosto, pelo Decreto-Lei n.º
3/2021, de 7 de janeiro, e pelo Decreto-Lei n.º 52/2021, de 15 de junho.
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Estabelecidas estas em nome de interesses públicos considerados relevantes, como a proteção do
ambiente, do património cultural, do correto ordenamento do território, etc. Em causa estão atos
administrativos que integram uma categoria mais genérica que a doutrina designa de atos de satisfação de
interesses privados com salvaguarda de interesses públicos. Cfr. MÁRIO AROSO DE ALMEIDA, in.
Teoria Geral do Direito Administrativo, 9.ª edição, Coimbra, Almedina, 2022, p. 327 e ss. e PEDRO
GONÇALVES, in. Manual de Direito Administrativo, Vol. I, Coimbra, Almedina, 2019, p. 56 a 59.
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Nas situações em que estão em causa atividades privadas em regra proibidas [proibição (repressiva) com
reserva de licença], a autorização é a situação excecional (corresponde ao ato que remove a proibição) −
autorização-licença ou autorização-dispensa −; tratando-se de atividades privadas preventivamente
proibidas [proibição (preventiva) com reserva de autorização], a autorização é o desfecho normal do
procedimento já que a intenção da lei não é afastar o desenvolvimento da atividade privada: a intenção é
que a Administração verifique previamente o cumprimento de determinados requisitos ou condições que a
lei fixa para que a atividade se possa desenvolver sem perigo ou risco (autorização permissiva). Qualquer
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ii. Aliás, estando em causa atos que conferem posições de vantagem, os mesmos
são um campo de aplicação privilegiado da cláusula acessória modo: a imposição ao
destinatário do ato, como contrapartida das vantagens por ele conferidas, de um dever de
fazer, não fazer ou suportar terá, assim, nestes atos um campo de aplicação privilegiado.
É necessário, porém, garantir, tal como decorre do artigo 149.º do CPA, que o modo não
é contrário à lei, relevando, a este propósito o disposto no n.º 4 do artigo 117.º do RJUE,
destes tipos de autorização correspondem a procedimentos de controlo preventivo (ex ante, i.e., antes do
início) das atividades privadas: a autorização visa preventivamente dar à autoridade administrativa uma
oportunidade de verificar o cumprimento das exigências fixadas na lei (as quais, por sua vez, visam
salvaguardar interesses públicos).
O facto de a autorização configurar um controlo preventivo por parte da Administração não exclui a
existência de controlos sucessivos: a autorização origina uma relação jurídica continuada entre a
Administração pública e a entidade autorizada, donde o controlo sucessivo visar verificar se a atividade
está a ser desenvolvida nos termos autorizados e/ou se se mantêm os requisitos exigidos para o exercício
da atividade. Por sua vez, a Administração tem a responsabilidade pública de proceder caso a caso, a um
juízo de adequação entre a pretensão do particular e a normatividade jurídica vigente, ou seja, o órgão
administrativo desenvolve, no exercício da função pública autorizativa, uma ponderação concreta entre o
interesse particular e o interesse público relevante (realizando também uma síntese entre a liberdade e a
segurança). E, em função dessa ponderação, tem o dever de decidir o requerimento do interessado.
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É o caso do fundamento legal de indeferimento de a obra ser “suscetível de manifestamente afetar (…) a
estética das povoações, a sua adequada inserção no ambiente urbano ou a beleza das paisagens...” (n.º 4 do
artigo 24.º) ou de a operação urbanística “… constituir, comprovadamente, uma sobrecarga incomportável
para as infraestruturas…” [alínea b) do n.º 2 do artigo 24.º].
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No caso de o interessado ter dado cumprimento a exigências não previstas na lei, o mesmo tem, segundo
o referido artigo 117.º do RJUE, o direito a reaver as quantias indevidamente pagas ou, nos casos em que
as contrapartidas, compensações ou donativos sejam realizados em espécie, o direito à respetiva devolução
e à indemnização a que houver lugar.
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Nos termos do n.º 1 do artigo 25.º do RJUE, “Quando exista projeto de decisão de indeferimento com os
fundamentos referidos na alínea b) do n.º 2 e no n.º 5 do artigo anterior, pode haver deferimento do pedido
desde que o requerente, na audiência prévia, se comprometa a realizar os trabalhos necessários ou a assumir
os encargos inerentes à sua execução, bem como os encargos de funcionamento das infraestruturas por um
período mínimo de 10 anos”.
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Neste caso existe uma relação direta com o conteúdo principal do ato, já que as obras de urbanização a
realizar pelo interessado são aquelas sem as quais a obra em causa não pode ser realizada.
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judicial) tendente a obter o seu cumprimento (e que, nestes casos, corresponde à execução
do contrato celebrado, por força do incumprimento deste).
De todo o modo, e como resulta do n.º 6 do artigo 25.º do RJUE, é imprescindível
que, nestes casos, os encargos a suportar pelo requerente sejam proporcionais à
sobrecarga para as infraestruturas existentes resultante da operação urbanística, o que está
em consonância com o artigo 149.º do CPA que obriga ao respeito dos princípios jurídicos
aplicáveis, concretamente, do princípio da proporcionalidade.
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Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, alterado, sucessivamente, pelo Decreto-Lei n.º
81/2020, de 2 de outubro, pelo Decreto-Lei n.º 25/2021, de 29 de março e pelo Decreto-Lei n.º 45/2022, de
8 de julho.
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Refira-se, desde logo, que, nos termos da lei, a informação prévia favorável
vincula as entidades competentes “... na decisão sobre um eventual pedido de
licenciamento e no controlo sucessivo de operações urbanísticas sujeitas a comunicação
prévia”, embora tal efeito apenas se verifique desde que o pedido de licenciamento ou
apresentação de comunicação prévia seja “efetuado no prazo de um ano após a decisão
favorável do pedido de informação prévia”. Isto significa que a não apresentação do
pedido de licenciamento (ou da comunicação prévia), bem como a sua não apresentação
dentro do referido prazo de um ano se apresentam como factos que, a verificarem-se,
implicam a perda dos efeitos vinculativos (e, portanto, constitutivos de direitos) da
informação emitida, determinando a caducidade desta, configurando uma condição
resolutiva. Nestes casos, as aludidas condições valem como condições potestativas
resolutivas conjugadas com um termo resolutivo (ambas fixadas legalmente39): se
aquelas condições não forem cumpridas naquele prazo, a informação prévia perde a sua
eficácia vinculativa e constitutiva de direitos, ou seja, caduca.
De todo o modo, sempre se dirá que para além da decisão favorável (positiva) −
com os efeitos acabados de referir − ou desfavorável (indeferimento40) do pedido de
informação prévia, é possível a emissão de uma informação prévia favorável
condicionada (condição suspensiva), caso em que a informação prévia se pronuncia pela
viabilidade da pretensão urbanística, desde que sejam cumpridas certas condições
impostas pela Administração, que apenas se podem considerar legítimas enquanto
cláusulas acessórias caso não sejam essenciais à validade do ato. Por exemplo, não é
possível a emissão de uma informação prévia favorável condicionada à alteração do plano
em vigor com o qual a pretensão não está em conformidade, porque o cumprimento dos
instrumentos de planeamento são “condições” de validade e não de eficácia da decisão.
Assim, sempre que o pedido de informação prévia não cumpra normas legais e
regulamentares aplicáveis, a informação prévia deve ser indeferida, identificando quais
as alterações que devem ser promovidas aos projetos por forma a adequarem-se aos
39
Por serem fixadas legalmente, não podem tal condição nem tal termo ser consideradas como cláusulas
acessórias.
40
Nos casos em que a informação é negativa, o legislador exige que a entidade administrativa competente
identifique, quando tal for possível, os termos em que a mesma pode ser revista, de forma a cumprirem-se
as normas estabelecidas (artigo 16º, n.º 4, do RJUE). Esta previsão assume um relevo fundamental na
medida em que uma informação prévia desfavorável emitida nestes termos adquire, tal como a informação
prévia favorável, um conteúdo vinculativo para a câmara municipal se o interessado apresentar um pedido
de licenciamento (ou uma comunicação prévia) que cumpra escrupulosamente com os termos indicados
para a revisão da pretensão. Nesse sentido, expressamente, vide ANTÓNIO DUARTE DE ALMEIDA et
alii, Legislação Fundamental de Direito do Urbanismo, Lisboa, Lex, 1994, p. 831-832.
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normativos aplicáveis.
Da mesma forma, se estivermos perante uma área sujeita a reserva de urbanização
(isto é, uma área onde a ocorrência de concretas operações urbanísticas está dependente
da prévia entrada em vigor de instrumentos de planeamento mais concretos, como planos
de pormenor), não pode a informação prévia ser favorável condicionada (condição
suspensiva) à elaboração entrada em vigor destes instrumentos de planeamento. Se no
momento da decisão sobre o pedido de informação prévia, aqueles planos ainda não
estiverem em vigor, tal pedido terá de ser, necessariamente, indeferido, não havendo
lugar, neste caso, à indicação das condições em que as mesmas poderiam ser deferidas na
medida em que estão em causa circunstancialismos que não se referem ao projeto, mas
aos dispositivos normativos aplicáveis41.
É possível que o que acabamos de afirmar não valha para situações contadas em
que, no momento da prática do ato (informação prévia), o instrumento de planeamento
que enquadra o pedido, embora ainda não “exista” do ponto de vista jurídico (quer porque
ainda não foi aprovado quer porque, tendo-o sido, ainda não foi publicado) é já certo
quanto quer quanto à sua vigência quer quanto ao seu conteúdo42. Neste caso será
possível a emissão de uma informação prévia favorável condicionada (condição
suspensiva) à entrada em vigor do plano, reconduzindo-se esta situação à prevista no n.º
2 do artigo 149.º do CPA (aposição de uma clausula acessória que visa assegurar a
verificação futura de pressupostos legais ainda não preenchidos no momento da prática
do ato). Deve, no entanto, ter-se especial cautela na emissão deste tipo de informação
prévia e na sua fundamentação em face das circunstâncias do caso concreto,
Já a condição de o interessado adquirir o prédio ou parte do prédio sobre o qual
incide o pedido de informação prévia nos casos em que o requerente não detém sobre ele
um direito que lhe permita vir a realizar a operação urbanística, corresponde a uma
verdadeira condição (potestativa) resolutiva43.
Com efeito, atendendo ao facto de a informação prévia apenas ser vinculativa para
a câmara municipal se o interessado tiver formulado o pedido de licenciamento ou
41
Note-se que, muitas vezes, o que está em causa numa informação prévia condicionada, não são
verdadeiras condições (afetadoras apenas da eficácia da decisão), mas condicionalismos legais e
regulamentares de que depende a validade do ato: por exemplo a condição de adequação do projeto a regras
de enquadramento urbanístico indicadas na informação prévia.
42
Por exemplo, porque já foi cumprida, no procedimento de planeamento, a fase de ponderação da
discussão publica estando já consolidado a conteúdo da proposta do plano.
43
Isto é assim porque a legitimidade não é essencial à análise global da pretensão em sede de pedido de
informação prévia. Note-se que, na maior parte das vezes, esta condição não resulta de forma expressa da
decisão de deferimento do pedido de informação prévia, correspondendo, porém, a uma cláusula implícita.
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Ou seja, e dito de outro modo, a regra é incidir sobre o interessado o ónus de adquirir, no prazo de um
ano, o direito que lhe confere legitimidade no procedimento de licenciamento ou de comunicação prévia sb
pena de, não o fazendo, perder o direito que decorre da informação prévia favorável.
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um venire contra factum proprium, que torna o ato (rejeição liminar por falta de
legitimidade) inválido por violação do princípio da boa fé.
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vi. Deixamos aqui o registo de uma outra situação, por nós já tratada noutra sede,
onde defendemos a possibilidade de serem emitidos atos administrativos provisórios e,
ademais, precários46.
45
Naturalmente, o próprio plano pode prever expressamente este tipo de solução, mas consideramos que,
mesmo que não o faça, a mesma é legítima por via da aposição de cláusula acessória (um termo final, por
exemplo) e é, até, exigida por força dos princípios jurídicos.
46
FERNANDA PAULA OLIVEIRA, Nulidades Urbanísticas: Casos e Coisas, Coimbra, Almedina, 2011,
22
Texto a integrar os Estudos em Homenagem ao Doutor João Caupers – no prelo
p. 122 e ss.
47
Note-se que o Decreto-Lei n.º 804/76, de 6 de novembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 90/77, de 9 de
Março, atinente às áreas de construção clandestina, previa já a manutenção temporária de obras ilegais.
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Texto a integrar os Estudos em Homenagem ao Doutor João Caupers – no prelo
utilização em falta.
Em face de algumas situações práticas com que fomos sendo confrontadas,
concluímos que, muitas vezes, a simples manutenção (passiva) dos edifícios pode revelar-
se violadora do princípio da igualdade: basta, no primeiro exemplo, que alguns dos
armazéns já tivessem obtido autorização de utilização antes da declaração da nulidade e
outros não ou, no segundo exemplo, que algumas frações autónomas tivessem obtido
autorização de utilização ao contrário de outras. A manutenção passiva dos edifícios e
dos usos, conduzira a que uns os pudessem utilizar normalmente, ainda que de forma
provisória, e outros não.
Assim, o que então deixamos à reflexão (e aqui voltamos a fazer) é a possibilidade
de, por um lado, permitir, estando em vias de (ou sendo expectável) a regularização, a
manutenção provisória dos atos nulos (tolerando que eles produzam os efeitos práticos a
que tendem, sabendo que, do ponto de vista jurídico e no plano dos conceitos, não
produzem efeitos jurídicos) e, por outro lado, e mais ativamente, permitir a emanação,
com carácter precário e com efeitos limitados, de novos atos incompatíveis com a
declaração de nulidade.
Esta é, bem o sabemos, uma solução “no fio da navalha”, mas que, em nosso
entender, pode até ser exigida pelos mais elementares princípios que devem reger a
atuação administrativa, de que é exemplo o princípio da proporcionalidade − princípio
que tem sido invocado como justificador da demolição como solução de última instância,
mesmo nos casos em que há declaração de nulidade a exigir, em certas situações, uma
tolerância não apenas passiva, mas também ativa de edificações (ou outras operações)
ilegais. Nestes caso, permitir a emissão de atos administrativos de gestão urbanística no
decurso do procedimento de regularização parece, de facto, a solução mais consentânea
com o princípio da proporcionalidade: por um lado porque, mesmo que se venha a
concluir que não é possível, afinal, a regularização do edificado, a indeminização a pagar
ao abrigo do artigo 70.º do RJUE será menor − precisamente por os interessados terem
estado entretanto a dar um uso normal aos seus imóveis, os seus prejuízos serão menores
do que se tivessem estado impedidos de o fazer−; por outro lado porque estes atos, embora
permitindo a utilização normal do imóvel, apenas o consentem de forma meramente
provisória ou temporária.
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Texto a integrar os Estudos em Homenagem ao Doutor João Caupers – no prelo
uma ordem de embargo cujos pressupostos para a respetiva adotação são, como se sabe,
estar em curso uma operação urbanística ilegal (designadamente por incumprimento das
normas legais e regulamentares aplicáveis).
Trata-se de um exemplo que se prende com a comunicação prévia prevista no RJUE,
que é uma mera comunicação prévia, por não ser exigida a prática de qualquer ato
permissivo para que o interessado execute a sua pretensão.
Com esta configuração, se a pretensão do interessado, objeto de comunicação
prévia, não cumprir as normas aplicáveis, não tem agora a Administração como rejeitá-la
para impedir que a operação se inicie, tendo, antes, de reagir à mesma, se ela começar a
ser executada (artigo 35.º, n.º 8). O que implica que a Administração deva, nestes casos,
atuar preventivamente e o mais antecipadamente possível, apreciando, informalmente, a
pretensão de imediato, assim que a comunicação lhe seja feita (para o que tem de vir
instruída com todos os elementos que permitam conhecer a operação), de forma a verificar
se ela cumpre todas as normas aplicáveis e, caso tal não aconteça, obstando à sua
execução, adotando o mais antecipadamente possível as medidas adequadas para o efeito.
Como já tivemos oportunidade de afirmar a outro propósito48, o termo fiscalização
sucessiva utilizado no n.º 8 do artigo 35.º do RJUE não é o mais adequado para caraterizar
a tarefa que a Administração municipal tem de levar a cabo em face de uma comunicação
prévia de uma operação urbanística, já que não tem a mesma configuração que a
tradicional tarefa técnica de fiscalização de obras. O que aqui está em causa é um controlo
(e não uma fiscalização), que não é preventivo (portanto, é sucessivo), mas apenas no
sentido de que não tendo a Administração como impedir o particular de iniciar a operação
que lhe comunicou (pois o início desta não está dependente “de qualquer ato permissivo”),
não lhe resta alternativa que não seja reagir à sua execução (o que só sucede em momento
posterior ao seu início).
Ou seja, e em suma, sendo apresentada uma comunicação prévia à Administração –
a qual permite que o interessado realize imediatamente a operação urbanística sem
dependência de quaisquer atos permissivos municipais –, deve ser feita, de imediato, uma
apreciação técnica do projeto e, detetadas desconformidades com as normas legais e
regulamentares, devem também de imediato ser desencadeadas todas as medidas
necessárias para evitar que a operação se concretize (execute), sem prejuízo de, preventiva
e antecipadamente, se informar o interessado dessas desconformidades, bem como do
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FERNANDA PAULA OLIVEIRA, et alii, Regime Jurídico da Urbanização e Edificação cit., p 365.
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Texto a integrar os Estudos em Homenagem ao Doutor João Caupers – no prelo
IV. CONCLUSÕES
Terminamos o nosso percurso concluindo que os atos administrativos de gestão
urbanística podem ser sujeitos a uma condição (suspensiva ou resolutiva), a um termo
(inicial ou final), a um ou vários modos ou a uma reserva (seja de revogação, seja de
modo).
A possibilidade de mobilização destas cláusulas acessórias nunca é referida no
RJUE, mas as mesmas podem ser aqui mobilizadas por força da aplicação supletiva a estes
atos do regime previsto no artigo 149.º do CPA.
Consideramos que esta nossa conclusão − que, juridicamente, é mais uma
constatação −, se apresenta como útil não propriamente para os juristas (que estão
habituadas a fazer uma aplicação sistemática das várias normas que compõe o nosso
ordenamento jurídico e, por isso, facilmente chegam à mesma conclusão), mas para os
técnicos de outras áreas que têm de aplicar o RJUE no seu dia a dia (designadamente
técnicos municipais), tornando óbvia a resposta que deve ser dada à afirmação que, com
frequência ouvimos por parte deles: de que uma certa decisão (por exemplo, uma licença
precária) não é possível, porque tal não está previsto no RJUE.
A resposta a esta dúvida, julgamos nós, resulta clara do presente texto: não está
prevista no RJUE, mas está no CPA, que é supletivamente aplicável.
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