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Introdução
É por esta razão que Sérvulo Correia designa estes acordos como “contratos obrigacio-
nais” já que a administração se obriga a “emitir subsequentemente um certo ato admi-
nistrativo” por contraposição aos “atos decisórios”.
Estes acordos podem ter outro objeto que a não a emissão de um ato administrativo,
continuando a se poder designar por contratos obrigacionais (neste caso, em sentido
amplo, porque a Administração se obriga a executar certa prestação.
A verdade é que no plano formal, segundo Paulo Otero, a decisão continua a ser unila-
teral, uma vez que assume a forma de ato administrativo, não deixam de ser verdadeiros
atos administrativos por serem fundados em acordos prévios.
Os atos administrativos não são apenas contratos, eles têm a nota a administratividade
→ Nos casos em que a administração se obriga a emiti um certo ato, não há dúvidas
de que estamos perante contratos administrativos “por natureza” visto que está
em causa a regulação do exercício do poder público
→ Quando apenas se pretende estabelecer certos aspetos do procedimento, existe
um condicionamento do modo de exercício do poder público, uma vez que a Ad-
ministração fica obrigada a adotar certa conduta no decurso do procedimento
Segundo Sérvulo Correia, estes contratos apenas são admissíveis dentro da margem de
decisão administrativa
Sendo estes acordos verdadeiros contrato administrativo deve ser aplicado o regime do
Código dos Contratos Públicos
→ Não faz sentido a aplicação de regras da contratação pública, pois decorrem den-
tro do próprio procedimento administrativo, não tendo por objeto “prestações
que estão ou sejam suscetíveis de estar submetidas à concorrência do mercado”
(art.º 16/1 CCP)
→ Para além disso são contratos sobre o exercício de poderes públicos o que repre-
senta uma objeção intrínseca à sujeição dos mesmos aquelas regras
→ Desta forma o legislador no art.º 5B/2/b do CCP remete “com as necessárias al-
terações” ao regime do CPA
Material: o acordo tem de ser compatível com a natureza das relações a estabelecer
A finalidade
A vinculatividade
Em qualquer dos tipos contratuais endoprocedimentais perfilados pela lei, deixa de ser
necessário o recurso aos princípios gerais de direito, mormente ao da boa-fé, para
afirmar a vinculatividade jurídica dos mesmos.
Na hipótese de tais acordos serem celebrados em momento que anda não haja absoluta
certeza do sentido da decisão final, deverão sê-lo sob reserva da manutenção dos
elementos de facto e de direito em que assentou a decisão de contratar.
O objeto
Existe uma relação de dependência entre o ato administrativo que põe termo ao
procedimento e o acordo endoprocedimental, por se tratar de um “ato-promessa”.
Ainda que a obrigação seja contratualmente exigível, o que deve prevalecer para
efeitos de executoriedade da mesma é, não o regime do contrato, mas o regime do
ato, porquanto este, a partir do momento em que a Administração se vincula à sua
emissão com um certo conteúdo, deve considerar-se como um “ato-promessa”.
Por fim, se o acordo endoprocedimental é, por definição, um acordo dentro do
procedimento, então naturalmente, que esse ato é devido nos termos exigidos pelo
CPA e não por decorrência de uma obrigação contratual.
Conclusões