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Nesses casos, a cláusula resolutiva expressa somente operará efeitos depois de

atendida a formalidade legal, conforme dispõe o Decreto-Lei n. 745/1969, que trata

da resolução de promessa de compra e venda de imóvel.

De qualquer forma, o inadimplemento absoluto é uma justa causa para a resolução

contratual mesmo quando não exista cláusula expressa nesse sentido.

Por esse motivo, o art. 474 do CC também fala em cláusula resolutiva tácita. Essa

modalidade depende, contudo, de interpelação judicial para produzir efeitos.

O princípio da conservação do contrato tem como objetivo a manutenção do vínculo

entre as partes e, principalmente, dos seus efeitos, no todo ou em parte, de forma a

permitir que o negócio seja útil, tanto quanto possível, e compatível com a sua

função social.

No nosso ordenamento, tal princípio se manifesta por meio de diversos

institutos jurídicos, tais como:

​ conversão substancial – art. 170 do CC;


​ confirmação expressa ou tácita – art. 172 do CC;
​ conversão formal – art. 183 do CC – e
​ redução da parte inválida – art. 184 do CC.

Após o término do contrato, todos os fatos supervenientes serão considerados

pós-contratuais. Normalmente, tais acontecimentos se mostram indiferentes, mas,

por vezes, podem gerar situações prejudiciais a uma das partes e ser tuteláveis pelo

ordenamento jurídico, como no caso da evicção ou da violação da boa-fé

pós-contratual.

CONCLUSÃO
Neste módulo, debruçamo-nos sobre as formas e as consequências do término de

um contrato. Como toda relação social, quanto mais longa for a sua duração, mais

aspectos relevantes estarão envolvidos quando da sua extinção.

Com este módulo, concluímos a análise de todo o processo contratual,

proporcionando uma visão ampla e atual desse poderoso e indispensável

instrumento jurídico.

Chegamos ao final da disciplina Direito Contratual. Nela vimos que, atualmente, o

jogo legítimo dos negócios passou a exigir dos contratantes um comportamento

mais colaborativo e consistente com um resultado contratual que represente

vantagens justas para todas as partes, e não somente para aquela que detenha uma

posição de superioridade na negociação.

Foi-se o tempo em que o contrato representava um exercício de pura liberdade,

pautado, exclusivamente, em um interesse econômico particular não proibido.

Antes o propósito dos contratantes se pautava, exclusivamente, na obtenção do seu

próprio lucro e na satisfação individual, podendo, para isso, atuar sem

preocupações maiores em relação à outra parte ou a interesses sociais. A conduta

vedada era, portanto, tão somente a conduta de má-fé, caracterizada pela

inequívoca intenção de enganar a outra parte, o que é de difícil prova para a parte

lesada.

Hoje a boa-fé se impôs à autonomia da vontade, transformando-a em autonomia

privada, o que representa uma transformação nos seus paradigmas, que passam a

impor um novo direito comprometido com o fato concreto, e não mais com modelos

abstratos e ideais do passado. A tutela da confiança representaria, dessa forma, um

avanço econômico para todos os envolvidos, pois permitiria a redução de custos


com mecanismos de proteção para a tomada de decisão, permitindo acreditar que

as informações relevantes serão, necessariamente, fornecidas pelo outro.

Entretanto, como observado, em um ambiente de intervenção do Estado e redução

da liberdade, a atuação do Estado-Juiz no conteúdo dos contratos exige que as

medidas judiciais sejam compatíveis com os preceitos do sistema e especialmente

estáveis, sob pena de representarem um desvio, uma anomalia no processo de

evolução das relações contratuais, e acabarem por retrair a livre iniciativa.

Não por acaso, fala-se em uma nova crise do contrato, gerada pela incerteza de que

os pactos sejam mesmo cumpridos nos moldes ajustados. Isso leva as partes à

elaboração de longos modelos contratuais, com muitas e muitas cláusulas, cujo

objetivo central seria o de restringir a atuação jurisdicional na interpretação das

lacunas. Contraditoriamente, essa postura leva à elevação dos custos de

contratação.

Finalmente, resta reconhecermos que, se todos cumprirem o seu papel nesse novo

ambiente contratual, a chamada nova crise não terá passado de uma agitação

natural que antecede um novo tempo, em que o contrato como conhecido no

passado, realmente, não mais terá lugar. Isso não significará o fim da liberdade ou a

era da desconfiança, mas, ao contrário, um ambiente de maior estabilidade e

segurança amparada, justamente, na probidade e na boa-fé das partes envolvidas,

cada uma desempenhando, sem surpresas ou vantagens exageradas, o seu papel.

Obrigado por ter-nos acompanhado até aqui e bons estudos!

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