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Princípios Contratuais
Princípios liberais ou individuais: Princípios sociais:

Autonomia privada; Boa-fé;

Relativismo contratual; Função social do contrato;

Força obrigatória / vinculante dos Equivalência material ou equilíbrio


contratos. contratual

A Autonomia Privada - Artigo 1º, caput e inciso IV da Constituição


Federal;
Os particulares possuem poder de fazer suas próprias regras, desde que estejam dentro das
regras estabelecidas pela lei e respeitem o que é importante para a sociedade. Esse poder de criar
suas próprias regras, mas dentro dos limites da lei, é chamado de autonomia privada. Antigamente,
a autonomia da vontade não tinha limites, mas agora a autonomia privada precisa levar em
consideração o que é certo para a sociedade, não sendo ilimitada como antes.
Liberdade de Contratar, de Escolha do Conteúdo Contratual e do Contratado - liberdade de
contratar envolve a escolha de contratar ou não, definir o conteúdo contratual e a possibilidade de
escolher quem será o contratado, mas é influenciada por aspectos como boa-fé, função social e
alguns serviços essenciais que não oferecem essa escolha.

A Força Obrigatória ou Vinculante dos Contratos

🖤 “Pacta sunt servanda" - o contrato faz lei entre as partes;

Princípios Contratuais 1
Quando um contrato é acordado, ele se torna uma regra legal e obriga as partes a cumprirem suas
obrigações, com a possibilidade de intervenção do Estado em caso de descumprimento. Isso é
vital para a segurança jurídica dos negócios.

Deve-se destacar a importância do princípio da obrigatoriedade dos contratos, que ainda está em
vigor, pois ajuda a manter a estabilidade das relações contratuais ao gerar confiança no
cumprimento do contrato. Embora a regra seja que os contratos devem ser cumpridos como
acordados e não podem ser modificados por terceiros, em situações excepcionais e com
justificação adequada, o juiz pode alterar os termos do contrato.

Teoria da Imprevisão - Cláusula REBUS SIC STANTIBUS


A Teoria da Imprevisão, também conhecida como Cláusula Rebus Sic Stantibus, é aplicada quando
ocorre um evento novo, imprevisível e extraordinário que afeta a base econômica de um contrato
de longo prazo, causando um desequilíbrio significativo, onde uma parte é prejudicada e a outra se
beneficia excessivamente. Nesse cenário, o contrato pode ser revisto ou até mesmo cancelado.

Seção IV
Da Resolução por Onerosidade Excessiva
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes
se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as
condições do contrato.

Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear
que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a
onerosidade excessiva.

Contrato de execução continuada, periódica ou de trato sucessivo:

Renova-se ao longo do tempo, durante um período ou de forma indefinida, como um


contrato de locação.

Contrato de execução diferida:

A execução ocorre em um momento futuro, mesmo que seja feita de uma vez, como uma
compra e venda com entrega do produto em uma data posterior.

Contrato de execução imediata:

A execução ocorre imediatamente, sem espera, como no pagamento e entrega imediata de


um objeto.

Contrato comutativo:

Contrato em que é possível antecipadamente avaliar o equilíbrio entre custos e benefícios para
ambas as partes - Oneroso e Bilateral

Contratos aleatórios:

Permitem a revisão ou resolução por onerosidade excessiva, desde que o evento


imprevisível não esteja relacionado à sorte assumida no contrato.

Acontecimento de Fato Novo, Superveniente, Imprevisível e Extraordinário

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Evento inesperado, que não era previsível no momento do contrato e não foi causado pelas
partes.

Alteração da base econômica do contrato:

Gera desequilíbrio significativo na relação contratual, resultando em onerosidade excessiva


para uma parte e vantagem extrema para a outra, em comparação com a situação original.

Verificada a Imprevisão, O Que Fazer?


Revisão do contrato:

Se possível, os negócios jurídicos devem ser mantidos. O réu pode oferecer modificações
justas nas condições do contrato (Artigo 479 do CC).

🖤 Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar


eqüitativamente as condições do contrato.

Resolução contratual:

Se não for possível a revisão, a opção é a resolução do contrato, que significa sua extinção
e o retorno ao estado anterior (status quo ante).

A Boa-Fé Objetiva

🖤 Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,


como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Uma regra geral aplicável a todas as relações legais na sociedade. Envolve o comportamento das
partes em uma relação jurídica de cooperação, não se relacionando com seus estados mentais
pessoais. Ela impõe padrões de conduta, como correção, cuidado, segurança, informação,
cooperação e sigilo. Exige que as partes ajam de forma a garantir o cumprimento do contrato
conforme o planejado e o benefício de ambas as partes.

Esse princípio promove honestidade, respeito mútuo e a obrigação de fornecer informações claras
e verdadeiras nas relações.

A Boa-Fé Objetiva Desdobramentos


Venire contra factum proprium: Significa "vir contra um fato próprio". Refere-se à situação em que
não é razoável que alguém realize certos atos e, em seguida, adote uma conduta completamente
oposta. É a proibição do comportamento contraditório.

🖤 Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em


parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.

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🖤 Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra
parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior.

🖤 Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o
permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.

Supressio: É a redução do conteúdo obrigacional, ocorrendo quando um direito não é exercido por
um tempo considerável, e exercê-lo contrariaria a boa-fé e as expectativas da relação jurídica.
Surrectio: É o oposto da supressio, envolvendo a ampliação do conteúdo obrigacional. Isso
acontece quando práticas, usos e costumes locais criam um direito não acordado inicialmente,
como um local diferente de pagamento estabelecido no Artigo 330 do CC.

🖤 Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do
credor relativamente ao previsto no contrato.

A Função Social dos Contratos


Temperamento da liberdade contratual: Refere-se a uma mudança nas ideias sobre a
liberdade de fazer contratos. Isso está relacionado à transição do Estado Liberal para o Estado
Social.

Origem na transição: Essa mudança de perspectiva tem suas raízes na revisão do direito
subjetivo de propriedade. A simples posse da propriedade não é mais suficiente.

Superação do individualismo e patrimonialismo: Isso envolve superar a ideia de que a


liberdade contratual é apenas para benefício individual e patrimonial.

Flexibilização em prol do coletivo: Existe uma flexibilização do direito de propriedade em


direção ao bem-estar coletivo e social.

A função do contrato mudou devido a uma nova realidade marcada por uma dinâmica negocial
centrada no lucro, um grande volume de contratos e a perda de equilíbrio entre as partes,
resultando na necessidade de reavaliação do contrato.

A função social do contrato impõe limites à liberdade contratual, garantindo que os negócios
jurídicos estejam em consonância com o interesse social. Contratos que não cumprem essa função
são nulos. O negócio jurídico deve representar tanto os interesses individuais quanto o interesse
social geral.

Função social do contrato:

Individual: Relacionada aos contratantes que buscam seus próprios interesses por meio do
contrato.

Coletivo: Refere-se ao interesse da coletividade, priorizando o bem social sobre o particular.

Para que um contrato exerça sua função social, é essencial equilibrar a autonomia privada, a boa-
fé objetiva e o equilíbrio contratual, buscando alcançar o bem comum que beneficie os
envolvidos diretos e a coletividade em geral.

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O Equilíbrio Contratual
Autonomia da vontade e a função social do contrato necessitam de um equilíbrio entre os
contratantes, garantindo que o mais forte não sobreponha seus interesses sobre o mais fraco,
especialmente em contratos envolvendo partes desiguais, onde é essencial compensar a
vulnerabilidade do contratante mais fraco.
Direito do trabalho – CLT;
Direito do consumidor;

Artigo 6º, inciso V e artigo 51 do CDC;

Desequilíbrio contratual. Ex. cláusulas que excluem a


garantia de produtos, que prevejam a venda casada, que
limitem direitos do consumidor.

Teoria da imprevisão (art. 478, do CC); revisão de cláusula penal abusiva (art. 413, do CC);
interpretação das cláusulas do contrato de adesão pró aderente (art. 423, do CC); nulidade de
renúncia antecipada no contrato de adesão (art. 424, do CC).

Princípios Contratuais 5

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