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Lei Henry do
Borel
Lei 14.344 de 2022
Medidas protetivas
Entre outros pontos, a Lei Maria da Penha é tomada como referência pela Lei Henry Borel, como
na adoção de medidas protetivas, procedimentos policiais e legais e de assistência médica e
social.
A exemplo do que ocorre no âmbito da violência contra a mulher, aos crimes praticados contra
crianças e adolescentes, independentemente da pena prevista, não poderão ser aplicadas as
regras válidas em juizados especiais. Proíbe-se, assim, a conversão da pena em cesta básica
ou em multa de forma isolada.
Se houver risco iminente à vida ou à integridade da vítima, o agressor deverá ser afastado
imediatamente do lar ou local de convivência. Em qualquer fase do inquérito policial ou da
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, mas o juiz poderá revogá-la se
verificar falta de motivo para a manutenção.
Homicídio qualificado
A nova lei altera o Código Penal para considerar o homicídio contra menor de 14 anos um tipo
qualificado com pena de reclusão de 12 a 30 anos, aumentada de 1/3 à metade se a vítima é
pessoa com deficiência ou tem doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade.
O aumento será de até 2/3 se o autor for ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge,
companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver
autoridade sobre ela.
Dever de denunciar
A nova lei atribui o dever de denunciar a violência a qualquer pessoa que tenha conhecimento
dela ou a presencie, seja por meio do Disque 100 da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, ao
conselho tutelar ou à autoridade policial.
Se não comunicar, poderá ser condenada a pena de detenção de seis meses a três anos,
aumentada da metade, se dessa omissão resultar lesão corporal de natureza grave, e triplicada,
se resultar morte. Por outro lado, a lei exige medidas e ações para proteger e compensar a
pessoa que denunciar esse tipo de crime.
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Das Medidas Protetivas de Urgência à Vítima Art. 22. Caberá ao Ministério Público, sem
prejuízo de outras atribuições, nos casos de
Art. 21. Poderá o juiz, quando necessário, sem violência doméstica e familiar contra a criança e o
prejuízo de outras medidas, determinar: adolescente, quando necessário:
I - a proibição do contato, por qualquer meio, entre I - registrar em seu sistema de dados os casos de
a criança ou o adolescente vítima ou testemunha violência doméstica e familiar contra a criança e o
de violência e o agressor; adolescente;
II - o afastamento do agressor da residência ou do II - requisitar força policial e serviços públicos de
local de convivência ou de coabitação; saúde, de educação, de assistência social e de
III - a prisão preventiva do agressor, quando segurança, entre outros;
houver suficientes indícios de ameaça à criança III - fiscalizar os estabelecimentos públicos e
ou ao adolescente vítima ou testemunha de particulares de atendimento à criança e ao
violência; adolescente em situação de violência doméstica e
IV - a inclusão da vítima e de sua família natural, familiar e adotar, de imediato, as medidas
ampliada ou substituta nos atendimentos a que administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a
têm direito nos órgãos de assistência social; quaisquer irregularidades constatadas.
V - a inclusão da criança ou do adolescente, de
familiar ou de noticiante ou denunciante em CAPÍTULO VI
programa de proteção a vítimas ou a testemunhas; DA PROTEÇÃO AO NOTICIANTE OU
VI - no caso da impossibilidade de afastamento do DENUNCIANTE DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E
lar do agressor ou de prisão, a remessa do caso FAMILIAR
para o juízo competente, a fim de avaliar a
necessidade de acolhimento familiar, institucional Art. 23. Qualquer pessoa que tenha
ou colação em família substituta; conhecimento ou presencie ação ou omissão,
VII - a realização da matrícula da criança ou do praticada em local público ou privado, que
adolescente constitua
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constitua violência doméstica e familiar contra a realizada, seja coagido ou exposto a grave
criança e o adolescente tem o dever de comunicar ameaça, poderá requerer a execução das
o fato imediatamente ao serviço de recebimento e medidas de proteção previstas na Lei nº 9.807, de
monitoramento de denúncias, ao Disque 100 da 13 de julho de 1999, que lhe sejam aplicáveis.
Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos do § 6º O Ministério Público manifestar-se-á sobre a
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos necessidade e a utilidade das medidas de
Humanos, ao Conselho Tutelar ou à autoridade proteção formuladas pelo noticiante ou
policial, os quais, por sua vez, tomarão as denunciante e requererá ao juiz competente o
providências cabíveis. deferimento das que entender apropriadas.
§ 7º Para a adoção das medidas de proteção,
Art. 24. O poder público garantirá meios e
considerar-se-á, entre outros aspectos, a
estabelecerá medidas e ações para a proteção e a
gravidade da coação ou da ameaça à integridade
compensação da pessoa que noticiar informações
física ou psicológica, a dificuldade de preveni-las
ou denunciar a prática de violência, de tratamento
ou de reprimi-las pelos meios convencionais e a
cruel ou degradante ou de formas violentas de
sua importância para a produção de provas.
educação, correção ou disciplina contra a criança
§ 8º Em caso de urgência e levando em
e o adolescente.
consideração a procedência, a gravidade e a
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
iminência da coação ou ameaça, o juiz
Municípios poderão estabelecer programas de
competente, de ofício ou a requerimento do
proteção e compensação das vítimas, das
Ministério Público, determinará que o noticiante
testemunhas e dos noticiantes ou denunciantes
ou denunciante seja colocado provisoriamente
das condutas previstas no caput deste artigo.
sob a proteção de órgão de segurança pública,
§ 2º O noticiante ou denunciante poderá requerer
até que o conselho deliberativo decida sobre sua
que a revelação das informações de que tenha
inclusão no programa de proteção.
conhecimento seja feita perante a autoridade
§ 9º Quando entender necessário, o juiz
policial, o Conselho Tutelar, o Ministério Público ou
competente, de ofício, a requerimento do
o juiz, caso em que a autoridade competente
Ministério Público, da autoridade policial, do
solicitará sua presença, designando data e hora
Conselho Tutelar ou por solicitação do órgão
para audiência especial com esse fim.
deliberativo concederá as medidas cautelares
§ 3º O noticiante ou denunciante poderá
direta ou indiretamente relacionadas à eficácia da
condicionar a revelação de informações de que
proteção.
tenha conhecimento à execução das medidas de
proteção necessárias para assegurar sua
CAPÍTULO VII
integridade física e psicológica, e caberá à
DOS CRIMES
autoridade competente requerer e deferir a
adoção das medidas necessárias.
Art. 25. Descumprir decisão judicial que defere
§ 4º Ninguém será submetido a retaliação, a
medida protetiva de urgência prevista nesta Lei:
represália, a discriminação ou a punição pelo fato
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
ou sob o fundamento de ter reportado ou
anos.
denunciado as condutas descritas no caput deste
§ 1º A configuração do crime independe da
artigo.
competência civil ou criminal do juiz que deferiu a
§ 5º O noticiante ou denunciante que, na
medida.
iminência de revelar as informações de que tenha
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a
conhecimento, ou após tê-lo feito, ou que, no
autoridade judicial poderá conceder fiança.
curso de investigação, de procedimento ou de
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a
processo instaurado a partir de revelação
aplicação de outras sanções cabíveis.
realizada
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Art. 26. Deixar de comunicar à autoridade pública consequências e à frequência das formas de
a prática de violência, de tratamento cruel ou violência contra a criança e o adolescente para a
degradante ou de formas violentas de educação, sistematização de dados nacionalmente
correção ou disciplina contra criança ou unificados e a avaliação periódica dos resultados
adolescente ou o abandono de incapaz: das medidas adotadas;
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos. VIII - o respeito aos valores da dignidade da
§ 1º A pena é aumentada de metade, se da pessoa humana, de forma a coibir a violência, o
omissão resulta lesão corporal de natureza grave, tratamento cruel ou degradante e as formas
e triplicada, se resulta morte. violentas de educação, correção ou disciplina;
§ 2º Aplica-se a pena em dobro se o crime é IX - a promoção e a realização de campanhas
praticado por ascendente, parente consanguíneo educativas direcionadas ao público escolar e à
até terceiro grau, responsável legal, tutor, sociedade em geral e a difusão desta Lei e dos
guardião, padrasto ou madrasta da vítima. instrumentos de proteção aos direitos humanos
das crianças e dos adolescentes, incluídos os
CAPÍTULO VIII canais de denúncia existentes;
X - a celebração de convênios, de protocolos, de
DISPOSIÇÕES FINAIS
ajustes, de termos e de outros instrumentos de
promoção de parceria entre órgãos
Art. 27. Fica instituído, em todo o território
governamentais ou entre estes e entidades não
nacional, o dia 3 de maio de cada ano como Dia
governamentais, com o objetivo de implementar
Nacional de Combate à Violência Doméstica e
programas de erradicação da violência, de
Familiar contra a Criança e o Adolescente, em
tratamento cruel ou degradante e de formas
homenagem ao menino Henry Borel.
violentas de educação, correção ou disciplina;
Art. 28. O caput do art. 4º da Lei nº 13.431, de 4 XI - a capacitação permanente das Polícias Civil e
de abril de 2017, passa a vigorar acrescido do Militar, da Guarda Municipal, do Corpo de
seguinte inciso V: Bombeiros, dos profissionais nas escolas, dos
“Art.4º................................................................................................ Conselhos Tutelares e dos profissionais
V - violência patrimonial, entendida como qualquer pertencentes aos órgãos e às áreas referidos no
conduta que configure retenção, subtração, inciso II deste caput, para que identifiquem
destruição parcial ou total de seus documentos situações em que crianças e adolescentes
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos vivenciam violência e agressões no âmbito familiar
econômicos, incluídos os destinados a satisfazer ou institucional;
suas necessidades, desde que a medida não se XII - a promoção de programas educacionais que
enquadre como educacional. disseminem valores éticos de irrestrito respeito à
..................................................................................................” (NR) dignidade da pessoa humana, bem como de
programas de fortalecimento da parentalidade
Art. 29. Os arts. 18-B, 70-A, 70-B, 136, 201 e 226 positiva, da educação sem castigos físicos e de
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto ações de prevenção e enfrentamento da violência
da Criança e do Adolescente), passam a vigorar doméstica e familiar contra a criança e o
com as seguintes alterações: adolescente;
“Art.18-B........................................................................................... XIII - o destaque, nos currículos escolares de
VI - garantia de tratamento de saúde todos os níveis de ensino, dos conteúdos relativos
especializado à vítima. à prevenção, à identificação e à resposta à
..................................................................................................” (NR) violência doméstica e familiar.
“Art.70-A.......................................................................................... ..................................................................................................” (NR)
VII - a promoção de estudos e pesquisas, de “Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que
estatísticas e de outras informações relevantes às atuem nas áreas da saúde e da educação, além
consequências daquelas
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daquelas às quais se refere o art. 71 desta Lei, disciplina contra a criança e o adolescente;
entre outras, devem contar, em seus quadros, com XX - representar à autoridade judicial ou ao
pessoas capacitadas a reconhecer e a comunicar Ministério Público para requerer a concessão de
ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos de crimes medidas cautelares direta ou indiretamente
praticados contra a criança e o adolescente. relacionada à eficácia da proteção de noticiante
..................................................................................................” (NR) ou denunciante de informações de crimes que
“Art.136............................................................................................. envolvam violência doméstica e familiar contra a
XIII - adotar, na esfera de sua competência, ações criança e o adolescente.
articuladas e efetivas direcionadas à identificação .................................................................................................” (NR)
da agressão, à agilidade no atendimento da “Art.201............................................................................................
criança e do adolescente vítima de violência XIII - intervir, quando não for parte, nas causas
doméstica e familiar e à responsabilização do cíveis e criminais decorrentes de violência
agressor; doméstica e familiar contra a criança e o
XIV - atender à criança e ao adolescente vítima ou adolescente.
testemunha de violência doméstica e familiar, ou .................................................................................................” (NR)
submetido a tratamento cruel ou degradante ou a
“Art.226...........................................................................................
formas violentas de educação, correção ou
§ 1º Aos crimes cometidos contra a criança e o
disciplina, a seus familiares e a testemunhas, de
adolescente, independentemente da pena
forma a prover orientação e aconselhamento
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de
acerca de seus direitos e dos encaminhamentos
setembro de 1995.
necessários;
§ 2º Nos casos de violência doméstica e familiar
XV - representar à autoridade judicial ou policial
contra a criança e o adolescente, é vedada a
para requerer o afastamento do agressor do lar, do
aplicação de penas de cesta básica ou de outras
domicílio ou do local de convivência com a vítima
de prestação pecuniária, bem como a substituição
nos casos de violência doméstica e familiar contra
a criança e o adolescente; de pena que implique o pagamento isolado de
XVI - representar à autoridade judicial para multa.” (NR)
requerer a concessão de medida protetiva de Art. 30. O parágrafo único do art. 152 da Lei nº
urgência à criança ou ao adolescente vítima ou 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução
testemunha de violência doméstica e familiar, bem Penal), passa a vigorar com a seguinte redação:
como a revisão daquelas já concedidas; “Art.152............................................................................................
XVII - representar ao Ministério Público para
requerer a propositura de ação cautelar de Parágrafo único. Nos casos de violência
antecipação de produção de prova nas causas doméstica e familiar contra a criança, o
que envolvam violência contra a criança e o adolescente e a mulher e de tratamento cruel ou
adolescente; degradante, ou de uso de formas violentas de
XVIII - tomar as providências cabíveis, na esfera educação, correção ou disciplina contra a criança
de sua competência, ao receber comunicação da e o adolescente, o juiz poderá determinar o
ocorrência de ação ou omissão, praticada em local comparecimento obrigatório do agressor a
público ou privado, que constitua violência programas de recuperação e reeducação.” (NR)
doméstica e familiar contra a criança e o Art. 31. Os arts. 111, 121 e 141 do Decreto-Lei nº
adolescente;
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal),
XIX - receber e encaminhar, quando for o caso, as
passam a vigorar com as seguintes alterações:
informações reveladas por noticiantes ou
“Art.111..............................................................................................
denunciantes relativas à prática de violência, ao
V - nos crimes contra a dignidade sexual ou que
uso de tratamento cruel ou degradante ou de
envolvam violência contra a criança e o
formas violentas de educação, correção ou
adolescente, previstos neste Código ou em
disciplina
legislação
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