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Curso: A Lei 13.

431/2017,
regulamentada pelo Decreto
nº 9.603/2018 e a
implantação dos Centros de
Referência ao Atendimento
Infantojuvenil (CRAIs)
Módulo I
TEMA: A Atuação da Polícia Civil

Palestrante: Eliana Parahyba Lopes


Email: eliana-lopes@pc.rs.gov.br
Sumário

1. ATUAÇÃO DA POLICIA CIVIL E NORMATIVAS

2. FLUXOGRAMA

3. RECOMENDAÇÕES DA COGEPOL/PC/RS
A ATUAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL
E NORMATIVAS
1.1 – A ATUAÇÃO DA POLÍCIA CIVIL:

A Polícia Civil é o órgão responsável pela


investigação da situação de violência, devendo avaliar
se os fatos relatados pela criança ou adolescente vítima
ou testemunha de violência são típicos.

Cabe à Polícia Civil instaurar os processos


investigativos e, após sua conclusão, remeter o
resultado para o Poder Judiciário local, o qual decidirá
sobre o prosseguimento da ação penal.
1.2 - NORMATIVAS:

• Ofício Circular Eletrônico COGEPOL//PC nº 07/2021;

• Parecer DAE/DPGV/PCRS nº 02/2021;

• Resolução nº 2/2019 do CONCPC;

• CONVÊNIO Nº 044/2018 – DEC: Termo de Compromisso -


TJRS, MPRS e Estado do RGS, por intermédio da SSP, com
a interveniência da Polícia Civil.
CONVÊNIO Nº 044/2018 – DEC
(Processo nº 8.2017.0010/001735-4)

• Autorizar/estimular/promover Cursos de Capacitação no


âmbito da Polícia Civil;

• Fomentar a instalação de salas ou espaços destinados


a depoimento especial nas Delegacias de polícia no
Estado do RGS.
FLUXOGRAMA
2 - FLUXOGRAMA

PROCESSAMENTO DA NOTÍCIA DE VIOLÊNCIA:

O processamento da notícia e as providências a serem adotadas


dependem da forma como o Delegado de Polícia toma conhecimento
dos fatos:

❑ Do tipo de crime(s) em tese ocorrido(s): TC, IP ou PAI;


❑ Do momento em que os fatos aconteceram (APF) ou (AAFA);
❑ Do Comunicante: PM, CT, MP, Escola, responsável ou vítima.
A REVELAÇÃO da violência pela vítima diretamente na Polícia
Civil – como o órgão de proteção que também o é, vide o disposto no
artigo 19 do Decreto - poderá realizar a escuta especializada limitada
ao relato estritamente necessário para o cumprimento de sua
finalidade, qual seja, de proteção.

DECRETO 9.603/2018 -
Art. 3º O sistema de garantia de direitos intervirá nas situações de violência contra crianças
e adolescentes com a finalidade de: (...)
IV - prevenir a reiteração da violência já ocorrida;
V - promover o atendimento de crianças e adolescentes para minimizar as sequelas da
violência sofrida (...)
LEI 13,431/20017
Art. 5.º, INC. VI - ser ouvido e expressar seus desejos e opiniões, assim como permanecer
em silêncio.
2 - FLUXOGRAMA
Vale dizer que a lei não estabelece uma preferência sobre qual
profissional deve realizar a escuta especializada, bastando que seja
capacitado!
DECRETO 9.603/2018
Art. 19. A escuta especializada é o procedimento realizado pelos órgãos
da rede de proteção nos campos da educação, da saúde, da assistência
social, da SEGURANÇA PÚBLICA (...)

LEI 11.431/17.
Art. 4º. § 1º (...) serão ouvidos por meio de escuta especializada e depoimento especial.
§ 2º Os órgãos de saúde, assistência social, educação, segurança
pública e justiça adotarão os procedimentos necessários por ocasião da
revelação espontânea da violência.
2 - FLUXOGRAMA
REGISTRO DO BO (Art. 13 e 15 do DECRETO)

2.1 – O registro da ocorrência policial deverá ser assegurado, ainda que a


criança ou o adolescente esteja desacompanhado;

2.2 - Evitar que crianças ou adolescentes estejam presentes no registro do


Boletim de Ocorrência;

2.3 - Não permitir que o relato dos fatos seja feito na frente deles;

2.4 - Priorizar a busca de informações com a pessoa que acompanha a


criança ou o adolescente, de forma a preservá-lo;
2.5 – Poderá ser coletada informação com outros profissionais do
sistema de garantia de direitos da criança que não apenas os
responsáveis (testemunhas);

2.6 - Verificar se houve escuta especializada realizada em outro


equipamento integrante da rede de proteção;

2.7 - Avaliar junto a rede de proteção do seu município se a acolhida ou


realização de atividades por outros serviços dela integrantes atende de
forma menos invasiva e igualmente eficaz aos objetivos da investigação;

2.8 – Utilizar outros meios de obtenção de elementos, sempre tendo a


oitiva da criança e adolescente como ultima ratio probatória.
Tratamento Dispensado: O Policial Civil deve tratar crianças ou
adolescentes como sujeitos de direitos e pessoas em condição peculiar
de desenvolvimento e respeitar seu direito à proteção integral:

❑ Ouvir atenta e calmamente crianças ou adolescentes em caso de


relato espontâneo sobre uma situação de violência e respeitar o seu
silêncio.

❑ Explicar, em linguagem simples, quais serão os próximos passos e


seus direitos (serviços disponíveis, representação jurídica, medidas
de proteção, reparação de danos e qualquer procedimento a que seja
submetido).

Lei 13.431/17, Art. 5 º, inc. V e VI


Decreto 9.603/18, Art. 22, § 3º: A criança ou o adolescente serão respeitados em sua iniciativa de não
falar sobre a violência sofrida.
Perícias: Solicitação das perícias de praxe (psíquica, auto de
verificação de violência e lesões corporais) ao IGP, entre outras
diligências.

O que não fazer? JAMAIS conduzir crianças/adolescentes e o


acusado no mesmo veículo para a unidade policial; JAMAIS permitir que o
acusado cruze ou confronte a vítima e que ela fique exposta à
possibilidade de intimidação quando ambos estiverem no mesmo
ambiente.

Lei 13431/17, Art. 9º: A criança ou o adolescente será resguardado de qualquer


contato, ainda que visual, com o suposto autor ou acusado, OU com outra pessoa
que represente ameaça, coação ou constrangimento.
ENCAMINHAMENTOS:
❑ Para o Conselho Tutelar: é importante dar ciência da possível
situação de violação de direitos, para que o CT possa implementar as
medidas de proteção que lhe competem e auxiliar na cessação de tal
violação. Ressalta-se que, ainda que o procedimento policial conclua
pela insuficiência de provas ou arquivamento da denúncia, o CT
poderá verificar (e atuar) outras situações de vulnerabilidade que
afetem a vítima.

❑ Para atendimento na rede do SGD: Ressalta-se que o atendimento


vai além dos casos de urgência médica, incluindo o acompanhamento
e aconselhamento para a vítima e seus familiares, especialmente aos
serviços de saúde e assistência social.
MEDIDA JUDICIAIS DE PROTEÇÃO: art. 21 da Lei 13.431/2017 (e
11.340/2006):
I- evitar o contato direto da criança ou do adolescente vítima ou
testemunha de violência com o suposto autor da violência;
II - solicitar o afastamento cautelar do investigado da residência ou local
de convivência(...);
III - requerer a prisão preventiva do investigado, quando houver
suficientes indícios de ameaça à criança ou adolescente vítima ou
testemunha de violência;
IV - solicitar aos órgãos socioassistenciais a inclusão da vítima e de sua
família nos atendimentos a que têm direito;
V - requerer a inclusão da criança ou do adolescente em programa de
proteção a vítimas ou testemunhas ameaçadas.
PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS:
❑ Não há necessidade do Depoimento Especial na Delegacia, nem da
produção antecipada de provas: entende-se que o procedimento está
adequadamente instruído e pronto para ser concluído, devendo ser
encaminhado ao Judiciário.

❑ Representação ao MP pela produção antecipada de provas: diante da


apuração de elementos mínimos de autoria e materialidade, a
autoridade policial representará ao MP pela PRODUÇÃO ANTECIPADA
DE PROVA para coleta do depoimento especial judicial, quando a
criança tiver menos de 7 anos, nos casos de violência sexual, em qq
idade, e, se maiores de 7 anos, sempre que a demora puder causar
prejuízo ao desenvolvimento da criança ou adolescente (art. 21, VI e
11, § 1º, incisos I e II).
❑ Necessidade de oitiva da criança ou adolescente vítima ou
testemunha de qualquer tipo de violência (inclusive sexual): é ultima
ratio, MAS PODERÁ ser realizada em sede de investigação
policial em casos imprescindíveis/excepcionais.

1) Se escuta, apenas para que cumprir a finalidade de proteção e


encaminhamentos necessários. Ex: MPU, vide artigo 21 da Lei.
2) Depoimento Especial: Finalidade produção de prova.

Flagrante delito;
Autoria desconhecida;
Falta de elementos para Ação Cautelar.
RECOMENDAÇÕES DA
COGEPOL/PC/RS
REALIZAÇÃO da ESCUTA E/O DEPOIMENTO
ESPECIAL, de forma excepcional, e, SEMPRE,
mediante despacho fundamentado que demonstre a
necessidade da medida, lembrando que a escuta
especializada não possui fins probatórios.

E nas melhores acomodações possíveis do órgão


policial, seguindo os protocolos de entrevista forense
brasileira adotados pela Resolução 02/2019 do CNCPC,
com registro audiovisual, utilizando os meios
tecnológicos disponíveis na Delegacia.
ARTIGO 9º Lei nº13.431 de 2017:
(...) o ato ocorra sem qualquer espécie de
contato com pessoa que represente possibilidade de
ameaça, constrangimento ou coação.

ARTIGO 10. Local apropriado e acolhedor,


com infraestrutura e espaço físico que garantam a
privacidade da criança ou do adolescente vítima
ou testemunha de violência.

ARTIGO 20, 26 E 27. Realização por profissional


capacitado que participarão de cursos de
CAPACITAÇÃO para o desempenho adequado
das funções previstas no referido Decreto
REFERÊNCIAS
CHILDLINE. Disponível em www.nspcc.org.uk/glbalssets/ documents/annual-reports/childline-review-under-pressure. pdf.
Acesso em: 03 maio. 2018.
Childhood - https://drive.google.com/drive/folders/11vDPooKdI-r9kDU95rnPh0SOXZxnYyov
Código Penal - Art. 213, 214, 215, 216-A, 217, 217-A, 218, 234.
Constituição Federal – Art.227
Conselho Nacional de Justiça (CNJ)- Recomendação nº 33/2010.
https://atos.cnj.jus.br/files//recomendacao/recomendacao_33_23112010_22102012173311.pdf
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA)- Resolução nº 169/2014.
https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/30167846/do1-2014-12-10-resolucao-n-169-de-13-
de-novembro-de-2014-30167838
CONVÊNIO Nº 044/2018 – DEC: Termo de Compromisso - TJRS, MPRS e Estado do RGS, por intermédio da SSP, com a
interveniência da Polícia Civil;
Decreto nº 9.603, de 10/12/2018. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/d9603.htm
Decreto nº 99.710/1990 Convenção sobre os Direitos da Criança. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-
1994/d99710.htm
Decreto nº 56.157 de 26/10/2021): Alterou o Decreto 54.406/2018 (Regimento Interno da PCRS)
Declaração Universal dos Direitos Humanos Declaração Universal dos Direitos das Crianças
Estatuto da Criança e do Adolescente -Art.3º, 5º, 13,18, 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C, 241-D, 241-E.
Lei 13.431/2017 Escuta Protegida http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13431.htm
Ofício Circular Eletrônico COGEPOL//PC nº 07/2021;
Parecer DAE/DPGV/PCRS nº 02/2021;
Resolução nº 2/2019 do CONCP. http://www.concpc.com.br/res-concpc-02-2019/
Comitê Estadual de Gestão
.RS SEGURO Colegiada da
Rede de Cuidado e de Proteção
Social das Crianças e dos
Adolescentes Vítimas ou
Testemunhas de Violência

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