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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO PLANTONISTA DA VARA DA INFÂNCIA E


JUVENTUDE DA COMARCA DE xxxxxxxx.

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DA BAHIA, através


de sua representante legal ao final assinada, no uso de suas atribuições funcionais e
com fulcro nos artigos 130 e 201, inciso VIII da Lei nº 8069/90 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), com base na Lei nº 13.431/17 e no expediente em
anexo, vem, perante Vossa Excelência, promover AÇÃO CAUTELAR DE
AFASTAMENTO DO AGRESSOR DA MORADIA COMUM contra
XXXXXXXX, brasileiro, residente na XXXXX, Tel. e em benefício da
criança/adolescente, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

DOS FATOS

O requerido na presente ação, Sr.XXXXXXX, é companheiro e


convive maritalmente com a Sra. XXXXXX, genitora da criança XXXXX e/ou do
adolescente XXXXX, conforme se depreende da documentação ora colacionada.

Todos acima mencionados coabitam na mesma residência,


situada na XXXXXX, nesta cidade.

A notícia de fato em anexo foi encaminhada pelo Conselho Tutelar,


narrando situação de risco em que se encontram as crianças/adolescentes acima
citados. Segundo o órgão protetivo, os menores foram desligados de entidade de
acolhimento, após longo período de medida protetiva e devolvidos à genitora,
porém estavam na condição de vítimas de agressões físicas cometidas pelo
padrasto, Senhor XXXXXX, acusado também da prática de suposta violência
sexual contra a adolescente XXXXXXX.

No âmbito do Conselho Tutelar, a genitora dos menores afirmou


que ela e os filhos eram vítimas de agressões físicas praticadas pelo companheiro e
que este tinha o costume de acariciar XXXXX, chegando a apalpar seus seios e
dormir ao lado da adolescente, sendo flagrado com o pênis ereto, fatos ratificados
pelo CREAS em seu relatório anexo.

Sabe-se que a genitora da criança e do adolescente é portadora de


enfermidade mental e beneficiária do BPC e, diante da sua dificuldade de gerir a
própria vida, depende de ações do companheiro, XXXXXX, o que implica num
comportamento de subserviência e dependência conjugal.

Os fatos supostamente criminosos foram também comunicados à


DERCA, para fim de adoção das medidas penais cabíveis

Ocorre que a DERCA ainda iniciará a investigação policial,


entretanto, diante da pandemia do covid 19, as crianças/adolescente XXXXXX,
bem como sua genitora podem estar sofrendo violência doméstica praticada pelo
padrasto e, considerando que a notícia traz elementos de informação de situação de
grave risco, é medida prudente o deferimento do pedido de afastamento cautelar
da moradia do Sr.XXXXXXX, ora requerido, bem como a proibição de se
aproximar das vítimas, guardando distância de 300 metros, para segurança e bem
estar da criança e do adolescente.

Trata-se de medida protetiva acautelatória, repise-se, com a


finalidade de evitar possíveis danos físicos e psicológicos em desfavor da criança
XXXXX e da adolescente XXXXXX, como bem preconiza a doutrina da proteção
integral que é base do Estatuto da Criança e do Adolescente, ora vigente.

DO DIREITO

A postulação encontra embasamento legal no art. 98 do Estatuto da


Criança e do Adolescente, in verbis:

As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis


sempre que os direitos reconhecidos nesta lei forem ameaçados ou violados.

II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis.

Estabelece, ainda, o art. 130 do mesmo Diploma legal:

Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão, ou abuso sexual


impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar
como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum.

No presente caso, é pertinente ainda evitar o contato direto do


agressor com a criança XXXXX e a adolescente XXXXX, também como medida
de proteção, estabelecendo uma distância mínima a ser observada entre as partes,
com respaldo no art. 21, I, da Lei 13.431/17, uma vez que os menores podem vir a
ser vítimas de ameaças cometidas de diversas formas verbal, presencial e
simbólica Ademais, embora a letra fria da lei cite que o pedido supra deva ser
formulado por autoridade policial, nada impede que seja feito por autoridade
diversa, se o objetivo finalístico da norma é garantir a proteção de crianças e
adolescentes.

DIANTE DO EXPOSTO, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO:


I. Liminarmente, o afastamento do requerido da moradia
comum, com a advertência de que não poderá retornar, sob pena de ser preso e
processado por crime de desobediência;

II. Também em sede de pedido liminar, a aplicação da medida


de proteção prevista no art. 21, I da lei 13.431/17, qual seja, “evitar o contato
direto da criança ou do adolescente vítima ou testemunha de violência com o
suposto autor da violência”, sob pena de prisão imediata;

III. A citação do demandado para, querendo, contestar a presente


ação;

IV. Produção de todos os meios de prova em direito admitidos,


sobretudo o depoimento pessoal do demandado, a oitiva da genitora dos
menores, bem como das testemunhas ao final arroladas;

V. Realização de estudo social do caso pela equipe técnica desse


Juízo, com visita domiciliar;

Ao final, provados os fatos que motivaram o ajuizamento desta, seja


a mesma julgada procedente, com condenação do requerido ao afastamento da
moradia comum, nos termos do artigo 130 do Estatuto da Criança e do
Adolescente, por ser medida de direito e justiça.

Salvador, XX de XXXXXX de 2020.

XXXXXXXXXXXXXXX
PROMOTOR(A) DE JUSTIÇA PLANTONISTA

Rol de Testemunhas:

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